terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

DECLARAÇÃO UFPR


Relógios



















































UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SETOR DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES






DECLARAÇÃO



DECLARO, PARA  os devidos fins, que a solicitação de matricula do Aluno BENEDITO MAURILIO FAGUNDES, RG: 84953830, foi devidamente recebida (conforme demonstrativo em anexo). As matriculas foram processadas a partir do dia 28 de janeiro, após o período para a sua realização online.



sábado, 22 de fevereiro de 2014

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Relógios

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Comprovante de matricula Unip




A T E S T A D O


                            ATESTO, a pedido do(a) interessado(a) e para os devidos fins necessários, que  BENTO MAUL FAG , matrícula,____________ cédula de identidade (RG) n.º_____ , é aluno(a) regularmente matriculado(a), no  6 º semestre, do curso de  LETRAS , nesta Universidade, no corrente semestre letivo.
                          ATESTO, também, que não há nada em nossos arquivos, que desabone sua conduta.
                          UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP, aos  24  de  Abril de  2013 .




Solicitação: 1736615

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Aulas de filosofia Geral 3 ANO


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3.º Ano
Primeiro Trimestre

1 .º Trabalho:  Mapa Conceitual

Filósofos Contemporâneos


 
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  1. Montesquieu 2º Trabalho
  2. Pascal, Blaise 3.º Trabalho
  3. Rousseau, Jean-Jacques (Recuperação)
  4. Spinoza, Baruch de(Recuperação)
  5. Voltaire (Recuperação)
2º Trimestre
  1. Bergson, Henri 1.º Trabalho
  2. Deleuze, Gilles 2º Trabalho
  3. Foucault, Michel 3.º Trabalho
  4. Habermas, Jürgen (Recuperação)
  5. Hegel, Friedrich(Recuperação)
  6. Heidegger, Martin(Recuperação)
  1. 3º Trimestre
  1. Kierkegaard, Søren 1.º Trabalho
  2. Marcuse, Herbert 2º Trabalho
  3. Marx, Karl 3.º Trabalho
  4. Nietzsche, Friedrich (Recuperação)
  5. Sartre, Jean-Paul (Recuperação)
  6. Schopenhauer, Arthur - (Recuperação)
4º Bimestre
  1. Obras de Hannah Arendt‎1 .º Trabalho
  2. Thomas Kuhn 2º Trabalho
  3. Max Horkheimer 3.º Trabalho
  4. Theodor Adorno (Recuperação)
  5. Mill, John Stuart (Recuperação)
  6. Wittgenstein, Ludwig(Recuperação)

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Fevereiro  - Seis aulas 
  • Rousseau, Jean-Jacques (1712-1778)

1- Jean-Jacques Rousseau nasceu em Genebra. Foi um importante filósofo, teórico político, escritor e compositor autodidata suíço. É considerado um dos principais filósofos do iluminismo e um precursor do romantismo.

- Primeiro livro filosófico: Discurso sobre as ciências e as artes
- O homem no estado de natureza é : Solitário e auto-suficiente
- Filósofo que acolheu Rousseau quando este se encontrava perseguido: Hume
Dotado de excepcionais qualidades de inteligência e imaginação, foi ele um dos maiores escritores e filósofos do seu tempo. Em suas obras, defende a ideia da volta à natureza, a excelência natural do homem, a necessidade do contrato social para garantir os direitos da coletividade. Seu estilo, apaixonado e eloquente, tornou-se um dos mais poderosos instrumentos de agitação e propaganda das ideias que haviam de constituir, mais tarde, o imenso cabedal teórico da Grande Revolução de 1789. Ao lado de Diderot, D’Alembert e tantos outros nomes insignes que elevaram, naquela época, o pensamento científico e literário da França, foi Rousseau um dos mais preciosos colaboradores do movimento enciclopedista. Das suas numerosas obras, podem citar-se, dentre as mais notáveis: Júlia ou A Nova Heloísa, romance epistolar, cheio de grande sentimentalidade e amor à natureza; O Contrato Social (1762), onde a vida social é considerada sobre a base de um contrato em que cada contratante condiciona sua liberdade ao bem da comunidade, procurando proceder sempre de acordo com as aspirações da maioria; Emílio ou Da Educação (1762), romance filosófico, no qual, partindo do princípio de que “o homem é naturalmente bom” e má a educação dada pela sociedade, preconiza “uma educação negativa como a melhor, ou antes, como a única boa”; As Confissões, obra publicada após a morte do autor (1783-1788), e que é uma autobiografia sob todos os pontos-de-vista notável.
Quanto ao Discurso, aqui editado, composto em 1753 para responder à questão proposta pela Academia de Dijon, isto é: A Origem da Desigualdade entre os Homens, era a obra de Rousseau, como ele próprio informa nas suas Confissões, que o seu genial contemporâneo Diderot mais apreciava. Eis aí o melhor elogio que se poderia fazer da presente edição.
2- Biografia

Rousseau não conheceu a mãe , pois ela morreu no momento do parto. Foi criado pelo pai, Isaac Rousseau, um relojoeiro calvinista, cujo avô fora um huguenote fugido da França. Aos 10 anos teve de afastar-se do pai, mas continuaram mantendo contato.

Na adolescência foi estudar numa rígida escola religiosa, sendo aluno do pastor Lambercier. Gostava de passear pelos campos. Em certa ocasião, encontrando os portões da cidade fechados, quando voltava de uma de suas saídas, opta por vagar pelo mundo.
Acaba tendo como amante uma rica senhora e, sob seus cuidados, desenvolvendo o interesse pela música e filosofia. Longe de sua protetora, que agora estava em uma situação financeira ruim e com outro amante, ele parte para Paris.
Havia inovado muitas coisas no campo da música, o que lhe rendeu um convite de Diderot para que escrevesse sobre isso na famosa Enciclopédia. Além disso, obteve sucesso com uma de suas óperas, intitulada O Adivinho da Vila. Aos 17 anos, participando de um concurso da academia de Dijon cujo o tema era: "O restabelecimento das ciências e das artes terá favorecido o aprimoramento dos costumes?", torna-se famoso ao escrever respondendo de forma negativa o Discurso Sobre as Ciências e as Artes, ganhando o prêmio em 1750.
Após isso, Rousseau, então famoso na elite parisiense, é convidado para participar de discussões e jantares para expôr suas ideias. Ao contrário de seu grande rival Voltaire, que também não tinha o sangue azul, aquele ambiente não o agradava.
Rousseau tem cinco filhos com sua amante de Paris, porém, acaba por colocá-los todos em um orfanato. Uma ironia, já que anos depois escreve o livro Emílio, ou Da Educação que ensina sobre como deve-se educar as crianças.
O que escreve como peça mestra do Emílio, a "Profissão de Fé do Vigário Saboiano", acarretar-lhe-á perseguições e retaliações tanto em Paris como em Genebra. Chega a ter obras queimadas. Rousseau rejeita a religião revelada e é fortemente censurado. Era adepto de uma religião natural, em que o ser humano poderia encontrar Deus em seu próprio coração.
Entretanto, seu romance A Nova Heloísa mostra-o como defensor da moral e da justiça divina. Apesar de tudo, o filósofo era um espiritualista e terá, por isso e entre outras coisas, como principal inimigo Voltaire, outro grande iluminista.
Em sua obra Confissões, responde a muitas acusações de François-Marie Arouet (Voltaire). No fundo, Jean-Jacques Rousseau revela-se um cristão rebelado, desconfiado das interpretações eclesiásticas sobre os Evangelhos. Sempre preferia uma frase:"Quantos homens entre mim e Deus!", o que atraía a ira tanto de católicos como de protestantes.
Politicamente, expõe suas ideias no Do contrato social/Contrato Social. Procura um Estado social legítimo, próximo da vontade geral e distante da corrupção. A soberania do poder, para ele, deve estar nas mãos do povo, através do corpo político dos cidadãos. Segundo suas ideias, a população tem que tomar cuidado ao transformar seus direitos naturais em direitos civis, afinal "o homem nasce bom e a sociedade o corrompe".
No ano de 1762, Rousseau começou a ser perseguido na França, pois suas obras foram consideradas uma afronta aos costumes morais e religiosos. Refugiou-se na cidade suíça de Neuchâtel. Em 1765, foi morar na Inglaterra a convite do filósofo David Hume. De volta à França, casou-se com Thérèse Levasseur, no ano de 1767.
Depois de toda uma produção intelectual, suas fugas às perseguições e uma vida de aventuras e de errância, Rousseau passa a levar uma vida retirada e solitária. Por opção, ele foge dos outros homens e vive em certa misantropia.
Nesta época, dedica-se à natureza, que sempre foi uma de suas paixões. Seu grande interesse por botânica o leva a recolher espécie e montar um herbário. Seus relatos desta época estão no livro "Devaneios de Caminhante
 3.- Citações de Rousseau

§ "O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros . Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles."
§ "A maioria de nossos males é obra nossa e os evitaríamos, quase todos, conservando uma forma de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza"
§ "O verdadeiro fundador da sociedade civil foi o primeiro que, tendo cercado um terreno, lembrou-se de dizer 'isto é meu' e encontrou pessoas suficientemente simples para acreditá-lo. Quantos crimes, guerras, assassínios, misérias e horrores não pouparia ao gênero humano aquele que, arrancando as estacas ou enchendo o fosso, tivesse gritado a seus semelhantes: 'Defendei-vos de ouvir esse impostor; estareis perdidos se esquecerdes que os frutos são de todos e que a terra não pertence a ninguém'"
§ "E quais poderiam ser as correntes da dependência entre homens que nada possuem? Se me expulsam de uma árvore, sou livre para ir a uma outra"
§ "A meditação em locais retirados, o estudo da natureza e a contemplação do universo forçam um solitário a procurar a finalidade de tudo o que vê e a causa de tudo o que sente"
§ "A única instituição que ainda se constitui natural é a Família "
§ "O escravo não é propriedade do outro, mas não deixa de ser homem ".
§ "O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe."
§ "Mesmo quando cada um de nós pudesse alienar-se não poderia alienar a seus filhos: eles nascem homens e livres, sua liberdade lhes pertence e ninguém, senão eles, pode dispor dela. Antes de chegar à idade da razão, o pai pode, em seu nome, estipular as condições de sua conservação, do seu bem-estar, porém, não dá-los irrevogável e incondicionalmente porque um dom semelhante contraria os fins da natureza e sobrepuja os limites da finalidade paternal. Seria, pois, preciso para que um governo arbitrário fosse legítimo, que, em cada geração o povo fosse dono de aceitá-lo ou de rejeitá-lo; porém, então o governo não seria arbitrário."
§ Sobre o governo, que para Rousseau é "Um corpo intermediário entre os súditos e o soberano, para sua mútua correspondência, encarregado da execução das leis e da conservação da liberdade, tanto civil como política.", e a submissão do povo aos chefes [governantes] diz: "É somente um incumbência, um cargo, pelo qual simples empregados [governantes] do soberano [povo] exercem em seu nome o poder de que os faz depositários, e que ele pode limitar, modificar e reivindicar quando lhe aprouver."
§ "Se houvesse um povo de deuses, ele seria governado democraticamente. Um governo tão perfeito não convém aos homens."
§ "Maquiavel fingindo dar lições aos Príncipes, deu grandes lições ao povo".
  4- Os grandes princípios da filosofia rousseauniana

O estado de natureza humano que não some do mapa tão cedo
O estado de natureza, tal como concebido por Rousseau, está descrito principalmente em seu livro Discurso sobre a Origem e Fundamentos da Desigualdade Entre Homens.
A definição da natureza humana é um equilíbrio perfeito entre o que se quer e o que se tem. O homem natural é um ser de sensações, somente. O homem no estado de natureza deseja somente aquilo que o rodeia, porque ele não pensa e, portanto, é desprovido da imaginação necessária para desenvolver um desejo que ele não percebe. Estas são as únicas coisas que ele poderia "representar". Então, os desejos do homem no estado de natureza são os desejos de seu corpo. "Seus desejos não passam de suas necessidades físicas, os únicos bens que ele conhece no universo são a alimentação, uma fêmea e o repouso".
Além disso, o homem natural não pode prever o futuro ou imaginar coisas além do presente. Em outras palavras, a natureza de si corresponde perfeitamente ao exterior. No Ensaio, Rousseau sugere que o homem natural não é sequer capaz de se distinguir de outro ser humano. Essa distinção requer a habilidade de abstração que lhe falta. O homem natural também ignora o que é comum entre ele e um outro ser humano. Para o homem natural, a humanidade para no pequeno círculo de pessoas com quem ele está no momento. "Eles tiveram a ideia de um pai, filho, irmão, e não de um homem. A cabine continha todos os seus companheiros … Fora eles e suas famílias, não havia mais nada no universo. " (Ensaio, IX) A compaixão não poderia ser relevante fora do pequeno círculo, mas também essa ignorância não permitia a guerra, como os homens não se encontravam com praticamente ninguém. Homens, se quisessem, atacavam em seus encontros, mas estes raramente aconteciam.
Até então, Rousseau toma posição contra a teoria do estado de natureza hobbesiano. O homem natural de Rousseau não é um "lobo" para seus companheiros. Mas ele não está inclinado a se juntar a eles em uma relação duradoura e a formar uma sociedade com eles. Ele não sente o desejo. Seus desejos são satisfeitos pela natureza, e a sua inteligência, reduzida apenas às sensações, não pode sequer ter uma ideia do que seria tal associação. O homem tem o instinto natural, e seu instinto é suficiente. Esse instinto é individualista, ele não induz a qualquer vida social. Para viver em sociedade, é preciso a razão ao homem natural. A razão, para Rousseau, é o instrumento que enquadra o homem, nu, ao ambiente social, vestido. Assim como o instinto é o instrumento de adaptação humana à natureza, a razão é o instrumento de adaptação humana a um meio social e jurídico.
É justamente a falta de razão que possibilita o homem a viver naturalmente: a razão, ou a imaginação que o permite considerar outro homem como seu auto ego (ou seja, como um ser humano também), a linguagem e a sociedade, tudo isso constitui a cultura, e não são faculdades do estado de natureza. Mesmo assim, o homem natural já possui todas essas características; ele é anti-social, mas é associável: "não é hostil à sociedade, mas não é inclinável a ela. Foram os germes que se desenvolveram, e podem se tornar as virtudes sociais, tendências sociais, mas eles são apenas potenciais."(Segundo Discurso, Parte I). O homem é sociável, antes mesmo de socializar. Possui um potencial de sociabilidade que somente o contato com algumas forças hostis podem expor.

Amor e ódio

Não há dúvida de que Rousseau fez soprar um vento revolucionário sobre as ideias de amor e ódio: ele debate a sexualidade como uma experiência fundamental na vida do ser humano, a tomada de consciência da importância dos sentimentos de amor e ódio na construção da sociedade humana e no seu desenvolvimento pessoal, e enfim, essa abertura para o debate moderno sobre a divisão do amor entre amor conjugal e amor passional. Pode-se atribuir a Rousseau a tentativa de estabelecer, na sociedade do século XVIII, uma nova noção: a de que a personalidade do indivíduo, que concerne o tratamento que ele dá aos outros e a sua própria sexualidade, é formada na infância.
5- O Contrato Social
A obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência política das antigas civilizações onde predomina o consenso e dessa forma se garantam os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros.
No primeiro livro “Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e quais são as condições essenciais desse pato”, composto de nove capítulos. Primeiramente se aborda a liberdade natural, nata, do ser humano, como ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a escravidão, como algo paradoxal ao direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe seus representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção.
Essa convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que fazem o mau. É a ocorrência do pato social. Feito o pato, pode-se discutir o papel do “soberano”, e como este deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao povo, não seja prejudicada. Além de uma forma de defesa, na verdade o principal motivo que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma liberdade moral, que garante o sentimento de autonomia do homem.
No segundo livro “Onde se trata da legislação”, o autor aborda os aspectos jurídicos do Estado Civil, em doze capítulos. As principais ideias são desenvolvidas a partir de um princípio central, a soberania do povo, que é indivisível. O povo, então, tem interesses, que são nomeados como “vontade geral”, que é o que mais beneficia a sociedade. Evidentemente, o “soberano” tem que agir de acordo com essa vontade, o que representa o limite do poder de tal governante: ele não pode ultrapassar a soberania do povo ou a vontade geral. Mais a frente no livro, a corrupção dos governantes quanto à vontade geral é criticada, garantindo-se o direito de tirar do poder tal governante corrupto. Assim, se esse é o limite, o povo é submisso à lei, porque em última análise, foi ele quem a criou; sendo a lei a condição essencial para a associação civil.
A terceira análise rousseauniana, corresponde ao livro terceiro, se refere às possíveis formas de governo, que são a democracia, a aristocracia e a monarquia, e suas características e princípios. A principal conclusão desse livro é a partir do oitavo capítulo, em que tipo de Estado, que forma de governo funciona melhor – para Rousseau, a democracia é boa em cidades pequenas, a aristocracia em Estados médios e a monarquia em Estados grandes. Em contrapartida a essas adequações, no capítulo décimo, o autor mostra como o abuso dos governos pode degenerar o Estado. Ainda, é destacado no capítulo nono que o principal objetivo de uma sociedade política é a conservação da propriedade de seus membros.
Observando as ideias contidas no livro O Contrato Social, não é difícil entender porque certas pessoas chamam a obra de “a Bíblia da Revolução Francesa”. Foi grande a influência política de suas ideias na França. A inspiração causadora das revoluções se baseiam principalmente no conceito da soberania do povo, mudando o direito da vontade singular do príncipe para a vontade geral do povo.
6- Liberdade em Rousseau
Liberdade natural
Para Rousseau, a liberdade natural caracteriza-se por ações tomadas pelo indivíduo com o objetivo de satisfazer seus instintos, isto é, com o objetivo de satisfazer suas necessidades. O homem neste estado de natureza desconsidera as consequências de suas ações para com os demais, ou seja, não tem a vontade e nem a obrigação de manter o vínculo das relações sociais. Outra característica é a sua total liberdade, desde que tenha forças para colocá-la em prática, obtendo as satisfações de suas necessidades, moldando a natureza. “O homem realmente livre faz tudo que lhe agrada e convém, basta apenas deter os meios e adquirir força suficiente para realizar os seus desejos.”(SAHD,2005, p. 103)
Ao perder uma disputa com outros indivíduos o sujeito não consegue exercer a sua liberdade, uma vez que a liberdade nesse estágio se estabelece a partir da correlação de forças entre os indivíduos. Não há regras, instituições ou costumes que se sobrepõem às vontades individuais para a manutenção do “bem coletivo”. Contudo, na concepção de Rousseau, o homem selvagem viveria isolado e por isso, não faz sentido pensar em um bem coletivo. Também não haveria tendência ao conflito entre os indivíduos isolados quando se encontrassem, pois seus simples desejos (necessidades) seriam satisfeitas com pouco esforço, devido à relação de comunhão com a natureza. O isolamento entre os indivíduos só era quebrado para fins de reprodução, pois sendo auto-suficientes não tinham outra necessidade para viverem em agrupamentos humanos. Foi a partir do isolamento que o homem adquiriu qualidades como amor de si mesmo e a piedade.
Vale ressaltar que, para Rousseau, o homem se completa com a natureza , portanto não é um estado a ser superado, como Locke e Hobbes acreditavam. Rousseau em o Discurso Sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade Entre os Homens, afirma que “a maioria de nossos males é obra nossa e (…) os teríamos evitado quase todos conservando a maneira de viver simples, uniforme e solitária que nos era prescrita pela natureza” (ROUSSEAU apud LEOPOLDI , 2002, p. 160 )
A consciência no estado selvagem não estabelece distinção entre bem ou mal, uma vez que tal distinção é característica do indivíduo da sociedade civil. Para Rousseau, o que faz o indivíduo em estado de natureza parecer bom é, justamente, o fato de conseguir satisfazer suas necessidades sem estabelecer conflitos com outros indivíduos, sem escravizar e não sentindo vontade de impor a sua força a outros para sobreviver e ser feliz.
Prova
1- Qual é o primeiro livro filosófico de Rousseau
a) Emílio
b) Nova Heloísa
c) Contrato Social
d) Discurso sobre a origem e o fundamento das desigualdes entre os homens
e )Discurso sobre as ciências e as artes
2- O homem no estado de natureza em Rousseau é:
a) agressivo e anti-social, causando a guerra de todos contra todos
b) sociável e piedoso, é o bom selvagem
c) indefeso contra os animais, mas usa as mãos para sobreviver
d) Solitário e auto-suficiente
e) Igual aos animais, semelhante a um orangotango
3- Filósofo que acolheu Rousseau quando este se encontrava perseguido:
a) Voltaire b) Diderot
c) Hume d) Condillac e) D´Alembert

4- Onde nasceu Rousseau?
A) Paris b) Nance
c )Genebra d) Leon e) La Haye

5- O homem no estado de natureza em Rousseau é:
a) agressivo e anti-social, causando a guerra de todos contra todos
b) sociável e piedoso, é o bom selvagem
c) indefeso contra os animais, mas usa as mãos para sobreviver
d) Solitário e auto-suficiente
e) Igual aos animais, semelhante a um orangotango

6- (UFU - 200.) - Leia com atenção o fragmento que se segue, extraído de um dos maiores clássicos do pensamento político moderno: "A diminuição do amor à pátria, a ação do interesse particular, a imensidão dos Estados, as conquistas, os abusos do Governo fizeram com que se imaginasse o recurso dos deputados ou representantes do povo nas assembléias da nação. É o que em certos países ousam chamar de Terceiro Estado. Desse modo, o interesse particular das duas ordens é colocado em primeiro e segundo lugares, ficando o interesse público em terceiro."
O autor dessas palavras foi

A) Jean Bodin.
B) Jean-Jacques Rousseau. C) Francis Bacon.; D) John Locke.
Março - Oito aulas

1- Kant, Immanuel (1724-1804)


Immanuel Kant foi um filósofo prussiano, geralmente considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, indiscutivelmente um dos pensadores mais influentes.
Depois de um longo período como professor secundário de geografia, começou em 1755 a carreira universitária ensinando Ciências Naturais. Em 1770 foi nomeado professor catedrático da Universidade de Königsberg, cidade da qual nunca saiu, levando uma vida monotonamente pontual e só dedicada aos estudos filosóficos. Realizou numerosos trabalhos sobre ciência, física, matemática, etc.
Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o Racionalismo continental (de Renê Descartes e Gottfried Leibniz, onde impera a forma de raciocínio dedutivo), e a tradição empírica inglesa (de David Hume, John Locke, ou George Berkeley, que valoriza a indução).
Kant é famoso sobretudo pela elaboração do denominado idealismo transcendental: todos nós trazemos formas e conceitos a priori (aqueles que não vêm da experiência) para a experiência concreta do mundo, os quais seriam de outra forma impossíveis de determinar. A filosofia da natureza e da natureza humana de Kant é historicamente uma das mais determinantes fontes do relativismo conceptual que dominou a vida intelectual do século XX. No entanto, é muito provável que Kant rejeitasse o relativismo nas formas contemporâneas, como por exemplo o Pós-modernismo.
Kant é também conhecido pela filosofia moral e pela proposta, a primeira moderna, de uma teoria da formação do sistema solar, conhecida como a hipótese Kant-Laplace.
 2- A menoridade humana

Kant define a palavra esclarecimento como a saída do homem de sua menoridade. Segundo esse pensador, o homem é responsável por sua saída da menoridade. Kant define essa menoridade como a incapacidade do homem de fazer uso do seu próprio entendimento.
A permanência do homem na menoridade se deve ao fato de ele não ousar pensar. A covardia e a preguiça são as causas que levam os homens a permanecerem na menoridade. Um outro motivo é o comodismo. É bastante cômodo permanecer na área de conforto. É cômodo que existam pessoas e objetos que pensem e façam tudo e tomem decisões em nosso lugar. É mais fácil que alguém o faça, do que fazer determinado esforço, pois já existem outros que podem fazer por mim. Os homens quando permanecem na menoridade, são incapazes de fazer uso das próprias pernas,são incapazes de tomar suas próprias decisões e fazer suas próprias escolhas.
Em seu texto O que é o Iluminismo?, Kant sintetiza seu otimismo iluminista . em relação à possibilidade de o homem seguir por sua própria razão, sem deixar enganar pelas crenças, tradições e opiniões alheias. Nele, descreve o processo de ilustração como sendo "a saída do homem de sua menoridade", ou seja, um momento em que o ser humano, como uma criança que cresce e amadurece, se torna consciente da força e inteligência para fundamentar a sua própria maneira de agir, sem a doutrina ou tutela de outrem.
Kant afirma que é difícil para o homem sozinho livrar-se dessa menoridade, pois ela se apossou dele como uma segunda natureza. Aquele que tentar sozinho terá inúmeros impedimentos, pois seus tutores sempre tentarão impedir que ele experimente tal liberdade. Para Kant, são poucos aqueles que conseguem pelo exercício do próprio espírito libertar-se da menoridade.
3- Vida

Kant nasceu, viveu e morreu em Königsberg (atual Kaliningrado), na altura pertencente à Prússia. Foi o quarto dos nove filhos de Johann Georg Kant, um artesão fabricante de correias (componente das carroças de então) e da mulher Regina. Nascido numa família protestante (Luterana), teve uma educação austera numa escola pietista, que frequentou graças à intervenção de um pastor. Ele próprio foi um cristão devoto por toda a sua vida.
Passou grande parte da juventude como estudante, sólido mas não espetacular, preferindo o bilhar ao estudo. Tinha a convicção curiosa de que uma pessoa não podia ter uma direção firme na vida enquanto não atingisse os .9 anos. Com essa idade, era apenas um metafísico menor numa universidade prussiana, mas foi então que uma breve crise existencial o assomou. Pode argumentar-se que teve influência na posterior direção.
Kant foi um respeitado e competente professor universitário durante quase toda a vida, mas nada do que fez antes dos 50 anos lhe garantiria qualquer reputação histórica. Viveu uma vida extremamente regulada: o passeio que fazia às 1.5:30 todas as tardes era tão pontual que as mulheres domésticas das redondezas podiam acertar os relógios por ele.
Kant nunca deixou a Prússia e raramente saiu da cidade natal. Apesar da reputação que ganhou, era considerado uma pessoa muito sociável: recebia convidados para jantar com regularidade, insistindo que a companhia era boa para a constituição física.
Por volta de 1770, com 46 anos, Kant leu a obra do filósofo escocês David Hume. Hume é por muitos considerados um empirista ou um cético, muitos autores o consideram um naturalista.
Kant sentiu-se profundamente inquietado. Achava o argumento de Hume irrefutável, mas as conclusões inaceitáveis. Durante .0 anos não publicou nada e, então, em 1783 publicou o massivo "Crítica da Razão Pura", um dos livros mais importantes e influentes da moderna filosofia.
Neste livro, ele desenvolveu a noção de um argumento transcendental para mostrar que, em suma, apesar de não podermos saber necessariamente verdades sobre o mundo "como ele é em si", estamos forçados a percepcionar e a pensar acerca do mundo de certas formas: podemos saber com certeza um grande número de coisas sobre "o mundo como ele nos aparece". Por exemplo, que cada evento estará causalmente conectado com outros, que aparições no espaço e no tempo obedecem a leis da geometria, da aritmética, da física, etc.

