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Aristóteles (384 - 322 a.C.)
O Filósofo grego Aristóteles nasceu em 384 a.C., na cidade antiga de Estágira, e morreu em 322 a.C. Seus pensamentos filosóficos e idéias sobre a humanidade tem influências significativas na educação e no pensamento ocidental contemporâneo. Aristóteles é considerado o criador do pensamento lógico. Suas obras influenciaram também na teologia medieval da cristandade.
Biografia e linha de pensamento filosófico
Aristóteles foi viver em Atenas aos 17 anos, onde conheceu Platão, tornando seu discípulo. Passou o ano de 343 a.C. como preceptor do imperador Alexandre, o Grande, da Macedônia. Fundou em Atenas, no ano de 335 a.C, a escola Liceu, voltada para o estudo das ciências naturais. Seus estudos filosóficos baseavam-se em experimentações para comprovar fenômenos da natureza.
O filósofo valorizava a inteligência humana, única forma de alcançar a verdade. Fez escola e seus pensamentos foram seguidos e propagados pelos discípulos. Pensou e escreveu sobre diversas áreas do conhecimento: política, lógica, moral, ética, teologia, pedagogia, metafísica, didática, poética, retórica, física, antropologia, psicologia e biologia. Publicou muitas obras de cunho didático, principalmente para o público geral. Valorizava a educação e a considerava uma das formas crescimento intelectual e humano. Sua grande obra é o livro Organon, que reúne grande parte de seus pensamentos.
As Quatro Causas
Segundo Aristóteles, há quatro causas implicadas na existência de algo:
- Causa material: daquilo que a coisa é feita como, por exemplo, o ferro.
- Causa formal: é a coisa em si como, por exemplo, uma faca de ferro.
- Causa eficiente: aquilo que dá origem a coisa feita como, por exemplo, as mãos de um ferreiro.
- Causa final: seria a função para a qual a coisa foi feita como, por exemplo, cortar carne.
Pensamento de Aristóteles sobre a educação:
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
Essência e acidente
Aristóteles distingue, também, a essência e os acidentes em alguma coisa.
A essência é algo sem o qual aquilo não pode ser o que é; é o que dá identidade a um ser, e sem a qual aquele ser não pode ser reconhecido como sendo ele mesmo (por exemplo: um livro sem nenhum tipo de história ou informações estruturadas, no caso de um livro técnico, não pode ser considerado um livro, pois o fato de ter uma história ou informações é o que permite-o ser identificado como "livro" e não como "caderno" ou meramente "maço de papel").
O acidente é algo que pode ser inerente ou não ao ser, mas que, mesmo assim, não descaracteriza-se o ser por sua falta (o tamanho de uma flor, por exemplo, é um acidente, pois uma flor grande não deixará de ser flor por ser grande; a sua cor, também, pois, por mais que uma flor tenha que ter, necessariamente, alguma cor, ainda assim tal característica não faz de uma flor o que ela é).
Potência, ato e movimento
Todas as coisas são em potência e em ato. Uma coisa em potência é uma coisa que tende a ser outra, como uma semente (uma árvore em potência). Uma coisa em ato é algo que já está realizado, como uma árvore (uma semente em ato). É interessante notar que todas as coisas, mesmo em ato, também são em potência (pois uma árvore - uma semente em ato - também é uma folha de papel ou uma mesa em potência). A única coisa totalmente em ato é o Ato Puro, que Aristóteles identifica com o Bem. Esse Ato não é nada em potência, nem é a realização de potência alguma. Ele é sempre igual a si mesmo, e não é um antecedente de coisa alguma. Desse conceito Tomás de Aquino derivou sua noção de Deus em que Deus seria "Ato Puro".
Um ser em potência só pode tornar-se um ser em ato mediante algum movimento. O movimento vai sempre da potência ao ato, da privação à posse. É por isso que o movimento pode ser definido como ato de um ser em potência enquanto está em potência.
O ato é portanto, a realização da potência, e essa realização pode ocorrer através da ação (gerada pela potência ativa) e perfeição (gerada pela potência passiva).
Pensamento de Aristóteles sobre a educação:
"A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces". Aristóteles (D.L. 5, 18).
Principais obras de Aristóteles:
- Ética e Nicômano
- Política
- Órganon
- Retórica das Paixões
- A poética clássica
- Metafísica
- De anima (Da alma)
- O homem de gênio e a melancolia
- Magna Moralia (Grande Moral)
- Ética a Eudemo
- Física
- Sobre o Céu
- Política
- Órganon
- Retórica das Paixões
- A poética clássica
- Metafísica
- De anima (Da alma)
- O homem de gênio e a melancolia
- Magna Moralia (Grande Moral)
- Ética a Eudemo
- Física
- Sobre o Céu
Frases de Aristóteles
"O verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre."
"A principal qualidade do estilo é a clareza."
"O homem que é prudente não diz tudo quanto pensa, mas pensa tudo quanto diz."
"O homem livre é senhor de sua vontade e somente escravo de sua própria consciência."
"Devemos tratar nossos amigos como queremos que eles nos tratem."
"O verdadeiro sábio procura a ausência de dor, e não o prazer."
Metafísica
A palavra metafísica é de origem grega onde Meta significa além e Physis significa Física
O que estuda
Metafísica é uma área do conhecimento que faz parte da Filosofia. A metafísica estuda os princípios da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc).
Objetivos
A metafísica busca também dar explicações sobre a essência dos seres e as razões de estarmos no mundo. Outro campo de análise da Metafísica são as relações e interações dos seres humanos com o Universo.
Na História
O grego Aristóteles foi o filósofo que pensou e produziu mais conhecimentos sobre metafísica na antiguidade. Já na época Moderna, podemos destacar os estudos do matemático e filósofo frânces René Descartes.
Principais questões trabalhadas
As principais questões levantadas e analisadas pela metafísica são: O que é real?; O que é liberdade?; O que é sobrenatural? O que fazemos no nosso planeta? Existe uma causa primária de todas as coisas?
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Ética
Definição
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
Códigos de ética
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética.
A ética em ambientes específicos
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc.
Antiética
Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado.
O pensamento aristotélico
A tradição representa um elemento vital para a compreensão da filosofia aristotélica. Em certo sentido, Aristóteles via o próprio pensamento como o ponto culminante do processo desencadeado por Tales de Mileto. A filosofia pretendia não apenas rever como também corrigir as falhas e imperfeições das filosofias anteriores. Ao mesmo tempo, trilhou novos caminhos para fundamentar as críticas, revisões e novas proposições.
Aluno de Platão, Aristóteles discorda de uma parte fundamental da filosofia. Platão concebia dois mundos existentes: aquele que é apreendido por nossos sentidos, o mundo concreto -, em constante mutação; e outro mundo - abstrato -, o das ideias, acessível somente pelo intelecto, imutável e independente do tempo e do espaço material. Aristóteles, ao contrário, defende a existência de um único mundo: este em que vivemos. O que está além de nossa experiência sensível não pode ser nada para nós.
Lógica
Para Aristóteles, a Lógica é um instrumento, uma introdução para as ciências e para o conhecimento e baseia-se no silogismo, o raciocínio formalmente estruturado que supõe certas premissas colocadas previamente para que haja uma conclusão necessária. O silogismo é dedutivo, parte do universal para o particular; a indução, ao contrário, parte do particular para o universal. Dessa forma, se forem verdadeiras as premissas, a conclusão, logicamente, também será.