Inscrições ao longo da tumba de Kant, dentre elas (...)"O céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro de mim" (…)
Nos cerca de vinte anos seguintes, até a morte em 1804, a produção de Kant foi incessante. O seu edifício da filosofia crítica foi completado com a Crítica da Razão Prática, que lidava com a moralidade de forma similar ao modo como a primeira crítica lidava com o conhecimento; e a Crítica do Julgamento, que lidava com os vários usos dos nossos poderes mentais, que não conferem conhecimento factual e nem nos obrigam a agir: o julgamento estético (do Belo e Sublime) e julgamento teleológico (Construção de Coisas Como Tendo "Fins"). Como Kant os entendeu, o julgamento estético e teleológico conectam os nossos julgamentos morais e empíricos um ao outro, unificando o seu sistema.
Uma das obras, em particular, atinge hoje em dia grande destaque entre os estudiosos da filosofia moral. A Fundamentação da Metafísica dos Costumes é considerada por muitos filósofos a mais importante obra já escrita sobre a moral. É nesta obra que o filósofo delimita as funções da ação moralmente fundamentada e apresenta conceitos como o "Imperativo categórico" e a "Boa vontade".
Os trabalhos de Kant são a sustentação e ponto de início da moderna filosofia alemã; como diz Hegel, frutificou com força e riqueza só comparáveis à do socratismo na história da filosofia grega. Fichte, Hegel, Schelling, Schopenhauer, para indicar apenas os maiores, inscrevem-se na linhagem desse pensamento que representa um etapa decisiva na história da filosofia e está longe de ter esgotado a sua fecundidade.
Kant escreveu alguns ensaios medianamente populares sobre história, política e a aplicação da filosofia à vida. Quando morreu, estava a trabalhar numa projetada "quarta crítica", por ter chegado à conclusão de que seu sistema estava incompleto; este manuscrito foi então publicado como Opus Postumum. Morrera em .2 de fevereiro de .804 na mesma cidade que nascera e permanecera durante toda sua vida. Encontra-se sepultado no Cemitério do Caliningrado, Caliningrado, Kaliningradskaya Oblast' na Rússia.
4- Filosofia, o "Criticismo"

O "criticismo" kantiano parte na confluência do racionalismo, do empirismo inglês (David Hume) e a ciência física-matemática de Isaac Newton. Seu caminho histórico está assinalado pelo governo de Frederico II, a independência americana e a Revolução Francesa.
As questões de partida do Kantismo são o problema do conhecimento, e a ciência, tal como existe. A ciência se arranja de juízos que podem ser analíticos e sintéticos. Nos primeiros (o quadrado tem quatro lados e quatro ângulos internos), fundados no princípio de identidade, o predicado aponta um atributo contido no sujeito. Tais juízos independem da experiência, são universais e necessários. Os sintéticos, a posteriori resultam da experiência e sobrepõem ao sujeito no predicado um atributo que nele não se acha previamente contido (o calor dilata os corpos ), sendo, por isso, privados e incertos.
Uma indagação eminente que o levara à sintetização do pensar: Que juízos constituem a ciência físico matemática? Caso fossem analíticos, a ciência sempre diria o mesmo (e não é assim), e, se fossem sintéticos um hábito sem fundamento (o calor dilata os corpos porque costuma dilatá-los). Os juízos da ciência devem ser, ao mesmo tempo, a priori, quer dizer, universais e necessários, e sintéticos objetivos, fundados na experiência. Trata-se pois, de saber como são possíveis os juízos sintéticos a priori na matemática e na física, ("Estética transcendental" e "Analítica transcendental"), e se são possíveis na metafísica ("Dialética transcendental", partes da Crítica da razão pura).
Para os juízos sintéticos a priori são admissíveis na matemática porque essa ciência se fundamenta no espaço e no tempo, formas a priori da sensibilidade, intuições puras e não conceitos de coisas como objetos. O espaço é a priori, não deriva da experiência, mas é sua condição de possibilidade. Podemos pensar o espaço sem coisas, mas não coisa sem espaço. O espaço é o objeto de intuição e não conceito, pois não podemos ter intuição do objeto de um conceito (pedra, carro, cavalo, etc.), gênero ou espécie. Ora, o espaço não é nem uma coisa nem outra, e só há um espaço (o nada, referindo ao espaço).
Na apresentação "transcendental" do espaço, Kant determina as condições subjetivas ou transcendentais da objetividade. Se o conhecimento é relação, ou relacionamento (do sujeito com o objeto), não, pode conhecer as coisas "em si", mas "para nós".
A geometria pura, quando aplicada, coincide totalmente com a experiência, porque o espaço é a forma a priori da sensibilidade externa. O tempo é, também, a priori. Podemos concebê-lo sem acontecimentos, internos ou externos, mas não podemos conceber os acontecimentos fora do tempo. Objeto de intuição, não pode ser conceito. Forma vazia, intuição pura, torna possíveis por exemplo os juízos sintéticos a priori na aritmética, cujas operações (soma, subtração, etc.), ocorrendo sucessivamente, o pressupõem. O tempo é, pois, a forma a priori da sensibilidade interna e externa.
Esse privilégio explica a compenetração da geometria e da aritmética. A geometria analítica (Descartes) permite reduzir as figuras a equações e vice-versa. O cálculo infinitesimal (Leibniz) arremata essa compenetração definindo a lei de desenvolvimento de um ponto em qualquer direção do espaço. A matemática é pois, um conjunto de leis a priori, que coincidem com a experiência e a tornam cognoscível.
As condições de possibilidade do conhecimento sensível são, portanto, as formas a priori da sensibilidade. Não existe a "coisa em si". Se existisse não se poderia a conhecer enquanto tal, e nada se poderia dizer a seu respeito. Só é possível conhecer coisas extensas no espaço e sucessivas no tempo, enquanto se manifestam, ou aparecem, ou seja, "fenômenos,
Na "analítica transcendental", Kant analisa a possibilidade dos juízos sintéticos a priori na física. Compreendemos que a natureza é regida por leis matemáticas que ordenam com rigor o comportamento das coisas (o que permite ciências como engenharia, etc., serem possíveis o determinismo com certa regularidade). Não há como saber das coisas com apenas percepções sensíveis, impressões. Há um conhecimento a priori da natureza. A função principal dos juízos da natureza. Ora, a função principal dos juízos é pôr, colocar a realidade e, em seguida, determiná-la. As diversas formas do juízo deverão, portanto, conter as diversas formas da realidade.
Essa formas estão estudadas desde Aristóteles, que as classifica de acordo com a quantidade, a qualidade, a relação e a modalidade. Na "Dedução transcendental" das categorias, Kant volta a classificação aristotélica, dando-lhe novo sentido. Assim, à quantidade, correspondem a unidade, a pluralidade e a totalidade; à qualidade a essência, a negação e a limitação; a relação a substância, a causalidade e a ação recíproca; à modalidade, a possibilidade, a existência e a necessidade.
Tais categorias são as condições de possibilidade dos juízos sintéticos a priori em física. As condições do conhecimento são, enfim, como se acabe de ver, as condições prévias da objetividade. A ciência da natureza postula a existência de objetos, sua consistência e as relações de causa e efeito. Se as categorias universais, particulares e contingentes, devem proceder de nós mesmos, de nosso entendimento.
Em tal descoberta consiste a "inversão copernicana", realizada por Kant. Não é o objeto que determina o sujeito, mas o sujeito que determina o objeto. As categorias são conceitos, todavia, puros, a priori, anteriores à experiência e que, por isso, a tornam possível. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na medida em que o sujeito que determina o objeto. Em suma, o objeto só se torna cognoscível na medida em que o sujeito cognoscente o reveste das condições de cognoscibilidade.
Na "dialética transcendental", finalmente Kant examina a possibilidade dos juízos sintéticos a priori na metafísica. A "coisa em si" (alma, Deus, essência do cosmos, etc.), não nos é dada em experiência alguma. Ora, como chega a razão a formar esses objetos? Sintetizando além da experiência, fazendo a síntese das sínteses, porque aspira ao infinito, ao incondicionado, ao absoluto. Nas célebres, "antinomias", Kant mostra que a razão pura demonstra, "indiferentemente", a finitude e a infinitude do universo, a liberdade e o determinismo, a existência e a inexistência de Deus. Ultrapassando os limites da experiência, aplica arbitrariamente as categorias e pretende conhecer o incognoscível. A metafísica é impossível como ciência, pois não se pode chegar mais, além disso.
5- Juízo Estético de Kant

O juízo estético é abordado no livro Crítica da Faculdade do Juízo. De acordo com Kant para se ter uma investigação crítica a respeito do belo, devemos estar orientados pelo poder de julgar. E a indagação básica que move essa investigação crítica a respeito do belo é: existe algum valor universal que conceitue o belo e que reivindique que outras pessoas, a partir da minha apreciação de uma forma bela da natureza ou da arte, confirmem essa posição? Ou então somos obrigados a admitir que todo objeto que julgamos como sendo belo é uma valoração subjetiva?
O poder de julgar, pertencendo a todo sujeito, é universal e congraça o julgamento estético, especulativo e prático. Portanto a investigação crítica que Kant se refere diz respeito às possibilidades e limitações das faculdades subjetivas que agem sob princípios formulados e que pertencem à essência do pensamento.
Como podemos desnudar o fenômeno que explica o nosso gosto? Se fizermos uma experiência com vários indivíduos e o defrontarmos com um objeto de arte, observaremos que as impressões causadas serão as mais diversas. Então chegaremos à conclusão de que a observação atenta e valorativa daquele objeto, somada as diferentes opiniões que foram apresentadas pelos indivíduos, nos dá respaldo para afirmar que o gosto tem que ser discutido. Para Kant apenas sobre gosto se discute, ao passo que, representa uma reivindicação para tornar universal um juízo subjetivo.
A universalidade do juízo estético é detectada por envolver um exercício persuasivo de convencimento de outro sujeito que aquela determinada forma da natureza ou da arte é bela. E, dessa forma, torna aquele valor universal. Os sujeitos têm em comum um princípio de avaliação moral livre que determina a avaliação estética e, portanto, julga o belo como universal.
O juízo estético está relacionado ao prazer ou desprazer que o objeto analisado nos imprime e, como se refere Kant, o belo "é o que agrada universalmente, sem relação com qualquer conceito". Essa situação fica bem evidente quando visitamos um museu. Digamos que essa experiência fosse realizada no Museu do Louvre, em Paris, com o quadro Monalisa. Se nos colocarmos como observador, perceberemos que os mais diversos comentários serão tecidos a cerca dessa obra tão famosa.
Detendo-nos na análise dos comentários favoráveis notaremos que, ratificando Kant, o belo não está arraigado em nenhum conceito. Pois, dos vários indivíduos que vão apreciar a obra de Leonardo da Vinci, encontraremos desde pessoas especializadas em arte até leigos, como eu ou você, que vão empregar cada qual um conceito, de acordo com a percepção, após a contemplação da Monalisa. Então isso comprova que não existe uma definição exata a cerca do belo, mas sim um sentimento que é universal e necessário.
6- A paz perpétua

A paz perpétua trata que o direito cosmopolítico deve circunscrever-se às condições de uma hospitalidade universal. Dessa forma, Kant traz no terceiro artigo definitivo de um tratado de paz perpetua, o fato de que existe um direito cosmopolitano relacionado com os diferentes modos do conflito dos indivíduos intervirem nas relações com outros indivíduos. A pessoa que está em seu território, no seu domínio, pode repelir o visitante se este interfere em seu domínio.
No entanto, cas0 o visitante mantenha-se pacifico, não seria possível hostiliza-lo. Também, não se trata de um direito que obrigatoriamente o visitante poderia exigir daquele que o tem assim, mas sim, de um direito que persiste em todos os homens, o do direito de apresentar-se na sociedade.
O direito de cada um na superfície terrestre pode ser limitada no sentido da superfície. Já o indivíduo deve tolerar a presença do outro, sem interferir nele, visto que tal direito persiste a toda espécie humana. Então, o direito da posse comunitária da superfície terrestre pertence a todos aqueles que gozam da condição humana, existindo uma tolerância de todos a fim de que se alcance uma convivência plena.
Veja que o ato de hostilidade está presente no ato do direito de hospitalidade. Mesmo que o espaço seja limitado, os indivíduos devem se comportar pacificamente com o intuito de se alcançar a paz de convívio mútuo. O relacionamento entre as pessoas está na construção dos direitos de cada um, sendo indispensável para a compreensão do direito cosmopolítico de modo a garantir as condições necessárias para termos uma hospitalidade universal.
Por fim, a não violação do direito cosmopolitano e o direito público da humanidade criará condições para o favorecimento da paz perpetua, proporcionando a esperança de uma possível aproximação do estado pacífico.
7- Crítica e sistema

"Só a crítica pode cortar pela raiz o materialismo, o fatalismo, o ateísmo, a incredulidade dos espíritos fortes, o fanatismo e a superstição, que se podem tornar nocivos a todos e, por último, também o idealismo e o cepticismo, que são sobretudo perigosos para as escolas e dificilmente se propagam no público."
Kant,Crítica da razão pura, B XXXIV..
Apesar de ter adaptado a ideia de uma filosofia crítica, cujo objectivo primário era "criticar" as limitações das nossas capacidades intelectuais, Kant foi um dos grandes construtores de sistemas, levando a cabo a ideia de crítica nos seus estudos da metafísica, ética e estética.
Uma citação famosa - "o céu estrelado por sobre mim e a lei moral dentro de mim" - é um resumo dos seus esforços: ele pretendia explicar, numa teoria sistemática, aquelas duas áreas. Isaac Newton tinha desenvolvido a teoria da física sob a qual Kant queria edificar a filosofia. Esta teoria envolvia a assunção de forças naturais de que os homens não se apercebem, mas que são usadas para explicar o movimento de corpos físicos.
O seu interesse na ciência também o levou a propor em .755 que o sistema solar fora criado a partir de uma nuvem de gás na qual os objetos se condensaram devido à gravidade. Esta Hipótese Nebular é amplamente reconhecida como a primeira teoria moderna da formação do sistema solar e é precursora das atuais teorias da formação estelar.
8- Metafísica e epistemologia de Kant

O livro mais lido e mais influente de Kant é a Crítica da Razão Pura. De acordo com o próprio autor, a obra, também conhecida como "primeira crítica", é resultado da leitura de Hume e do seu despertar do sono dogmático, a saber: Kant se perguntou como são possíveis juízos sintéticos a priori? Para responder a essa pergunta, Kant escreveu esse livro portentoso, de mais de 800 páginas.
Na primeira crítica, Kant vai mostrar que tempo e espaço são formas fundamentais de percepção (formas da sensibilidade) que existem como ferramentas da mente, mas que só podem ser usadas na experiência.
Tente imaginar alguma coisa que existe fora do tempo e que não tem extensão no espaço..A mente humana não pode produzir tal ideia. Nada pode ser percebido excepto através destas formas, e os limites da física são os limites da estrutura fundamental da mente. Assim, já vemos que não podemos conhecer fora do espaço e do tempo.
Mas além das formas da sensibilidade, Kant vai nos dizer que há também o entendimento, que seria uma faculdade da razão. O entendimento nos fornece as categorias com as quais podemos operar as sínteses do diverso da experiência.
Assim, como são possíveis juízos sintéticos a priori? São possíveis porque há uma faculdade da razão - o entendimento - que nos fornece categorias a priori - como causa e efeito - que nos permitem emitir juízos sobre o mundo.
Contudo, diz Kant, as categorias são próprias do conhecimento da experiência. Elas não podem ser empregadas fora do campo da experiência. Daí porque, na filosofia crítica de Kant, não nos é possível conhecer a coisa em si, ou aquilo que não está no campo fenomenológico da experiência.
Na perspectiva de Kant, há, por isso, o conhecimento a priori de algumas coisas, uma vez que a mente tem que ter estas categorias, de forma a poder compreender a massa sussurrante de experiência crua, não-interpretada que se apresenta às nossas consciências. Em segundo lugar, ela remove o mundo real (a que Kant chamou o mundo numenal ou númeno) da arena da percepção humana.
Kant denominou a filosofia crítica de "idealismo transcendental". Apesar da interpretação exata desta frase ser contenciosa, uma maneira de a compreender é através da comparação de Kant, no segundo prefácio à "Crítica da Razão Pura", da filosofia crítica com a revolução copernicana na astronomia.
Até aqui, foi assumido que todo o nosso conhecimento deve conformar-se aos objetos. Mas todas as nossas tentativas de estender o nosso conhecimento de objetos pelo estabelecer de qualquer coisa a priori a seu respeito, por meios de conceitos, acabaram, nesta suposição, por falhar. Temos pois, por tentativas, que ver se temos ou não mais sucesso nas tarefas da metafísica, se supusermos que os objetos devem corresponder ao nosso conhecimento.
Tal como Copérnico revolucionou a astronomia ao mudar o ponto de vista, a filosofia crítica de Kant pergunta quais as condições a priori para que o nosso conhecimento do mundo se possa concretizar.
O idealismo transcendental descreve este método de procurar as condições da possibilidade do nosso conhecimento do mundo. Mas esse idealismo transcendental de Kant deverá ser distinguido de sistemas idealistas, como os de Berkeley. Enquanto Kant acha que os fenômenos dependem das condições da sensibilidade, espaço e tempo, esta tese não é equivalente à dependência mental no sentido do idealismo de Berkeley.
Para Berkeley, uma coisa é um objecto apenas se puder ser percepcionada. Para Kant, a percepção não é o critério da existência dos objetos. Antes, as condições de sensibilidade - espaço e tempo - oferecem as "condições epistêmicas", para usar a frase de Henry Allison, requeridas para que conheçamos objetos no mundo dos fenômenos. Kant tinha querido discutir os sistemas metafísicos mas descobriu "o escândalo da filosofia": não se pode definir os termos corretos para um sistema metafísico até que se defina o campo, e não se pode definir o campo até que se tenha definido o limite do campo da física - física, no sentido de discussão do mundo perceptível.
Kant afirma, em síntese, que não somos capazes de conhecer inteiramente os objetivos reais e que o nosso conhecimento sobre os objetos reais é apenas fruto do que somos capazes de pensar sobre eles.
6ª Prova

1- Qual é, segundo Immanuel Kant, o caráter positivo de uma crítica da razão pura?
(A) Trazer à luz os limites do uso puro teórico da razão, evitando que se reduza a nada seu uso puro prático.
(B) Promover a possibilidade de um conhecimento de caráter científico da moralidade.
(C) Estabelecer um método puramente racionalista para as ciências e um método puramente empirista para a moral.
(D) Acusar a impossibilidade de uma moral metafisicamente fundada, como pretendiam os filósofos racionalistas que o antecederam.
(E) Denunciar a falsa pretensão de universalidade das ciências naturais.
2- Para Kant, uma "Boa vontade" consiste em uma vontade
(A) que tem por fim a felicidade.
(B) que se orienta pela perfeição divina.
(C) que se apresenta sob a forma da heteronomia.
(D) de poder.
(E) cujo querer é bom em si mesmo.
3- Qual é o domínio da filosofia que investiga prioritariamente o ser tal como ele é nele mesmo?
(A) Gnosiologia,
(B) Ontologia, (C) Criticismo, (D) Lógica, (E) Ética
4- De acordo com Kant, não se ensina filosofia, ensina-se a filosofar.
A frase evidencia o pensamento de Kant que considera que a(o)

(A) prática da filosofia e o seu ensino prescindem de qualquer conhecimento de ordem intelectual.
(B) ensino filosófico não se esgota na prática do pensamento, mas antes exige muito exercício físico e emocional.
(C) ensino filosófico se desenvolve tanto no aprendizado do aluno a partir do professor, como, ao contrário, no do professor a partir do aluno.
(D) ensino filosófico consiste, sobretudo na transmissão de conhecimentos filosóficos determinados.
(E) ensino filosófico não deve concentrar-se em conteúdos, mas antes na prática do próprio pensamento.
5- (UFU - 200.) - Na obra Crítica da Razão Pura, Imannuel Kant, examinando o problema do conhecimento humano, distinguiu duas formas básicas do ato de conhecer. Assinale a alternativa CORRETA.
A) O conhecimento religioso e o conhecimento ateu.
B) O conhecimento mítico e o conhecimento cético.
C) O conhecimento sofístico e o conhecimento ideológico.
D) O conhecimento empírico e o conhecimento puro.
E) O conhecimento fanático e o conhecimento tolerante.
6- Qual é o problema fundamental da razão pura, no entender de Kant?
a) A fundamentação metafísica dos costumes
b) A validação da metafísica como uma ciência
c) A validação universal do juízo moral
d)Se é possível ou não o juízo sintético a priori
e) Buscar uma alternativa para as antinomias da razão
7- Em qual destes períodos nasceu Kant?
a) .724-.804, b) .725-.804, c) .724-.825, d) .72.-.804, e) .724-.800
Abril - Dez aulas

1- Foucault, Michel (1926-1984)
Foucault é conhecido pelas suas críticas às instituições sociais, especialmente à psiquiatria, à medicina, às prisões, e por suas ideias e da evolução da história da sexualidade, as suas teorias gerais relativas à energia e à complexa relação entre poder e conhecimento, bem como para estudar a expressão do discurso em relação à história do pensamento ocidental, e tem sido amplamente discutido, a imagem da "morte do homem" anunciada em "As Palavras e Coisas", ou a ideia de subjetivação, reativada no interesse próprio de uma forma ainda problemática para a filosofia clássica do sujeito. Parece então que mais do que em análises da "identidade", por definição, estáticas e objetivadas, Foucault centra-se na "vida" e nos diferentes processos de subjetivação.

História da Loucura
Michel Foucault procurou, na grande maioria das suas obras, abordar problemas concretos como a insanidade (a prisão, a clínica …); num contexto muito específico geográfica e historicamente (a França, na Europa ou no Ocidente); (idade do clássica, do século XVIII, ou na Grécia antiga, etc.). No entanto, as suas observações ajudam a identificar os conceitos superiores a esses limites no tempo e no espaço. Elas conservam, assim, uma grande abrangência, tantos intelectuais - em uma variedade de áreas. Estuda a transferência, por exemplo, das técnicas de punição penal no final do século XVIII, sugerindo o surgimento de uma nova forma de subjetividade constituída pelo governo do Biopoder.
Esta perspectiva histórica não está errada. A Ontologia de Foucault é uma experiência, a prudência, um exercício sobre as paragens do nosso presente, o teste de nossos limites, o paciente como "a nossa impaciência pela liberdade", o que explica o seu interesse é o tema da relação entre o poder institucional e individual -, bem como alguma ideia de subjetivação. Esta Constituição estabelece o poder do conhecimento e é por sua vez fundada por eles: o conceito de "poder do conhecimento".
"Não há relação de poder sem constituição correlativa de um campo de conhecimento, ou que não pressupõe e constitui, ao mesmo tempo relações de poder … Estes relatórios de "poder-saber" não estão a ser analisados a partir de um conhecimento sobre o que seria livre ou não do sistema de poder, mas em vez disso, devemos considerar que o sujeito sabe, os objetos são como os efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber… ".
2-Vigiar e punir

Vigiar e punir (em francês: Surveiller et Punir: Naissance de la prison) é um livro do filósofo francês Michel Foucault, publicado originalmente em 1975 e tida como uma obra que alterou o modo de pensar e fazer política social no mundo ocidental. É um exame dos mecanismos sociais e teóricos que motivaram das grandes mudanças que se produziram nos sistemas penais ocidentais durante a era moderna. É dedicado à análise da vigilância e da punição, que se encontram em várias entidades estatais (hospitais, prisões e escolas). Foca documentos históricos franceses, mas as questões sobre as quais se debruça são relevantes para as sociedades contemporâneas. É uma obra seminal que teve grande influência em intelectuais, políticos, ativistas sociais e artistas.
Foucault muda a ideia habitualmente aceita de que a prisão é uma forma humanista de cumprir pena, assinalando seis princípios sobre os quais assenta o novo poder de castigar:
  • Regra da quantidade mínima
  • Regra da idealidade suficiente
  • Regra dos efeitos (co)laterais
  • Regra da certeza perfeita
  • Regra da verdade comum
  • Regra da especificação ideal
A partir destas, o delinquente pode ser definido em oposição ao cidadão normal, primeiro como louco, depois como meliante, malvado, e finalmente como anormal.
O livro tem quatro partes, intituladas "Suplício", "Punição", "Disciplina" e "Prisão"
3. Filiação filosófica
Se seu trabalho é muitas vezes descrito como pós-moderno ou pós-estruturalista, por comentadores e críticos contemporâneos, ele foi mais frequentemente associado com o movimento estruturalista, especialmente nos primeiros anos após a publicação de "As Palavras e as Coisas". Inicialmente aceitou a filiação, posteriormente, ele marcou a sua distância à abordagem estruturalista, explicando que ao contrário desta última, não tinha adaptado uma abordagem formalista. Ele aceitou não ver o rótulo de pós-modernista aplicado ao seu trabalho, dizendo que preferia discutir como se dá a definição de "modernidade" em si. Sua filiação intelectual pode estar relacionada ao modo como ele próprio definiu as funções do intelectual não garante certos valores, mas em questão de ver e dizer, seguindo um modelo de resposta intuitiva para o "intolerável" .
As teorias sobre o saber, o poder e o sujeito romperam com as concepções modernas destes termos, motivo pelo qual é considerado por certos autores, contrariando a própria opinião de si mesmo, um pós-moderno. Os primeiros trabalhos (História da Loucura, O Nascimento da Clínica, As Palavras e as Coisas, A Arqueologia do Saber) seguem uma linha pós-estruturalista, o que não impede que seja considerado geralmente como um estruturalista devido a obras posteriores como Vigiar e Punir e a História da Sexualidade. Além desses livros, são publicadas hoje em dia transcrições de seus cursos realizados no Collège de France e inúmeras entrevistas, que auxiliam na introdução ao pensamento deste autor.
Michel Foucault é mais conhecido por ter destacado as formas de certas práticas das instituições em relação aos indivíduos. Ele destacou a grande semelhança nos modos de tratamento dado ou infligidos aos grandes grupos de indivíduos que constituem os limites do grupo social: os loucos, prisioneiros, alguns grupos de estrangeiros, soldados e crianças. Ele acredita que, em última análise, eles têm em comum o fato de serem vistos com desconfiança e excluídos por uma regra em confinamento em instalações seguras, especializadas, construídas e organizadas em modelos semelhantes (asilos, presídios, quartéis, escolas), inspirados no modelo monástico; instalações que ele chamou de "instituições disciplinares".
4- História da loucura
Michel Foucault procurou, na grande maioria das suas obras, abordar problemas concretos como a insanidade (a prisão, a clínica …); num contexto muito específico geográfica e historicamente (a França, na Europa ou no Ocidente); (idade do clássica, do século XVIII, ou na Grécia antiga, etc.). No entanto, as suas observações ajudam a identificar os conceitos superiores a esses limites no tempo e no espaço. Elas conservam, assim, uma grande abrangência, tantos intelectuais - em uma variedade de áreas. Estuda a transferência, por exemplo, das técnicas de punição penal no final do século XVIII, sugerindo o surgimento de uma nova forma de subjetividade constituída pelo governo do Biopoder.
Esta perspectiva histórica não está errada. A Ontologia de Foucault é uma experiência, a prudência, um exercício sobre as paragens do nosso presente, o teste de nossos limites, o paciente como "a nossa impaciência pela liberdade", o que explica o seu interesse é o tema da relação entre o poder institucional e individual -, bem como alguma ideia de subjetivação. Esta Constituição estabelece o poder do conhecimento e é por sua vez fundada por eles: o conceito de "poder do conhecimento".
"Não há relação de poder sem constituição correlativa de um campo de conhecimento, ou que não pressupõe e constitui, ao mesmo tempo relações de poder … Estes relatórios de "poder-saber" não estão a ser analisados a partir de um conhecimento sobre o que seria livre ou não do sistema de poder, mas em vez disso, devemos considerar que o sujeito sabe, os objetos são como os efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber… ".
5- Em defesa da sociedade
Nesta ontologia de revisão, simultaneamente genealógica e arqueológica, o trabalho sobre problemas muito específicos são inseparáveis dos das "formações discursivas" (As palavras e as Coisas, A Arqueologia do Conhecimento e A Ordem dos discursos), como o significado de racismo, além de seus significados particularizados, é inseparável do advento das ciências humanas - que nos diz: "Temos de defender a sociedade" (1975-1976).
O lema da Ordem do discurso - "Desafiando o nosso compromisso com a verdade, restituir ao discurso seu caráter de evento; finalmente eliminar a soberania do significante" - aplica-se também como uma advertência contra os perigos da psicologização bi problematização a face do próprio relatório e do presente. Problematização não é a continuação da espécie ou origem, mas "bolsas de unificação, nós de totalização, processos, arquiteturas, sempre relativa, nas palavras de Gilles Deleuze em que Foucault foi, intelectualmente como embora, pessoalmente, fechar.
No segundo semestre de .970, ele estava tão interessado no que parecia uma nova forma de exercício do poder (de vida), ele chamou de "biopoder" (um conceito tirado e desenvolvido por François Ewald Giorgio Agamben, Judith Revel e Antonio Negri, entre outros), indicando quando, não em torno da vida do século XVIII - apenas biológico, mas entendida como toda a vida: a de indivíduos e povos como a sexualidade, como afeta, alimentos como a saúde, a recreação como produtividade econômica - como entre os mecanismos de poder e se torna uma questão-chave para a política:
"O homem há milênios, permaneceu o que era para Aristóteles: um animal vivo, e mais capaz de existência política, o homem moderno é um animal cuja política coloca sua vida para estar vivo está em questão.
6- Pontos importantes
Para Foucault nos séculos XVIII e XIX, a população torna-se num objeto de estudo e de gestão política. Passagem da norma da lei. Numa sociedade centrada sobre a lei, mudou para uma empresa de gestão centrado no padrão. Esta é uma consequência da grande revolução liberal.
Conceito de micro-geração de forças discurso para controlar quem está na norma ou não.
Conceito de biopoder: o poder de morrer e deixar viver foi substituído pelo biopoder que é Viver e deixar morrer, do estado de bem-estar: segurança social, seguros, etc.).
Figura do panóptico (projeto arquitetônico de prisão inventado por Jeremy Bentham e destinada a garantir que todos os prisioneiros podem ser vistos a partir de uma torre central) como um paradigma da evolução da nossa sociedade, ou o que já é bastante (ver o conceito deleuziano de "sociedade de controle", na discussão com a obra de Foucault).
As relações de poder permeiam toda a sociedade. Um discurso diz que o paradigma da sociedade da guerra civil, que todas as interações sociais são versões derivadas da guerra civil. Podemos inverter a proposta de Clausewitz e dizer que a política é a continuação da guerra por outros meios.
Conceito grego de Cuidado de Si, como base para a ética.
7- Frege, Gottlob (1848 – 1945)
Trabalhando na fronteira entre a filosofia e a matemática, Frege foi o principal criador da lógica matemática moderna, sendo considerado, ao lado de Aristóteles, o maior lógico de todos os tempos.
Estudou nas universidades de Jena e Gotinga e tornou-se professor de Matemática em Jena, onde lecionou primeiro como docente e, a partir de 1896, como catedrático, onde permaneceu até sua morte. Em 1879 publicou Ideografia. É uma tradução sugerida em carta pelo próprio autor, outra opção seria Notação Conceptual), onde, pela primeira vez, se apresentava um sistema matemático lógico no sentido moderno.
Em parte incompreendido por seus contemporâneos, tanto filósofos como matemáticos, Frege prosseguiu seus estudos e publicou, em 1884, Os Fundamentos da Aritmética, obra-prima filosófica que, no entanto, sofreu uma demolidora crítica por parte de Georg Cantor, justamente um dos matemáticos cujas ideias se aproximavam mais das suas. Em 1901 publicou o segundo volume de Leis básicas da Aritmética, em que expunha um sistema lógico no qual seu contemporâneo e admirador Bertrand Russell encontrou uma contradição, que ficou conhecida como paradoxo de Russell. Esse episódio impatou profundamente a vida produtiva de Frege. Segundo Russell, apesar da natureza de suas descobertas marcarem época, sua obra permaneceu na obscuridade até 1901, quando o próprio filósofo e matemático inglês chamou atenção para a relevância dos escritos. O grande contributo de Frege para a lógica matemática foi a criação de um sistema de representação simbólica (Begriffsschrift, conceitografia ou ideografia) para representar formalmente a estrutura dos enunciados lógicos e suas relações, e a contribuição para a implementação do cálculo dos predicados. Esse parte da decomposição funcional da estrutura interna das frases (em parte substituindo a velha dicotomia sujeito-predicado, herdada da tradição lógica Aristotélica, pela oposição matemática função-argumento) e da articulação do conceito de quantificação (implícito na lógica clássica da generalidade), tornado assim possível a sua manipulação em regras de dedução formal. (As expressões "para todo o x", "existe um x", que denotam operações de quantificação sobre variáveis têm na obra de Frege uma de suas origens).
8- Contra Aristotelismo

Ao contrário de Aristóteles, e mesmo de Boole, que procuravam identificar as formas válidas de argumento, e as assim chamadas "leis do pensamento", a preocupação básica de Frege era a sistematização do raciocínio matemático, ou dito de outra maneira, encontrar uma caracterização precisa do que é uma “demonstração matemática”. Frege havia notado que os matemáticos da época frequentemente cometiam erros em suas demonstrações, supondo assim que certos teoremas estavam demonstrados, quando na verdade não estavam. Para corrigir isso, Frege procurou formalizar as regras de demonstração, iniciando com regras elementares, bem simples, sobre cuja aplicação não houvesse dúvidas. O resultado que revolucionou a lógica foi o desenvolvimento do cálculo de predicados (ou lógica de predicados).

Frege é um dos fundadores da filosofia analítica , principalmente por causa de suas contribuições à filosofia da linguagem , incluindo a

  • Função -argumento análise da proposição ;
  • Distinção entre conceito e objeto (Begriff und Gegenstand);
  • Princípio da composicionalidade ;
  • Princípio do contexto ;
  • Distinção entre o sentido e referência (Sinn und Bedeutung) de nomes e outras expressões, dito às vezes envolvem uma teoria de referência mediada.

9- Filósofo

Deve ser mantido em mente que Frege foi empregado como um matemático, e não um filósofo, e publicou seus artigos filosóficos em revistas acadêmicas que muitas vezes eram de difícil acesso fora do mundo de língua alemã. Suas primeiras coleções de seus escritos apareceram apenas após a Segunda Guerra Mundial . Um volume de traduções em Inglês dos ensaios filosóficos de Frege apareceu pela primeira vez em 1952, editado por alunos de Wittgenstein, Peter Geach (nascido em 1936) e Preto Max (1909-1988), com o apoio bibliográfico de Wittgenstein (ver Geach, ed. 1975 Introdução, ). Apesar dos elogios generosos de Russell e Wittgenstein, Frege era pouco conhecido como filósofo durante sua vida. Suas ideias expandiram-se principalmente por aqueles que ele influenciou, como Russell, Wittgenstein e Carnap, e através do trabalho na lógica e semântica pelos lógicos poloneses.
Prova
7ª Prova (Henri Bergson, Deleze, Foucault, Frege)
1- Assinale a frase que mais se adequa a Frege
A) Criou a geometria não-euclidiana.
B) foi autor, junto com Whitehead, de Principia Matemática.
C) No dizer de Bochensky, o maior filósofo da linguagem do século XX.
D) foi professor de Bertrand Russel
E) reduziu a matemática à lógica.
2- Como ficou conhecido Vladimir Ilitch Ulianov ?
a) Trotski, b) Stalin,
c) Lenin, d) Kautsky, e) Engels

3- UEL 200.- Leia o texto a seguir.Estado Violência
Sinto no meu corpo
A dor que angustia
A lei ao meu redor
A lei que eu não queria
Estado violência
Estado hipocrisia
A lei que não é minha
A lei que eu não queria (...)
(TITÃS. Estado Violência. In: Cabeça dinossauro. [S.L.] WEA, .986, . CD (ca. .5’97”). Faixa 5 (.’07”).)
A letra da música “Estado Violência”, dos Titãs, revela a percepção dos autores sobre a relação entre o indivíduo e opoder do Estado. Sobre a canção, é correto afirmar:

a) Mostra um indivíduo satisfeito com a sua situação e que apóia o regime político instituído.
b) Representa um regime democrático em que o indivíduo participa livremente da elaboração das leis.
c) Descreve uma situação em que inexistem conflitos entre o Estado e o indivíduo.
d) Relata os sentimentos de um indivíduo alienado e indiferente à forma como o Estado elabora suas leis.
e) Apresenta um indivíduo para quem o Estado, autoritário e violento, é indiferente a sua vontade.