Física
A concepção aristotélica de Física parte do movimento, elucidando-o nas análises dos conceitos de crescimento, alteração e mudança. A teoria do ato e potência, com implicaçõesmetafísicas, é o fundamento do sistema. Ato e potência relacionam-se com o movimento enquanto que a matéria se forma com a ausência de movimento.
Para Aristóteles, os objetos caíam para se localizarem corretamente de acordo com a natureza: o éter, acima de tudo; logo abaixo, o fogo; depois o ar; depois a água e, por último, aterra.
Psicologia
A Psicologia é a teoria da alma e baseia-se nos conceitos de alma (psykhé) e intelecto (noûs). A alma é a forma primordial de um corpo que possui vida em potência, sendo a essência do corpo. O intelecto, por sua vez, não se restringe a uma relação específica com o corpo; sua atividade vai além dele.
O organismo, uma vez desenvolvido, recebe a forma que lhe possibilitará perfeição maior, fazendo passar suas potências a ato. Essa forma é alma. Ela faz com que vegetem, cresçam e se reproduzam os animais e plantas e também faz com que os animais sintam.
No homem, a alma, além de suas características vegetativas e sensitivas, há também a característica da inteligência, que é capaz de apreender as essências de modo independente da condição orgânica.
Ele acreditava que a mulher era um ser incompleto, um meio homem. Seria passiva, ao passo que o homem seria ativo.
Biologia
A biologia é a ciência da vida e situa-se no âmbito da física (como a própria psicologia), pois está centrada na relação entre ato e potência. Aristóteles foi o verdadeiro fundador dazoologia - levando-se em conta o sentido etimológico da palavra. A ele se deve a primeira divisão do reino animal.
Aristóteles é o pai da teoria da abiogênese, que durou até séculos mais recentes, segundo a qual um ser nascia de um germe da vida, sem que um outro ser precisasse gerá-lo (exceto os humanos): um exemplo é o das aves que vivem à beira das lagoas, cujo germe da vida estaria nas plantas próximas.
Ainda no campo da biologia, Aristóteles foi quem iniciou os estudos científicos documentados sobre peixes sendo o precursor da ictiologia (a ciência que estuda os peixes), catalogou mais de cem espécies de peixes marinhos e descreveu seu comportamento. É considerado como elemento histórico da evolução da piscicultura e da aquariofilia.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------Metafísica
A palavra metafísica é de origem grega onde Meta significa além e Physis significa Física
O que estuda
Metafísica é uma área do conhecimento que faz parte da Filosofia. A metafísica estuda os princípios da realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc).
Objetivos
A metafísica busca também dar explicações sobre a essência dos seres e as razões de estarmos no mundo. Outro campo de análise da Metafísica são as relações e interações dos seres humanos com o Universo.
Na História
O grego Aristóteles foi o filósofo que pensou e produziu mais conhecimentos sobre metafísica na antiguidade. Já na época Moderna, podemos destacar os estudos do matemático e filósofo frânces René Descartes.
Principais questões trabalhadas
As principais questões levantadas e analisadas pela metafísica são: O que é real?; O que é liberdade?; O que é sobrenatural? O que fazemos no nosso planeta? Existe uma causa primária de todas as coisas?
A Metafísica Em Aristóteles
O termo "Metafísica" não é aristotélico; o que hoje chamamos de metafísica era chamado por Aristóteles de filosofia primeira. Esta é a ciência que se ocupa com realidades que estão além das realidades físicas que possuem fácil e imediata apreensão sensorial.
O conceito de metafísica em Aristóteles é extremamente complexo e não há uma definição única. O filósofo deu quatro definições para metafísica:
1. a ciência que indaga e reflete acerca dos princípios e primeiras causas;
2. a ciência que indaga o ente enquanto aquilo que o constitui, enquanto o ser do ente;
3. a ciência que investiga as substâncias;
4. a ciência que investiga a substância supra-sensível, ou seja, que excede o que é percebido através da materialidade e da experiência sensível.
Os conceitos de ato e potência, matéria e forma, substância e acidente possuem especial importância na metafísica aristotélica.
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Ética
Definição
O termo ética deriva do grego ethos (caráter, modo de ser de uma pessoa). Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social.
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos.
Códigos de ética
Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética.
A ética em ambientes específicos
Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética profissional (trabalho), ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc.
Antiética
Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado.
A Ética em Aristóteles
No sistema aristotélico, a ética é a ciência das condutas, menos exata na medida em que se ocupa com assuntos passíveis de modificação. Ela não se ocupa com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade.
Partindo das disposições naturais do homem (disposições particulares a cada um e que constituem o caráter), a moral mostra como essas disposições devem ser modificadas para que se ajustem à razão. Estas disposições costumam estar afastadas do meio-termo, estado que Aristóteles considera o ideal. Assim, algumas pessoas são muito tímidas, outras muito audaciosas. A virtude é o meio-termo e o vício se dá ou na falta ou no excesso. Por exemplo: coragem é uma virtude e seus contrários são a temeridade (excesso de coragem) e a covardia (ausência de coragem).
As virtudes se realizam sempre no âmbito humano e não têm mais sentido quando as relações humanas desaparecem, como, por exemplo, em relação a Deus. Totalmente diferente é a virtude especulativa ou intelectual, que pertence apenas a alguns (geralmente os filósofos) que, fora da vida moral, buscam o conhecimento pelo conhecimento. É assim que a contemplação aproxima o homem de Deus.
Considerações aristotélicas
Na filosofia aristotélica a política é um desdobramento natural da ética. Ambas, na verdade, compõem a unidade do que Aristóteles chamava de filosofia prática.
Se a ética está preocupada com a felicidade individual do homem, a política se preocupa com a felicidade coletiva da pólis. Desse modo, é tarefa da política investigar e descobrir quais são as formas de governo e as instituições capazes de assegurar a felicidade coletiva. Trata-se, portanto, de investigar a constituição do estado.
Acredita-se que as reflexões aristotélicas sobre a política originam-se da época em que ele era preceptor de Alexandre, o Grande.
Direito
Para Aristóteles, assim como a política, o direito também é um desdobramento da ética. O direito para Aristóteles é uma ciência dialética, por ser fruto de teses ou hipóteses, não necessariamente verdadeiras, validadas principalmente pela aprovação da maioria.
Retórica
Aristóteles considerava importante o conhecimento da retórica, já que ela se constituiu em uma técnica (por habilitar a estruturação e exposição de argumentos) e por relacionar-se com a vida pública. O fundamento da retórica é o entimema (silogismo truncado, incompleto), um silogismo no qual se subentende uma premissa ou uma conclusão. O discurso retórico opera em três campos ou gêneros: gênero deliberativo, gênero judicial e gênero epidítico (ostentoso, demonstrativo).
Poética
A poética é imitação (mimesis) e abrange a poesia épica, a lírica e a dramática: (tragédia e comédia). A imitação visa a recriação e a recriação visa aquilo que pode ser. Desse modo, a poética tem por fim o possível. O homem apresenta-se de diferentes modos em cada gênero poético: a poesia épica apresenta o homem como maior do que realmente é, idealizando-o; a tragédia apresenta o homem exaltando suas virtudes e a comédia apresenta o homem ressaltando seus vícios ou defeito.