4- Foi o pensador que denunciou o caráter normativo e normalizador das instituições disciplinares que surgiram com a modernidade. Talvez seja mais conhecido por escrever estudos filosóficos históricos, abordando, principalmente, o modo como as noções de verdade têm suas origens em conflitos e em lutas históricas e como essas noções exercem poder sobre instituições. Dos filósofos abaixo relacionados, assinale o único a quem corresponde esse enunciado, 
A) Karl Marx. 
     
B) Michel Foucault. 
C) Jacques Derrida. 
D) Theodor Adorno. 
E) Herbert Marcuse. 

5- As obras de Gilles Deleuze e de Michel Foucault estão ligadas à chamada 
   
A) Arqueogenealogia. 
B) Psicanálise. 
C) Fenomenologia. 
D) Hermenêutica. 
E) Linguística. 

6. Segundo Michel Foucault, "o homem é uma invenção recente na história de nosso pensamento, e talvez seu fim esteja próximo". 
(citado em Danilo Marcondes, Iniciação à história da filosofia, p. 254) 
Pode-se interpretar essa afirmação sob os seguintes termos: 
(A) a formulação realça a importância da concepção de sujeito iluminista, dotado de autonomia e liberdade. 
(B) trata-se de um pensamento fortemente marcado por concepções escatológicas e míticas associadas ao final dos tempos. 
     (C) a frase problematiza os alicerces do humanismo antropocêntrico. 
(D) trata-se de uma concepção que enfatiza a importância do humanismo antropocêntrico na filosofia. 
(E) essa afirmação problematiza a existência de Deus. 
7 . Sobre o pensamento de Michel Foucault, pode-se afirmar que 
(A) esse autor formulou uma concepção de "poder" inteiramente identificada com a centralização do poder estatal nas sociedades ocidentais. 
(B) seu pensamento insere-se na tradição metafísica. 
     
(C) seu pensamento problematizou importantes aspectos epistemológicos das ciências e da filosofia. 
(D) o método genealógico proposto por Foucault configurou- se como forte contestação ao pensamento de Nietszche. 
(E) seu pensamento buscou revalorizar os ideais metafísicos de verdade e de conhecimento. 
8. A partir do livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault, considere as seguintes afirmações a respeito da disciplina: 
I. Ela é exercida de diferentes formas e tem como finalidade única a habilidade do corpo. 
II. Ela pode ser entendida como a estratégia empregada para o controle minucioso das operações do corpo, sendo seu efeito maior a constituição de um indivíduo dócil e útil. 
III. Ela se constitui também pelo controle do horário de execução de atividades, em que o tempo medido e pago deve ser sem defeito e, em seu transcurso, o corpo deve ficar aplicado a seu exercício. 
De acordo com as afirmações acima, podemos dizer que: 
A) Todas as afirmações estão corretas. 
      B) A afirmação I está incorreta. 
C) Apenas a afirmação III está correta. 
D) As alternativas II e III estão incorretas. 
E) Apenas a afirmação II está correta.
9. Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa INCORRETA: 
      A) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplinamecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência. 
B) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas. 
C) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico. 
D) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplinamecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares. 
E) A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce automaticamente. 
10-  Da mesma forma que a rede das relações de poder acaba formando um tecido espesso que atravessa os aparelhos e as instituições, sem se localizar exatamente neles, também a pulverização dos pontos de resistência atravessa as estratificações sociais e as unidades individuais. E é certamente a codificação estratégica desses pontos de resistência que torna possível uma revolução, um pouco à maneira do Estado que repousa sobre a integração institucional das relações de poder. É nesse campo das correlações de força que se deve tentar analisar os mecanismos de poder. 
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, v.., 1988, p.107. 
Foucault analisa o poder, considerando-o como uma rede de relações e correlações de força, de tal modo que, ao considerar o Estado e a Lei, irá deixar de lado noções importantes ao pensamento político moderno, como 
    (A) Soberania e Contrato  (B) Soberania e Modernidade  (C) Liberdade e Moralidade  (D) Biopoder e Moralidade 
Maio
Nove aulas
1- Habermas, Jürgen (1929 - ?)

É um filósofo e sociólogo alemão, inserido na tradição da teoria crítica e do pragmatismo. É conhecido por suas teorias sobre a racionalidade comunicativa e a esfera pública, sendo considerado como um dos mais importantes intelectuais contemporâneos.
Associado com a Escola de Frankfurt, o trabalho de Habermas trata dos fundamentos da teoria social e da epistemologia, da análise da democracia nas sociedades sob o capitalismo avançado, do Estado de direito em um contexto de evolução social (no qual a racionalização do mundo da vida ocorre mediante uma progressiva libertação do potencial de racionalidade contido na ação comunicativa de modo que a ação orientada para o entendimento mútuo ganha cada vez mais independência dos contextos normativos). e da política contemporânea, particularmente na Alemanha.
Em seu sistema teórico, Habermas procura revelar as possibilidades da razão, da emancipação e da comunicação racional-crítica, latentes nas instituições modernas e na capacidade humana de deliberar e agir em função de interesses racionais.
Habermas é conhecido por seu trabalho sobre a modernidade e particularmente sobre a racionalização, nos termos originalmente propostos por Max Weber.4 O pensamento de Habermas também tem sido influenciado pelo pragmatismo americano, pela teoria da ação e mesmo pelo pós-estruturalismo.
2- Pensamento

Em geral considerado como o principal herdeiro das discussões da Escola de Frankfurt, uma das principais correntes do Marxismo cultural, Habermas procurou, no entanto, superar o pessimismo dos fundadores da Escola, quanto às possibilidades de realização do projeto moderno, tal como formulado pelos iluministas. Profundamente marcados pelo desastre da Segunda Guerra Mundial, Adorno e Horkheimer consideravam que houvesse um vínculo primordial entre conhecimento racional e dominação, o que teria determinado a falência dos ideais modernos de emancipação social.
Para recolocar o potencial emancipatório da razão, Habermas adota o paradigma comunicacional. O seu ponto de partida é a ética comunicativa de Karl Otto, além do conceito de "razão objectiva" de Adorno, também presente em Platão, Aristóteles e no Idealismo alemão - particularmente na ideia hegeliana de reconhecimento inter subjetivo.
Assim, Habermas concebe a razão comunicativa - e a ação comunicativa ou seja, a comunicação livre, racional e crítica - como alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista - "aprisionada" pela lógica instrumental, que encobre a dominação. Ao pretender a recuperação do conteúdo emancipatório do projeto moderno, no fundo, Habermas está preocupado com o restabelecimento dos vínculos entre socialismo e democracia.
Segundo o autor, duas esferas coexistem na sociedade: o sistema e o mundo da vida. O sistema refere-se à 'reprodução material', regida pela lógica instrumental (adequação de meios a fins), incorporada nas relações hierárquicas (poder político) e de intercâmbio (economia).
O mundo da vida é a esfera de 'reprodução simbólica', da linguagem, das redes de significados que compõem determinada visão de mundo, sejam eles referentes aos fatos objetivos, às normas sociais ou aos conteúdos subjetivos.
É conhecido o diagnóstico habermasiano da colonização do mundo da vida pelo sistema e a crescente instrumentalização desencadeada pela modernidade, sobretudo com o surgimento do direito positivo, que reserva o debate normativo aos técnicos e especialistas. Contudo, desde a década de .990, mudou sua perspectiva acerca do direito, considerando-o mediador entre o mundo da vida e o sistema.
Na ação comunicativa ocorre a coordenação de planos de dois ou mais atores via assentimento a definições tácitas de situação. Tem-se não raro uma visão reducionista deste conceito, entendido como mero diálogo. Mas de fato a ação comunicativa pressupõe uma teoria social - a do mundo da vida - e contrapõe-se à ação estratégica, regida pela lógica da dominação, na qual os atores coordenam seus planos no intuito influenciar, não envolvendo assentimento ou dissentimento. Habermas define sinteticamente a ação estratégica como "cálculo egocêntrico".
Seus estudos voltam-se para o conhecimento e a ética. Sua tese para explicar a produção de saber humano recorre ao evolucionismo, pois a racionalidade comunicativa é considerada 'aprendente'. Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades mais complexas de conhecer a realidade, além de representar garantia contra regressões metafísicas, com possíveis desdobramentos autoritários. Evolui-se assim através dos erros, entendidos como falhas de coordenação de planos de ação.
Habermas defende também uma ética universalista, deontológica, formalista e cognitivista. Para ele, os princípios éticos não devem ter conteúdo, mas garantir a participação dos interessados nas decisões públicas através de discussões (discursos), em que se avaliam os conteúdos normativos demandados naturalmente pelo mundo da vida.
Sobre sua teoria discursiva, aplicada também à filosofia jurídica, pode ser considerada em prol da integração social e, como consequência, da democracia e da cidadania. Tal teoria coloca a possibilidade de resolução dos conflitos vigentes na sociedade não com uma simples solução, mas a melhor solução - aquela que resulta do consenso de todos os concernidos.
Sua maior relevância está, indubitavelmente, em pretender o fim da arbitrariedade e da coerção nas questões que circundam toda a comunidade, propondo uma participação mais ativa e igualitária de todos os cidadãos nos litígios que os envolvem e, concomitantemente, obter a tão almejada justiça. Essa forma defendida por Habermas é o agir comunicativo que se ramifica no discurso.
3- Do Agir Estratégico para o Agir Comunicativo

Na orientação para o sucesso, o individuo persegue os seus interesses individuais, organizando uma estratégia baseada nas consequências de suas ações. Para alcançar seus objetivos, vale influenciar outros indivíduos, por meio de armas, bens, ameaças e seduções. E em qualquer eventual cooperação, cada indivíduo só está interessado no que pode ganhar individualmente com isso. Chamaremos esse tipo de ação de “ação estratégica”.
Habermas defende, como proposta para a sociedade, que transitemos progressivamente da ação estratégica para a ação comunicativa. Nesse tipo de ação, a orientação deixa de ser exclusivamente para o sucesso individual, e passa a se denominar como orientação para o entendimento mútuo. Nesse novo âmbito, os atores procuram harmonizar seus interesses e planos de ação, através de um processo de discussão, buscando um consenso. Nota-se que, embora os dois tipos de orientação possuam a marca da racionalidade humana, a grande diferença é que, na ação estratégica a definição da finalidade não abre espaço para ouvir os argumentos dos outros, enquanto no agir comunicativo há um espaço de diálogo, em que se pensa em conjunto sobre quais devem ser os melhores objetivos a serem buscados por um grupo social. O entendimento mútuo, provindo do agir comunicativo, será um importante facilitador da coordenação de ações, e servirá de base para a defesa da democracia no cenário político, com a crítica da repressão, censura e de outras medidas que não propiciam o diálogo dentro da sociedade.
4- Hegel, Friedrich (1770-1831)

 Hegel foi um filósofo alemão. Um dos criadores do sistema filosófico chamado idealismo absoluto, influenciou teóricos com Marx e Kant. Estudou no seminário de Tubinga com o poeta Holderlin e o filósofo Schelling. Foi professor de latim em Nuremberg e ocupou a cátedra na Universidade de Heidelberg. Foi também professor da Universidade de Humcorsvick onde lecionou filosofia.
O sistema desenvolvido por Hegel, o idealismo absoluto, abrangeu várias áreas do conhecimento como a política, a psicologia, a arte, a filosofia e a religião. A teoria do filósofo baseia-se na ideia de que as contradições e dialéticas são resolvidas para a criação de um modelo, que tanto pode refletir-se no espírito - sentido de alma e aspirações ideais, como no Estado político.
A época de Hegel é importante para analisar a sua filosofia. Ele vivia numa Alemanha dividida em territórios independentes, cada qual, com aparato jurídico e militar próprio. Isso Foi relevante para que Hegel desse ao Estado um papel tão importante, a mais alta realização do espírito absoluto.
Sua obra possui grande influência no ocidente, tendo Marx e Kant como exemplos evidentes disso. Seu livro “Fenomenologia do Espírito” (.806) foi a sua obra maior. O livro refletia as etapas da consciência que apreende o mundo e encontra a si mesmo para chegar finalmente à totalidade e ao absoluto. O pensamento hegeliano foi crucial para o desenvolvimento das teorias de Karl Marx, embora este usasse o método dialético de Hegel em bases materialistas e econômicas.
Para Hegel, Qual o simbolo da Filosofia? R: _________________________
5- Obra

A primeira e a mais importante das obras maiores de Hegel é sua Fenomenologia do Espírito. Em vida, Hegel ainda viu publicada a Enciclopédia das Ciências Filosóficas, a Ciência da Lógica, e os Princípios (Elementos da) Filosofia do Direito. Várias outras obras sobre filosofia da história, religião, estética e história da filosofia foram compiladas a partir de anotações feitas por seus estudantes, tendo sido publicadas postumamente.

Teoria


Filósofo da totalidade, do saber absoluto, do fim da história, da dedução de toda a realidade a partir do conceito, da identidade que não concebe espaço para o contingente, para a diferença; filósofo do estado prussiano, que hipostasiou o Estado - todas essas são algumas das recepções da filosofia de Hegel na contemporaneidade. É difícil dizer até que ponto essas qualificações são justas para com a filosofia hegeliana.
Ademais, as obras de Hegel possuem a fama de serem difíceis, devido à amplitude dos temas que pretendem abarcar. Diz a anedota (possivelmente verdadeira) que, quando saiu a tradução francesa da Fenomenologia do Espírito, muitos estudiosos alemães foram tentar estudar a Fenomenologia pela tradução francesa, para "ver se entendiam melhor" o árido texto hegeliano.(A) O fato é que sua filosofia é realmente difícil, embora isso não se deva necessariamente a uma confusão na escrita. Afinal, Hegel era crítico das filosofias claras e distintas, uma vez que, para ele, o negativo era constitutivo da ontologia. Neste sentido, a clareza não seria adequada para conceituar o objeto. Introduziu um sistema para compreender a história da filosofia e do mundo mesmo, chamado geralmente dialética: uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior.

Gonçalves Mayos examina a evolução da dialética da periodização da história: Hegel mudou o seu ideal grego juvenil e, gradualmente, vê a realização do princípio da reconciliação não mais na Revolução francesa, mas na Reforma protestante. A Revolução Francesa, precisamente por sua novidade absoluta, é também absolutamente radical: por um lado, o aumento abrupto da violência que fez falta para realizar a revolução, não pode deixar de ser o que é, e, por outro lado, já consumiu seu oponente. A revolução, por conseguinte, já não pode voltar-se para nada além de seu resultado: a liberdade conquistada com tantas penúrias é consumida por um brutal Reinado do Terror. A história, não obstante, progride aprendendo com seus erros: somente depois desta experiência, e precisamente por causa dela, pode-se postular a existência de um Estado constitucional de cidadãos livres, que consagra tanto o poder organizador benévolo (supostamente) do governo racional e os ideais revolucionários da liberdade e da igualdade.
Segundo Umberto Padovani e Luis Castagnola, em "A história da Filosofia": "A Lógica tradicional afirma que o ser é idêntico a si mesmo e exclui o seu oposto (principio da identidade e de contradição); ao passo que a lógica hegeliana sustenta que a realidade é essencialmente mudança, devir, passagem de um elemento ao seu oposto."
De todo modo, a dialética é uma das muitas partes do sistema hegeliano que foi objeto de má compreensão ao longo do tempo. Possivelmente, uma das razões para isto é que, para Hegel, é preciso abandonar a ideia de que a contradição produz um objeto vazio de conteúdo. Ou seja, Hegel dá dignidade ontológica à contradição, bem como ao negativo. Por outro lado, Hegel não queria com isso dizer que absurdos como, por exemplo, pensar que um quadrado redondo fosse possível. Talvez um melhor exemplo da dignidade ontológica da contradição é pensarmos nos conceitos aristotélicos de potência e ato (um ser que é ao mesmo tempo potência e ato) ou então na concepção dos objetos como unos e múltiplos ao mesmo tempo.
Nas explicações contemporâneas do hegelianismo - para os estudantes universitários, por exemplo - a dialética de Hegel geralmente aparece fragmentada, por comodismo, em três momentos chamados: tese (em nosso exemplo, a revolução), antítese (o terror subsequente) e a síntese (o estado constitucional de cidadãos livres). No entanto, Hegel não empregou pessoalmente essa classificação absolutamente; ela foi criada anteriormente por Fichte em sua explicação mais ou menos análoga à relação entre o indivíduo e o mundo. Os estudiosos sérios de Hegel não reconhecem, em geral, a validade desta classificação, ainda que possivelmente tenha algum valor pedagógico.
Hegel utilizou-se deste sistema para explicar toda a história da filosofia, da ciência, da arte, da política e da religião, mas muitos críticos modernos assinalam que Hegel geralmente parece analisar superficialmente as realidades da história a fim de encaixá-las em seu modelo dialético. Karl Popper, crítico de Hegel em A Sociedade Aberta e Seus Inimigos, opina que o sistema de Hegel constitui uma justificação velada do governo de Frederico Guilherme III e da ideia de que o objetivo ulterior da história é chegar a um Estado semelhante à Prússia dos anos 1830. Esta visão de Hegel como apologista do poder estatal e precursor do totalitarismo do século XX foi criticada minuciosamente por Herbert Marcuse em Razão e Revolução: Hegel e o surgimento da teoria social. Segundo Marcuse, Hegel não fez apologia a nenhum Estado ou forma de autoridade, simplesmente porque existia: para Hegel, o Estado tem que ser sempre racional. Já Arthur Schopenhauer desprezou Hegel por seu historicismo e tachou a obra de Hegel de pseudo-filosofia.
Como se vê, a obra hegeliana é fonte de inúmeras controvérsias, mas, sem dúvida, a filosofia, na maior parte dos casos, não deixa de se referir a Hegel - mesmo quando é anti-hegeliana. Por outro lado, várias vertentes filosóficas inserem-se no legado hegeliano - embora em geral não se autointitulem hegelianas - a exemplo do Pragmatismo, da Escola de Frankfurt e do Marxismo.

6- Pensamento


As obras de Hegel têm fama de difíceis graças à amplitude dos temas que pretendem abarcar. Hegel introduziu um sistema para entender a história da filosofia e o próprio mundo, chamado amiúde de "dialética": uma progressão na qual cada movimento sucessivo surge como solução das contradições inerentes ao movimento anterior. Por exemplo, a Revolução Francesa constitui, para Hegel, pela primeira vez na história, a introdução da verdadeira liberdade nas sociedades ocidentais.
Entretanto, precisamente por sua novidade absoluta, é também absolutamente radical: por um lado, o aumento abrupto da violência – que fez falta para realizar a revolução – não pode deixar de ser o que é; e, por outro lado, já consumiu seu oponente. A revolução, por conseguinte, já não tem mais para onde volver-se além de seu próprio resultado: a liberdade conquistada com tantas penúrias é consumida por um brutal Reinado de Terror. A história, não obstante, progride aprendendo com seus próprios erros: somente depois desta experiência, e precisamente por ela, pode se postular a existência de um Estado constitucional de cidadãos livres, que consagra tanto o poder organizador benévolo (supostamente) do governo racional e os ideais revolucionários da liberdade e da igualdade. "A liberdade reside no pensamento".
Nas explicações contemporâneas do hegelianismo – para as classes pré-universitárias, por exemplo –, a dialética de Hegel frequentemente aparece fragmentada, por comodidade, em três momentos, chamados: tese (em nosso exemplo, a revolução), antítese (o terror subsequente) e síntese (o estado constitucional de cidadãos livres). Contudo, Hegel não empregou pessoalmente esta classificação em absoluto; na verdade, ela foi criada anteriormente, por Fichte, em sua explicação mais ou menos análoga da relação entre o indivíduo e o mundo. Os estudiosos sérios de Hegel não reconhecem, genericamente, a validez desta classificação, conquanto provavelmente tenha algum valor pedagógico (vide: Tríade dialética).
O historicismo cresceu significativamente durante a filosofia de Hegel. Da mesma maneira que outros expoentes do historicismo, considerava que o estudo da História era o método adequado para abordar o estudo da ciência da sociedade, já que revelaria algumas tendências do desenvolvimento histórico. Em sua filosofia, a história não somente oferece a chave para a compreensão da sociedade e das mudanças sociais, como também é considerada tribunal de justiça do mundo.
A filosofia de Hegel afirmava que tudo o que é real, é também racional; e, por corolário, tudo o que é racional, é real. O fim da história era, para Hegel, a parusia do espírito; e o desenvolvimento histórico podia ser equiparado ao desenvolvimento de um organismo (os componentes têm funções definidas, sendo que enquanto trabalham, afetam o restante). Hegel acredita em uma norma divina, fulcrada no princípio de que em tudo se encontra a volição de Deus, a qual é conduzir o homem para a liberdade; porquanto é panteísta. Justifica, então, a desgraça histórica: todo o sangue e a dor, a pobreza e as guerras, constituem "o preço" necessário a ser pago para alcançar a liberdade da humanidade.
Hegel valeu-se deste sistema para explicar toda a história da filosofia, da ciência, da arte, da política e da religião; no entanto, muitos críticos modernos assinalam que Hegel constantemente parece ignorar as realidades da história a fim de fazê-las encaixar em seu molde dialético. Karl Popper, crítico de Hegel em A sociedade aberta e seus inimigos, opina que o sistema de Hegel constitui uma justificação vagamente dissimulada do governo de Frederico Guillermo III e da ideia hegeliana de que o objetivo ulterior da história é chegar a um Estado que se aproxima ao da Prússia do decênio de .8... Esta visão de Hegel como apólogo do poder estatal e precursor do totalitarismo do século XX foi criticada minuciosamente por Herbert Marcuse em Razão e revolução: Hegel e o surgimento da teoria social, arguindo que Hegel não foi apólogo nem do Estado nem da forma de autoridade, simplesmente porque estes existiram; para Hegel, o Estado deve ser sempre racional. Arthur Schopenhauer desprezou Hegel por seu historicismo e tachou sua obra de pseudofilosofia.
A filosofia da história de Hegel está também marcada pelos conceitos da "astúcia da razão" e do "escárnio da história". A história conduz os homens que creem se conduzir de per si, como indivíduos e como sociedades, castigando suas pretensões, de modo que a história-mundo, ao fazer troça deles, produz resultados exatamente contrários e paradoxais aos pretendidos por seus autores, a despeito de, nos períodos finais, a história se reordenar e, em um cacho fantástico, retroceder sobre si mesma e, com sua gozação sarcástica e paradoxal convertida em mecanismo de criptografia, cria também ela mesma, sem querer, realidades e símbolos ocultos ao mundo e acessíveis tão-somente aos cognoscentes, àqueles que querem conhecer.

7- Princípio fundamental


Tudo é inteligível para o ser que, idêntico no seu fundo com o Espírito ou a Ideia infinita, se manifesta no universo concreto graças ao movimento dialéctico: tese, antítese, síntese.
A intuição fundamental de Hegel, fiel ao panteísmo idealista, é que, no universo, todas as riquezas de fenômenos e de indivíduos concretos, com a humanidade e todos os acontecimentos da sua história, são apenas as manifestações necessárias, inteligíveis a priori, duma realidade única: o Espírito infinito que, sendo de ordem ideal, não pode conter elemento algum irracional ou inexplicável, de direito: "Todo o real, diz ele, é racional". A sua filosofia não foi senão um esforço para esclarecer até nos seus mínimos pormenores esta vista central.
Para isso, Hegel escolheu judiciosamente como ponto de partida o Ser, a noção mais simples e mais abstrata, luz inteligível que ilumina todas as outras ideias; e conforme o postulado panteísta quer mostrar que a lei fundamental deste ser, única realidade, o leva necessariamente a manifestar-se nos múltiplos objetos e fenômenos concretos tais como os verificam a nossa experiência e as nossas ciências positivas.
Aliás, não dá a esta dedução o sentido duma teogonia ou duma emanação real, como se pretendesse que "o mais sai do menos" e que "o abstrato engendra o concreto": quer simplesmente libertar a lei ideal que torna inteligível o universo concreto desenvolvido sob o nosso olhar, mostrando como cada um dos seus pormenores decorre inevitavelmente da única realidade subjacente às múltiplas aparências: o Espírito ou Ideia que é o ser absoluto (*). As noções muito gerais que constituem as primeiras fases da dedução têm pois a sua origem nos fatos mais ricos e mais reais, como a ideia abstrata é tirada do concreto; e é preciso distinguir duas séries; uma ideal, descrita em filosofia, a outra, real, verificada nas ciências positivas. Notemos, contudo, que o idealismo torna precária e pouco inteligível esta distinção; porque afirma a coincidência entre a ideia e a realidade. "Tudo o que é racional é real", diz ainda Hegel. Mas, a seu parecer, basta para isso que a correspondência perfeita entre o sistema a priori e a experiência se verifique no termo da dedução, sem exigir, em todas as fases, um paralelismo total entre as ideias e os fatos.
8- lei

Ora a lei cujo desenvolvimento necessário engendra todo o universo é a da dialéctica, segundo a qual toda ideia abstrata, a começar pela de ser, considerada no seu estado de abstração, afirma necessariamente a sua negação, a sua antítese, de modo que esta contradição exige para se resolver a afirmação de uma síntese mais compreensiva que constitui uma nova ideia, rica, ao mesmo tempo, do conteúdo das duas outras. Esta marcha para diante, segundo Hegel, não é arbitrária; está inserida na própria essência da noção abstrata bem analisada; e enquanto a ideia sintética assim obtida guardar um lado abstrato, manifesta à reflexão uma nova identidade com o seu contrário, uma nova exigência de progresso, até que enfim a última síntese exprime o fato de experiência concreto, único a existir realmente. Trata-se pois, para o filósofo, de abranger num só olhar o imenso desenvolvimento das realidades concretas que formam o universo, de remontar daí, por mil caminhos diversos mas convergentes, através das fases cada vez mais abstratas até a origem comum do ser ou do Espírito absoluto; e, terminada esta análise preliminar, o sistema consiste em tomarmos posse do desenvolvimento a priori destas cascatas de noções caindo umas das outras por trilogias, com uma necessidade lógica tão rigorosa como a dedução dos modos em Spinozismo. Hegel teve a audácia de tentar esta síntese, depois de se ter abundantemente documentado sobre o estado de todas as ciências positivas do seu tempo cujo conteúdo experimental devia ser incorporado no seu sistema; e concebeu este num sentido evolucionista, graças ao método dialéctico.
Esta "dialéctica" bem compreendida não parece ser, como se disse, a negação do princípio de contradição; é, pelo contrário, esforço para escapar à contradição passando à noção sintética que reconcilia a tese com a antítese; mas, nestas fases preliminares, Hegel é de opinião que o nosso espírito pensa verdadeiramente a contradição; e tal é bem o caso, efetivamente de toda ideia abstrata, se a interpretarmos segundo o idealismo absoluto.
Para o mostrar, tomemos o exemplo da primeira trilogia da qual todas as outras são apenas uma aplicação; a do ser, a do não-ser e a do devir. O ser puramente abstrato, que não é senão ser, sem qualquer precisão, nem qualidade nem relação, não é mais que a forma vazia da afirmação. É "aquilo por que" tudo o que é real é real; mas em si mesmo nada é pois que se identifica ao mesmo tempo com realidades que se excluem: o círculo é ser e o quadrado também; o branco e o negro são ser; a árvore viva é ser e a pedra inerte também; e o ser é o que constitui, ao mesmo tempo, a realidade de cada um deles. Como a matéria-prima não é ato algum, mas sim potência pura, porque pode tornar-se todas as coisas corporais, assim o ser não é ser algum, porque pode tornar-se todos os seres. Pensá-lo é pensar, ao mesmo tempo, o nada absoluto: a própria contradição.
"Em tomismo, escapa-se a esta contradição notando que a natureza pensada, conquanto ficando a mesma em si, se encontra em dois estados diferentes e opostos: no estado de natureza concreta no real individual, por exemplo, a natureza animal neste cão; - e no estado de natureza abstrata na ideia universal, por exemplo, no conceito de animalidade. Assim, a natureza de ser, ficando o que é (notando que aqui o conteúdo da ideia é uma natureza abstrata imperfeitamente que se realiza dum modo análogo somente nos seus inferiores, e não univocamente, como a natureza animal), esta natureza pode identificar-se efetivamente com os modos de ser os mais diversos e os mais exclusivos e isso ao mesmo tempo e sem contradição, porque de si ela é indiferente: indiferente, por exemplo, ao infinito e ao finito, à vida e à morte; para ser não é necessário ter a vida nem excluí-la, mas pode exigir-se (se se é árvore, por exemplo) ou excluí-la (se se é pedra). O estado ideal ou abstrato desta natureza de ser, isto é, o que lhe convém como pensada por nós permite-lhe esta indiferença que não pode ter se a tomamos no seu estado real, no ser atualmente existente".
Mas estas distinções que definem a teoria do realismo moderado, tão conforme ao bom senso, perdem todo o valor em idealismo onde o real e o ideal são a mesma coisa. Se nesta hipótese tentamos pensar o ser abstrato, devemos necessariamente concebê-lo como idêntico realmente a objetos que se excluem, o que é a própria contradição. Contudo, o nosso pensamento não pode instalar-se na contradição: é psicologicamente impossível; por isso, pensar no ser, idêntico a tudo, é não pensar em nada: a tese arrasta a antítese e o ser muda-se em não-ser. Hegel conclui daqui que o que realmente é ser é uma síntese destas duas contraditórias. O que já é, sem ser ainda plenamente, é o que devém. O fundo do universo não é, pois, uma realidade estática, mas dinâmica; não é o ser, mas o devir que vai pôr ordem na multidão formigante dos modos de ser contraditórios, todos idênticos ao ser abstrato e que vai torná-los todos inteligíveis indicando o seu lugar no inflexível desenrolar das virtualidades do ser.
É a análise deste desenrolar que Hegel chama a "dedução das categorias do ser"; cada uma das três fases da trilogia fundamental será fonte de numerosas aplicações, onde encontraremos todas as ciências humanas interpretadas segundo o idealismo absoluto e distribuídas em um triplo domínio: o da lógica, que é também uma ontologia; o da natureza; o da moral e da religião.
Alusão à dedução transcendental das categorias de Kant; mas este não fizera este trabalho senão para as ciências positivas, enquanto Hegel quer fazê-lo para todo o saber humano: substitui o idealismo absoluto ao idealismo transcendental, mais moderado, de Kant. [F.-J. Thonnard, A. A. Compêndio de História de Filosofia

9- Prova
1- Em sua obra Filosofia do Direito, Hegel apresenta sua teoria do Estado, na qual ele critica a tradição jusnaturalista. Das alternativas abaixo, está de acordo com a teoria do Estado de Hegel, EXCETO:
A) o contratualismo acerta no momento em que defende a ideia de um pato entre os indivíduos, responsáveis por formar o Estado.
B) o Estado é que funda a sociedade e não os indivíduos.
C) o Estado sintetiza, numa realidade coletiva, os interesses contraditórios entre os indivíduos.
D) a sociedade civil é a esfera entre a família e o Estado.
2- Assinale a alternativa falsa:
a) A ética do discurso de Jürgen Habermas desconsidera a guinada pragmático-linguística na filosofia contemporânea e continua buscando justificações universalistas.
b) Habermas apresenta sua ética do discurso como sendo cognitivista, formalista e procedimentalista.
c) A ética do discurso de Habermas constitui-se, dentre outras coisas, de uma reformulação do imperativo categórico kantiano, que passa a ser apresentado em termos pragmáticos onde o Ego transcendental é substituído pela comunidade de comunicação.
d) O ideal de uma comunicação não coercitiva e igualitária está na base da justificativa filosófica da ética do discurso de J. Habermas.
e) A ética do discurso de Habermas se baseia nas teses fornecidas por este mesmo pensador para a construção do conceito de razão comunicativa.
3- Assinale a alternativa verdadeira:
a) A ética do discurso de Habermas procura seu fundamento metafísico na teoria da história.
b) Para Habermas a linguagem é a fonte comum do conhecimento e da moral.
c) Para a ética do discurso seu maior aliado é o discurso cético sobre a moral.
d) Habermas defende que somente na pós-modernidade pode se situar uma moral libertária.
e) A ética do discurso de Habermas é um projeto compartilhado em total harmonia com o seu mestre, o filósofo Karl-Otto Apel
.
4- Segundo Hegel, nós não devemos nos espantar se existem tantas e tão diferentes histórias da filosofia, nas quais a sucessão dos vários sistemas é descrita simplesmente como uma sequência de opiniões e erros.
A partir desse contexto e da concepção hegeliana de filosofia, conclui-se que
(A) o fato de as diversas filosofias anteriores a Hegel consistirem, para ele, em meras opiniões, erros e jogos de pensamento leva-o a considerar irrelevante a elaboração de uma história da filosofia.
(B) o que falta às citadas histórias da filosofia é a apreensão do sentido a partir do qual se encadeiam os diversos momentos do desenvolvimento da filosofia.
(C) o indivíduo que pretende elaborar uma história da filosofia deve deixar ao leitor a possibilidade de optar por uma filosofia específica, não apresentando nenhuma das filosofias como mera opinião, erro ou jogo de pensamento.
(D) a tentativa de elaborar uma história da filosofia é, por princípio, um equívoco, pois história e filosofia consistem em ciências fundamentalmente distintas quanto aos seus métodos.
(E) uma história da filosofia propriamente dita deve partir das relações concretas de produção em direção ao absoluto abstrato, que se realiza no plano da transcendência.
5- Coloque (V) verdadeiro ou (F) falso.
O princípios da verificação ou da verificabilidade, segundo os neopositivistas lógicos do Círculo de Viena envolve:
( ) defesa do apriorismo na comprovação científica.
( ) experiência como critério último para a validade das hipóteses científicas.
( ) validação das asserções metafísicas mediante postulados teóricos.
( ) uma teoria só pode ser considerada coerente quando for passível de verificação.
A sequência correta de respostas é:
A) V - F - V – F; B) V - V - F – F;
C) F - V - F – V; D) F - F - V - V.
6- Veja as frases abaixo.
I - Busca as condições de validade e os verdadeiros limites e extensão do conhecimento humano;
II - Procura as condições para o uso correto e justo da razão pura, estabelecendo as condições de possibilidade do conhecimento;
III - A origem do conhecimento está na sensibilidade e no entendimento.
Das frases acima, retrata(m) o criticismo Kantiano:
A) apenas a II; B) apenas I e II; C) apenas II e III;
D) todas elas.
7- Na estética kantiana, o Belo é visto como aquilo que agrada universalmente, sem interesse, sendo o resultado da relação entre sujeito e objeto. Assim, o Belo não existe de maneira objetiva, mas é fruto da relação entre o sujeito e objeto mediante:
A) juízo de valor; B) despertar da consciência; C) juízo estético; D) intencionalidade e aproximação.