Astronomia
O cosmos aristotélico é apresentado como uma esfera gigantesca, porém finita, à qual se prendiam as estrelas, e dentro da qual se verificava uma rigorosa subordinação de outras esferas, que pertenciam aos planetas então conhecidos e que giravam em torno da Terra, que se manteria imóvel no centro do sistema (sistema geocêntrico).[9]
Os corpos celestes não seriam formados por nenhum dos chamados quatro elementos transformáveis (terra, água, ar, fogo), mas por um elemento não transformável designado "quinta essência". Os movimentos circulares dos objetos celestes seriam, além de naturais, eternos.
Obra
A filosofia aristotélica é um sistema, ou seja, a relação e conexão entre as várias áreas pensadas pelo filósofo. Seus escritos versam sobre praticamente todos os ramos do conhecimento de sua época (menos as matemáticas).
Embora sua produção tenha sido excepcional, apenas uma parcela foi conservada. Seus escritos dividiam-se em duas espécies: as 'exotéricas' e as 'acroamáticas'. As exotéricaseram destinadas ao público em geral e, por isso, eram obras de caráter introdutório e geralmente compostas na forma de diálogo. As acroamáticas, eram destinadas apenas aos discípulos do Liceu e compostas na forma de tratados. Praticamente tudo que se conservou de Aristóteles faz parte das obras acroamáticas. Da exotéricas, restaram apenas fragmentos.
O conjunto das obras de Aristóteles é conhecido entre os especialistas como corpus aristotelicum.
O Organon, que é a reunião dos escritos lógicos, abre o corpus e é assim composto:
§ Categorias: análise dos elementos do discurso;
§ Sobre a interpretação: análise do juízo e das proposições;
§ Analíticos (Primeiros e Segundos): análise do raciocínio formal através do silogismo e da demonstração científica;
§ Tópicos: análise da argumentação em geral;
§ Elencos sofísticos: tido como apêndice dos Tópicos, analisa os argumentos capciosos.
Em seguida, aparecem os estudos sobre a Natureza e o mundo físico. Temos:
§ Física;
§ Sobre o céu;
§ Sobre a geração e a corrupção;
§ Meteorológicos.
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Filósofos Helênicos
Epicuro 341a.C-270a.C
Epicuro de Samos foi um filósofo grego do período helenístico. Seu pensamento foi muito difundido e numerosos centros epicuristas se desenvolveram na Jônia, no Egito e, a partir do século I, em Roma, onde Lucrécio foi seu maior divulgador.
Vida
Epicuro nasceu na Ilha de Samos, em 341 a.C., mas ainda muito jovem partiu para Téos, na costa da Ásia Menor. Quando criança estudou com o platonista Pânfilo por quatro anos e era considerado um dos melhores alunos. Certa vez ao ouvir a frase de Hesíodo, todas as coisas vieram do caos, ele perguntou: e o caos veio de que? Retornou para a terra natal em 323 a.C.. Sofria de cálculo renal, o que contribuiu para que tivesse uma vida marcada pela dor.
Epicuro ouviu o filósofo acadêmico Pânfilo em Samos, que não lhe foi de muito agrado. Por isso foi mandado para Téos pelo seu pai. Com Nausífanes de Téos, discípulo de Demócrito de Abdera, Epicuro teria entrado em contato com a teoria atomista — da qual reformulou alguns pontos. Epicuro ensinou filosofia em Lâmpsaco, Mitilene e Cólofon até que em 306 a.C. fundou sua própria escola filosófica, chamada O Jardim, onde residia com alguns amigos, na cidade de Atenas. Lecionou em sua escola até a morte, em 270 a.C., cercado de amigos e discípulos. Tendo sua vida marcada pelo ascetismo, serenidade e doçura.
Na Divina Comédia,de Dante Alighieri,Epicuro é colocado no Inferno como um Herege.Ele está na 6º Prisão,junto com seus seguidores,na cidade de Dite.A pena dos hereges é serem enterrados em túmulos ardentes e abertos,tendo os membros queimados pela areia quente.
Filosofia e obra
Epicuro
O propósito da filosofia para Epicuro era atingir a felicidade, estado caracterizado pela aponia, a ausência de dor (física) e ataraxia ou imperturbabilidade da alma. Ele buscou na natureza as balizas para o seu pensamento: o homem, a exemplo dos animais, busca afastar-se da dor e aproximar-se do prazer. Estas referências seriam as melhores maneiras de medir o que é bom ou ruim. Utilizou-se da teoria atômica de Demócrito para justificar a constituição de tudo o que há. Das estrelas à alma, tudo é formado de átomos, sendo, porém de diferentes naturezas. Dizia que os átomos são de qualidades finitas, de quantidades infinitas e sujeitos a infinitas combinações. A morte física seria o fim do corpo (e do indivíduo), que era entendido como somatório de carne e alma, pela desintegração completa dos átomos que o constituem. Desta forma, os átomos, eternos e indestrutíveis, estariam livres para constituir outros corpos. Essa teoria, exaustivamente trabalhada, tinha a finalidade de explicar todos os fenômenos naturais conhecidos ou ainda não e principalmente extirpar os maiores medos humanos: o medo da morte e o medo dos deuses. Naqueles tempos, Epicuro percebeu que as pessoas eram muito supersticiosas e haviam se afastado da verdadeira função das religiões e dos deuses. Os deuses, segundo ele, viviam em perfeita harmonia, desfrutando da bem-aventurança (felicidade) divina. Não seria preocupação divina atormentar o homem de qualquer forma. Os deuses deveriam ser tomados como foram em tempos remotos, modelos de bem-aventurança que servem como modelo para os homens e não seres instáveis, com paixões humanas, que devem ser temidos.
Desta forma procurou tranquilizar as pessoas quanto aos tormentos futuros ou após a morte. Não há por que temer os deuses nem em vida e nem após a vida. E além disso, depois de mortos, como não estaremos mais de posse de nossos sentidos, será impossível sentir alguma coisa. Então, não haveria nada a temer com a morte. No entanto, a caminho da busca da felicidade, ainda estão as dores e os prazeres. Quanto às dores físicas, nem sempre seria possível evitá-las. Mas Epicuro faz questão de frisar que elas não são duradouras e podem ser suportadas com as lembranças de bons momentos que o indivíduo tenha vivido. Piores e mais difíceis de lidar são as dores que perturbam a alma. Essas podem continuar a doer mesmo muito tempo depois de terem sido despertadas pela primeira vez. Para essas, Epicuro recomenda a reflexão. As dores da alma estão frequentemente associadas às frustrações. Em geral, oriunda de um desejo não satisfeito.
Encontra-se aqui um dos pontos fundamentais para o entendimento dessa curiosa doutrina, que também foi tomada por seus seguidores e discípulos como um evangelho ou boa nova, o equacionamento entre dores e prazeres.
Das 300 obras escritas pelo filósofo, restaram apenas três cartas que versam sobre a natureza, sobre os meteoros e sobre a moral, e uma coleção de pensamentos, fragmentos de outras obras perdidas. Estas cartas, com os fragmentos, foram coligidos por Hermann Usener sob o título deEpicurea, em 1887, mas mais tarde descobriu ser de Leucipo paraHermann Diels[1] . Por suas proposições filosóficas Epicuro é considerado um dos precursores do pensamento anarquista no período clássico.
A certeza
Segundo Epicuro, para atingir a certeza é necessário confiar naquilo que foi recebido passivamente na sensação pura e, por consequência, nas idéias gerais que se formam no espírito (como resultado dos dados sensíveis recebidos pela faculdade sensitiva).
O atomismo
Epicuro defendia ardorosamente a liberdade humana e a tranqüilidade do espírito. O atomismo, acreditava o filósofo, poderia garantir ambas as coisas desde que modificado. A representação vulgar do mundo, com seus deuses, o medo dos quais fez com que se cometessem os piores atos, é obstáculo à serenidade. Todas as doutrinas filosóficas, salvo o atomismo, participam dessas superstições.
No sistema epicurista, os átomos se encontram fortuitamente, por uma leve inclinação em sua trajetória, que o faria chocar com outro átomo para constituir a matéria. Esta é a grande modificação em relação ao atomismo de Demócrito, onde o encontro dos átomos é necessário. A inclinação a que o átomo se desvia poderia ser por uma vontade, um desejo ou por afinidade com outro átomo. Precisamente este é o ponto fosco na teoria atômica de Epicuro. Provavelmente tenha explicado melhor em alguma de suas obras perdidas. Certo é que este encontro fortuito dos átomos que garante a liberdade (se assim não fosse, tudo estaria sob o jugo da Natureza) e garante a explicação dos fenômenos, sua elucidação, fazendo com que possam ser explicados racionalmente. Assim, ao compreender como opera a Natureza, o homem pode livrar-se do medo e das superstições que afligem o espírito.
O prazer
A doutrina de Epicuro entende que o sumo bem reside no prazer e, por isso, foi uma doutrina muitas vezes confundida com o hedonismo. O prazer de que fala Epicuro é o prazer do sábio, entendido como quietude da mente e o domínio sobre as emoções e, portanto, sobre si mesmo. É o prazer da justa-medida e não dos excessos. É a própria Natureza que nos informa que o prazer é um bem. Este prazer, no entanto, apenas satisfaz uma necessidade ou aquieta a dor. A Natureza conduz-nos a uma vida simples. O único prazer é o prazer do corpo e o que se chama de prazer do espírito é apenas lembrança dos prazeres do corpo. O mais alto prazer reside no que chamamos de saúde. Entre os prazeres, Epicuro elege a amizade. Por isso o convívio entre os estudiosos de sua doutrina era tão importante a ponto de viverem em uma comunidade, o "Jardim". Ali, os amigos poderiam se dedicar à filosofia, cuja função principal é libertar o homem para uma vida melhor.[2]
O desejo
Desejos naturais | Desejos frívolos | ||||
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Necessários | Simplesmente naturais | Artificiais | Irrealizáveis | ||
Para a felicidade (eudaimonia) | Para a tranquilidade do corpo(protecção) | Para a vida (nutrição,sono) | Variações de prazeres, busca do agradável | Exemplo: riqueza,glória | Exemplo:imortalidade |
Plotino 205-270
Plotino (Πλωτῖνος, 205 Licopólis, Egito - 270 D.C.), foi um discípulo de Amônio Sacas por 11 anos e mestre de Porfírio. Plotino nos legou ensinamentos em seis livros, de nove capítulos cada, chamados de As Enéadas. Nasceu em Licópolis, no Egito.[1]
Biografia
Acompanhou uma expedição à Pérsia, liderada pelo imperador Gordiano, onde tomou contato com a filosofia persa e indiana. Regressou à Alexandria e, aos 40 anos, estabeleceu-se em Roma. Desenvolveu as doutrinas aprendidas de Amônio Saccas numa escola de filosofia junto a seleto grupo de alunos. Pretendia fundar uma cidade chamada Platonópolis, baseada nos ensinamentos de A República de Platão.
Porfírio, seu discípulo,[1] trinta anos após a morte de Plotino, publicou os tratados, em uma edição completa. No trabalho editorial, Porfírio subdividiu alguns escritos de forma a atingir o número de 54 tratados. Seguindo a tradição pitagórica, tem-se que 54 = 6 (número da perfeição) x 9 (número da totalidade). Assim, ele obteve 6 grupos temáticos, contendo 9 tratados cada qual (donde Enéadas; “enea” = “nove”).
Conta Eunápio que Porfírio, após haver estudado com Plotino, tomou horror ao próprio corpo e velejou para a Sicília, seguindo a rota de Odisseu, e ficou em um promontório da ilha, sem se alimentar e evitando o caminho do homem; Plotino, que ou o estava seguindo ou recebeu informações sobre o jovem discípulo, foi até ele e o convenceu com suas palavras, de modo que Porfírio voltou a reforçar seu corpo para sustentar sua alma.[1]
Os critérios editoriais de Porfírio, possivelmente, tinham por objetivo formar uma série que mostrasse o caminho para a sabedoria. Nas palavras de O'Meara: "Com isso Porfírio quis oferecer ao leitor uma passagem pelos escritos de Plotino que lhe traria uma formação filosófica, uma condução até o bem absoluto. O alvo geral da leitura e interpretação dos textos nas escolas do Império era, em primeira linha, a transformação da vida, a cura da alma, a condução para uma vida boa resultante disso”.
A influência de Plotino e dos neoplatônicos sobre o pensamento cristão, islâmico e judaico, bem como sobre os pensadores do Renascimento, foi enorme. Foram direta ou indiretamente influenciados por ele, Gregório de Nazianzo, Gregório de Nissa, Santo Agostinho, Pseudo-Dionísio, o Areopagita, Boécio, João Escoto Erígena, Alberto Magno, Santo Tomás de Aquino, Dante Alighieri, Mestre Eckhart, Johannes Tauler, Nicolau de Cusa, São João da Cruz, Marsílio Ficino, Pico de la Mirandola, Giordano Bruno, Avicena, Ibn Gabirol,Espinosa, Leibniz, Coleridge, Henri Bergson e Máximo, o Confessor.
Teoria
Plotino dividia o universo em três hipóstases: O Uno, o Nous (ou mente) e a Alma.
Uno
Segundo Plotino, o Uno refere-se a Deus, dado que sua principal característica é a indivisibilidade. "É em virtude do Uno [unidade] que todas as coisas são coisas." (Plotino, Enéada VI, 9º tratado)
Nous
Nous, termo filosófico grego que não possui uma transcrição direta para a língua portuguesa, e que significa atividade do intelecto ou da razão em oposição aos sentidos materiais. Muitos autores atribuem como sinônimo a Nous os termos "Inteligência" ou "Pensamento".
O significado ambíguo do termo é resultado de sua constante apropriação por diversos filósofos, para denominar diferentes conceitos e idéias. Nous refere-se, dependendo do filósofo e do contexto, vezes a uma faculdade mental ou característica, outras vezes a uma correspondente qualidade do universo ou de Deus.
§ Homero usou o termo nous significando atividade mental em termos gerais, mas no período pré-Socrático o termo foi gradualmente atribuído ao saber e a razão, em contraste aos sentidos sensoriais.
§ Anaxágoras descreveu nous como a força motriz que formou o mundo a partir do caos original, iniciando o desenvolvimento do cosmo.
§ Platão definiu nous como a parte racional e imortal da alma. É o divino e atemporal pensamento no qual as grandes verdades e conclusões emergem imediatamente, sem necessidade de linguagem ou premissas preliminares.
§ Aristóteles associou nous ao intelecto, distinto de nossa percepção sensorial. Ele ainda dividiu-o entre nous ativo e passivo. O passivo é afetado pelo conhecimento. O ativo é a eterna primeira causa de todas as subsequentes causas no mundo.