8- Para Hegel, Qual o simbolo da Filosofia? R: _________________________

9. Sobre a ética do discurso de Habermas é INCORRETO afirmar que: 
A) Refere-se a questões práticas e a conflitos no nível da ação moral que poderiam em princípio ser decididos através da argumentação, portanto, de modo consensual. 
B) Reconstrói o princípio de universalização kantiano (Imperativo Categórico) e abandona a teoria dos dois reinos de Kant (mundo fenomênico e mundo inteligível). 
C) Procura superar a perspectiva monadológica do paradigma da filosofia consciência individual.
   
D) Segue a linha de um conceito formal, universal, de ôntico e cognitivo da moral identificado na tradição filosófica que remonta a Hegel. 
E) A universalização ética pretendida por Habermas ancora-se, por um lado, em formas de vida concreta (mundo da vida) e, por outro lado, busca ultrapassá-los através do processo de argumentação (comunidade ideal de fala). 
10- Observe o fragmento abaixo: 
"[...] efetuou uma primeira tentativa de articulação que ele denominou uma teoria da competência comunicativa, em que são mediados elementos da filosofia transcendental moderna e elementos provenientes da linguística e da filosofia da linguagem para fundamentar o ponto de partida de uma teoria crítica da sociedade". (OLIVEIRA, Manfredo Araújo. Reviravolta Linguística-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, .996, p.29.) 
Pode-se afirmar que ele se refere às ideias do filósofo: 
A) J. Austin. 
B) L. Wittgenstein. 
C) N. Chomsky. 
    D) J. Habermas. 
E) I. Lakatos. 
11- Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto afirmar: 
       
a) A ética do discurso procura dar continuidade à abordagem cognitivista já presente em Kant. 
b) A abordagem cognitivista da ética do discurso assume a impossibilidade de validação das normas morais. 
c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se apoia no conhecimento da utilidade das ações tal como pretendia Jeremy Bentham. 
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso procura dar continuidade às teses aristotélicas sobre a retórica. 
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto de vista cognitivista, segue as teorias emotivistas e decisionistas
Junho - Nove aulas

1- Heidegger, Martin (1889 – 1976)

É um dos pensadores fundamentais do século XX- ao lado de Russell, Wittgenstein, Adorno, Popper e Foucault- quer pela recolocação do problema do ser e pela refundação da Ontologia, quer pela importância que atribui ao conhecimento da tradição filosófica e cultural. Influenciou muitos outros filósofos, dentre os quais Jean-Paul Sartre.

Filosofia
Heidegger considerava o seu método fenomenológico e hermenêutico. Ambos os conceitos referem a intenção de dirigir a atenção (a circunvisão) para o trazer à luz daquilo que na maior parte das vezes se oculta naquilo que se mostra, mas que é precisamente o que se manifesta nisso que se mostra. Assim, o trabalho hermenêutico visa interpretar o que se mostra pondo a lume isso que se manifesta aí mas que, no início e na maioria das vezes, não se deixa ver.
O método vai diretamente ao fenômeno, procedendo à sua análise, pondo a claro o modo como da sua manifestação. Heidegger afirma que esta metodologia corresponde a um modelo kantiano, ou coperniciano da colocação ou projeção da perspectiva. Neste sentido, a sua metodologia operava uma inflexão do ponto de vista, na medida em que o foco deveria ser desviado do dasein para o ser. Esta inflexão focaliza os modos de ser do ente, correspondendo a uma inversão da ontologia tradicional.
Além da sua relação com a fenomenologia, a influência de Heidegger foi igualmente importante para o existencialismo e desconstrucionismo.

2- Conceitos fundamentais


É habitual dividir a produção filosófica de Heidegger em duas partes, uma até ao final da década de vinte, outra a partir daí. Por vezes considera-se também uma terceira anterior à produção de O Conceito de Tempo (conferência proferida em 1924, mas publicada apenas em 1981, em Francês). Assim é comum falar-se do primeiro ou do segundo Heidegger, conforme se faz referência às suas produções anteriores ou posteriores ao seu livro Da essência da Verdade, escrito em 1930, embora a publicação seja de 1943. Gianni Vattimo fala de três momentos da filosofia de Heidegger (ver Introdução a Heidegger, Tradução João Gama, Instituto Piaget, 10ed., 1996).
A divisão da filosofia de Heidegger em momentos não é pacífica. Há quem recuse a divisão, defendendo a continuidade do seu pensamento.
O ponto de partida do pensamento de Heidegger, principal representante alemão da filosofia existencial, é o problema do sentido do ser.
Heidegger aborda a questão tomando como exemplo o ser humano, que se caracteriza precisamente por se interrogar a esse respeito. O homem está especialmente mediado por seu passado: o ser do homem é um "ser que caminha para a morte" e sua relação com o mundo concretiza-se a partir dos conceitos de preocupação, angústia, conhecimento e complexo de culpa. O homem deve tentar "saltar", fugindo de sua condição cotidiana para atingir seu verdadeiro "eu".
As bases de sua filosofia existencial foram expostas em 1928, na obra inacabada Ser e Tempo, 1927, publicada em Marburgo, que o tornou célebre fora dos meios universitários. Oriundo de uma família humilde, Heidegger pôde completar sua formação primária graças a uma bolsa eclesiástica, que lhe permitiu também iniciar estudos de teologia e de filosofia. Profundamente influenciado pelo estudioso de fenomenologia Edmund Husserl, de quem foi assistente após a Primeira Guerra Mundial (até 1922), começou então seus estudos no seio da corrente existencialista.
Embora sempre tenha vivido em Friburgo, exceto nos cinco anos em que foi professor em Marburgo (recusou uma proposta para Berlim), cedo se tornou um dos filósofos mais conhecidos e influentes, influência essa que se estendeu mesmo à moderna teologia de Karl Rahner ou Rudolf K. Bultman. Sua disponibilidade para colaborar com o regime nazista, após a tomada de poder por Hitler, aceitando o lugar de reitor em substituição a outro vetado pelos nazistas, abalou seu prestígio. Também contribuiu para isso o fato de equiparar o "serviço do saber" na escola superior ao serviço militar e funcional. Em 1946, as autoridades francesas de ocupação retiraram-lhe a docência, que lhe foi restituída em 1951. Outras importantes obras suas são Introdução à Metafísica, 1953, Que Significa Pensar?, 1964, e Fenomenologia e Teologia, 1970. A obra completa de Heidegger foi editada na Alemanha em 70 volumes.

3- Dasein


Ainda assim, até ao final da década de trinta, a leitura da filosofia de Heidegger estrutura-se sobre conceitos como Dasein (o ser-aí ou o ser-no-mundo), morte,angústia ou decisão. Como entroncamento central de toda a sua fenomenologia encontra-se o conceito de Jeweiligkeit: ser-a-cada-momento ou de-cada-vez (Respectividade). Esta noção é fundamental para se compreender a de Dasein, que não deve ser sem mais vertida para Ser humano, homem, nem mesmo para Realidade Humana (ver, a este respeito, A Carta sobre o Humanismo- para mais pormenores sobre a difícil tarefa da tradução do termo veja-se o artigo correspondente, Dasein).
O horizonte de fundo de toda a sua investigação é o do sentido de Ser, os modos e as maneiras de enunciação e expressão de ser. Nesta medida o importante está em alcançar a colocação correta da questão pelo sentido de ser. Assim, ele põe a claro a desvirtuação dessa investigação ao longo da tradição que sempre se prendeu a uma compreensão ôntica, dominada pelo ente, em vez de se dedicar adequadamente ao estudo do ser. Esta notificação deve indicar-nos que não apenas o ente é, mas que o ser tem modos: há modos de ser. E cada ente deve ser abordado a partir do modo adequado de o abordar, o que deve ser esclarecido a partir do modo de ser próprio do ente que em cada caso está em estudo.
O Dasein, pela sua especificidade, inicia qualquer interrogação. O Dasein é o ente que em cada caso propriamente questiona e investiga. É também o Dasein que detém a possibilidade de enunciar o ser, pois é ele que tem o poder da proposição em geral. Daí que na questão acerca do sentido de ser seja fundamental começar por abordar o ser deste ente particular. E tem que ser o próprio Dasein a fazer isso, tem que ser ele próprio a mostrá-lo, a partir duma análise fenomenológica esclarecida (hermenêutica).

4- Neokantismo


Algumas obras de Heidegger revestem-se de inspiração kantiana, quer pelo método crítico que os rege, quer pelos seus resultados, quer pela escolha dos temas. Regra geral considera-se que as obras anteriores a Ser e Tempo são de teor kantiano. Esta fase do seu pensamento constitui para alguns estudiosos o primeiro momento da sua filosofia, marcado pela influência de Kant e pela pujança fenomenológica. Apesar das reservas dos seguidores da sua metodologia, Heidegger tende a ser aproximado ao movimento existencialista. Esta fase é aquela que mais facilmente se relaciona com este movimento.
A tese de doutoramento sobre A teoria do juízo no psicologismo, a tese de docência acerca d'A doutrina das categorias e do significado em Duns Escoto(1936) e o tratado A História do Conceito de Tempo, também conhecido como Conceito de Tempo em Historiografia (1934), são consensualmente aceites como (neo)kantianas. Estas obras, dentro de uma terminologia e temática próprias do Neokantismo, abordam problemas que o extravasam e já não podem ser resolvidas nas estritas fronteiras kantianas.
A facticidade da existência, que viria a fazer parte da terminologia de Ser e Tempo, torna impraticável a posição de um sujeito do conhecimento como sujeito puro que se supõe na reflexão de tipo transcendental. A consciência implica uma temporalidade irredutível ao tempo físico, estritamente métrico ou cronológico. Esta temática torna-se o cerne da sua lição inaugural, na Faculdade de Teologia da Universidade de Marburgo, A História do Conceito de Tempo.

5- Escritos de Husserl

Nos escritos de Husserl, na formulação conhecida até 1920, Heidegger podia encontrar já uma novidade radical relativamente ao Neokantismo. Este privilegiava a ciência e aspirava para a Filosofia uma linguagem igualmente rígida e estrita. Para Husserl, o ato de cognição resolvia-se na intuição eidética (Anschauung). O ato cognitivo não podia assim ser limitado ao conhecimento científico, pois trata-se dum encontrar as coisas.
O ir às coisas elas mesmas husserliano ficou conhecido para sempre: trata-se dum encontro com as coisas em carne e osso. Esta concepção já não entende o fenômeno em oposição à coisa em si ou ao númeno, mas como manifestação positiva da própria essência da coisa, por assim dizer (veja-se a este respeito H. G. Gadamer, Die phänomenologische Bewegung em Philosophisce Rundschau .96., pp. 19-20). Esta posição saía da matriz neokantiana e dos limites dotranscendentalismo.

Fenomenologia

Heidegger encontra na fenomenologia, na forma que tinha à época, nas obras de Husserl até então publicadas, um mundo em pleno desenvolvimento. Husserl afirmava que "a Fenomenologia somos eu e Heidegger".
A Fenomenologia recebe assim influência de Heidegger que lhe inculca alguns dos seus problemas e temas centrais. A influência é, portanto, mútua. Nesta altura Heidegger recebe também vigorosas influências provenientes da segunda edição de Kierkegaard e de Dostoievski, ao mesmo tempo que vê surgir o interesse por Hegel e Schelling por todo o meio acadêmico alemão. As poesias de Rilke e de Trakl são outras fontes de inspiração. Nietzsche, influência e preocupação maior dos anos que vão de 1935 a 1943, está ainda, entre 1910 e 1916, longe do seu pensamento.
A esta altura Heidegger encontra-se principalmente ocupado na interpretação de Dilthey e Kierkegaard.

6- Kierkegaard


Para Heidegger, para os heideggereanos e, de fato, para a maior parte dos existencialistas, Kierkegaard é um pensador que enunciou explicitamente o problema da existência. Contudo, Heidegger considera que a colocação do problema não remanesceu existencialmente, mas que, pelo contrário, permaneceu geralmente a um nível existenciário ou ôntico.
A formação do pensamento que levaria ao Ser e Tempo encontraria ainda contributos de São Paulo, de Lutero e de Calvino. No semestre de Inverno do ano escolar de1919-1920, Heidegger profere um dissertação em jeito de discurso sobre os Fundamentos da mística medieval e, no ano seguinte, um deIntrodução à fenomenologia da religião.
No semestre de verão de 1921 surge um discurso intitulado S. Agostinho e o neoplatonismo. Isto numa época em que as suas preocupações estão centradas na problemática da temporalidade com o estudo de Kierkegaard a fornecer-lhe novos horizontes, e Heidegger traçava novos planos teóricos rasgando com o esquema da ontologia clássica que o próprio Kierkegaard havia deixado intato, bem como com a estrutura metafísica helénica preservada pelo neoplatonismoe adaptada por Aurélio Agostinho.

7- O pensamento de Heidegger e a psicoterapia


Em 1947, Heidegger respondeu pessoalmente a uma carta enviada pelo psiquiatra suíço Medard Boss pedindo esclarecimentos sobre suas ideias filosóficas. Iniciaram um processo de troca de correspondência e visitas que se prolongou por doze anos e frutificou na iniciativa de Boss em promover a realização de uma série de encontros com a participação aberta para alunos e colegas psiquiatras, os Seminários de Zollikon, realizados entre .959 e .969.
Considerados fundamentais na concepção e conceituação da Daseinsanalyse, nestes seminários discutiram as possibilidades de integração da ontologia e da fenomenologia de Heidegger à teoria e práxis da medicina, psicologia, psiquiatria e psicoterapia. Os protocolos destes seminários e as correspondências trocadas por Heidegger e Boss foram publicados na Alemanha em 1987.
Heidegger também contribuiu e participou da edição da obra de Boss "A existência da medicina e da física", publicada em 1979, texto que advoga uma fundamentação existencial para a medicina e para a psicologia.
Kierkegaard, Søren (1813 – 1885)

Foi um filósofo e teólogo dinamarquês. Kierkegaard criticava fortemente quer o hegelianismo do seu tempo quer o que ele via como as formalidades vazias da Igreja da Dinamarca. Grande parte da sua obra versa sobre as questões de como cada pessoa deve viver, focando sobre a prioridade da realidade humana concreta em relação ao pensamento abstrato, dando ênfase à importância da escolha e compromisso pessoal.. A sua obra teológica incide sobre a ética cristã e as instituições da Igreja. A sua obra na vertente psicológica explora as emoções e sentimentos dos indivíduos quando confrontados com as escolhas que a vida oferece. 
Como parte do seu método filosófico, inspirado por Sócrates e pelos diálogos socráticos, a obra inicial de Kierkegaard foi escrita sob vários pseudónimos que apresentam cada um deles os seus pontos de vista distintivos e que interagem uns com os outros em complexos diálogos. Ele atribui pseudónimos para explorar pontos de vista particulares em profundidade, que em alguns casos chegam a ocupar vários livros, e Kierkegaard, ou outro pseudónimo, critica essas posições.
A tarefa da descoberta do significado das suas obras é pois deixada ao leitor, porque "a tarefa deve ser tornada difícil, visto que apenas a dificuldade inspira os nobres de espírito"Subsequentemente, os acadêmicos têm interpretado Kierkegaard de maneiras variadas, entre outras como existencialista, neo-ortodoxo, pós-modernista,humanista e individualista. Cruzando as fronteiras da filosofia, teologia, psicologia e literatura, tornou-se uma figura de grande influência para o pensamento contemporâneo. Está sepultado no Cemitério Assistens.
Filosoficamente, fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria no existencialismo. Kierkegaard rejeitou a filosofia hegeliana do seu tempo e aquilo que ele viu como o formalismo vácuo da igreja luterana dinamarquesa. Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos tais como a natureza da fé, a instituição da fé cristã, e ética cristã e teologia. Por causa disto, a obra de Kierkegaard é, algumas vezes, caracterizada como existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre ou ao proto-existencialismo de Friedrich Nietzsche, ambos derivados de uma forte base ateística.
A obra de Kierkegaard é de difícil interpretação, uma vez que ele escreveu a maioria das suas obras sob vários pseudónimos, e muitas vezes esses pseudo-autores comentam os trabalhos de pseudo-autores anteriores.
Kierkegaard é um dos poucos autores cuja vida exerceu profunda influência no desenvolvimento da obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo — herança de um pai extremamente religioso, que cultivava de maneira exacerbada os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião de Estado.
Kierkegaard está associado à ideia de que a religião é, no seu fundamental, não uma persuasão da verdade de uma doutrina, mas sim a dedicação a uma posição que é inerentemente absurda, ou que dá "ofensa", o termo usado por Kierkegaard. Para Kierkegaard, nós obtemos a nossa identidade ao acreditar em algo que ofenda profundamente a nossa mente, o que não é uma tarefa fácil. Para existir, teríamos de acreditar e acreditar em algo que seja ominosamente difícil de acreditar. Esta é a essência do processo existencialista em Kierkegaard, que associa a fé com a identidade.
8- Marcuse, Herbert (1898 -1979)

Sua obra Razão e Revolução, escrita em 1941, foi uma importante contribuição para a compreensão de Hegel e sua influência sobre Marx. Um Hegeliano-freudiano-marxista, Marcuse destacou as formas de repressão cultural, bem como o papel da tecnologia e a expansão da produção de bens de consumo na manutenção da estabilidade do capitalismo. Marcuse observou que a prosperidade do pós-guerra tinha conseguido manter as massas intelectual e espiritualmente em cativeiro e suas obras posteriores são permeadas com pessimismo. Embora um crítico aberto da ordem estabelecida, Marcuse não aplaudiu as manifestações dos estudantes em .968. Entre suas principais obras estão Razão e Revolução (.94.) e Eros e Civilização (1955).

O contato com o jovem Marx

Todos os filósofos que participaram até então da formação de Marcuse tiveram sua importância grandemente diminuídas quando são editadas as obras da juventude de Karl Marx em .9.2. Marcuse foi um dos primeiros a interpretar críticamente os Manuscritos Econômico e filosóficos de Marx e "pensava encontrar neles um fundamento filosófico da economia política no sentido de uma teoria da revolução" (Wiggershaus 200.:..4). Para ele, não era mais necessário recorrer a Heidegger para fundamentar filosoficamente o marxismo, já que viu no próprio Marx a possibilidade desta fundamentação.
É de Marx que virá sua crítica ao Nacionalismo e aos efeitos que o capitalismo burguês vai ter na vida das pessoas. Também vem de Marx a proposta de que, com o desenvolvimento da tecnologia e do capitalismo como um todo, em conjunto com uma ação prática e revolucionária da sociedade, poderemos alterar as nossas condições e erguer uma nova organização social, que possibilite uma vida melhor para as pessoas, e onde elas não sejam alienadas. Marcuse procura esboçar caminhos que nos levem para além da organização sócio-econômica atual. 

9- O contato com a Escola de Frankfurt


Por intermédio da intervenção de Leo Lowenthal e de Kurt Riezler, Herbert Marcuse foi admitido no Instituto de Pesquisas Sociais que seria mais tarde associado à Escola de Frankfurt, que neste momento estava exilado em Genebra. Em 1934, junto com Theodor Adorno e Max Horkheimer mantém suas atividades nos Estados Unidos. Em 1950 os colaboradores do Instituto retornam à Alemanha, Marcuse decide permanecer nos Estados Unidos onde pensa, escreve e ensina até sua morte em 1979.

Diálogo com a a obra Freudiana


Podemos perceber, em “Eros e Civilização”, um diálogo constante que Marcuse terá com a obra Freudiana. Uma grande influência de Freud será a busca da felicidade do indivíduo humano, que virá através da satisfação dos desejos individuais da pessoa. As pessoas hoje seriam infelizes porque a sociedade bloqueia a realização de seus desejos, e devemos tentar reverter essa situação. Será utilizado muito da teoria da psicanálise, também, para explicar o comportamento das pessoas na sociedade atual; por exemplo, como atuam suas pulsões e como procuram realizar ou reprimir os seus desejos.
De acordo com o prefácio de "Eros e Civilização", essa sua obra tinha um objetivo otimista: de que as mudanças decorridas nos últimos tempos de nossa sociedade industrial-tecnológica nos habilitariam a inverter o sentido do progresso. Ao invés de se basear em uma sociedade de produção e consumo desenfreados, poder-se-ia usar a riqueza e o conhecimento da sociedade de forma a satisfazer, na medida do possível, as pulsões vitais humanas, além de impedir os efeitos nocivos de nossas vontades destrutivas. O homem poderia então trabalhar menos e se dedicar mais a uma vida de satisfação de seus desejos e pulsões, vivendo de maneira muito mais plena. No entanto, Herbert reconhece que subestimou a capacidade do sistema sócio-político atual em desenvolver formas de controle social cada vez mais eficazes. Entre essas formas de controle, temos uma produção de bens supérfluos cada vez maior, para redirecionar as necessidades de prazer e satisfação da população.

Suas ideias

Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, o racionalismo dominante nas sociedades modernas, os movimentos repressivos das liberdades individuais, o aniquilamento da Razão . Para os membros do grupo de Frankfurt, o proletariado se perdeu ao permitir o surgimento de sistemas totalitário como o nazismo e o stalinismo por um lado, e a "indústria cultural" dos países capitalistas pelo outro lado. Quem substitui os proletários? Aqueles cuja ascensão a sociedade moderna de modo algum permite, os miseráveis que o bem-estar geral não conseguiu incorporar, as minorias raciais.
Marcuse retoma de Hegel duas noções capitais, a ideia de "Razão" e a ideia de "Negatividade". A Razão é a faculdade humana que se manifesta no uso completo feito pelo homem de suas possibilidades. Não se pode compreender a "possibilidade" longe do conceito de "necessidade". O que necessitamos? A necessidade nos dirige a certos objetos cuja falta sentimos.
A possibilidade mede o raio de nosso alcance face a tais objetos. Se quero um apartamento mas não tenho dinheiro para comprá-lo, o objeto de minha necessidade é o apartamento, e a medida de minha possibilidade é o dinheiro que me falta. É muito fácil compreender como a falta de dinheiro representa um bloqueio falso, fictício, á satisfação de meu desejo.
Na realidade posso ter o apartamento, mas certas convenções sociais, que respeito de modo mais ou menos acrítico, me impedem de possuí-lo. Ao mesmo tempo, se me interrogo a respeito da minha necessidade face ao apartamento, essa também se dissolve. O apartamento é um símbolo de status social, ou resultado de certas convenções visando ao gosto que seriam, em outras condições, muito discutíveis, e que nem sempre me possibilitam morar satisfatoriamente.
A minha necessidade se revela, portanto, como uma falsa necessidade, assim como o bloqueio pela falta de dinheiro das minhas possibilidades era um bloqueio falso. Onde se encontram, então, minhas necessidades e minhas possibilidades? Como compreenderemos o que e Razão? Marcuse muito se preocupa com este problema ao longo de toda a sua obra, sempre polêmica.
No livro Ideologia da Sociedade Industrial, Marcuse repete a crítica ao racionalismo da sociedade moderna, e tenta ao mesmo tempo esboçar o caminho que poderá nos afastar dele. O caminho será, por um aspecto, a contestação da sociedade pelos marginais que a sociedade desprezou ou não conseguiu beneficiar. Será por outro aspecto o desenvolvimento extremo da tecnologia, que deverá ter, segundo Marx e Marcuse, efeitos revolucionários. Quais são estes efeitos? O problema da sociedade moderna é a invasão da mentalidade mercantilista e quantificadora a todos os domínios do pensamento. Essa mentalidade se representa economicamente pelo valor de troca, ligado de modo íntimo aos processos de alienação do homem. E, segundo Marx, com o desenvolvimento extremo da tecnologia "a forma de produção assente no valor de troca sucumbirá". A sociedade moderna, sentindo, que sua base a tecnologia - contém seu rompimento, age repressivamente para evitar este avanço extremo. Marcuse tinha esperança de que não.

Prova (Habermas, Heidegger, Russerl, Marcuse, Kierkegaard, Marx)
  • Qual a principal obra de Heidegger? R: Ser e Tempo

1- Na Introdução de Ser e tempo, Martin Heidegger logo estabelece que a sua investigação sobre a questão do ser seguirá o método fenomenológico. Pela expressão "fenomenologia", Heidegger entende um conceito de método que:
A) não caracteriza os objetos da investigação filosófica, mas a quididade real dos seus sujeitos, quem eles são.
B) caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas não o seu modo, como eles o são.
C) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica nem o seu modo, como eles o são.
D) caracteriza tanto a quididade real dos objetos da investigação filosófica quanto o seu modo, como eles o são.
E) não caracteriza a quididade real dos objetos da investigação filosófica, mas o seu modo, como eles o são.
      1. A neutralidade das ciências é um tema retomado e seriamente discutido na Escola de Frankfurt. Nasce, então, a teoria crítica, exposta no ensaio "Teoria Tradicional e Teoria Crítica". A alternativa que identifica o pesquisador frankfurtiano autor dessa obra é. 
        A) Jürgen Habermas. 
        B) Herbert Marcuse. 
        C) Walter Benjamin. 
           
        D) Max Horkheimer. 
        E) Felix Weil. 
3- Heidegger explica, na introdução de Ser e Tempo, aquilo que chama de método de investigação que pretende utilizar na sua obra. Este método ou "modo de tratar" sua questão é:
A) dedutivo
B) indutivo
C) ontológico
   D) fenomenológico
E) existencialista 
4- Assine a alternativa que só contenha membros da chamada "Escola de Frankfurt"
a) Horkheimer, Adorno, Stirner e Habermas
b) Benjamin, Marcuse, Kaustky e Stirner
   c) Marcuse, Horkheimer, Benjamin e Habermas
d) Kautsky, Habermas, Benjamin e Adorno
5- . Hegel foi quem tornou famosa a coruja como símbolo da filosofia.
(x) Verdadeiro (  )Falso
6- Qual a principal obra de Heidegger? R: _____________________
7- 6. Qual destes filósofos viveu em São Paulo durante um período?
( )
Heidegger ( )Sartre ( ) Frege ( )Foucault ( ) Quine

8- Relacione:
1 - Karl Marx.  2 - Soren Kierkegaard.  3 - Singmund Freud.  4 - Paul Ricoeur.  5 - Martin Heidegger.
( ) Homem falível.  ( ) Homem ex-istente.  ( ) Homem econômico.  ( ) Homem instintivo.  ( ) Homem angustiado.
A sequência correta é 
a) 4, 5,1, 3, 2; b) 5, 2, 1, 3, 4; c) 3, 4, 1, 2, 5;  d) 2, 5, 1, 3, 4 
9- A metafísica pode ser entendida, segundo Heidegger, como 
   (A) a história do esquecimento do ser.
(B) o estudo das categorias aristotélicas.
(C) a análise da língua grega.
(D) o desenvolvimento da física.
(E) a história do desvelamento do ser. 
10 . No final da introdução de Ser e Tempo, Heidegger adverte o leitor "quanto à inadequação e falta de beleza do estilo das análises que se seguirão". É que, explica, "uma coisa é fazer um relatório narrativo sobre os entes, outra coisa é apreender o ente em seu ser". Para esta última tarefa, diz ele, faltam, na maioria das vezes:
   A) as palavras e a gramática
B) a estrutura e a conjuntura
C) a filosofia e a poesia
D) a história e o destino
E) o método e o procedimento 
11- Hegel foi quem tornou famosa a coruja como símbolo da filosofia.( ) Verdadeiro; ( ) Falso
2- (UFU - 1998) - A luta de classes para Marx, até hoje, tem sido a história dos homens. Podemos afirmar que o materialismo histórico, para ele, é dialético, porque
A) é a consciência dos homens que determina o mundo material.
B) a base do conhecimento histórico é a arte do diálogo que permite a compreensão da História.
C) o processo histórico é linear e contínuo.
D) o processo histórico é movido por contradições sociais.
E) a base do mundo material é a superestrutura jurídica e política.
12- Nos seus conhecidos Cursos de estética I, oferecidos no começo do século XIX, Hegel expõe a posição que a arte possui dentro de seu sistema filosófico. Para tanto, explica também em que, para ele, consistiria o estatuto ontológico da obra de arte. Nesse sentido, Hegel afirma que a obra de arte situa-se:
A) abaixo da sensibilidade imediata e muito distante do pensamento ideal
B) junto da sensibilidade imediata e distante do pensamento ideal
C) justamente entre a sensibilidade imediata e o pensamento ideal
D) junto do pensamento ideal e distante da sensibilidade imediata
E) acima tanto da sensibilidade imediata quanto do pensamento ideal.
13- . Gilles Deleuze, a certa altura de O que é a filosofia?, observa que, no começo, os conceitos filosóficos são e permanecem assinados. Ele, então, dá alguns exemplos. Entre os exemplos citados por Deleuze de conceitos assinados estão:
A) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
B) a substância, de Platão; a mônada, de Leibniz; a duração, de Bergson
C) a substância, de Aristóteles; a potência, de Leibniz; a duração, de Bergson
D) a substância, de Aristóteles; a mônada, de Leibniz; a potência, de Bergson
E) a ideia, de Platão; a potência, de Leibniz; a mônada, de Bergson
14- Segundo Marx e Engels, não é a vida que é determinada pela consciência, mas a consciência que é determinada pela vida.
A partir dessa concepção, conclui-se que
(A) as formas históricas de produção devem derivar das figuras da vida espiritual de um povo.
(B) a história da filosofia, ao ser considerada, deve-se partir das determinações formais para descobrir as configurações materiais.
(C) as ideologias pertinentes à vida em um momento da história são consequências da reflexão sobre o alcance da consciência no momento imediatamente anterior.
(D) a investigação das formas históricas de produção deve servir de ponto de partida para a elaboração de uma história da filosofia.
(E) o que distingue a vida da consciência é que a primeira é histórica, e a segunda, não.
15
- Da mesma forma que a rede das relações de poder acaba formando um tecido espesso que atravessa os aparelhos e as instituições, sem se localizar exatamente neles, também a pulverização dos pontos de resistência atravessa as estratificações sociais e as unidades individuais. E é certamente a codificação estratégica desses pontos de resistência que torna possível uma revolução, um pouco à maneira do Estado que repousa sobre a integração institucional das relações de poder. É nesse campo das correlações de força que se deve tentar analisar os mecanismos de poder.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, v.., .988, p..07.
Foucault analisa o poder, considerando-o como uma rede de relações e correlações de força, de tal modo que, ao considerar o Estado e a Lei, irá deixar de lado noções importantes ao pensamento político moderno, como
(A) Soberania e Contrato (B) Soberania e Modernidade (C) Liberdade e Moralidade (D) Biopoder e Moralidade (E) Liberdade e Destinação
Julho - Quatro aulas

1- Marx, Karl(1818-1883)

As teorias de Marx sobre a sociedade, a economia e a política - conhecidas coletivamente como marxismo - afirmam que as sociedades humanas progridem através da luta de classes: um conflito entre a classe burguesa que controla a produção e um proletariado que fornece a mão de obra para a produção. Ele chamou o capitalismo de "a ditadura da burguesia", acreditando que seja executada pelas classes ricas para seu próprio benefício, Marx previu que, assim como os sistemas socioeconômicos anteriores, o capitalismo produziria tensões internas que conduziriam à sua auto-destruição e substituição por um novo sistema: o socialismo. Ele argumentou que uma sociedade socialista seria governada pela classe trabalhadora a qual ele chamou de "ditadura do proletariado", o "estado dos trabalhadores" ou "democracia dos trabalhadores"1930 Marx acreditava que o socialismo viria a dar origem a uma apátrida, uma sociedade sem classes chamada de comunismo. Junto com a crença na inevitabilidade do socialismo e do comunismo, Marx lutou ativamente para a implementação do primeiro, argumentando que os teóricos sociais e pessoas economicamente carentes devem realizar uma ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e trazer a mudança sócio-econômica.

2- Pensamento


Durante a vida de Marx, suas ideias receberam pouca atenção de outros estudiosos. Talvez o maior interesse tenha se verificado na Rússia, onde, em 1872, foi publicada a primeira tradução do Tomo I d'O Capital. Na Alemanha, a teoria de Marx foi ignorada durante bastante tempo, até que em .879 um alemão estudioso da Economia Política, Adolph Wagner, comentou o trabalho de Marx. A partir de então, os escritos de Marx começaram a atrair cada vez mais atenção.
Nos primeiros anos após a morte de Marx, sua teoria obteve crescente influência intelectual e política sobre os movimentos operários (ao final do século XIX, o principal locus de debate da teoria era o Partido Social-Democrata alemão) e, em menor proporção, sobre os círculos acadêmicos ligados às ciências humanas – notadamente na Universidade de Viena e na Universidade de Roma, primeiras instituições acadêmicas a oferecerem cursos voltados para o estudo de Marx.
Marx foi herdeiro da filosofia alemã, considerado ao lado de Kant, Nietzsche e Hegel um de seus grandes representantes. Foi um dos maiores (para muitos, o maior) pensadores de todos os tempos, tendo uma produção teórica com a extensão e densidade de um Aristóteles, de quem era um admirador. Marx criticou ferozmente o sistema filosófico idealista de Hegel. Enquanto que, para Hegel, da realidade se faz filosofia, para Marx a filosofia precisa incidir sobre a realidade. Para transformar o mundo é necessário vincular o pensamento à prática revolucionária, união conceitualizada como práxis: união entre teoria e prática.
A teoria marxista é, substancialmente, uma crítica radical das sociedades capitalistas. Mas é uma crítica que não se limita a teoria em si. Marx, aliás, se posiciona contra qualquer separação drástica entre teoria e prática, entre pensamento e realidade, porque essas dimensões são abstrações mentais (categorias analíticas) que, no plano concreto, real, integram uma mesma totalidade complexa...
O marxismo constitui-se como a concepção materialista da História, longe de qualquer tipo de determinismo, mas compreendendo a predominância da materialidade sobre a ideia, sendo esta possível somente com o desenvolvimento daquela, e a compreensão das coisas em seu movimento, em sua inter-determinação, que é a dialética. Portanto, não é possível entender os conceitos marxianos como forças produtivas, capital, entre outros, sem levar em conta o processo histórico, pois não são conceitos abstratos e sim uma abstração do real, tendo como pressuposto que o real é movimento..4
Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais. E com esta base filosófica é que Marx compreende todas as demais ciências, tendo sua compreensão do real influenciado cada dia mais a ciência por sua consistência.

3- Influência da Filosofia Idealista


Hegel foi professor da Universidade de Jena, a mesma instituição onde Marx cursou o doutorado. E, em Berlim, Marx teve contato prolongado com as ideias dos Jovens Hegelianos (também referidos como Hegelianos de esquerda). Os dois principais aspectos do sistema de Hegel que influenciaram Marx foram sua filosofia da história e sua concepção dialética.
Para Hegel, nada no mundo é estático, tudo está em constante processo (vir-a-ser); tudo é histórico, portanto. O sujeito desse mundo em movimento é o Espírito do Mundo (ou Superalma; ou Consciência Absoluta), que representa a consciência humana geral, comum a todos indivíduos e manifesta na ideia de Deus. A historicidade é concebida enquanto história do progresso da consciência da liberdade. As formas concretas de organização social correspondem a imperativos ditados pela consciência humana, ou seja, a realidade é determinada pelas ideias dos homens, que concebem novas ideias de como deve ser a vida social em função do conflito entre as ideias de liberdade e as ideias de coerção ligadas a condição natural ("selvagem") do homem. O homem se liberta progressivamente de sua condição de existência natural através de um processo de "espiritualização" – reflexão filosófica (ao nível do pensamento, portanto) que conduz o homem a perceber quem é o real sujeito da história.
Marx considerou-se um hegeliano de esquerda durante certo tempo, mas rompeu com o grupo e efetuou uma revisão bastante crítica dos conceitos de Hegel após tomar contato com as concepções de Feuerbach. Manteve o entendimento da história enquanto progressão dialética (ou seja, o mundo está em processo graças ao choque permanente entre os opostos; não é estático), mas eliminou o Espírito do Mundo enquanto sujeito ou essência, porque passou a compreender que a origem da realidade social não reside nas ideias, na consciência que os homens têm dela, mas sim na ação concreta (material, portanto) dos homens, portanto no trabalho humano. A existência material precede qualquer pensamento; inexiste possibilidade de pensamento sem existência concreta. Marx inverte, então, a dialética hegeliana, porque coloca a materialidade – e não as ideias – na gênese do movimento histórico que constitui o mundo. Elabora, assim, a dialética materialista (conceito não desenvolvido por Marx, que também costuma ser referida por materialismo dialético).

4- Influência do socialismo utópico

Por socialismo utópico costumava-se designar, à época de Marx, um conjunto de doutrinas diversas (e até antagônicas entre si) que tinham em comum, entretanto, duas características básicas: todas entendiam que a base determinante do comportamento humano residia na esfera moral/ideológica e que o desenvolvimento das civilizações ocidentais estava a permitir uma nova era onde iria imperar a harmonia social. Marx criticou sagazmente as ideias dos socialistas utópicos (principalmente dos franceses, com os quais mais polemizou), acusando-os de muito romantismo ingênuo e pouca (ou nenhuma) dedicação ao estudo rigoroso da conjuntura social, pois os socialistas utópicos muito diziam sobre como deveria ser a sociedade harmônica ideal, mas nada indicavam sobre como seria possível alcançá-la plenamente. Por outro lado, pode-se dizer que, de certa forma, Marx adotou – explícita ou implicitamente – algumas noções contidas nas ideias de alguns dos socialistas utópicos (como, por exemplo, a noção de que o aumento da capacidade de produção decorrente da revolução industrial permite condições materiais mais confortáveis à vida humana, ou ainda a noção de que as crenças ideológicas do sujeito42 lhe determinam o comportamento).

Influência da economia política clássica

Marx empreendeu um minucioso estudo de grande parte da teoria econômica ocidental, desde escritos da Grécia antiga até obras que lhe eram contemporâneas. As contribuições que julgou mais fecundas foram as elaboradas por dois economistas políticos britânicos, Adam Smith e David Ricardo (tendo predileção especial por Ricardo, a quem referia como "o maior dos economistas clássicos"). Na obra deste último, Marx encontrou conceitos – então bastante utilizados no debate britânico – que, após fecunda revisão e re-elaboração, adotou em definitivo (tais como os de valor, divisão social do trabalho, acumulação primitiva e mais-valia, por exemplo). A avaliação do grau de influência da obra de Ricardo sobre Marx é bastante desigual. Estudiosos pertencentes à tradição neo-ricardiana tendem a considerar que existem poucas diferenças cruciais entre o pensamento econômico de um e outro; já estudiosos ligados à tradição marxista tendem a delimitar diferenças fundamentais entre eles.

Crítica da religião

Para Marx a crítica da religião é o pressuposto de toda crítica social, pois crê que as concepções religiosas tendem a desresponsabilizar os homens pelas consequências de seus atos. Marx tornou-se reconhecido como crítico sagaz da religião devido a sentença que profere em um escrito intitulado Crítica da filosofia do direito de Hegel: “A religião é o suspiro da criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração, assim como é o espírito de uma situação carente de espírito. É o ópio do povo.”45 Em verdade, Marx se ocupou muito pouco em criticar sistematicamente a atividade religiosa. Nesse quesito ele basicamente seguiu as opiniões de Ludwig Feuerbach, para quem a religião não expressa a vontade de nenhum Deus ou outro ser metafísico: é criada pela fabulação dos homens.

Revolução

Em geral, Marx considerava que toda revolução é necessariamente violenta, ainda que isso dependa, em maior ou menor grau, da constrição ou abertura do Estado. A necessidade de violência se justifica porque o Estado tenderia sempre a empregar a coerção para salvaguardar a manutenção da ordem sobre a qual repousa seu poder político, logo, a insurreição não tem outra possibilidade de se realizar senão atuando também violentamente. Diferente do apregoado pelos pensadores contratualistas, para Marx o poder político do Estado não emana de algum consenso geral, é antes o poder particular de uma classe particular que se afirma em detrimento das demais.46
Importante notar que Marx não entende revolução enquanto algo como reconstruir a sociedade a partir de um zero absoluto. Na Crítica ao Programa de Gotha, por exemplo, indica claramente que a instauração de um novo regime só é possível mediada pelas instituições do regime anterior. O novo é sempre gestado tendo o velho por ponto de partida.46 A revolução proletária, que instauraria um novo regime sem classes, só obteria sucesso pleno após a conclusão de um período de transição que Marx denominou socialismo.
Prova
1- Qual das alternativa a seguir define didaticamente o materialismo histórico e dialético? 
a.( ) Ideia que defende que o espírito é eterno e este determina a história humana, em suas várias fases de evolução. 
b.( X ) Teoria que se fundamenta nas mudanças históricas e estas consistem na produção de ações humanas em vários níveis de complexidade e de consciência. 
c.( ) Teoria que defende que o homem é produto das necessidades da matéria e são tais necessidades que determinam a história humana. 
d.( ) Teoria que se baseia na constatação de que as ações divinas e as dos grandes homens promovem o desenvolvimento do espírito que, por sua vez, cria as condições materiais necessárias para a história. 
e.( ) Ideia que apresenta o mundo como um conjunto complexo e orgânico, organizado e regido por leis próprias, sem sofrer as determinações do processo histórico.
 2- "A luta de classes, que um historiador educado por Marx jamais perde de vista, é uma luta pelas coisas brutas e materiais, sem as quais não existem as refinadas e espirituais." Essa passagem é retirada da tese 4 de Sobre o Conceito da História, de Walter Benjamin. O tipo de historiador referido por Benjamin é 

(A) um historiógrafo.  (B) um idealista transcendental.  (C) um historiador pluralista.  (D) um racionalista.    (E) um materialista histórico. 
3-
Em A Ideologia Alemã, Marx e Engels argumentam que as representações, o pensamento e o comércio intelectual dos homens, de modo mais imediato, são 
   
(A) uma emanação direta do comportamento material dos homens. 
(B) um processo constante de negociação entre o simbólico e o material. 
(C) fantasias religiosas a serem historicamente superadas pela crítica filosófica. 
(D) manifestação da dominação enquanto dimensão histórica primordial. 
(E) expressão da mistificação dos conflitos e da exploração dos seres humanos. 
4-
. Marx escreveu o livro intitulado Crítica da Economia Política. Embora sendo um livro dedicado à economia, teve como núcleo fundamental o desvendamento da economia científica burguesa, com foco na exploração do homem pelo homem. Nesse sentido conceitua o que seja a teoria da mais valia, devendo a mesma ser identificada pelas opções abaixo apresentadas. 
a) O trabalhador ao trocar-se por um salário torna-se mercadoria; 
b) O salário recebido pelo trabalhador e o que produz é de justa correspondência; 
c) O valor do trabalhador enquanto mercadoria produtiva não agrega valor ao produto; 
   
d) Diferença entre o valor da força de trabalho, que corresponde a manutenção do operário e o valor que este produz. 
5- (UFU - .998) - A luta de classes para Marx, até hoje, tem sido a história dos homens. Podemos afirmar que o materialismo histórico, para ele, é dialético, porque
A) é a consciência dos homens que determina o mundo material.
B) a base do conhecimento histórico é a arte do diálogo que permite a compreensão da História.
C) o processo histórico é linear e contínuo.
    D) o processo histórico é movido por contradições sociais.
E) a base do mundo material é a superestrutura jurídica e política.

6-  Marx afirma que as ideias são determinadas, histórico e socialmente, pelas condições concretas da vida material, embora não representem com fidelidade a realidade social, porque ideologicamente 
(A) surgem sob forma de mito para explicar a origem da sociedade e do poder político como algo exterior e anterior às atividades humanas. 
(B) permitem a percepção do vínculo interno entre o poder econômico e o poder político de uma sociedade historicamente determinada. 
     
(C) são forjadas como universais abstratos que ocultam a origem da sociedade e dissimulam as lutas de classes. 
(D) exibem a divisão e a exploração social do trabalho, de modo a possibilitar a tomada de consciência das classes dominadas. 
7- O conceito mais genérico de ideologia significa o conjunto de ideias, concepções ou opiniões sobre algum tema sujeito a discussão, por exemplo, a ideologia burguesa, a ideologia de um partido político. Historicamente, porém, o conceito de ideologia tem um sentido específico divulgado pelo filósofo e economista: 

a) Frederico Nietzsche.  b) Charles Fourier.  c) Robert Owen.    d) Karl Marx.  e) Max Weber. 
8- "Para Marx, esse conceito básico, não é puramente teórico, porque se manifesta na vida real quando o produto do trabalho deixa de pertencer a quem produziu. Isso ocorre porque na economia capitalista prevalece a lógica do mercado, em que tudo tem um preço, ou seja, adquire um valor de troca, diferentemente de quando fabricamos o que é necessário para a existência, tais como, casas, roupas ou livros, produtos que tem utilidade vital, valor de uso." 
O texto se refere ao conceito de: 
   a) Alienação.  b) Ideologia.  c) Reificação.  d) Fetichismo.  e) Mais-valia.
Agosto - Oito aulas

1- Nietzsche, Friedrich (1844 – 1900)

Friedrich Nietzsche nasceu na Alemanha numa cidade conhecida por Röcken. A sua família era luterana e o seu destino era ser pastor como seu pai. Nietzsche perde a fé durante a adolescência, e os estudos de filologia combatem com o que aprendeu sobre teologia: Durante os seus estudos na universidade de Leipzig, a sua vocação filosófica cresce. Foi um aluno brilhante, dotado de sólida formação clássica, e aos 25 anos é nomeado professor de Filologia na universidade de Basileia.
Vontade de poder
No entender de Heidegger a noção de Vontade de poder e o pensamento do Eterno retorno do Mesmo formam uma totalidade indissolúvel e não uma incoerência. Pensar a fundo o Eterno Retorno é ir de encontro até ao extremo nihilismo, segundo Nietzsche, única via para superá-lo. Pensar a fundo o nihilismo de Nietzsche para Heidegger é pensar a fundo a ausência de fundamento da verdade do Ser. Em Heidegger eis aí que só pode fundar a essência humana em Nietzsche, visto que este constitui para o filósofo da Floresta Negra "uma tomada de decisão no que tange o pensamento nietzscheano". A obra de Heidegger sobre Nietzsche compreende duas etapas. A primeira delas constitui uma exegese dos escritos de Nietzsche em Nietzsche I e Nietzsche II é a expressão da filosofia que toma forma a medida que inter-relaciona os interesses dos dois.
Heidegger adverte que, embora seja uma obra recorrente devido ao seu caráter didático, os textos não acompanham a sequência das preleções de Marburg e de Marburg de 1940 a 1946, onde teve início o nascimento da obra, e o pensamento que já o acompanhava desde antes de seu doutorado tomou forma.
 Eterno Retorno 
Em Nietzsche e a Filosofia, Gilles Deleuze expõe sua interpretação sobre o Eterno Retorno como movimento seletivo, em que somente o que fosse positivo e ativo retornaria, e o que fosse negativo na existência seria negado pelo Eterno Retorno (esta interpretação vem hoje sendo cada vez mais contestada) e denuncia o emprego da Filosofia de Nietzsche por correntes de pensamento as mais díspares, em uma tentativa de apropriação do pensamento nietzscheano como instrumentalização de ideologias. 
O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música
 Foi o primeiro título dado por Nietzsche à sua obra também conhecida simplesmente por O Nascimento da Tragédia. Em 1886 seria reeditada com o título O Nascimento da Tragédia, ou helenismo e pessimismo que, conforme as traduções, se reverte também como O Nascimento da Tragédia ou Mundo Grego e Pessimismo. Esta última edição viria acrescentada de um Ensaio de Autocrítica que fazia parte duma iniciativa de Nietzsche de prefaciar novamente todas as suas obras já editadas.

2- Apolo


Apolo é apresentado por Nietzsche como o deus do sonho, das formas, das regras, das medidas, dos limites individuais. O apolíneo é a aparência, a individualidade, o jogo das figuras bem delineadas.
Apolo representa domínio da imagem, da metáfora, isto é, da dissimulação. Esta categorização identifica a conceptualização com a aparência. Mas Apolo representa também o equilíbrio, a moderação dos sentidos e, num certo sentido, a própria civilidade, ou melhor, o modo como esta é ordinariamente compreendida.

Dionísio

Dionísio é apresentado como o gênio ou impulso do exagero, da fruição, da embriaguez extática, do sentido místico do Universo, da libertação dos instintos. É o deus do vinho, da dança, da música e ao qual as representações de tragédias eram dedicadas. Dionísio representa, portanto, o irracional, a quebra das barreiras impostas pela civilização, à dissolução dos limites dos indivíduos e o eterno devirem.
Dionísio é o princípio metafísico do ser que é assim, paradoxalmente, compreendido como eterno fluir.

A Tragédia


A tragédia, desde a sua dramatização inicial e até Eurípedes é compreendida por Nietzsche como o gênero artístico que melhor exprime os dois instintos dionisíaco e apolíneo. A tese exposta apresenta a tragédia como surgindo do coro trágico. Esta tese comumente partilhada pela comunidade filológica da época, embora apresentado alguns detalhes de debate, não oferecia resistência ao leitor esclarecido que, naquele tempo, lia obras deste gênero. A história da escola de Cambridge tende para esta mesma opinião.
A polêmica estabelecia-se não relativamente à tese do nascimento da tragédia a partir do coro, mas na interpretação que Nietzsche fazia dessa asserção. A música e o êxtase, associados no Ditirambo teriam a capacidade de quebrar com a regência das estruturas do logos. Esta interpretação resultaria em posições completamente contrárias à tradição filológica.

3- Mito trágico


O Mito trágico é, na teoria d'O Nascimento da Tragédia, uma representação simbólica ou imagética da sabedora de Sileno (ou dionisíaca). O dionisíaco manifesta-se a si próprio por intermédio de processos apolíneos (representação). O mundo dos fenômenos renega-se a si mesmo nesta representação que exibe sem conceptualizar o fundo e a dor originais.
A comunicação processa-se aqui, segundo Nietzsche, sem mediação conceptual. Não é mais o enredo que é o fulcro em questão, mas sobretudo uma transmissão tal que arrebata o indivíduo e os seus limites, dissolvendo-o no todo. Não deixa de ser interessante comparar esta teoria às formulações sociológicas ou psicológicas daqueles fenômenos em que um determinando número de indivíduos passa a agir em massa, de tal modo que cada indivíduo faz nesses casos coisas que jamais faria individualmente.

Humano, Demasiado Humano

Não foi bem aceito pela crítica da época, o que o fez vender apenas 120 cópias no primeiro ano da publicação.
Trata-se de uma obra em aforismos, com índice remissivo. Incipiente as ideias que seriam refinadas em suas obras posteriores e fundamental para aquele que quer entender a evolução do legado nietzscheano.
Fora publicada em 1878, ano do centenário da morte de Voltaire, a quem foi dedicado, também cita no livro de forma positiva Homero, Schopenhauer (com ressalvas) e Goethe.
Na obra o autor mergulha na Filosofia e na Epistemologia implodindo as realidades eternas e as verdades absolutas e nos alerta para a inocuidade da metafísica no futuro. Busca registrar o conceito de espírito livre, isto é, aquele que pensa de forma diferente do que se espera dele: o homem do futuro.
Nietzsche sacode a humanidade nesse livro-resumo da história da Filosofia e do nascimento da Ciência, que não cumpriram seus papéis de criarem espíritos verdadeiramente livres, e que o homem precisa descobrir-se como Humano, Demasiado Humano.

4- Assim Falou Zaratustra

 Foi escrito entre 1883 e 1885 pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche, que influenciou significativamente o mundo moderno. O livro foi escrito originalmente como três volumes separados em um período de vários anos. Depois, Nietzsche decidiu escrever outros três volumes mas apenas conseguiu terminar um, elevando o número total de volumes para quatro. Após a morte de Nietzsche, ele foi impresso em um único volume.
O livro narra as andanças e ensinamentos de um filósofo, que se autonomeou Zaratustra após a fundação do Zoroastrismo na antiga Pérsia. Para explorar muitas das ideias de Nietzsche, o livro usa uma forma poética e fictícia, frequentemente satirizando o Novo testamento.
O centro de Zaratustra é a noção de que os seres humanos são uma forma transicional entre macacos e o que Nietzsche chamou de Übermensch, literalmente "além-do-homem", normalmente traduzido como "super-homem". O nome é um dos muitos trocadilhos no livro e se refere mais claramente à imagem do Sol vindo além do horizonte ao amanhecer como a simples noção de vitória.
Amplamente baseado em episódios, as histórias em Zaratustra podem ser lidas em qualquer ordem. Mas aconselha-se que se leia em ordem, para melhor entendimento.
A razão pela qual o livro possui uma linguagem, por muitos interpretada como difícil, é que o conhecimento é algo que só pode vir de dentro - Por exemplo, no lugar de Zaratustra falar "O homem deve ser superado!", Nietzsche faz com que o leitor em si chegue a essa conclusão; Como resultado, é uma forma de escrita, de comunicação mais eficaz do que a tradicional linguagem clara e de facílimo entendimento.
Zaratustra contém a famosa frase "Deus está morto", embora essa também tenha aparecido anteriormente no livro A Gaia Ciência de Nietszche, e antes ainda em diversas obras de Georg Hegel.
Os dois volumes finais não terminados do livro foram planejados para retratar o trabalho missionário de Zaratustra e sua eventual morte.

5- Para Além do Bem e do Mal

Além do Bem e do Mal foi escrito em um tom mais crítico e denso, contrastando com os seus livros anteriores, como "Humano, Demasiado Humano", "Aurora" e "A Gaia Ciência", os quais foram escritos em um tom de leveza e serenidade. Nietzsche considerava este livro, juntamente com "Assim Falava Zaratustra", o seu livro principal, abarcando uma maior multiplicidade de assuntos e reflexões. Assim definiu Nietzsche este livro a seu amigo Jacob Burckhardt: "Peço-lhe que leia este livro (se bem que ele diga as mesmas coisas que o meu Zaratustra, mas de uma forma diferente, muito diferente)...".
No mesmo ano da publicação do livro,1886, iniciara Nietzsche a composição de "Genealogia da Moral", a qual deveria ser uma continuação de Além do Bem e do Mal, de acordo com a intenção do autor. "Genealogia da Moral" é um dos mais incisivos livros da filosofia ocidental, o qual toca, com eloquência e uma profundidade inquietante, o problema mostrado, de forma mais sucinta, no livro antecessor: a derrocada da moral cristã, precedida pela "morte" do Deus cristão, uma breve história da origem dos sentimentos disseminados pelos ideais ascéticos e uma ampla visão desses mesmos ideais. É reconhecido como o auge da psicologia social de Nietzsche.
Genealogia da Moral, uma Polêmica  é o nome de uma obra do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, publicada em 1887, que complementa e clarifica uma obra anterior, Para Além do Bem e do Mal.
A Genealogia da Moral tece uma crítica à moral vigente a partir do estudo da origem dos princípios morais que regem o Ocidente desde Sócrates.
Nietzsche é contra todo tipo de razão lógica e científica aplicados sobre a moral, e por isso leva a cabo uma crítica feroz à razão especulativa e a toda a cultura ocidental em todas as suas manifestações: religião, moral, filosofia, ciência e arte, por exemplo
A obra pretende responder às perguntas que o próprio autor coloca no prólogo: Em quais condições o homem inventou os juízos de valor expressos nas palavras bem e mal e que valor possuem tais juízos? Estimularam ou barraram o desenvolvimento até hoje? São signos de indigência, de empobrecimento, de degeneração da vida?

6- Tratados

É digno de nota o caráter sistemático desta obra, já que Nietzsche costuma escrever em forma de aforismos breves,poéticos, metafóricos e pouco organizados, dado seu antagonismo ao pensamento conceitual, que é incapaz de captar a realidade em incessante devir.
O autor distingue duas classes: a dos senhores e a dos escravos. A classe senhorial divide-se em guerreira e sacerdotal, que valoram, respectivamente,aristocrática e sacerdotalmente. A classe sacerdotal deriva da primeira, e define-se pela impotência, inventando assim o espírito, enquanto que a classe guerreira pratica as virtudes do corpo.
As duas classes são rivais. Desta rivalidade surgem duas morais: a dos senhores e a dos escravos, já que a casta sacerdotal mobiliza os escravos (os débeis e enfermos) contra os guerreiros, que são a classe dominante. Esta mobilização é possível pela inversão dos valores aristocráticos, criando uma moral escrava, que tem início com o povo judeu, e é herdada e assumida pelo cristianismo. Somente desta maneira o sacerdote consegue triunfar sobre o guerreiro.
A Genealogia constitui-se de três tratados:
  • Bom e mau: expõe uma psicologia do cristianismo, onde é realizada uma análise do surgimento do espírito de ressentimento contra dos valores naturais e nobres. Tal análise é um primeiro passo para a transvaloração de todos os valores;
  • Culpa, má consciência e afins: nele encontra-se uma psicologia da consciência. O ateísmo consiste em não possuir dívidas com os deuses: uma segunda inocência. A crueldade aparece como um dos mais antigos recursos da cultura;
  • O que significa o ascetismo?: o ascetismo é uma crueldade para consigo mesmo e para com os demais. Até hoje não houve sobre a Terra nada mais do que um ideal ascético, mas, agora, há um novo ideal: o super-homem.
Nestes tratados encontramos parte dos pilares recorrentes em toda a filosofia nietzchiana: valoração, crítica e genealogia dos valores. É um mergulho no ser humano como ser histórico. Investiga a evolução dos conceitos morais desmascarando todo o existente, descobrindo que o homem nada mais é do que um ser instintivo, negando assim o significado do transcendente. A essência do método é explicar tudo pelo seu contrário, mostrando assim sua verdadeira realidade. Nietzsche recorre à genealogia dos conceitos e à etimologia das palavras: saber o significado das palavras e conhecer a história de sua evolução é a única forma de penetrar na fonte de onde brotam a moral e os valores.
Dois conceitos de valoração diferentes: a valoração aristocrática (bom, mal); a valoração sacerdotal promove, a partir de sua impotência e ressentimento, uma transvaloração: converte em bom o que antes era mal e em ruim o que antes era bom.
Vontade e poder não podem separar-se. A vontade de poder é um querer dominar, um querer afirmar-se e superar-se. Força e exteriorização da força são uma e a mesma coisa, mas a moral do ressentimento diz que o forte é livre para exteriorizar sua força ou não: e, quando a exterioriza, é ruim.
Os débeis, segundo o autor, escolheram tal condição: assim ocultam sua impotência com a máscara do mérito. Deste modo, imperam a falsificação, a vingança dos impotentes contra os nobres. Transformam a impotência em bondade, a baixeza em humildade, a covardia em paciência. Dizem que sua miséria é uma prova, uma bem-aventurança, uma eleição. Introduzem a ideia de culpa, mas eles mesmos são inocentes. Sua obra-prima é a ideia de justiça: eles são os justos e odeiam a injustiça. Sua esperança de vingança é a vitória do deus justo sobre os ateus. Esperam uma justiça de outro mundo no juízo final.
Nietzsche critica a moral como uma contra natureza, que é a moral da tradição cristã e socrática; a moral platônico-socrática; a ideia de uma ordem moral do mundo; e que nega a vida, justificando-se em deus.
Tais aspectos da moral são, para o autor, um passo da humanidade para trás.