§ Plotino descreveu nous como sendo umas das emanações do ser divino.
Alma
Na Teosofia, a alma é associada ao 5º princípio do Homem, Manas, a Alma Humana ou Mente Divina. Manas é o elo entre o espírito (a díade Atman-Budhi) e a matéria (os princípios inferiores do Homem).
Assim, a constituição sétupla do Homem, aceita na Teosofia, adapta-se facilmente a um sistema com três elementos: Espírito, alma e corpo. Sendo a alma o elo entre o Espírito e o corpo do homem.
Filósofos Romanos: Boécio - Marco Aurélio - Sêneca - Cícero
Boécio (480-524d.c)
Anício Mânlio Torquato Severino Boécio (em latim Anicius Manlius Torquatus Severinus Boethius, Roma, c. 480 — Pavia, 524ou 525), mais conhecido simplesmente por Boécio, foi um filósofo, estadista e teólogo romano que se notabilizou pela sua tradução e comentário do Isagogede Porfírio, obra que se transformou num dos textos mais influentes da Filosofia medieval europeia. Traduziu, comentou ou resumiu, entre outras obras dos clássicos gregos, para além do Isagoge de Porfírio e do Organon deAristóteles, vários tratados sobre matemática, lógica e teologia. Notabilizou-se também como um dos teóricos da música daantiguidade clássica greco-latina, escrevendo a obra De institutione musica, também aparentemente com base em antigos escritos gregos. Sendo senador de Roma, no ano de 510 foi nomeado cônsul e em 520 foi elevado a chefe do governo e dos serviços da corte pelo rei ostrogodo Teodorico o Grande. Pouco depois, devido a desacordos políticos e por ter apoiado um senador apontado pelo rei como traidor, foi ele próprio acusado de traição a favor do Império Bizantino e de magia, sendo subsequentemente torturado, condenado à morte e executado. Enquanto aguardava sob prisão a execução, escreveu De Consolatione Philosophiae (Do Consolo pela Filosofia), obra que versa, entre outros temas, o conceito de eternidade e na qual tenta demonstrar que a procura da sabedoria e do amor de Deus é a verdadeira fonte da felicidade humana. Membro de uma família ligada ao então nascente cristianismo, é considerado pela Igreja Católica Romana, pelo seu contributo para a teologia cristã e pelos serviços que prestou aos cristãos, ummártir e um dos Padres da Igreja.
Biografia
Boécio nasceu em Roma por volta do ano 480, quando o Império Romano do Ocidente vivia os seus últimos anos e quando na Europa a Antiguidade Clássica já cedia lugar à Idade Média. Era filho de Flávio Mânlio Boécio, pertencente a uma importante e antiga família patrícia dos Anicii, cristianizada há mais de um século, que tinha dado a Roma vários cônsules e o imperador Anício Olíbrio. Na linha paterna contava, pelo menos, dois papas e a linhagem materna incluía alguns imperadores romanos. O pai seria feito cônsul em 487, já depois de Odoacro depor o último imperador romano do ocidente. O pai faleceu pouco depois de ter sido nomeado cônsul, deixando órfão Boécio com apenas sete anos, que em resultado foi educado por Quinto Aurélio Mêmio Símaco (Quintus Aurelius Memmius Symmachus), amigo da família, também ele um patrício e cristão pio.
Desconhece-se onde Boécio aprendeu a língua grega com tamanha proficiência e profundidade e onde adquiriu os profundos conhecimentos sobre os autores clássicos greco-latinos que a sua obra demonstra. Os documentos históricos conhecidos são ambíguos, mas alguns estudiosos apontam como muito provável que tenha estudado em Atenas ou em Alexandria, sendo esta última hipótese mais provável dado existirem referências a um Boécio, talvez o seu pai, que seria, por volta do ano de 470, proctorde uma escola daquela cidade.
Qualquer que tenha sido a sua origem, os conhecimentos de grego e de literatura e filosofia grega que Boécio demonstrou estava muito além do que era então a norma, mesmo para a classe mais educada, até porque se vivia um período de grande conturbação social, marcado pelo desmoronar do Império e pelas invasões bárbaras, em que o ensino estava em decadência e havia um marcado recuo no conhecimento da filosofia clássica.
Casou com Rusticiana, uma filha do seu mentor Símaco, tendo, pelo menos dois filhos. Seguindo a tradição familiar, era senador e em 510 foi escolhido cônsul, já quando Roma se encontrava sob domínio dos ostrogodos.
Face à crescente escassez de pessoas com formação avançada, resultado das convulsões do tempo e do declínio dos estudos clássicos, o jovem Severino Boécio entrou ao serviço do rei ostrogodo Teodorico, o Grande, sendo encarregado de múltiplas funções de grande responsabilidade.
Por volta do ano 520, quando tinha cerca de 40 anos de idade, Severino Boécio já ocupava a posição de magister officiorum, posição correspondente à de governador da corte e chefe dos serviços governamentais do rei Teodorico, o Grande. Reflectindo a importância política e o prestígio do pai, os seus dois filhos foram escolhidos para co-cônsules no ano de 522.
Acabou por se tornar amigo e confidente daquele rei, o que o não livraria de no ano de 523 ser preso por sua ordem. A prisão ocorreu supostamente por Boécio ter defendido abertamente o senador Albino, caído em desgraça e acusado de traição por ter escrito uma missiva ao imperador bizantino Justino I queixando-se da governação de Teodorico. Outras fontes acusam-no de estar envolvido numa conspiração para restaurar a república, com o favor do imperador bizantino.
Estas acusações têm como enquadramento a profunda rivalidade política e religiosa existente entre Justino I, um cristão ortodoxo imperador de Bizâncio e Teodorico, que defendia as teses do arianismo e pretendia manter o domínio sobre Roma. Apesar de no ano de 520 se ter conseguido ultrapassar o cisma religioso existente entre Bizâncio e Roma, as relações eram tensas e seguramente o helenismo de Boécio fazia dele um alvo óbvio. Foi acessoriamente acusado de magia, por estar envolvido em estudos de astrologia, algo então considerado como sacrílego, mas que ele negou veementemente, atribuindo a sua prisão a difamação pelos seus rivais pessoais.
Qualquer que tenha sido a causa, foram-lhe retiradas todas as honras, viu os seus bens confiscados e foi aprisionado em Pavia, onde foi torturado. Ainda assim, pôde escrever na prisão a obra De Consolatione Philosophiae, um dos seus melhores trabalhos, na qual reflecte sobre a instabilidade de um Estado cujo governo depende de um único homem, como era o caso do rei Teodorico, e sobre conceitos metafísicos, entre os quais o conceito de eternidade.
Por ordem de Teodorico, ratificada pelo Senado aparentemente sob coacção, foi executado em Pávia em finais do ano de 524 ou princípios de 525, sem chegar a ser julgado. Considerado desde logo como um mártir cristão, morto pela sua ortodoxia face aoarianismo do rei, os seus restos mortais foram recolhidos e ainda hoje repousam como relíquias num altar da basílica de San Pietro in Ciel d'Oro de Pavia.
Considerado o "Último dos Romanos" e o primeiro dos filósofos escolásticos, a fama de Boécio foi duradoira, propagando-se através da suas obras, as quais serviram durante a Idade Média europeia como forma de acesso à filosofia, à matemática e à música da Antiguidade Clássica, com destaque para os autores greco-latinos.
O Bem-aventurado Severino Boécio é, também, afamado teólogo e padre da Igreja. Venerado como mártir pela Igreja Católica Romana, Leão XIII sancionou seu culto público para a Diocese de Pavia aos 25 de dezembro de 1883, Natal. É celebrado a 23 de Outubro.
Em sua homenagem, o nome de Cratera Boécio foi dado a uma estrutura da orografia da Lua e de Mercúrio.
Obras
A Filosofia conversa com Boécio, iluminura da obra Consolation(Ghent, 1485). [foto]
Entre as obras de Boécio, a mais conhecida é De consolatione philosophiae (A Consolação pela Filosofia), sua última obra, escrita na prisão enquanto aguardava a execução da pena de morte. É um texto neo-platónico, no qual a procura da sabedoria e do amor de Deus é considerada como a verdadeira fonte da felicidade humana. Contudo, toda a sua obra, e um esforço intelectual que ocupou toda a sua vida, foi uma tentativa deliberada de preservar o conhecimento antigo, particularmente a filosofia, então em risco face ao desmoronar do Império Romano e das suas estruturas sociais perante a chegada das hordas de bárbaros incultos que submergiam a sociedade romana.
Tencionava traduzir do original grego para o latim e comentar todas as obras de Aristóteles e traduzir e talvez comentar as dePlatão, o que infelizmente não conseguiu. Pretendia com isso restaurar as ideias daqueles pensadores e formar com elas um todo harmónico. Neste labor, Boécio prosseguia o mesmo ideal de helenismo que já tinha animado Cícero.
Apesar de não ter conseguido atingir o objectivo a que se propunha, ainda assim traduziu os seis volumes de lógica do Organon de Aristóteles, com o seus comentários gregos, num trabalho que produziu a única porção significativa das obras de Aristóteles disponíveis na Europa até ao século XII. Algumas das suas traduções aparecem enriquecidas com o seu próprio comentário, reflectindo os conceitos aristotélicos e platónicos que perfilhava. É o caso da sua tradução de Topica de Aristóteles, onde as basesretóricas do inventio são apresentadas numa perspectiva bem diferente da original.
Outras obras de Boécio que teve profunda repercussão no pensamento europeu foi a sua tradução comentada do Isagoge dePorfírio, feita antes do ano 510, na qual ele ressalta o problema dos universais, discutindo se os conceitos são entidades auto-subsistentes, isto é que existiriam independentes do pensamento, ou se eles são meramente ideias cuja existência é resultado directo do pensamento. Este tópico, relativo à natureza ontológica das ideias universais alimentou um das controvérsias mais duradouras da filosofia medieval, com reflexos que atingem a filosofia contemporânea.
Também traduziu, por volta do ano 511 e quando era cônsul, o tratado Kategoriai e escreveu comentários ao tratado Peri hermeneias("Sobre a interpretação"), ambos de Aristóteles. Um curto comentário a outra das obras de Aristóteles, a Analytika Protera ("Análise prévia"), bem como dois curtos textos sobre silogismos também parecem datar desta época.
Para além de obras de Filosofia, Boécio também traduziu, acrescentando-lhes muito do seu pensamento, textos gregos de carácter didáctico, cobrindo os tópicos do Quadrivium. Entre esses textos destacam-se os relativos aos campos da aritmética e da música, que são conhecidos, e que são baseados em textos didácticos de Nicómaco de Gerasa, um matemático palestiniano do século I. Pouco sobreviveu da parte do Quadrivium relativa à geometria e perdeu-se toda a parte referente à astronomia.
Apesar de hoje incompletas, as suas obras para o Quadrivium, foram, na acepção moderna do termo, um dos manuais que serviram de base à educação europeia durante muitos séculos.
Boécio também escreveu trabalhos sobre teologia, em boa parte propondo argumentos para suportar a ortodoxia cristã contra o arianismoe o debate de temas importantes da cristologia da época. A autoria desses trabalhos foi frequentemente disputada, em parte por uma aparente falta de congruência com a sua obra De Consolatione Philosophiae, onde não é feita qualquer menção a Cristo ou a conceitos claramente cristãos. Contudo, a descoberta de uma sua biografia, escrita pelo seu contemporâneo e colega senador Cassiodoro, veio afastar essas dúvidas. Naquela biografia, Cassiodoro aponta-o como um poeta, autor de um poema pastoril, tradutor dos clássicos gregos, e como um orador consagrado, a quem coubera fazer o eulogio do rei Odoacro.
A Roda de Boécio, ou mais comummente a Roda da Fortuna, foi um conceito explicitado por Boécio na sua De Consolatione Philosophiaeque ganhou grande popularidade por toda a Europa durante a Idade Média e que ainda mantém actualidade. Baseia-se na aceitação de que a sorte dos indivíduos se alterna, permitindo que os ricos e poderosos sejam humilhados e destruídos e que os desprotegidos possam ascender à grandeza. Múltiplas obras de arte, pictóricas, escultóricas, poemas e textos vários, incluindo composições musicais recentes (como a canção Wheel in the Sky da banda rock Journey).
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Marco Aurélio (121-180)
César Marco Aurélio Antonino Augusto (em latim Caesar Marcus Aurelius Antoninus Augustus), conhecido como Marco Aurélio(26 de abril de 121 — 17 de março de 180), foi imperador romano desde 161 até sua morte. Nascido Marco Ânio Catílio Severo (Marcus Annius Catilius Severus), tomou o nome de Marco Ânio Vero (Marcus Annius Verus) pelo casamento. Ao ser designado imperador, mudou o nome para Marco Aurélio Antonino, acrescentando-lhe os títulos de imperador, césar e augusto. Aureliussignifica "dourado", e a referência a Antoninus deve-se ao facto de ter sido adoptado pelo imperador Antonino Pio.
Seu reinado foi marcado por guerras na parte oriental do Império Romano contra os partas, e na fronteira norte, contra os germanos. Foi o último dos cinco bons imperadores, e é lembrado como um governante bem-sucedido e culto; dedicou-se à filosofia, especialmente à corrente filosófica do estoicismo, e escreveu uma obra que até hoje é lida, Meditações.
Biografia
O seu tio Antonino Pio designou-o como herdeiro em 25 de fevereiro de 138 (pouco depois de ele mesmo ter sucedido a Adriano). Marco Aurélio tinha então apenas dezessete anos de idade. Antonino, no entanto, também designou Lúcio Vero como sucessor. Quando Antonino faleceu, Marco Aurélio subiu ao trono em conjunto com Vero, na condição de serem co-imperadores (augustos), ressalvando no entanto que a sua posição seria superior à de Vero. Os motivos que conduziram a esta divisão do poder são desconhecidos.
No entanto, esta sucessão conjunta pôde muito bem ter sido motivada pelas cada vez maiores exigências militares que o império atravessava. Durante o reinado de Marco Aurélio, as fronteiras do Império Romano foram constantemente atacadas por diversos povos: na Europa, germanos tentavam penetrar na Gália, e na Ásia, os partos renovaram os seus assaltos. Sendo necessária uma figura autoritária para guiar as tropas, e não podendo o mesmo imperador defender as duas fronteiras em simultâneo, nem tão-pouco nomear um lugar-tenente que poderia (tal como, de resto, fizeram Júlio César ouVespasiano) usar o seu poder, após uma portentosa vitória, para derrubar o governo e instalar-se a si mesmo como imperador.