7- Crepúsculo dos Ídolos

 Foi a penúltima obra do filósofo alemão Nietzsche, escrita e impressa em 1888, pouco antes de o filósofo perder a razão.
O próprio Nietzsche a caracterizou - numa das cartas acrescentadas em apêndice a esta edição - como um aperitivo, destinado a "abrir o apetite" dos leitores para a sua filosofia. Trata-se de uma síntese e introdução a toda a sua obra, e ao mesmo tempo uma "declaração de guerra". É com espírito guerreiro que ele se lança contra os "ídolos", as ilusões antigas e novas do Ocidente: a moral cristã, os grandes equívocos da filosofia, as ideias e tendências modernas e seus representantes.
De tão variados e abrangentes, esses ataques compõem um mosaico dos temas e atitudes do autor: o perspectivismo, o aristocratismo, o realismo ante a sexualidade, o materialismo, a abordagem psicológica de artistas e pensadores, o antigermanismo, a misoginia. O título é uma paródia do título de uma opera de Wagner, Crepúsculo dos deuses. No subtítulo, a palavra "martelo" deve ser entendida como marreta, para destroçar os ídolos, e também como diapasão, para, ao tocar as estátuas dos ídolos, comprovar que são ocos.

O Anticristo

 É considerado uma das mais ácidas críticas de Nietzsche ao cristianismo,[carece de fontes] célebre pela frase: "O Evangelho morreu na cruz". Seu título original em alemão, Der Anticristo, pode significar tanto "O Anticristo" quanto "O Anti-cristão".[carece de fontes] Ele não se baseou na figura bíblica do Anticristo.
Nietzsche foca sua crítica na religião cristã. Ele faz diversos ataques tentando mostrar uma suposta deturpação por Paulo de Tarso e pelo catolicismo. Não obstante, critica também Lutero, sobre o qual afirma ter perdido a grande oportunidade de evitar a decadência alemã.
Sobre o budismo, ele afirma ser a religião do nada, na figura de Buda, o que se abdicou de tudo o que era humano. Contudo, ele predica que o budismo é ruim, mas afirma que o cristianismo é um mal ainda pior, pois tenta elevar os chandala (termo hinduísta para designar a pária, casta inferior).
Nietzsche faz uma comparação entre os livros sagrados cristãos, e o Código de Manu, de origem brâmane. Considerando, o segundo, demasiado superior e que: "esta sim pode ser considerada uma filosofia".
Dentre as outras citações que faz em seu livro destacamos, positivamente para Fiódor Dostoiévski e Goethe e depreciativamente para Kant e os já aponta.
Ele afirma em seu prólogo:
"Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. É possível que se encontrem entre aqueles que compreendem o meu “Zaratustra”: como eu poderia misturar−me àqueles aos quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem póstumos."

8- Nietzsche contra Wagner


É um ensaio crítico de Friedrich Nietzsche, escrito em seu último ano de lucidez (1888-1889). Ela não foi publicada até 1895, seis anos após o colapso mental de Nietzsche. Nele, Nietzsche descreve porque se separou de vez de seu ídolo e amigo, Richard Wagner. Nietzsche ataca as visões de Wagner neste seu ensaio, expressando desapontamento e frustração nas escolhas pessoais de Wagner (como a sua conversão ao cristianismo, vistos como um sinal de fraqueza). Nietzsche avalia a filosofia de Wagner na tonalidade, na música e na arte; Ele admira o poder de Wagner de emocionar e se expressar, mas em grande parte desdenha o que Nietzsche chama de preconceitos religiosos.
O trabalho é importante por várias razões. Ele ilustra a evolução de Nietzsche a partir de um jovem filósofo. Ele também desmente aqueles que rotulam Nietzsche como anti-semita, como muitas vezes lhe é atribuído; em vez disso Nietzche faz oposição clara dessas ideias como no fragmento: "Wagner condescendeu passo a passo para tudo o que eu desprezo - até para o anti-semitismo".

A Vontade de Poder

É uma obra póstuma de Friedrich Nietzsche, publicada pela sua irmã. A obra foi publicada em .906, seis anos após a morte de Nietzsche (1900). O livro trata do niilismo europeu, das críticas aos valores estabelecidos, dos princípios de uma nova valoração (baseada na Vontade de Poder) e da ordem de castas necessária para o estabelecimento de novos valores.

Moralidade senhor-escravo

A moralidade senhor-escravo é a temática principal dos trabalhos do autor Friedrich Nietzsche e é o primeiro ensaio de seu livro "A Genealogia da Moralidade". Nietzsche afirma que existem apenas dois tipos de moralidade: "A Moralidade do Senhor" e a "Moralidade do Escravo". A Moralidade do Senhor apóia-se as suas decisões sobre as consequências, enquanto a "Moralidade do Escravo" apóia-se na escala de intenções.

Super Homem (filosofia)

É o termo originado do alemão, Übermensch, descrito no livro Assim Falou Zaratustra  do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, em que explica os passos através dos quais o Homem pode tornar um 'Super-Homem'
  • Através da transvaloração de todos os valores do indivíduo;
  • Através da sede de poder (vontade de potência), manifestado criativamente em superar o nihilismo e em reavaliar ideais velhos ou em criar novos.
  • E, de um processo contínuo de superação.
O Super-homem foi contrastado com a ideia do "último homem", que é a antítese do Ubermensch. Visto que Nietzsche não era considerado um exemplo de Super-homem em seu tempo, (através do “porta-voz” de Zarathustra), ele declarou que havia muitos exemplos de últimos homens. Zarathustra atribui à civilização de seu tempo a tarefa de preparar o vinda do Übermensch. Na compreensão deste conceito, entretanto, tem-se que recordar a crítica ontológica de Nietzsche quanto ao assunto individual que reivindicou “uma ficção gramatical”.

Prova ( Mil Nietzsche)
  • Friedrich Nietzsche viveu entre: ( ) (1844-1900), ( ) (1844-1905), ( ) (1844-1907)
  • A oposição que se faz entre "Bom e Ruim" corresponde a qual noção da genealogia de Nietzsche? 
(A) "Moral escrava"   (B) "Moral nobre" (C) "Má consciência" (D) "Ideal ascético"  E) "Valoração reativa" 

10- Para lidar com o tratamento dos valores no pensamento de Nietzsche, o conceito da "morte de Deus" é essencial.
Assinale a alternativa que reflete esse conceito.
a. ( ) A morte de Deus desvaloriza o mundo.
b. ( ) A morte de Deus gera necessariamente o super-homem.
    c. ( X ) A morte de Deus implica a perda das sanções sobrenaturais dos valores.
d. ( ) A morte de Deus exige o retorno a Apolo e a Dionísio.
e. ( ) A morte de Deus impossibilita a superação dos valores hoje aceitos.
02- A oposição que se faz entre "Bom e Ruim" corresponde a qual noção da genealogia de Nietzsche?
(A) "Moral escrava"    (B) "Moral nobre" (C) "Má consciência" (D) "Ideal ascético (E) "Valoração reativa"
03-  Qual é o primeiro escrito filosófico de Nietzsche?
a) A Gaia Ciência
   b) O nascimento da tragédia no espírito da música
c) A filosofia na época trágica dos gregos
d) Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral
e) Para além de bem e mal
04- Na "Terceira dissertação" de Genealogia da moral, Nietzsche discute a famosa definição que Kant oferece do belo, contrapondo a ela "uma outra, de um verdadeiro "espectador" e artista". Este escritor, a quem Nietzsche se refere e que, conforme o próprio filósofo alemão, chamou o belo de "uma promessa de felicidade", é: 
A) Flaubert.  B) Goethe.  C) Proust.  D) Balzac.   E) Stendhal. 
Qual é o primeiro escrito filosófico de Nietzsche?
a) A Gaia Ciência
    b) O nascimento da tragédia no espírito da música
c) A filosofia na época trágica dos gregos
d) Sobre verdade e mentira no sentido extra-moral
e) Para além de bem e mal
05-  A que pensador contemporâneo são atribuídas as teses a seguir:
.ª) O poder é uma estratégia. É compreendido como um exercício que alia saberes e práticas e privilegia as resistências em face de uma tomada revolucionária do poder do Estado. A ideia de um poder maciço global, do qual tudo parte ou ao qual todo retorna, não se sustenta.
2ª). O poder está em toda parte. O poder vem de toda parte - o que não significa que ele englobe tudo.
A) Gilles Deleuze B) Felix Guattari C) Jean-François Lyotard D) Jacques Rancière    E) Michel Foucault

06- Da mesma forma que a rede das relações de poder acaba formando um tecido espesso que atravessa os aparelhos e as instituições, sem se localizar exatamente neles, também a pulverização dos pontos de resistência atravessa as estratificações sociais e as unidades individuais. E é certamente a codificação estratégica desses pontos de resistência que torna possível uma revolução, um pouco à maneira do Estado que repousa sobre a integração institucional das relações de poder. É nesse campo das correlações de força que se deve tentar analisar os mecanismos de poder.
FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade. Rio de Janeiro: Graal, v.., .988, p..07.
Foucault analisa o poder, considerando-o como uma rede de relações e correlações de força, de tal modo que, ao considerar o Estado e a Lei, irá deixar de lado noções importantes ao pensamento político moderno, como
   (A) Soberania e Contrato (B) Soberania e Modernidade (C) Liberdade e Moralidade (D) Biopoder e Moralidade (E) Liberdade e Destinação
06- . Nietzsche influenciou pensadores diversos como Deleuze, Wittgenstein, Derrida e Bataille.
(  ) Verdadeiro ( X )Falso
07- . Nome do colégio onde Nietzsche estudou na infância. Rigorosíssimo, formou outros gênios, como Goethe.
Resposta: Pforta
8- Nietzsche aponta, quando se refere à morte de Deus, em seu diagnóstico da Modernidade, à(ao)
   
(A) perda do referencial em valores absolutos. 
(B) queda do prestígio das religiões e dos fundamentalismos na modernidade. 
(C) conquista tecnológica operada pela ciência. 
(D) fato de a existência preceder à essência. 
(E) argumento teológico da existência de Deus. 
9- . Sobre a moral de nobres e moral de escravos, na Genealogia da Moral, de Nietzsche, pode-se dizer que, segundo o autor, 
(A) a confluência de ambas se dá uma moral prescritiva. 
   
(B) a moral de escravos é fruto do ressentimento. 
(C) a moral dos nobres é uma redenção cristã. 
(D) a moral dos nobres se constrói por oposição à moral dos escravos. 
(E) a moral de escravos é ativa no seu fundamento. 
10 -
Na Genealogia da Moral, Nietzsche investiga o ideal ascético e conclui que 
(A) o ateísmo incondicional é o seu único opositor verdadeiro. 
   
(B) o ateísmo incondicional é uma de suas formas mais desenvolvidas. 
(C) a ciência moderna é seu único opositor verdadeiro. 
(D) a arte e o ateísmo incondicional são seus verdadeiros antagonistas. 
(E) a arte e a ciência moderna são seus verdadeiros opositores. 
11- Assinale a alternativa que reflete a morte de Deus .
a. ( ) A morte de Deus desvaloriza o mundo.
b. ( ) A morte de Deus gera necessariamente o super-homem.
c. ( X ) A morte de Deus implica a perda das sanções sobrenaturais dos valores.
12- O bem máximo é a própria vida, que culmina na vontade de poder.
Estamos falando de: 
a. ( X ) Nietzche.  b. ( ) Unamuno.  c. ( ) Kierkgaard. 
14- - As obras de autoria de Nietzsche não incluem 
A - Assim Falou Zaratustra.  B - Além do Bem e do Mal. 
C -O ser e o nada 

Setembro - Oito aulas

1- Sartre, Jean-Paul (1905 – 1980)

Foi um filósofo,escritor e crítico francês, conhecido como representante do existencialismo. Acreditava que os intelectuais têm de desempenhar um papel ativo na sociedade. Era um artista militante, e apoiou causas políticas de esquerda com a sua vida e a sua obra.
Repeliu as distinções e as funções oficiais e, por estes motivos, se recusou a receber o Nobel de Literatura de .964. Sua filosofia dizia que no caso humano (e só no caso humano) a existência precede a essência, pois o homem primeiro existe, depois se define, enquanto todas as outras coisas são o que são, sem se definir, e por isso sem ter uma "essência" posterior à existência.

O existencialismo de Sartre

Baseado principalmente na fenomenologia de Husserl e em 'Ser e Tempo' de Heidegger, o existencialismo sartriano procura explicar todos os aspectos da experiência humana. A maior parte deste projeto está sistematizada em seus dois grandes livros filosóficos: O ser e o nada e Crítica da razão dialética.

O Em-si

É importante postular que a forma como Sartre entende aquilo que ele batiza de "Em-si", termo emprestado de Hegel, é diferente daquilo que outros pensadores da existência, como Heidegger, irão compreender o mesmo campo. Segundo o existencialismo sartriano, o mundo é povoado de "Em-si". Podemos entender um Em-si como qualquer objeto existente no mundo e que não é nada além daquilo que é. Este modo de aparição do ser, que não é o único, é fundamentado em três características: o ser é, o ser é o que é, o ser é em-si. Estas três características poderíamos resumir dizendo que este ser é opaco a si mesmo, absoluta plenitude de ser, retomando, segundo Gerd Bornheim, a ideia de um ser esférico presente em Parmênides, que não pode ser penetrado por nada externo a ele. A grosso modo, podemos dizer que possuem o modo de ser do Em-si todos aqueles objetos , que não possuem consciência, que não se fundam na alteridade, na presença do outro. Um ser Em-si não tem potencialidades nem consciência de si ou do mundo.

O Para-si

A consciência humana é um tipo diferente de ser, por possuir conhecimento a seu próprio respeito e a respeito do mundo. É uma forma diferente de ser, chamada Para-si.
É o Para-si que faz as relações temporais e funcionais entre os seres Em-si, e ao fazer isso, constrói um sentido para o mundo em que vive.
O Para-si não tem uma essência definida. Ele não é resultado de uma ideia pré-existente. O existencialismo sartriano desconsidera a existência de um criador que tenha predeterminado a essência e os fins de cada pessoa. É preciso que o Para-si exista, e durante essa existência ele define, a cada momento o que é sua essência. Cada pessoa só tem como essência imutável, aquilo que já viveu. Posso saber que o que fui se definiu por algumas características ou qualidades, bem como pelos atos que já realizei, mas tenho a liberdade de mudar minha vida deste momento em diante. Nada me compete a manter esta essência, que só é conhecida em retrospecto. Podemos afirmar que meu ser passado é um Em-si, possui uma essência conhecida, mas essa essência não é predeterminada. Ela só existe no passado. Por isso se diz no existencialismo que "a existência precede e governa a essência". Por esta mesma razão cada Para-si tem a liberdade de fazer de si o que quiser.

2- Liberdade em Sartre

Sartre defende que o homem é livre e responsável por tudo que está à sua volta. Somos inteiramente responsáveis por nosso passado, nosso presente e nosso futuro. Em Sartre, temos a ideia de liberdade como uma pena, por assim dizer. "O homem está condenado a ser livre". Se, como Nietzsche afirmava, já não havia a existência de um deus que pudesse justificar os acontecimentos, a ideia de destino, passava a ser inconcebível, sendo então o homem o único responsável por seus atos e escolhas. Para Sartre, nossas escolhas são direcionadas por aquilo que nos aparenta ser o bem, mais especificamente por um engajamento naquilo que aparenta ser o bem e assim tendo consciência de si mesmo. Em outras palavras, para o autor, o homem é um ser que "projeta tornar-se deus".
Segundo o comentário de Artur Polônio, "se a vida não tem, à partida, um sentido determinado , não podemos evitar criar o sentido de nossa própria vida". Assim, "a vida nos obriga a escolher entre vários caminhos possíveis [mas] nada nos obriga a escolher uma coisa ou outra". Assim, dentro dessa perspectiva, recorrer a uma suposta ordem divina representa apenas uma incapacidade de arcar com as próprias responsabilidades.
Sartre não nega por completo o determinismo, mas determina o ser humano através da liberdade, não somos, afinal, livres para não ser livres. Afinal de contas, não é deus, nem a natureza, tampouco a sociedade que nos define, que define o que somos por completo ou nossa conduta. Somos o que queremos ser, o que escolhemos ser; e sempre poderemos mudar o que somos. o quem irá definir. Os valores morais não são limites para a liberdade.
Em Paris, sob o domínio alemão, Sartre pôde utilizar suas referências para a liberdade. Organizava-se a Resistência Francesa. Sartre desejava participar do movimento, mas agindo a sua maneira. Não chegou a pegar no fuzil. Sua arma continuava sendo a palavra. Nesta circunstância, o teatro parecia-lhe o instrumento mais adequado para atingir o público e transmitir sua mensagem. Assim surgiu a primeira peça teatral de Sartre, As Moscas, encenada em 1941.
Animado pelo êxito de sua primeira experiência, em 1945 Sartre volta à cena com a peça Entre Quatro Paredes, cujos personagens vivem os grandes problemas existenciais que o autor aborda em sua filosofia.

3- Limitação da liberdade

A liberdade dá ao homem o poder de escolha, mas está sujeita às limitações do próprio homem. Esta autonomia de escolha é limitada pelas capacidades físicas do ser. Para Sartre, porém, estas limitações não diminuem a liberdade, pelo contrário, são elas que tornam essa liberdade possível, porque determinam nossas possibilidades de escolha, e impõem, na verdade, uma liberdade de eleição da qual não podemos escapar.

A existência, a responsabilidade e a má-fé

Segundo  o argumento de que a essência precede a existência implica a necessidade de um criador; assim, quando um objeto vai ser produzido (um martelo, uma caneta, uma máquina), ele obedece a um plano pré-concebido, que estabelece sua forma, suas principais características e sua função, ou seja, ele possui um propósito definido, uma essência que define sua forma e utilidade, e precede a sua existência. Sendo Sartre um representante do existencialismo ateu, ele defende que há um ser onde essa situação se inverte, e a existência precede a essência: o ser humano. Assim, seria o próprio homem o definidor de sua essência, e não Deus, como advogava o existencialismo cristão.
Em sua conferência "O existencialismo é um humanismo", Sartre afirma que o ser humano é o único nesta condição; nós existimos antes que nossa essência seja definida. Esse seria um dos preceitos básicos do Existencialismo. Assim, o autor nega a existência de uma suposta "essência humana" (pré-concebida), seja ela boa ou ruim. As nossas escolhas cabem somente a nós mesmos, não havendo, assim, fator externo que justifique nossas ações. O responsável final pelas ações do homem é o próprio homem.
Nesse sentido, o existencialismo sartriano concede importante relevo à responsabilidade: cada escolha carrega consigo a obrigação de responder pelos próprios atos, um encargo que torna o homem o único responsável pelas consequências de suas decisões. E cada uma dessas escolhas provoca mudanças que não podem ser desfeitas, de forma a modelar o mundo de acordo com seu projeto pessoal. Assim, perante suas escolhas, o homem não apenas torna-se responsável por si, mas também por toda a humanidade.
Essa responsabilidade é a causa da angústia dos existencialistas. Essa angústia decorre da consciência do homem de que são as suas escolhas que definirão a sua essência, e mais, de que essas escolhas podem afetar, de forma irreversível, o próprio mundo. A angústia, portanto, vem da própria consciência da liberdade e da responsabilidade em usá-la de forma adequada.
Sartre nega, ainda, a suposição de que haja um propósito universal, um plano ou destino maior, onde seríamos apenas atores de um roteiro definido. Isto implica em que apenas nós mesmos definimos nosso futuro, através de nossa liberdade de escolha. Porém, Sartre não se restringe em "justificar" a angústia dos existencialistas, fruto da consciência de sua responsabilidade, mas vai além, e acusa como má-fé a atitude daqueles que não procedem de tal forma,renunciando, assim, a própria liberdade.
De acordo com o autor, a má-fé é uma defesa contra a angústia criada pela consciência da liberdade, mas é uma defesa equivocada, pois através dela nos afastamos de nosso projeto pessoal, e caímos no erro de atribuir nossas escolhas a fatores externos, como Deus, os astros, o destino, ou outro. Nesse sentido, Sartre considerava também a ideia freudiana de inconsciente como um exemplo de má-fé.
Podemos dizer, então, que para os existencialistas a má-fé compreendia a mentira para si próprio, sendo imprescindível para o homem abandonar a má-fé, passando então a condição de ser consciente e responsável por suas escolhas. Ao fazer isso, o homem passa, invariavelmente, a viver num estado de angústia, pois deixa de se enganar, mas em compensação retoma a sua liberdade em seu sentido mais pleno.

4- O outro

As outras pessoas são fontes permanentes de contingências. Todas as escolhas de uma pessoa levam à transformação do mundo para que ele se adapte ao seu projeto. Mas cada pessoa tem um projeto diferente, e isso faz com que as pessoas entrem em conflito sempre que os projetos se sobrepõem. Mas Sartre não defende, como muitos pensam, o solipsismo. O homem por si só não pode conhecer-se em sua totalidade. Só através dos olhos de outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência, uma pessoa não pode perceber-se por inteiro. "O ser Para-si só é Para-si através do outro", ideia que Sartre herdou de Hegel.
Cada pessoa, embora não tenha acesso às consciências das outras pessoas, pode reconhecer neles o que têm de igual. E cada um precisa desse reconhecimento. Por mim mesmo, não tenho acesso à minha essência, sou um eterno "tornar-me", um "vir-a-ser" que nunca se completa. Só através dos olhos dos outros posso ter acesso à minha própria essência, ainda que temporária. Só a convivência é capaz de me dar a certeza de que estou fazendo as escolhas que desejo. Daí vem a ideia de que "o inferno são os outros", ou seja, embora sejam eles que impossibilitem a concretização de meus projetos, colocando-se sempre no meu caminho, não posso evitar sua convivência. Sem eles o próprio projeto fundamental não faria sentido.

5- Críticas ao existencialismo sartriano

O existencialismo ateu de Sartre, por sua natureza avessa aos dogmas da igreja e da moral constituída, atraiu muitos grupos que viam na defesa da liberdade e da vida autêntica um endosso à vida desregrada - obviamente, por um erro na compreensão do que há de essencial na concepção de liberdade elaborada pelo filósofo francês. Por razões semelhantes foi vista por muitos como uma filosofia nociva aos valores da sociedade e à manutenção da ordem. Seria uma filosofia contra a humanidade. Esta é uma das razões porque toda a obra de Sartre foi incluída no Index de obras proibidas pela Igreja Católica.
Sartre responde a isso na conferência "O existencialismo é um humanismo" em que afirma que o existencialismo não pode ser refúgio para os que procuram o escândalo, a inconsequência e a desordem. O movimento, segundo este texto, não defende o abandono da moral, mas a coloca em seu devido lugar: na responsabilidade individual de cada pessoa. O existencialismo reconhece, assim, a possibilidade de uma moral laica em que os valores humanos existem sem a necessidade da existência de Deus. A moral existencialista pretende que as escolhas morais não sejam determinadas pelo medo da punição divina, mas pela consciência da responsabilidade.
No meio acadêmico, o existencialismo foi criticado por tratar exclusivamente de questões ontológicas, e por sua defesa da autodeterminação. O existencialismo seria uma filosofia excessivamente preocupada com o indivíduo, sem levar em conta os fatores socioeconômicos, culturais e os movimentos históricos coletivos que, segundo o marxismo e o estruturalismo, determinam as escolhas e diminuem a liberdade individual.
6- A critica
Em resposta a esta crítica, Sartre fez alterações ao seu sistema, e escreveu "A crítica da razão dialética" como tentativa de compatibilizar o existencialismo ao marxismo. Dos dois tomos planejados, apenas o primeiro foi publicado em vida em 1960. O segundo tomo, inacabado, foi publicado postumamente. Neste texto, afirma que "o marxismo é a filosofia insuperável de nosso tempo", e admite que enquanto a humanidade estiver limitada por leis de mercado e pela busca da sobrevivência imediata, a liberdade individual não poderia ser totalmente alcançada.
Não se pode negar sua duradoura influência sobre os mais variados ramos do conhecimento humano. Por ser muito voltado à discussão de aspectos formadores da personalidade humana, o existencialismo exerceu influência na psicologia de Carl Rogers, e Rollo May. Na literatura, influenciou a poesia da Geração, cujos maiores expoentes foram Jack Kerouac e William S. Burroughs, além dos dramaturgos do chamado Teatro do absurdo. Sartre prova sua relevância até na TV contemporânea, onde o cultuado produtor costuma inserir o existencialismo em seus projetos: a Caça Vampiros, Angel e Firefly. O que, através da repetição descontextualizada dos jargões existencialistas, acaba por contribuir para a incompreensão e reforça preconceitos já existentes. Através de suas contribuições à arte, Sartre conseguiu inserir a filosofia na vida das pessoas comuns.

7- Obras:


O Ser e o Nada

O ser e o nada é um tratado filosófico de 1941 escrito por Jean-Paul Sartre que é tido como marco para o início do crescimento do existencialismo no século XX. (O ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica).
Seu foco principal é definir a consciência como transcendente. Muito influenciado pelo Ser e tempo de Martin Heidegger ainda que Sartre fosse extremamente cético a qualquer medida através da qual a humanidade pudesse atingir um estado de completude comparável ao hipotético re-encontro heideggeriano com o Ser.

A Náusea

É um romance existencialista do filósofo Jean-Paul Sartre, publicada em 1938, escrita quando Sartre ensinava no Liceu de Le Havre. Trata-se de um das obras mais conhecidas de Sartre.

O Existencialismo É um Humanismo

É uma das obras mais importantes do movimento existencialismo.
Neste texto, Sartre diz que o ponto que define o existencialismo é o do que a existência de uma pessoa precede a sua essência. Isto é, apesar de uma pessoa existir, não existe nada para ditar o carácter e os objectivos de vida de uma pessoa. Apenas cada ser humano por ele próprio pode definir a sua essência.

8- As Palavras

 É o título de uma autobiografia publicada por Sartre em 1964. A história cobre sua infância dos 4 aos 60 anos e encontra-se dividida em duas partes: « Ler » e « Escrever ». O título previsto inicialmente era João sem terra por causa do jogo de palavras, mas também como referência a João da Inglaterra, sem herança.
O texto é dividido em duas partes aproximadamente equivalentes intituladas « Ler » e « Escrever ». Ao mesmo tempo, segundo Philippe Lejeune, estas duas não são mais que uma fachada e não revelam a progressão cronológica da obra. Ele considera que o texto deve ser dividido em cinco partes que ele denominou de « atos ».
  • O primeiro ato apresenta em ordem cronológica a pré-história da criança traçando-lhe as origens familiares.
  • O segundo ato evoca as diferentes comédias jogadas por Sartre sob a influência de seus pais ao se fechar num mundo imaginário.
  • O terceiro ato é a tomada de consciência de sua impostura, sua contingência, seu medo da morte e feiura.
  • O quarto ato apresenta o desenvolvimento de uma nova fase, na qual Sartre assume diversas posturas de escritor.
  • O quinto ato evoca a loucura de Sartre, que ele considera como a fonte de seu dinamismo e também o anúncio de um segundo livro que ele acaba por não escrever.

Prova
- Para Sartre o inferno são: __________________
            1. No romance A Idade da Razão, de Sartre, o que acontece com Marcelle, amante de Mathieu?
              a) Ela não se decide entre Mathieu e Daniel
              b )Ela odeia sua mãe, com quem mora, e por isso quer casar com Mathieu
                 c )Ela está grávida
              d)Ela tem um problema de saúde, pois dorme demais
              e) Ela não aceita ser a seguna mulher de Mathieu, que prefere Ivich.

1
- O homem está condenado a ser livre." (Jean-Paul Sartre) 
Assinale a alternativa que expressa a ideia dessa frase de Sartre. 
(A) As ações humanas seguem um padrão de rigorosa necessidade. 
(B) A liberdade humana é uma crença produzida pela imaginação. 
   
(C) O homem é totalmente livre, e não pode deixar de sê-lo, porque não possui qualquer essência que o predetermine. 
(D) O homem é livre em alguns de seus atos e determinado em outros. 
(E) A natureza humana comporta um destino ao qual o homem não pode furtar-se. 
 2- Quem fundou, junto com Sartre, a revista Les Temps Modernes?
   a) Merleau-Ponty b) Karl Jaspers c) Heidegger d) Husserl

3-
Abaixo tem-se uma relação entre pensadores considerados fenomenólogos e algumas de suas obras. Marque a alternativa cuja relação entre pensador e obra está INCORRETA. 
a) Maurice Merleau-Ponty - O Olho e o Espírito. 
b) Max Scheler - A posição do homem no cosmos. 
   
c) Jean Paul Sartre - Da reviravolta dos valores. 
d) Martin Heidegger - Carta sobre o humanismo. 
4-
"A existência precede a essência". O que melhor define esta frase de Sartre é: 
     
A) Primeiro o homem existe, depois se define. 
B) O homem é o que ele concebe e não o que ele faz. 
C) O homem é "em si"e não "para si". 
D) A vida de um homem está ligada à sua essência. 

5- Principal obra de Sartre:
a) Sursis, b)  Náusea, c) A Idade da Razão,  d) O ser e o nada, e) O existencialismo é um humanismo

6-   Liberdade, para Jean-Paul Sartre (1905-1980), seria assim definida: (UFU 2002)
A) o estar sob o jugo do todo para agir em conformidade consigo mesmo, instaurando leis e normas necessárias para os indivíduos.
B) circunstâncias que nos determinam e nos impedem de fazer escolhas de outro modo.
C) conformação às situações que encontramos no mundo e que nos determinam.
    D) escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu mundo. “Estamos condenados à liberdade”, segundo o autor.
E) N.d.a.
07- Abaixo tem-se uma relação entre pensadores consideradosfenomenólogos e algumas de suas obras. Marque a alternativa cuja relação entre pensador e obra está INCORRETA.
a)Maurice Merleau-Ponty – O Olho e o Espírito.
b) Max Scheler – A posição do homem no cosmos.
   c)Jean Paul Sartre – Da reviravolta dos valores.
d) Martin Heidegger – Carta sobre o humanismo.
  1. Este texto de Sartre é:(A) estruturalista.  (B) marxista.  (C) pós-moderno.     (D) fenomenológico. 
    57. A existência em si é 
    (A) uma espontaneidade inconsciente do outro.  (B) uma inércia sem conteúdo que se apresenta por si.     (C) uma coisa aquém da consciência. 
    58. Minha consciência é 
    (A) um ser em si reificado (coisificado).     (B) um ser para si nadificado.  (C) um ser para outro representado. 
    59. Num primeiro momento, olhar para a folha branca é 
       (A) uma constatação. (B) um conhecimento.  (C) uma produção.  (D) um capricho.  (E) uma representação. 
    60. Uma coisa é 
    (A) um ser para si.     (B) um ser para mim. (C) um ser de outrem. 
  2. 52 . O homem nada mais é do que seu projeto; esta afirmativa está presente na obra de: 
    A) Sigmund Freud.  B) Michel Foucault.     C) Jean-Paul Sartre.  b) Martin Heidegger. 
  3. 5.. "O homem é condenado a ser livre". 
    Esta frase de Jean Paul Sartre sintetiza o movimento filosófico, que marcou a Europa no pós-Segunda Guerra Mundial, a saber o(a) 
    A) estruturalismo.  B) pós-modernidade.  C) pós-estruturalismo.  D) dodecafonismo.         E) existencialismo. 