Assim sendo, Marco Aurélio teria resolvido a questão enviando o co-imperador Vero como comandante das legiões situadas no oriente. Vero era suficientemente forte para comandar tropas, e ao mesmo tempo já detinha parte do poder, o que certamente não o encorajava a querer derrubar Marco Aurélio. O plano deste último revelou-se um sucesso - Lúcio Vero permaneceu leal até à sua morte, em campanha, no ano 169.
De certa forma, este exercício dual do poder no início do reinado de Marco Aurélio parece uma reminiscência do sistema político daRepública Romana, assente na colegialidade dos cargos e impedindo que uma única pessoa tomasse conta do poder supremo - como sucedia com os cônsules, sempre nomeados em número de dois. A colegialidade do poder supremo foi reavivada mais tarde por Diocleciano, quando este estabeleceu a Tetrarquia imperial em finais do século III.
Marco Aurélio casou-se com Faustina, a Jovem, filha de Antonino Pio e da imperatriz Faustina a Velha, em 145. Durante os seus trinta anos de casamento, Faustina gerou 13 filhos, entre os quais Cómodo, que se tornou imperador após Marco Aurélio, e Lucila, a qual casou com Lúcio Vero para solidificar a sua aliança com Marco Aurélio.
Marco Aurélio faleceu em 17 de março de 180, durante uma expedição contra os marcomanos, que cercavam Vindobona (actualViena, na Áustria). As suas cinzas foram trazidas para Roma, e depositadas no mausoléu de Adriano.
Pouco anos antes de morrer, designou o seu filho Cómodo como herdeiro (o qual foi o primeiro imperador a suceder a outro por via consaguínea, e não por adopção, desde o final do século I), tendo-o ainda feito co-imperador em 177.
No entanto, Cómodo, para além de ser egocêntrico, não estava preparado para o exercício do poder. Por isso, muitos historiadores fazem coincidir o início do declínio de Roma com a morte de Marco Aurélio e a ascensão ao trono de Cómodo. Diz-se até que a sua morte foi a morte da Pax Romana.
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Sêneca (4a.C(c.)-65)
Lúcio Aneu Séneca (português europeu) ou Sêneca (português brasileiro) (em latim: Lucius Annaeus Seneca; Corduba, 4 a.C. — Roma, 65 d.C.) foi um dos mais célebres escritores e intelectuais do Império Romano. Conhecido também como Séneca (ou Sêneca), o Moço, o Filósofo, ou ainda, o Jovem, sua obra literária e filosófica, tida como modelo do pensador estoico durante o Renascimento, inspirou o desenvolvimento da tragédia na dramaturgia europeia renascentista.
Vida
Oriundo de família ilustre, era o segundo filho de Hélvia e de Marco Aneu Sêneca (Séneca, o Velho). O pai era um orador eloquente e muito abastado. O irmão mais velho de Lúcio chamava-se Lúcio Júnio Gálio e era procônsul (administrador público) na Aquéia, onde em 53 d.C. se encontrou com o apóstolo Paulo. Séneca, o Jovem, foi tio do poeta Lucano.
Ainda criança (tres anos), foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia. Com a saúde abalada pelo rigor dos estudos, passou uma temporada no Egito para se recuperar e regressou a Roma por volta do ano 31 da era cristã. Nessa ocasião, iniciou carreira como orador e advogado e logo chegou ao Senado.
Em 41 [carece de fontes] envolveu-se num processo por causa de uma ligação com Júlia Livila, sobrinha do imperador Cláudio, que o desterrou.[1] No exílio, Séneca dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre os três intitulados Consolationes("Consolos"), em que expõe os ideais estóicos clássicos de renúncia aos bens materiais e busca da tranqüilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação.
Por influência de Agripina a jovem, sobrinha do imperador e uma das mulheres com quem este se casou, Sêneca retornou a Roma em 49. Agripina tornou-o preceptor de seu filho, o jovem Nero,[2] e elevou-o a pretor em 50. Seneca contraiu matrimônio com Pompéia Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos.
Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, o escritor vingou-se com um escrito que foi considerado obra-prima das sátiras romanas,Apocolocyntosis divi Claudii("Transformação em abóbora do divino Cláudio").[3] Nessa obra, Séneca critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses. Seu irmão, Lúcio Júnio Gálio,[4] também ridiculariou Cláudio: fazendo uma analogia com as pessoas executadas, que eram levadas ao Forum puxadas por ganchos, ele disse que Cláudio havia elevado aos céus puxado por um gancho.[5]
Quando Nero aos dezessete anos tornou-se imperador, Sêneca continuou a seu lado, não mais como pedagogo, converteu-se em seu principal conselheiro ajudado por Afrânio Burro, prefeito do Pretório. Procurou orientá-lo para uma política justa e humanitária. Se durante os primeiros sete anos, o governo de Nero lembra o de Augusto, o mérito exclusivo é desses dois homens que na realidade governaram ao lado do jovem príncipe. A índole de Nero foi mitigada, corrigida, freada; mais tarde a malvadez teve o predomínio. Séneca durante algum tempo, exerceu influência benéfica sobre o jovem, mas aos poucos foi forçado a adotar atitudes de complacência. Chegou mesmo a redigir uma carta ao Senado na qual se alega que tentava justificar a execução de Agripina em 59. Séneca sabia que a maior culpa foi da própria Agripina, que pretendia imperar e se tornara hostil por ambição, capricho, corrupção; sua raiva crescente só fez aumentar a louca vingança matricida de Nero que não dá mais ouvidos às palavras severas de seus dois conselheiros. Séneca foi então muito criticado pela fraca oposição à tirania e à acumulação de riquezas, incompatíveis com as concepções estóicas. Conforme concluiu o emérito professor Giulio Davide Leoni, o destino foi em parte malvado para com Sêneca, fez chegar até nós acusações e perderam-se as defesas. Da leitura atenta de suas páginas, do modo como aceitou e caminhou para a morte, como Sócrates, faz surgir um juízo sincero que as reticências dos historiadores e estudiosos, muitas vezes, acabam por ofuscar.