Outubro - Dez aulas

1- Schopenhauer, Arthur (1778–1860)

Seu pensamento sobre o amor é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época. Sua obra principal é "O mundo como vontade e representação" (1839), embora o seu livro "Parerga e Para lipomena" seja o mais conhecido.

Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. A influência oriental em sua filosofia o fez aceitar o ateísmo. Ficou vulgarmente conhecido por seu pessimismo e entendia o budismo (e a essência da mensagem cristã, bem como o essencial da maior parte das culturas religiosas de todos os povos em todos os tempos) como uma confirmação dessa visão realista-pessimista.

Schopenhauer também combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou fortemente o pensamento de Eduard von Hartmann e Friedrich Nietzsche. Acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tinha a ver com a felicidade.

Ideias

O pensamento de Schopenhauer parte de uma interpretação de alguns pressupostos da filosofia kantiana, em especial de sua concepção de fenômeno. Esta noção leva Schopenhauer a postular que o mundo não é mais que representação. Esta conta com dois polos inseparáveis: por um lado, o objeto, constituído a partir de espaço, tempo e o princípio de causalidade; por outro, a consciência íntima e subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria. Contudo, Schopenhauer rompe com Kant, uma vez que este afirma a impossibilidade da consciência alcançar a coisa-em-si, isto é, a realidade não fenomênica. Segundo Schopenhauer, ao tomar consciência de si em nível radical, o homem se experiencia como um ser movido por aspirações e paixões. Estas constituem a unidade da vontade, compreendida como o princípio norteador da vida humana.
2- A natureza
Voltando o olhar para a natureza, o filósofo percebe, analogicamente, esta mesma vontade presente em todos os seres, figurando como fundamento de todo e qualquer movimento (muito embora Schopenhauer trabalhar com o conceito de vontade metaforicamente, no sentido de que, dentre todos os fenômenos, o fenômeno da vontade é o que mais se aproxima e melhor representa a natureza da coisa-em-si).
Portanto, para Schopenhauer, a vontade como que corresponde à coisa-em-si, sendo, deste modo, como que o substrato último de toda realidade minimamente experienciável (e minimamente experienciável porque, aos olhos de Schopenhauer, a vontade, rigorosamente falando, não possui status metafísico no sentido clássico de algo situado além e fora da experiência, mas sim, poder-se-ia dizer, uma espécie de status "introfísico", na medida em que é a experiência mais imediata, profunda, radical e íntima do mundo, primeiramente sendo percebida de forma direta por nós em nós mesmos compreendidos como "complexo intelecto-corporal" e, depois, suposta analogicamente, isto é, indiretamente, nos demais corpos/objetos). De se ver, assim, o princípio ontológico basilar dessa concepção schopenhaueriana, a saber, "o postulado da uniformidade da natureza em dimensão não fenomênica".
O impulso do desejo não se dá de forma consciente: ele, ao contrário, se desdobra desde o inorgânico até o homem, que deseja sua preservação. A consciência humana seria uma mera superfície, tendendo a encobrir, ao conferir causalidade a seus atos e ao próprio mundo, a irracionalidade inerente à vontade. Sendo deste modo compreendida, ela constitui, igualmente, a causa de todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma cadeia perpétua de aspirações sem fim, provocando a dor de ser algo que jamais consegue completar-se. Daí a nota pessimista consequente no pensamento de Schopenhauer: o prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor; esta, por sua vez, é a única e verdadeira realidade.
3- A vontade
Contudo, há alguns caminhos (estéticos) que possibilitam ao homem escapar da vontade, e assim, da dor que ela acarreta. A primeira via é a da arte. Schopenhauer traça uma hierarquia presente nas manifestações artísticas na qual cada modalidade artística, ao nos lançar em uma pura contemplação de ideias, nos apresenta um grau de "objetidade" da vontade. Partindo da arquitetura como seu grau inferior, ao mostrar a resistência e as forças intrínsecas presentes na matéria, o último patamar desta contemplação reside na experiência musical; a música, por ser independente de toda imagem externa, é capaz de, se não nos apresentar, pelo menos nos aproximar da pura Vontade em seus movimentos próprios; a música é, pois, de certa forma, a própria vontade encarnada. Tal contemplação, trazendo a vontade para diante de nós, consegue nos livrar, momentaneamente, de seus liames. Mas a arte representa apenas um paliativo para o sofrimento humano.
Uma outra possibilidade de escape, conquanto indireta, é apontada através da moral. A conduta humana deve voltar-se para a superação do egoísmo; este, muito basicamente, provém da ilusão de individuação, pela qual um indivíduo deseja, constantemente, suplantar os outros. A compreensão da vontade faz aparecer todos os entes desde seu caráter único, o que leva, necessariamente, a um sentimento de compaixão e a uma prática de justiça e caridade - o que não significa que, para Schopenhauer, a moralidade seja, no primário e essencialmente (tal qual a arte e a ascese), "uma via para a felicidade pessoal": apenas que, praticando-a, indiretamente o agente termina por fruir a dita felicidade entendida em termos de anulação do egoísmo; significa dizer que, pelo menos no âmbito da moralidade, a felicidade própria (seja a de base egoísta ordinária, seja a de base contemplativa) não é a razão de ser ou o motivo premente e imediato da ação do agente, embora este lograr afastar, mediante a prática moral, mesmo que por curto período de tempo, o sofrimento ligado ao querer egoísta.
4- A felicidade
Finalmente, a suprema felicidade somente pode ser conseguida pela anulação da vontade (isto é, pela ascese). Tal anulação é encontrada por Schopenhauer no misticismo hindu, particularmente no budismo; a experiência do nirvana constitui a aniquilação desta vontade última, o desejo de viver. Somente neste estado, o homem alcança a única felicidade real e estável.
Contudo, reveste-se de suma importância frisar o objeto dessa via ascética, seja ele, a felicidade de tipo contemplativa ou a bem-aventurança, uma vez que o ascetismo relacionado ao escopo da felicidade não pode ser visto, nos quadros da filosofia schopenhaueriana, como algum tipo de nível ou momento da experiência moral (já que o valor moral das ações, para Schopenhauer, está, justamente, no desinteresse pessoal em prol do interesse alheio, vale dizer, no não se preocupar, ao menos em linha de princípio, com a felicidade própria, mas com a felicidade do outro) e sim como o caminho mais seguro para quem pretende ter e gozar uma felicidade não tão instável como aquela radicada na satisfação dos desejos e das necessidades.
Numa palavra, na satisfação da vontade material. Portanto, por mais que Schopenhauer não tenha colocado a questão nesses termos, o ascetismo (do modo como ele o concebe) está mais para um tipo de "eudaimonismo espiritual" do que para um "grau da vida moral", por continuar sendo um ideal comprometido com a busca da "felicidade", da "bem-aventurança".
A felicidade pela via da satisfação é (para o indivíduo consciente que pensa e diagnostica sua condição existencial) insustentável, porquanto a vontade é insaciável; se assim é, somente uma outra via que não a da satisfação pode nos levar a uma felicidade menos frustrante.
A via constatada por Schopenhauer, naturalmente, é a oposta, ou seja, a da negação da vontade, traduzida em termos de conhecimento liberto dos grilhões da vontade egoísta, portanto um conhecimento não mais a serviço da vontade, donde o esteticismo schopenhaueriano, pois todo conhecimento que não tem por finalidade atender às demandas do egoísmo faz-se contemplativo, dado que limita-se a assistir à vida, seja do ponto de vista da arte (criação e/ou contemplação do belo), da moral (contemplação da igualdade fundamental que subjaz a tudo e, consequentemente, a consciência do respeito pelo outro por sabê-lo um igual) ou da ascese (abstenção completa da vontade material de vida, intelectualizando-se e espiritualizando-se).
5- Outra via para felicidade
Uma outra via para a felicidade sustentável ainda é possível entrever na obra de Schopenhauer e merece crédito por haver sido, a julgar pela aparência, atestada pelo próprio estilo de vida do filósofo. Trata-se da via da "perfeição" ou da "vida integral" (a qual, diga-se de passagem, remonta à Antiguidade, não sendo, portanto, uma novidade introduzida por Schopenhauer). Com efeito, nesta, a felicidade não é vista em termos de "estado" de quietude (nirvana), tampouco em termos de "momento" (satisfação).
Diferentemente, toma-se a bem-aventurança em termos de "atividade", voltada ao trabalho e ao aperfeiçoamento das potencialidades humanas mais nobres, como as de caráter estético, teorético e ético - sem prejuízo da valorização da prudência para com os negócios práticos do dia a dia, do bem-estar e dos prazeres saudáveis ligados ao corpo. Há quem diga que a ausência expressa dessa modalidade na tela das ideias de Schopenhauer pode ter tido, por motivação, certa convicção arraigada do filósofo quanto à raridade do tipo aspirante à perfeição, não se dando o filósofo, pois, ao trabalho de teorizar e tampouco prescrever a via em questão (inobstante o testemunho de sua vida pessoal a favor dessa tese, a qual poderia ser vista como uma espécie de meio-termo entre a via da afirmação alienada da vida e a da negação desesperada).
Assente isso, faz-se compreensível a brincadeira de Alain de Botton (a propósito de uma série de tevê realizada por ele sobre o tema do amor do modo como pensado por Schopenhauer) a respeito de ter sido o filósofo (comumente tido por pessimista), talvez, o homem mais feliz do mundo. De fato, a crer em seus biógrafos, Schopenhauer foi um homem saudável durante praticamente toda a sua vida, relativamente rico, dotado de extraordinária inteligência (tanto teorética quanto prática), sensibilidade estética refinada e razoável disposição moral, o que o coloca bem próximo, pois, do arquétipo do homem saudável e economicamente independente (ou seja, digno) de um lado (o da sobrevivência) e teorético, esteta e político-moral de outro (o da existência, isto é, da cultura), o que remeteria à perspectiva da perfeição ou da integralidade a aristotélica e epicurista-tardia.
Acentua-se, ainda, o valor das meditações críticas de Schopenhauer sobre a problemática da liberdade e da necessidade, máxime no campo da ética (moral e direito). De maneira bastante sucinta, diga-se que, para Schopenhauer, não há falar em liberdade (no sentido de livre-arbítrio), por ser o homem tão determinado como todos os demais seres, repousando a ilusão da liberdade no fato da natureza fluida do "conhecimento (conjunto de representações)", não na natureza do "querer", bem como na ignorância quanto à maneira peculiar e complexa do princípio da causalidade próprio à espécie humana.
A filosofia de Schopenhauer influenciou marcadamente vários pensadores, entre os quais destacam-se: Eduard von Hartmann, Nietzsche, Hartmann, Simmel,Thomas Mann, Bergson e Freud.

6- Principais obras de Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação

É a grande obra de Schopenhauer, composta por quatro livros (mais o apêndice da crítica da filosofia kantiana), e publicada em 1839. O primeiro livro é dedicado à teoria do conhecimento ("O mundo como representação, primeiro ponto de vista: a representação submetida ao princípio de razão: o objeto da experiência e da ciência."); o segundo, à filosofia da natureza ("O mundo como vontade, primeiro ponto de vista: a objetivação da vontade"); o terceiro, à metafísica do belo("O mundo como representação, segundo vista: a representação independente do princípio de razão. A ideia platônica, objeto da arte"); e o último, à ética ("O mundo como vontade, segundo ponto de vista: atingindo o conhecimento de si, afirmação ou negação da vontade"). Toda sua produção posterior pode ser definida como comentários e acréscimos aos temas ali tratados.
"O mundo é a minha representação": com estas palavras Schopenhauer inicia essa sua principal obra filosófica. A tese básica de sua concepção filosófica é a de que o mundo só é dado à percepção como representação: o mundo, pois, é puro fenômeno ou representação.
O centro e a essência do mundo não estão nele, mas naquilo que condiciona o seu aspecto exterior, na "coisa em si" do mundo, a qual Schopenhauer denomina "vontade" (o mundo por um lado é representação e por outro é vontade). O mundo como representação é a "objetividade" da vontade (vontade feita objeto - submetida ao princípio formal do conhecimento, o princípio de razão).
Essa objetividade se faz em diferentes graus, passando pelas forças básicas da natureza, pelo mundo orgânico, pelas formas de vida primitivas e avançadas, até chegar no grau de objetividade mais alto por nós conhecido, o ser humano. Entre o objeto e a vontade há um intermediário, o qual Schopenhauer identifica com a "ideia platônica". A ideia é a "objetivação adequada da vontade" em determinado grau de objetivação. Esses graus crescem em complexidade, cada um objetivando a vontade de forma mais completa e detalhada.
Mas a totalidade do mundo como representação, a qual é o "espelho da vontade" só existe na manifestação concomitante e recíproca das diferentes ideias, as quais disputam a matéria escassa para manifestarem suas respectivas características. As formas superiores assimilam as inferiores e as subjugam("assimilação por dominação"), até que elas próprias são vencidas pela resistência das inferiores e sucumbem (eis a morte), devolvendo a elas a matéria delas retirada e permitindo-lhes expressar as suas características a seu próprio serviço (eis o ciclo da natureza).
Entre todas as ideias, e portanto entre todas as formas de vida e forças naturais, mantém-se "guerra eterna". Devido a essa eterna luta, os objetos nunca conseguem expressar suas respectivas ideias de forma perfeita, eles apresentam-se sempre com um certo "turvamento" (é por isso que apenas as ideias são objetividades adequadas da vontade).
7- A palavra como sustentação
Schopenhauer utiliza a palavra representação para designar a ideia ou imagem mental de qualquer objeto vivenciado como externo à mente.
"No terceiro livro estuda-se a arte, a qual permite o conhecimento da representação independentemente do princípio de razão. No momento da contemplação estética o objeto preenche completamente a consciência do sujeito. A consequência objetiva é o conhecimento completamente objetivo do objeto, o qual passa a categoria de ideia (objetividade adequada da vontade); a consequência subjetiva é o auto-esquecimento do indivíduo, o qual passa a categoria de pura faculdade cognitiva (puro sujeito do conhecimento), daí (desse auto-esquecimento, quando o conhecimento liberta o indivíduo de sua vontade) provém a satisfação proporcionada pela contemplação estética. Quanto mais belo for um objeto mais próximo ele está de expressar a sua respectiva ideia, livre de turvamentos.
O autor estuda diversas formas de arte, buscando demonstrar que todas elas buscam permitir o conhecimento das objetividades adequadas da vontade (ideias, no sentido platônico, não kantiano), das mais simples às mais complexas.
8- O quarto livro
"É no quarto livro que Schopenhauer se revelará uma fonte para o existencialismo e para o niilismo. A questão aqui é "a grande questão" já levantada pelo famoso verso de Hamlet: ser ou não ser? O filósofo começa investigando a vida e a morte e como uma anula a outra por meio da procriação, garantindo a sobrevivência da espécie (e a continuação da expressão da ideia).
Depois estuda a liberdade; conclui que a mesma, no sentido rigoroso do termo (liberdade da causalidade), restringe-se à coisa em si (a vontade) e que todo fenômeno, sempre submetido ao princípio de razão, não é livre. É apenas em um caso que a liberdade da vontade penetra no fenômeno: quando este se nega, chega a renúncia ascética (negação da vontade). Antes de descrever melhor o que é "afirmação da vontade" e "negação da vontade" o autor escreveu aquelas célebres páginas (capítulos 56 a 58) em que tenta demonstrar que "a dor não se interrompe" e que "toda vida é sofrimento".
A afirmação da vontade ocorre quando o conhecimento do mundo torna-se um motivo para se fazer de forma mais intensiva o que já se fazia naturalmente. No caso da negação o conhecimento do mundo torna-se um "quietivo" da vontade, levando-a, no caso extremo, à renúncia ascética (à abnegação e à santidade). O autor estuda como as diferentes relações entre vontade, conhecimento e sofrimento (quer conhecido quer sentido) podem levar aos diferentes caráteres: cruel, mal, egoísta (que é o natural, aqueles que todos possuem conforme a natureza), justo, bom, e santo. Por fim, Schopenhauer faz uma apologia da santidade como o único caminho para libertar a vida de suas dores e levar à "redenção do mundo".
Prova

6- Principais obras de Schopenhauer: O Mundo como Vontade e Representação

1-  Schopenhauer tem como influência inicial, entre outros, o texto de Platão? a) Sim. b) Não. c) Não. Schopenhauer não leu Platão.
R: A: Schopenhauer inicia seus escritos a partir de várias influências: Platão, Kant, e, principalmente, o budismo hindu.
2- Schopenhauer acredita que o mundo somente é dado à percepção como representação. Logo, os objetos do conhecimento não têm realidade subsistente por si mesma e podemos assinalar que são simplesmente o resultado das situações gerais de suas possibilidades. Elas são: a) O medo, a dor, a dúvida. b) O espaço, o tempo e a causalidade. c) O tempo e a morte.
R: B: Schopenhauer tem assim a base de sua teoria. Sobre a causalidade, em especial, ela se constrói como razão suficiente na relação que enleia as impressões sensíveis.
3- Em Schopenhauer a vontade é enganosa. Somente a representação é exata. a) Errado. É o contrário: a vontade é verdadeira e a representação é enganosa. b) Certo. A vontade é enganosa. c) Schopenhauer não trabalha a questão da vontade.
R: A: A representação é enganosa. Temos que o ser verdadeiro é a vontade. A vontade é irracional. O homem quer não por que tem um motivo para querer, porém cria razões porque quer.
4- Schopenhauer achava que a vontade era o que causava o mal, a dor? a) Sim. b) Não. c) Em nenhum momento o filósofo relaciona a vontade à dor.
R: A: Para o filósofo, a vontade esta na fonte do mal, da dor. A consciência descobre a vontade como mal, mas é graças a essa descoberta que ela tem o dom de libertar.
5- Schopenhauer acreditou que a ciência, como contemplação, era uma das maneiras de superação dos limites anunciados pela vontade. a) Sim. b) Sim, mas em apenas um único caso. c) O correto é dizermos a arte, não a ciência. e) Schopenhauer acreditou que a arte tinha esta propriedade, mesmo que passageira, superficial.
R: C
6-  Schopenhauer lidou com a problemática do tempo? a) O tempo não foi trabalhado pelo filósofo. b) O tempo é uma das referências do filósofo.
R: B: O problema do tempo, em geral, relaciona-se à ciência que temos dele. O tempo, além do seu vir-a-ser inapreensível, é a marcha inelutável para a morte. Então aparece a temática da angústia, que alimenta a reflexão contemporânea, de Schopenhauer a Sartre.
7-  No terceiro livro de O Mundo como Vontade e Representação, Schopenhauer estuda a arte? a) A arte não faz parte desta obra. b) Sim, está correto. c) Schopenhauer menosprezava a arte.
R: B: A arte propicia o conhecimento da representação sem a necessidade de termos junto o princípio de razão. A contemplação estética permite que o objeto preencha completamente a consciência do sujeito.
8- Considerando o pensamento de Schopenhauer é incorreto afirmar que: 
A) há poucos objetos que podem trazer satisfação duradoura. 
B) o desejo é duradouro e a satisfação passageira. 
C) para ser feliz basta ser um sujeito do querer. 
Novembro - Oito aulas

1- Wittgenstein, Ludwig (1889-1951)


Foi um filósofo austríaco, naturalizado britânico. Foi um dos principais atores da virada linguística na filosofia do século XX. Suas principais contribuições foram feitas nos campos da lógica, filosofia da linguagem, filosofia da matemática e filosofia da mente.
Muitos o consideram o filósofo mais importante do século passado.. O único livro de filosofia que publicou em vida, o Tractatus Logico-Philosophicus, de 1922, exerceu profunda influência no desenvolvimento do positivismo lógico. Mais tarde, as ideias por ele formuladas a partir de 191.0 e difundidas em Cambridge e Oxford impulsionaram ainda outro movimento filosófico, a chamada "filosofia da linguagem comum".
Seu pensamento é geralmente dividido em duas fases. Para identificá-las, muitos autores recorrem ao artifício de atribuir os escritos da juventude ao Primeiro Wittgenstein e a obra posterior ao Segundo Wittgenstein, como se designassem autores distintos.
A cada um desses períodos corresponde uma obra central na história da filosofia do século XX. À primeira fase, pertence o Tractatus Logico-Philosophicus, livro em que Wittgenstein procura esclarecer as condições lógicas que o pensamento e a linguagem devem atender para poder representar o mundo.
À segunda fase, pertencem as Investigações Filosóficas, publicadas postumamente em 1951. Nesse livro, Wittgenstein trata de tópicos similares ao do Tractatus (embora sob uma perspectiva radicalmente diferente) e avança sobre temas da filosofia da mente ao analisar conceitos como o decompreensão, intenção, dor e vontade.

2- O Tractatus Logico-Philosophicus

O objetivo imediato do Tractatus Logico-Philosophicus (TLP) é explicar como a linguagem consegue representar o mundo. Mais especificamente, Wittgenstein pretende mostrar como uma proposição é capaz de representar um estado de coisas real ou possível. A resposta de Wittgenstein a esse problema ficou conhecida como "teoria pictórica do significado", pois estabelece que uma proposição é uma representação figurativa dos fatos, assim como uma maquete é uma representação figurativa de um edifício (TLP 4.0.).
A princípio, pode parecer estranha essa sugestão, pois há similaridades nítidas entre a maquete e o prédio que essa representa, ao passo que não há similaridade evidente entre a frase "A neve é branca" e o estado de coisas que essa frase representa (TLP 4.0..). É nesse ponto que intervém a análise lógica.
A semelhança entre a maquete e o prédio é assegurada por uma isomorfia espacial - as relações espaciais entre os diversos elementos que constituem a maquete são as mesmas, se convertidas conforme as escalas empregadas, que as vigentes entre os elementos constitutivos do prédio.
Do mesmo modo, segundo Wittgenstein, as relações entre os elementos básicos de uma proposição - os nomes próprios lógicos - guardariam entre si, segundo um método de projeção adequado, as mesmas relações lógicas vigentes entre os objetos simples que constituem o estado de coisas representado (TLP 4.0.; 4.0...). Sendo assim, se reduzíssemos a frase "A neve é branca" aos termos de uma notação lógica perfeita (TLP ...25), obteríamos um estrutura simbólica cuja forma lógica seria igual à forma lógica do estado de coisas que a frase representa (TLP 2..8).
A proposição dotada de sentido constrói um modelo da realidade (cf. TLP 2..2; 4.0.). A realidade pode ou não corresponder a esse modelo (TLP 4.02.). Em outras palavras, a proposição dotada de sentido tem a propriedade intrínseca da bipolaridade - em princípio, tanto pode ser verdadeira como falsa. Como corolário dessa propriedade, qualquer afirmação sobre fatos do mundo é necessariamente contingente.
No Tractatus, todas as proposições necessariamente verdadeiras - aquelas que não precisam ser confrontadas com a realidade para que se saiba se são verdadeiras - são tautologias, isto é, são combinações de proposições elementares cujo valor de verdade depende apenas das possíveis combinações de valores de verdade dessas mesmas proposições elementares. Assim, por exemplo, a proposição disjuntiva "p ou não-p" sempre será verdadeira, uma vez que para ser falsa é necessário que as duas proposições sejam falsas, mas quando p é falsa, não-p é necessariamente verdadeira, e vice-versa. Essa proposição, assim como é o caso de todas as tautologias, é construída de tal forma que independentemente dos valores assumidos pelas proposições elementares a proposição complexa sempre será verdadeira. Contudo, o custo da necessidade lógica é a vacuidade descritiva, ou seja, uma proposição necessariamente verdadeira não diz nada sobre a realidade.
3- Proposições
No quadro geral desenhado pelo Tractatus, temos, portanto, as seguintes proposições:
1.) As proposições factuais: proposições contingentes que figuram os fatos; seus valores de verdade (verdadeiro ou falso) dependem de uma confrontação com a realidade;
2) As tautologias: proposições complexas, necessariamente verdadeiras, mas destituídas de conteúdo descritivo;
3) As contradições: proposições complexas, necessariamente falsas, e também destituídas de qualquer conteúdo descritivo.
Wittgenstein deixa esse quadro um pouco mais complexo ao introduzir a distinção entre dizer e mostrar. Ele defende que, apesar de não veicular um conteúdo descritivo, isto é, de não poderem dizer nada sobre o mundo, as proposições lógicas mostram algo a seu respeito. Do mesmo modo, as proposições da metafísica tradicional (como, por exemplo, "O ser sempre é") seriam tentativas malogradas de dizer algo que só pode ser mostrado.
A distinção entre dizer e mostrar abre um campo para os valores e para o místico. Do lado discursivo, as proposições da ética ou são contrassensos, absurdos, construções sem sentido ou são meras convenções comportamentais. Em ambos os casos, tais proposições não conseguem alcançar o que haveria de fundamental na ética. Isso porque, na perspectiva do Tractatus, o que é fundamental à ética só pode ser mostrado, não pode ser dito.
4- Linguagem
O Tractatus delimita os limites da linguagem. Tenta explicitar as condições de possibilidade da própria figuração proposicional. Simultaneamente, tenta levar o leitor a vislumbrar algo que está além desses limites. Se a proposta é confrontada com os próprios aforismos do livro, fica evidente que as proposições do Tractatus também transgridem as regras impostas às proposições signiticativas. Também elas seriam contrassensos:
"Minhas proposições elucidam dessa maneira: quem me entende acaba por reconhecê-las como contrassensos, após ter escalado através delas – por elas – para além delas. (Deve, por assim dizer, jogar fora a escada após ter subido por ela.)
Deve sobrepujar essas proposições, e então verá o mundo corretamente."
Wittgenstein. Tractatus, 6.54.
Ao decretar que as proposições sobre o místico, sobre Deus, sobre a ética e sobre a estética são todas absurdas do ponto de vista dos requisitos lógicos para a construção de proposições significativas, Wittgenstein não está descartando os "objetos" dessas proposições como coisas grotescas ou sem importância. Ao contrário, está sugerindo que a ética, a estética e a dimensão mística são transcendentes - não estão ao alcance de nossa linguagem. Desse modo, a melhor atitude em relação a essas coisas transcendentes seria a de manter um respeitoso silêncio.
"Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar."
Wittgenstein. Tractatus, 

5- As Investigações Filosóficas

Enquanto, no Tractatus, Wittgenstein esforçava-se por desvelar a essência da linguagem, nas Investigações Filosóficas (IF) ele afirma que essa tentativa está fadada ao fracasso, simplesmente porque não há qualquer essência a ser descoberta. O segundo Wittgenstein defende que a linguagem não seria um todo homogêneo, mas, sim, um aglomerado de "linguagens" (IF §65).
Para esclarecer esse ponto, Wittgenstein traça uma analogia entre a noção de linguagem e a noção de jogo. Há diversos tipos de jogos: jogos de tabuleiro, jogos de cartas, competições esportivas, etc. Mas não há uma essência dos jogos. Um jogo de cartas apresenta semelhanças com os jogos de tabuleiros, mas também muitas diferenças; se compararmos esses últimos com os jogos de bola, surgirão outras semelhanças e outras se perderão (IF §66).
O que há é uma sobreposição de traços que Wittgenstein chama de semelhança de família. Numa família, alguns partilham a mesma cor do cabelo, outros partilham a mesma estatura, outros o tom de voz, etc. Mas geralmente não há característica que esteja presente em todos os membros da família. O mesmo ocorre com o conceito de “jogo”. Chamamos práticas muito diferentes de “jogo” não porque haja uma definição exata que esteja implícita em todas as aplicações do termo, mas porque essas diversas práticas manifestam semelhança de família (IF §67).
Analogamente, as diversas práticas linguísticas são reunidas sob a denominação de “linguagem” em virtude de suas semelhanças de família. Em linha com o símile entre linguagem e jogo, Wittgenstein chama os segmentos heterogêneos da linguagem, com suas regras, convenções e finalidades próprias, de jogos de linguagem (IF §7).
6- (vite) 20 de Novembro: Consciencia negra (ver texto pagina .)
  1. A religiosidade do negro no Brasil está totalmente ligada ao sincretismo religioso. Para que pudessem cultuar seus deuses, eles atribuíram aos mesmos os nomes dos santos católicos, enganando assim seus patrões e a Igreja Católica, podendo, dessa forma, exercer sua religiosidade. Esse movimento é conhecido como sincretismo religioso. A contribuição desse sincretismo para a produção ARTÍSTICA no Brasil é vista em obras do Mestre Didi, por exemplo, que utiliza a religiosidade como parte de sua poética. Também vemos esse sincretismo na dança, no teatro e na música.
7- Jogo de Linguagem
O jogos de linguagem são múltiplos e variados, e atendem a finalidades diversas: às vezes empregamos a linguagem para dar ordens, às vezes para pedir desculpas, outras vezes para fazer piadas, etc (IF §2.). Supor que a função primordial da linguagem seja a de descrever ou representar os fatos é uma generalização precipitada, provocada pelo equívoco de se tomar um jogo de linguagem particular como paradigma de todos os demais.
Para o Wittgenstein das Investigações, o significado de uma palavra é estabelecido pelo uso que se lhe dá num determinado jogo de linguagem (IF §4.). Para saber o que significa essa palavra, nesse jogo de linguagem, a melhor estratégia é descrever os traços mais destacados desse jogo e revelar qual é o papel desempenhado pela palavra em questão.
A concepção do significado como uso afasta a proposta de Wittgenstein de duas ideias tradicionais a respeito da linguagem. Uma delas é a de que o significado de um termo é dado por um objeto, substituído nas frases pela palavra que lhe é associada. A outra é a de que um conceito ou um significado seriam entidades mentais que acompanham a pronúncia ou audição de uma expressão linguística. Para Wittgenstein, as ocorrências mentais ou psicológicas que acompanham, antecedem ou sucedem o proferimento de uma expressão linguística são irrelevantes para a constituição do seu significado. O que interessa saber é o que o falante ou ouvinte faz com essa expressão.
Desse modo, Wittgenstein também argumenta que a ideia de uma linguagem privada é incoerente, pois a linguagem é antes de tudo uma prática pública, e suas regras e convenções devem estar à disposição de qualquer falante. Se um indivíduo tentasse elaborar uma linguagem privada – suponhamos que ele tentasse, por exemplo, associar sinais a ocorrências mentais privadas, às quais ninguém mais teria acesso – esse conjunto de sinais, de acordo com as Investigações, não chegariam a constituir uma linguagem propriamente dita. O que diferencia um sinal linguístico de um mero ruído ou de um simples rabisco é a sua sujeição a um padrão de correção; mas não se pode construir padrões de correção para sinais associados a 'objetos' a que, supostamente, só o falante de uma linguagem privada teria acesso. (cf. IF §§258-260)
Um termo assume significado à medida que encontra um lugar numa determinada prática e seu emprego passa a ser controlado por regras públicas de correção. O jogo do qual faz parte está inserido na realidade prática e social da comunidade dos falantes. Segundo Wittgenstein, os problemas filosóficos surgem quando a linguagem "sai de férias" (IF §.8), ou seja, quando a linguagem é artificialmente separada do seu ambiente próprio e de seus usuários. "A linguagem é uma parte (...) de uma forma de vida", diz Wittgenstein (IF §2.). A linguagem, tal como apresentada nas Investigações, deixa de ser um mero veículo de informações para converter-se numa atividade profundamente enraizada no contexto social e nas necessidades e aspirações humanas.

Prova

1- No Tractatus Logico-Philosophicus, Wittgenstein trata, dentre outros assuntos, da relação entre o mundo e a linguagem. 
Assinale a alternativa que reflete essa relação. 
a. ( ) Posso afirmar o que o mundo é. 
b. ( ) O mundo é a totalidade das coisas, não dos fatos. 
c. ( ) Dizer algo do mundo é mostrar algo no mundo. 
d. ( X ) Posso descrever o mundo dentro dos limites da minha linguagem, e esta por sua vez é limitada pelo mundo. 
e. ( ) Na linguagem, a significação de uma expressão qualquer sobre o mundo deve repousar na verdade. 
2. O que Wittgenstein entendia por "linguagem privada", em suas "Investigações Filosóficas"? 
a. ( ) Uma linguagem que se refere à verdade sobre o mundo conforme a pessoa o entende. 
b. ( X ) Uma linguagem cujas palavras se referem ao que só a pessoa que fala pode conhecer. 
c. ( ) Uma linguagem absolutamente artificial, criada pela pessoa que fala. 
d. ( ) Uma linguagem compartilhada somente entre duas pessoas que conversam. 
e. ( ) Uma linguagem incapaz de expressar sensações íntimas. 
 .- Algumas proposições da linguagem sobre o mundo podem ser sempre verdadeiras, qualquer que seja o estado em que o mundo se encontra. 
O que isso significa, de acordo com Wittgenstein? 
a. ( X ) Um tipo de expressão lógica, qual seja, a tautologia. 
b. ( ) Uma verdade a priori, no mesmo sentido dado por Kant à palavra. 
c. ( ) Uma informação absolutamente verdadeira e inquestionável. 
d. ( ) Uma lei de pensamento que pode ser experimentada continuamente. 
e. ( ) Uma proposição lógica possível na linguagem, mas sem correspondência com o mundo. 
 4- Para uma resposta que não se pode formular, tampouco se pode formular a questão. 
L. Wittgenstein 
É correto afirmar que, para Wittgenstein, como decorrência, 
    (A) o enigma não existe.  (B) a certeza não existe.  (C) a dúvida não existe.  (D) o inefável não existe.  (E) a solução não existe. 
      1. Quem escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus: Wittgenstein
      2. Marque "V" verdadeiro..............
        ... Wittgenstein fundamentou o conhecimento da realidade e das teorias científicas a partir da lógica, e não da epistemologia. (V)
      3. 56. Nascido em Viena, Áustria, em .859, este filósofo, lógico e matemático, que faleceu em .95., concentrou suas investigações filosóficas na análise da lógica da linguagem e nos seus diversos usos, tendo suas ideias influenciado diversas áreas do pensamento contemporâneo. Dentre seus trabalhos, podemos destacar o Tractatus Logico - hilosophicus e a Investigação Filosáfica. Estamos nos referindo a 
        A) Cornelius Castoriadis.  B) Sören Kierkegaard.  C) Matthew Lipman. D) Karl Jaspers.       E) Ludwig Wittgenstein. 
      4. Quem é a principal figura do Círculo de Viena?
( )Wittgenstein Moritz Schilick Karl Popper Friedrich Waissmann Cleferson Cleiton
      1. 5. Qual dos filósofos abaixo escreveu o Tractatus Logico-Philosophicus: 
( ) Wittgenstein Moritz Schilick Karl Popper Friedrich Waissmann Cleferson Cleiton
      1.  Sobre Wittgenstein e sua Filosofia é incorreto afirmar: 
           
        (A) Wittgenstein, filósofo analítico da linguagem, permaneceu por toda sua vida intelectual numa mesma temática, onde pode-se concluir que o seu pensamento possui uma única fase. 
        (B) O pensamento de Wittgenstein possui mais de uma fase, podendo-se dividir num primeiro, o do Tractatus Logicus Philosophicus, e num segundo Wittgenstein, o das Investigações Filosóficas.
        (C) Wittgenstein influenciou decisivamente as duas principais vertentes da Filosofia Analítica da Linguagem contemporânea, a da semântica formal e a da pragmática. 

  1. Dezembro - Quatro aulas
1- Conceitos

Duração, na obra de Bergson, é o correr do tempo uno e interpenetrado, isto é, os momentos temporais somados uns aos outros formando um todo indivisível e coeso. Oposto ao tempo físico ou sucessão divisível que é passível de ser calculado e analisado pela ciência, o tempo vivido é incompreensível para a inteligência lógica por ser qualitativo, enquanto o tempo físico é quantitativo.
Tempo e espaço não pertencem à mesma natureza, tanto que podemos afirmar que a consciência (duração interna) e o “tempo espacilizado” se opõem. Esse último é criticado pelo filósofo como uma das expressões da vertente determinista das ciências e filosofias.
Tudo o que pertence à faculdade espacial, isto é, à variável todas leis físicas da mecânica clássica, é suscetível de ser repetida, decomposta e traduzida pela lógica científica, como, por exemplo, a medição do tempo por um relógio. Esse tempo físico, comumente confundido com o espaço, como fez Kant na Crítica da Razão Pura, não corresponde ao tempo real experimentado pelo espírito.
O tempo vivido (ou duração interna ou simplesmente consciência) é o passado vivo no presente e aberto ao futuro no espírito que compreende o real de modo imediato. É um tempo completamente indivisível por ser qualitativo e não quantitativo como o fator t.
A duração, não sendo compreendida por meio da inteligência técnica, também não pode, por consequência, ser entendida como sucessão linear de intervalos, pois ela é justamente o oposto disso, haja vista que não há como justapor ou analisar o tempo vivido qualitativo.
Ora, se não há como esmiuçar a duração percebida pelo espírito, também não há como prever os momentos temporais da duração interna, apenas a experiência física que se repete facilmente pode ser prevista e repetida, logo, a duração do tempo vivido e experimentado pelo espírito é imprevisível, uma novidade incessante e um fluir contínuo.
Ao tentar argumentar em favor de suas ideias filosóficas a respeito do tempo, cometeu diversos erros no que diz respeito à teoria da relatividade de Einstein.
Intuição significa para Bergson apreensão imediata da realidade por coincidência com o objeto. Em outras palavras, é a realidade sentida e compreendida absolutamente de modo direto, sem utilizar as ferramentas lógicas do entendimento: a análise e a tradução.
Diferencia-se da inteligência que, apropriando-se do mundo através de ferramentas, calcula e prevê intervalos do mesmo plano espaço-temporal; a intuição, ao contrário, penetra no interior da vida coincidindo com o real imediatamente. Dizemos, portanto, que o real passou a ser conhecido pela metafísica como, ao modo de Descartes, numa certeza imanente ao próprio ser do sujeito cognoscente.
A intuição é uma forma de conhecimento que penetra no interior do objeto de modo imediato, isto é, sem o ato de analisar e traduzir. A análise é o recorte da realidade, mediação entre sujeito e objeto. A tradução é a composição de símbolos linguísticos ou numéricos que, analogamente a primeira, também servem de mediadores. Ambas são meios falhos e artificiais de acesso a realidade. Somente a intuição pode garantir uma coincidência imediata com o real sem o uso de símbolos nem da repartições analíticas.
A intuição pode ser entendida, portanto, como uma experiência metafísica.
2- Deleuze, Gilles ( 1925 – 1995)

O trabalho de Deleuze se divide em dois grupos: por um lado, monografias interpretando filósofos modernos (Spinoza, Leibniz, Hume, Kant, Nietzsche, Bergson, Foucault) e por outro, interpretando obras de artistas (Proust, Kafka, Francis Bacon, este último o pintor moderno, não o filósofo renascentista); por outro lado, temas filosóficos ecléticos centrado na produção de conceitos como diferença, sentido, evento, rizoma, etc.
O filósofo do Corpo-sem-Órgãos (figura estética de Antonin Artaud, retomada como conceito filosófico por Deleuze em parceria com Félix Guattari).
Para ele, O ofício do filósofo é inventar conceitos. Assim como Nietzsche cria a personagem-conceito de Zaratustra, Deleuze afirma em L'abécédaire, entrevista dada a Claire Parnet, ter criado com Félix Guattari o conceito de ritornelo - refrão, forma de reterritorialização (povoamento), e desterritorialização.
Uma filosofia da imanência, dos diagramas, dos acontecimentos.
As principais influências filosóficas terão sido Nietzsche, Henri Bergson e Spinoza.
Uma das grandes contribuições de Deleuze foi ter se utilizado do cinema para expor sua forma de pensamento, através dos conceitos de imagem-movimento e imagem-tempo.
Deleuze foi um dos filósofos que teorizou as instâncias do atual e do virtual (já elaboradas por outros pensadores), construindo um olhar sobre o mundo a partir das possibilidades: "Um pouco de possível, senão sufoco" (Foucault)
Obras

Deleuze publicou estudos sobre pensadores como Nietzsche, Kant e Spinoza. Entre suas obras principais estão Nietzsche e a filosofia(1962); Spinoza (1970); Foucault (1986);etc.

Crítica ao Anarquismo
Criticou o anarquismo por sua visão tida como ingênua do fim do Estado onde se objetiva acabar com o Estado "por decreto", ao invés de acabar com as condições sociais que fazem do Estado uma necessidade e realidade. Na obra Miséria da Filosofia elabora suas críticas ao pensamento do anarquista Proudhon. Ainda, criticou o blanquismo com sua visão elitista de partido, por ter uma tendência autoritária e superada. Posicionou-se a favor do liberalismo, não como solução para o proletariado, mas como premissa para maturação das forças produtivas (produtividade do trabalho) das condições positivas e negativas da emancipação proletária, como a da homogeneização da condição proletária internacional gerado pela "globalização" do capital. Sua visão política era profundamente marcada pelas condições que o desenvolvimento econômico ofereceria para a emancipação proletária, tanto em sentido negativo (desemprego), como em sentido positivo (em que o próprio capital centralizaria a economia, exemplo: multinacionais).

3- A práxis

Na lógica da concepção materialista da História não é a realidade que move a si mesma, mas comove os atores, trata-se sempre de um "drama histórico" (termo que Marx usa em O .8 Brumário de Luís Bonaparte) e não de um "determinismo histórico" que cairia num materialismo mecânico (positivismo), oposto ao materialismo dialético de Marx.
O materialismo dialético, histórico, poderia também ser definido como uma "dialética realidade-idealidade evolutiva". Ou seja, as relações entre a realidade e as ideias se fundem na práxis, e a práxis é o grande fundamento do pensamento de Marx. Pois sendo a história uma produção humana, e sendo as ideias produto das circunstâncias em que tais ideais brotaram, fazer história racionalmente é a grande meta. E o próprio fazer da história que criará suas condições objetivas e subjetivas adjacentes, já que a objetividade histórica é produto da humanidade (dos homens associados, luta política, etc).
E assim, Marx finaliza as Teses sobre Feuerbach, não se trata de interpretar diferentemente o mundo, mas de transformá-lo. Pois a própria interpretação está condicionada ao mundo posto, só a ação revolucionária produz a transcendência do mundo vigente.
4- O Capital 
A grande obra de Marx é O Capital, na qual trata de fazer uma extensa análise da sociedade capitalista. É predominantemente um livro de Economia Política, mas não só. Nesta obra monumental, Marx discorre desde a economia, até a sociedade, cultura, política e filosofia. É uma obra analítica, sintética, crítica, descritiva, científica, filosófica, etc. Uma obra de difícil leitura, ainda que suas categorias não tenha a ambiguidade especulativa própria da obra de Hegel, no entanto, uma linguagem pouco atraente e nem um pouco fácil. Dentro da estrutura do pensamento de Marx, só uma obra como O Capital é o principal conhecimento, tanto para a humanidade em geral, quanto para o proletariado em particular, já que através de uma análise radical da realidade que está submetido, só assim poderá se desviar da ideologia dominante ("a ideologia dominante" é sempre da "classe dominante"), como poderá obter uma base concreta para sua luta política. Sobre o caráter da abordagem econômica das formações societárias humanas, afirmou Alphonse De Waelhens: "O marxismo é um esforço para ler, por trás da pseudo-imediaticidade do mundo econômico reificado as relações inter-humanas que o edificaram e se dissumularam por trás de sua obra."5. Cabe lembrar que O Capital é uma obra incompleta, tendo sido publicado apenas o primeiro volume com Marx vivo. Os demais volumes foram organizados por Engels e publicados posteriormente.
Muitos consideram essa obra o marco do pensamento socialista marxista. Nesta obra existem muitos conceitos econômicos complexos, como mais valia, capital constante e capital variável, uma análise sobre o salário; sobre a acumulação primitiva, resumindo, sobre todos os aspectos do modo de produção capitalista, incluindo uma crítica sobre a teoria do valor-trabalho de Adam Smith e de outros assuntos dos economistas clássicos.

5- Teorias da mais valia

Mais-valia é o termo famosamente empregado por Karl Marx à diferença entre o valor final da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, que seria a base do lucro no sistema capitalista.
O conceito de Mais-valia foi empregado por Karl Marx para explicar a obtenção dos lucros no sistema capitalista. Para Marx o trabalho gera a riqueza, portanto, a mais-valia seria o valor extra da mercadoria, a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe. Os operários em determinada produção produzem bens (ex: .00 carros num mês), se dividirmos o valor dos carros pelo trabalho realizado dos operários teremos o valor do trabalho de cada operário. Entretanto os carros são vendidos por um preço maior, esta diferença é o lucro do proprietário da fábrica, a esta diferença Marx chama de valor excedente ou maior, ou mais-valia.
Karl Marx chamou a atenção para o fato de que os capitalistas, uma vez pago o salário de mercado pelo uso da força de trabalho, podem lançar mão de duas estratégias para ampliar sua taxa de lucro: estender a duração da jornada de trabalho mantendo o salário constante - o que ele chama de mais-valia absoluta; ou ampliar a produtividade física do trabalho pela via da mecanização - o que ele chama de mais-valia relativa. Em fazendo esta distinção, Marx rompe com a ideia ricardiana do lucro como "resíduo" e percebe a possibilidade de os capitalistas ampliarem autonomamente suas taxas de lucro sem dependerem dos custos de simples reprodução física da mão-de-obra. Produção de mais-valia relativa é um modo de incrementar a produção do excedente a ser apropriado pelo capitalista. Já a mais-valia absoluta consiste na intensificação do ritmo de trabalho, através de uma série de controles impostos aos operários, que incluem da mais severa vigilância a todos os seus atos na unidade produtiva até a cronometragem e determinação dos movimentos necessários à realização das suas tarefas. O capitalista obriga o trabalhador a trabalhar a um ritmo tal que, sem alterar a duração da jornada, produzem mais mercadorias e mais valor que sem esses controles.
6- A Ideologia Alemã
Na obra A Ideologia Alemã, Marx apresenta cuidadosamente os pressupostos de seu novo pensamento. No Manifesto Comunista apresenta sua tese política básica. Na Questão Judaica apresenta sua crítica religiosa, que diz que não se deve apresentar questões humanas como teológicas, mas as teológicas como questões humanas. E que afirmar ou negar a existência de Deus, são ambas teologia.
O ponto de vista deve ser sempre o de ver as religiões como reflexões humanas fantasiosas de si mesmo, mas que representa a condição humana real a que está submetido. Na Crítica ao Programa de Gotha, Marx faz a mais extensa e sistemática apresentação do que seria uma sociedade socialista, ainda que sempre tente desviar desse tipo de "futurologia", por não ser rigorosamente científica.
Em A Guerra Civil na França, Marx supera todas as suas tendências jacobinas de antes e defende claramente que só com o fim do Estado o proletariado oferece a si mesmo as condições de manter o próprio poder recém conquistado, e o fim do Estado é literalmente o "povo em armas", ou seja, o fim do "monopólio da violência" que o Estado representa. Em O .8 Brumário de Luís Bonaparte, já está uma profunda análise sobre o terror da "burocracia"; a questão do campesinato como aliado da classe operária na revolução iminente, o papel dos partidos políticos na vida social e uma caracterização profunda da essência do bonapartismo são outros aspectos marcantes desta obra.

Manifesto Comunista

O Manifesto Comunista foi escrito no meio do grande processo de lutas urbanas das Revoluções de .848, chamadas também de Primavera dos Povos, um processo revolucionário de quase um ano que atingiu os principais países Europeus. Duas de suas maiores reivindicações foram reformas sociais, onde se conquista a diminuição da jornada diária de trabalho de .2 para dez horas e o voto universal, embora apenas para os homens.
ª Prova (Habermas, Heidegger, Russerl, Marcuse, Kierkegaard Marx)

1- Em que contexto está situado "o Homem", tendo como ponto de partida a noção heideggeriana de "Ser-no-Mundo"?
(
A) No do sujeito da consciência, expresso no enunciado do "penso, logo existo".
(B) No da noção de "pessoa", presente nas compreensões da psicologia.
(C) No da noção de "mundo" como "cosmos", que antecede a estrutura subjetiva.
(D) No de uma modalidade de ser, que antecede a relação sujeito e objeto.
(E) No da noção de intencionalidade, que é abordada na fenomenologia da consciê
ncia.
2- Acerca da dialética, pode-se afirmar que
(A) na história da filosofia, esse é um dos termos ao qual se associou um significado consensual e unívoco.
(B) no pensamento platônico, à dialética foi atribuído um papel secundário, devido à sua incapacidade de se constituir como método capaz de conduzir à verdade.
(C) na tradição hegeliano-marxista, o termo é fortemente associado à negatividade e à contradição.
(D) em Hegel, a dialética é fortemente criticada em sua pretensão de constituir-se como lei do pensamento e da realidade.
(E) o significado de "dialética" no pensamento de Marx e Engels coincide com o sentido idealista atribuído por Hegel a esse termo.
2- Sobre o pensamento de Michel Foucault, pode-se afirmar que (A) esse autor formulou uma concepção de "poder" inteiramente identificada com a centralização do poder estatal nas sociedades ocidentais.
(B) seu pensamento insere-se na tradição metafísica.
(C) seu pensamento problematizou importantes aspectos epistemológicos das ciências e da filosofia.
(D) o método genealógico proposto por Foucault configurou- se como forte contestação ao pensamento de Nietszche.
(E) seu pensamento buscou revalorizar os ideais metafísicos de verdade e de conhecimento.

4- O movimento filosófico nomeado como teoria crítica ou Escola de Frankfurt caracterizou-se, em linhas gerais, por
(A) empreender uma articulação entre teoria e prática que permitisse subsidiar os partidos comunistas europeus em sua luta contra o capitalismo.
(B) realizar pesquisas de sondagem da opinião pública para o fornecimento de produtos adequados às necessidades dos consumidores.
(C) produzir um método terapêutico alternativo à psicanálise freudiana, então considerada anacrônica.
(D) produzir uma filosofia com fortes conteúdos nacionalistas que possibilitassem o resgate das tradições alemãs.
(E) articular temas comuns à psicanálise e ao marxismo e a diversos filósofos ocidentais, dentre os quais podemos destacar Kant, Hegel e Nietszche.
5- Segundo Michel Foucault, "o homem é uma invenção recente na história de nosso pensamento, e talvez seu fim esteja próximo". (citado em Danilo Marcondes, Iniciação à história da filosofia, p. 254)
Pode-se interpretar essa afirmação sob os seguintes termos:
(A) a formulação realça a importância da concepção de sujeito iluminista, dotado de autonomia e liberdade.
(B) trata-se de um pensamento fortemente marcado por concepções escatológicas e míticas associadas ao final dos tempos.
(C) a frase problematiza os alicerces do humanismo antropocêntrico.
(D) trata-se de uma concepção que enfatiza a importância do humanismo antropocêntrico na filosofia.
(E) essa afirmação problematiza a existência de Deus.
6- Assine a alternativa que não contenha nenhum membros da chamada "Escola de Frankfurt" 

a) Horkheimer, Adorno, Stirner e Habermas

b) Benjamin, Marcuse, Kaustky e Stirner

c) Marcuse, Horkheimer, Benjamin e Habermas

d) Kautsky, Habermas, Benjamin e Adorno   

   e) Kautsky, Stirner, Maquiavel, Hobbes
7-  Foi o pensador que denunciou o caráter normativo e normalizador das instituições disciplinares que surgiram com a modernidade. Talvez seja mais conhecido por escrever estudos filosóficos históricos, abordando, principalmente, o modo como as noções de verdade têm suas origens em conflitos e em lutas históricas e como essas noções exercem poder sobre instituições. Dos filósofos abaixo relacionados, assinale o único a quem corresponde esse enunciado,
A) Karl Marx.   B) Michel Foucault. C) Jacques Derrida. D) Theodor Adorno. E) Herbert Marcuse.
Provas dinâmicas
Filosofia Antiga
1- Sobre os Pré-Socráticos, associe as ideias/feitos expressos nas máximas abaixo a seus respectivos pensadores: 
(1) O estado inicial de todas as coisas tem de ser indeterminado, ou seja, não se identifica com nenhum outro elemento já descoberto. 
(2) Foi o primeiro a afirmar que a Lua recebe sua luz do Sol. 
(3) O mundo é um fluxo perpétuo onde nada permanece idêntico a si mesmo, mas tudo se transforma no seu contrário. 
(4) O ser é uno, contínuo, único e eterno; sem princípio nem fim. 
(5) Foi o primeiro a conceber a água como substrato e força geradora de tudo. 

(Parmênides de Eleia.  ( ) Tales de Mileto.  ( ) Anaximandro de Mileto.  ( ) Anaxímenes de Mileto.  ( ) Heráclito de Éfeso. 

A sequência numérica, de cima para baixo, que contém a associação correta é: 
     A) 4, 5, 1, 2, 3  B) 4, 5, 3, 2, 1  C) 5, 4, 1, 2, 3  D) 1, 2, 3, 4, 5  E) 5, 4, 3, 2, 1 
2) Leia atentamente os trechos abaixo e associe aos seus autores: 
1. "Distinção entre Razão (Verdade) e Observação (opinião)." 
2. "O número é a essência do Universo." 
3. "A realidade está em movimento, transformandose. As mudanças baseiam-se na harmonia dos contrários: guerra e paz; dia e noite; chuva e seca, etc..." 
A. Pitágoras.  B. Eráclito.  C. Parmênides. 
A sequência CORRETA da filosofia e de seus respectivos filósofos é: 
A) 1/A - 2/B - 3/C;  B) 1/B - 2/C – 3/A; C) 1/C - 2/A - 3/B;  D) 2/B - 3/A - 1/C;  E) 3/C - 2/A - 1/B. 
3. "Os antigos relatos míticos da origem, inicialmente transmitidos oralmente e depois transformados em poemas por Homero e Hesíodo, são questionados pelos pré-socráticos, cujo objetivo principal é explicar a origem do mundo a partir do arché ou seja, o elemento originário e constitutivo de todas as coisas." 
Relacione o filósofo a sua explicação para o "arché", ou seja, a origem e enumere os parênteses. 
1. Tales de Mileto 2. Anaxímenes 3. Anaximandro 4. Heráclito  5. Parmênides 
( ) A origem está no movimento eterno que resulta na separação dos contrários (quente e frio, seco e úmido). 
( ) Tudo muda, tudo flui. A origem reside num constante "devir". 
( ) A origem está na essência: o que é, é e não pode ser ao mesmo tempo. 
( )A origem é a água. 
( )A origem é o ar. 
A sequência CORRETA é: 
      A) 3, 4, 5, 1, 2.  B) 4, 3, 5, 2, 1.  C) 3, 2, 1, 5, 4.  D) 4, 1, 3, 5, 2.  E) 1, 3, 4, 5, 2. 
4 - Em relação às Escolas Helenísticas e Imperiais, enumere a segunda coluna de acordo com a primeira. 
1 - Cinismo.  2 - Epicurismo.  3 - Estoicismo.  4 - Ceticismo. 
( ) Fundada por Zenão de Citium, ensinava em Atenas na Stoa Poikilê. Entre seus representantes na Roma Imperial, destacaram-se Sêneca, Epíteto e Marco Aurélio.
( ) Desenvolveu uma argumentação para mostrar que é necessário suspender o juízo, recusar sua adesão a todo dogma e alcançar, assim, a tranquilidade da alma. Em Roma, Sexto Empírico foi considerado um dos seus representantes e escreveu Esboços Pirrônicos.
( ) Devedora da cosmologia desenvolvida por Demócrito de Abdera, construiu uma física materialista e explicou que o Universo é formado por átomos e pelo vazio. Em Atenas, tinha sua Escola no local chamado Jardim. Lucrécio foi seu grande representante em Roma.
( ) Seus membros menosprezaram as regras sociais, não se preocupando com normas de condutas. Destacaram-se como alguns de seus maiores representantes, Diógenes de Sínope e Hipárquia.
A sequência correta é
a) 1, 2, 3, 4;  b) 3, 1, 4, 2; 
c) 3, 4, 2, 1; d) 3, 2, 1, 4. 
5 - Relacione as colunas corretamente: 

1 -Mito  2 -Gregos  3 -Physis  4 -Filosofia antiga 

( ) Eles (as) realizaram algumas viagens e descobriram que as terras que antes eles pensaram que eram habitadas por deuses, titãs e seres mitológicos na verdade era habitada por seres humanos; 
( ) É a compreensão racional da totalidade do ser, onde seu objetivo é conhecer e contemplar a verdade; 
( ) Explica de forma não racional a origem das coisas e a realidade através de lendas e histórias sagradas; 
( ) Os filósofos acreditam que tudo era originado a partir da natureza. 
A ordem correta é: 
A) 2, 4, 3, e 1;  B) 1, 2, 4 e 3;         C) 2, 4, 1 e 3;  D) 1, 2, 3 e 4;  E) 3, 2, 4 e 1. 

Filosofia Medieval
1- QUESTÃO 28 
Relacione as colunas. 

I Coluna 
I. Aristóteles; II. Aurélio Agostinho; III. Tomás de Aquino; IV. Platão;  V. Sócrates. 

II Coluna 
( ) Sei que nada sei.  ( ) Crer para entender.  ( ) Ato e potência.  ( ) Entender para Crer.  ( ) Doxa e Episteme. 

Assinale a alternativa que contém a sequência correta. 

         a. V, II, I, III e IV; b. II, I, III, IV e V; c) V, II, III, IV e I; d) V, I, II, IV e III; e) II, I, V, III e IV. 

2 - Genericamente, pode-se dividir a filosofia medieval em dois grandes momentos. Assinale a alternativa que contenha estes momentos: 

a) Patrística e a escolástica.  b) Ceticismo e Estoicismo.  c) Epicurismo e escolástica.  d) Helenística e pitagórica. 

Filosofia Moderna
1- QUESTÃO 30 
Relacione os autores (Coluna I) com suas obras (Coluna II). 

I Coluna 

I. Erasmo de Rotterdam; II. Nicolau Maquiavel; III. Michel de Montaigne; IV. Tomás Morus;  V. Tomás Campanella.

II Coluna.

( ) Utopia.  ( ) Elogio à Loucura.  ( ) A cidade do Sol.  ( ) O Príncipe.  ( ) Ensaios. 
Assinale a sequência correta.
 
a. III, II, I, IV e V.  b. II, I, III, IV e V.  c. I, II, III, IV e V.        d. IV, I, V, II e III.  e. V, II, I, III e IV. 
2- Assinale a alternativa que completa CORRETAMENTE, as lacunas abaixo: 
Segundo ______________, o contrato social que possibilitou a saída do homem do estado de natureza não é legítimo, mas uma burla na qual os homens jamais deveriam ter consentido, pois os pobres, que teriam a perder apenas a liberdade, concederam o único bem que possuíam, sem ganhar nada em troca. Ele rejeita a tese de __________, segundo a qual o contrato põe fim ao estado de guerra e garante a segurança, e também a tese de ____________, segundo a qual o contrato social garantiria o usufruto da propriedade privada. 

a) Hobbes - Rousseau - Locke  b) Locke - Hobbes - Rousseau  c) Rousseau - Locke - Hegel        d) Rousseau - Hobbes - Locke  e) Marx - Hobbes - Locke 

3- _____________ rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar seu próprio sistema, e por isso é considerado um dos fundadores da filosofia moderna. 
    A) René Descartes  B) Platão  C) Aristóteles  D) Demóstenes 
Filosofia Contemporânea 

1-
QUESTÃO 33 Relacione os a utores (Coluna I), com suas máximas (Coluna II). Coluna I 
1.Francis Bacon; 2.Jonh Locke; 3.Plauto e Thomas Hobbes; 4.René Descartes; 5.Augusto Comte 
Coluna II 
( ) "Penso logo existo".
( ) "Saber é Poder".
( ) "A mente é uma folha em branco".
( ) "O homem é o lobo do homem".
( ) "Ordem e Progresso". 
Assinale a alternativa que contém a sequência correta. 
a) 5, 2, 3, 1 e 4.           
 b) 4, 1, 2, 3 e 5.  c) 1, 2, 3, 4 e 5.  d) 4, 1, 5, 2 e 3. e) 5, 1, 2, 3 e 4. 
2 - Na História da Filosofia, várias foram as tentativas de listar os pensadores mais importantes e suas ideias fundamentais. A seguir, são apresentados cinco grandes filósofos, da antiguidade clássica, do medievo e da modernidade. Relacione a coluna dos filósofos com a que apresenta ideias sobre educação, conhecimento e processos de socialização. 
I – Sócrates;  II - Santo Agostinho;  III - René Descartes;  IV - Karl Marx.
(P) Não há nada no intelecto que não tenha passado pelos sentidos. 
(Q) Se duvido, penso e se penso, logo existo. 
(R) Todas as coisas são boas, e o mal é ausência do bem. 
(S) Os filósofos pensaram o mundo, mas importa transformá-lo. 
(T) Só sei que nada sei. 
A relação correta é: 
(A) I - P ; II - R ; III - S ; IV - Q  (B) I - P ; II - S ; III - T ; IV - R  (C) I - S ; II - P ; III - Q ; IV - R  (D) I - T ; II - P ; III - R ; IV - S          (E) I - T ; II - R ; III - Q ; IV - S 

3. Analise o texto abaixo. 
A especulação grega voltava sua atenção principalmente para (1)............... . A da Idade Média para (2) ............... . A filosofia contemporânea interessa-se em especial pelo(a)(3) ............... . 
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas do texto. 
a. ( ) (1) Deus ; (2) a igreja ; (3) cidade 
b. ( ) (1) a alma ; (2) o espírito ; (3) divino 
c. ( X ) (1) a natureza ; (2) Deus ; (3) homem 
d. ( ) (1) a natureza ; (2) o homem ; (3) ciência 
e. ( ) (1) a ciência ; (2) a cosmologia ; (3) felicidade


Referências

ALBERGARIA, Bruno. ALBERGARIA, Bruno. Histórias do Direito: Evolução das Leis, Fatos e Pensamentos. Atlas, 20...
ARISTÓTELES. Política. Tradução de Roberto Leal Ferreira. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, .998.
CHAUÍ, MarilenaConvite à Filosofia. São Paulo, Editora Ática, 200.;
GOLDSCHMIDT, Victor. Diálogos de PlatãoLOYOLA, 2002. p. ....
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sofistas
SPINELLI, Miguel. Questões Fundamentais da Filosofia Grega. São Paulo. Loyola, 2006, p. 278ss.
Walter Omar Kohan. Sócrates & a Educação - O enigma da filosofia
Descartes.....