Em “De Beneficiis” ( II,18) Séneca lembra que: “Às vezes , mesmo contra a nossa vontade devemos aceitar um benefício: quando é dado por um tirano cruel e iracundo, que reputaria injuria que tu desdenhasses seu presente. Não deverei aceitar?” Assim, mais importante do que saber que Séneca era rico, é saber se ele era hávido de riquezas, se viveu no fausto e na opulência. Conforme suas “ Epistulae Morales ad Lucilium, 18 , seu pensamento era este: é lícito ser rico, contudo é preciso viver de tal modo que se possa em cada contingencia bastar a si próprio e renunciar a qualquer bem que a sorte pode dar, mas também tirar. Rico, Séneca viveu com um certo conforto, mas conforme acreditava e pregava, sempre de maneira modesta. Tem razão o professor G.D. Leoni, da "Sedes Sapientiae", quando afirma no seu estudo introdutivo ao volume XLIV da Biblioteca Clássica da Atena Editora, São Paulo,1957, que, sem dúvida, a posteridade foi injusta, recolhendo contra esse homem somente as invejosas acusações dos seus inimigos. Mas a perfeita intuição dos poetas define aquilo que os críticos se esforçam por esclarecer mas amiúde ofuscam. Dante, no limbo, vê entre os sumos escritores e heróis antigos --- Sócrates, Platão,Demócrito, Diógenes, Anaxágora, Tales, Empédocles, Heráclito, Zenão, Dioscórides, Orfeu, Cícero, Lino e " Séneca morale". Séneca diferente de um filósofo é um entusiasta da filosofia, estudioso apaixonado, informado de todas as correntes filosóficas do seu tempo, mas contrário a encerrar-se em qualquer sistema ou fórmula. Nele a filosofia era viva, era a própria vida. "A prosa adere ao pensamento, uniformiza-se adapta-se a ele; e muitas vezes um subentendido produz um jogo de luzes e sombras cheios de profunda beleza, amiúde a frase breve produz inesperadas imagens pictóricas,outras vezes antíteses, ou as anedotas enriquecem as sentenças austeras, a argúcia atenua a trágica solenidade do assunto". Poeta, humanista, mais que filósofo, o elemento preponderante em suas obras são os sentimentos, mais do que as idéias, com as quais, na origem, pouco contribuiu. Entretanto, na história do pensamento, nunca, ninguém foi tão compenetrado do sentimento da nobreza do espírito humano, e soube tão bem e poderosamente transmitir esse sentimento em palavras." Sua prosa é vivaz, variada, alegre, moderna, eterna; como quando procura mostrar como as desventuras pelas quais passam os bons, devem ser encaradas como provas para melhor evidenciar suas virtudes, ajudar o próximo: " Os deuses põem à prova a virtude e exercitam a força de espírito dos bons, que devem seguir seu destino preestabelecido: o sábio por isso nunca será infeliz."
Séneca retirou-se da vida pública em 62. Entre seus últimos textos estão a compilação científicaNaturales quaestiones ("Problemas naturais"), os tratados De tranquillitate animi(Sobre a tranqüilidade da alma), De vita beata (Sobre a vida beata) e, talvez sua obra mais profunda, asEpistolae morales dirigidas a Lucílio, em que reúne conselhos estóicos e elementos epicuristas na pregação de uma fraternidade universal mais tarde considerada próxima ao cristianismo.
No ano 65 d.C., Séneca foi acusado de ter participado na conspiração de Pisão, na qual o assassínio de Nero teria sido planejado. Sem qualquer julgamento, foi obrigado a cometer o suicídio. Na presença dos seus amigos cortou os pulsos, com o ânimo sereno que defendia em sua filosofia. Tácito relatou a morte de Séneca e da mulher, que também cortou os pulsos. Nero, com medo da repercussão negativa dessa dupla morte, mandou que médicos a tratassem, e ela sobreviveu ao marido alguns anos.
Contemporâneo de Cristo
Apesar de ter sido contemporâneo de Cristo, Séneca não fez quaisquer relatos significativos de fenómenos milagrosos que aparentemente anunciavam o despoletar de uma poderosa nova religião; entretanto, Segundo Jerónimo ("De Viris Illustribus", xii), Séneca teria trocado correspondências com Paulo (apóstolo, com cidadania romana, também conhecido por Saulo)[6]. Constata-se que os cristãos, por intermédio de Lúcio Aneu Sêneca, assimilaram os princípios estóicos, utilizando inclusive as mesmas metáforas estóicas na Bíblia. Um facto tanto mais curioso quanto a Séneca, como filósofo, ter-se-á interessado por todos os fenómenos da natureza, resultando nas cartas intituladas posteriormente Questões da natureza, como observou Edward Gibbon, historiador representativo do Iluminismo do século XVIII, perito na história do Império Romano e autor do aclamado livro História do Declínio e Queda do Império Romano, uma referência ainda hoje.
A filosofia de Séneca
Séneca ocupava-se da forma correcta de viver a vida, ou seja, da ética, fisica e da lógica. Via o sereno estoicismo como a maior virtude, o que lhe permitiu praticar a imperturbabilidade da alma, denominada ataraxia (termo utilizado a primeira vez por Demócrito em 400 a.C.). Juntamente com Marco Aurélio e Cícero, conta-se entre os mais importantes representantes da intelectualidade romana.
Séneca via no cumprimento do dever um serviço à humanidade. Procurava aplicar a sua filosofia à prática. Deste modo, apesar de ser rico, vivia modestamente: bebia apenas água, comia pouco, dormia sobre um colchão duro. Séneca não viu nenhuma contradição entre a sua filosofia, estóica, e a sua riqueza material: dizia que o sábio não estava obrigado à pobreza, desde que o seu dinheiro tivesse sido ganho de forma honesta. No entanto, devia ser capaz de abdicar dele.
Séneca via-se como um sábio imperfeito: "Eu elogio a vida, não a que levo, mas aquela que sei dever ser vivida." Os afectos (como relutância, vontade, cobiça, receio) devem ser ultrapassados. O objectivo não é a perda de sentimentos, mas a superação dos afectos. Os bens podem ser adquiridos, à condição de não deixarmos que se estabeleça uma dependência deles.
Para Séneca, o destino é uma realidade. O homem pode apenas aceitá-lo ou rejeitá-lo. Se o aceitar de livre vontade, goza de liberdade. Amorte é um dado natural. O suicídio não é categoricamente excluído por Séneca.
Séneca influenciaria profundamente o pensamento de João Calvino. O primeiro livro de Calvino foi um comentário ao De Clementia, de Séneca.
A obra literária de Séneca (Sêneca)
Ao se analisarem os escritos de Seneca, é possível perceber a forma pela qual alcançou o conhecimento e desenvolvimento da ideia de fluxo de energia, que advém, segundo ele, de algumprincípio ativo (termo utilizado em seu livro Questões naturais), o qual sujeita a regra geral: Causa e Efeito, ou Ação e Reação, de tal forma que sugeria em uma de suas cartas a Lucílio, que só tem domínio de si aquele que não faz de seu corpo um peregrinador por outros corpos.
Séneca destacou-se como estilista literário. Numa prosa coloquial, seus trabalhos exemplificam a maneira de escrever retórica, declamatória, com frases curtas, conclusões epigramáticas e emprego de metáforas. A ironia é a arma que emprega com maestria, principalmente nas tragédias que escreveu, as únicas do gênero na literatura da antiga Roma. Versões retóricas de peças gregas, elas substituem o elemento dramático por efeitos brutais, como assassinatos em cena, espectros vingativos e discursos violentos, numa visão trágica e mais individualista da existência.
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Cícero (106a.C-43 a.C.)
Marco Túlio Cícero, em latim Marcus Tullius Cicero (Arpino, 3 de Janeiro de 106 a.C. — Formia, 7 de Dezembro de 43 a.C.), foi um filósofo, orador, escritor, advogado e político romano.
Cícero é normalmente visto como sendo uma das mentes mais versáteis da Roma antiga. Foi ele quem apresentou aos Romanos as escolas da filosofia grega e criou um vocabulário filosófico em Latim, distinguindo-se como um linguista, tradutor, e filósofo. Um orador impressionante e um advogado de sucesso, Cícero provavelmente pensava que a sua carreira política era a sua maior façanha. Hoje em dia, ele é apreciado principalmente pelo seu humanismo e trabalhos filosóficos e políticos. A sua correspondência, muita da qual é dirigida ao seu amigo Ático, é especialmente influente, introduzindo a arte de cartas refinadas à cultura Europeia. Cornelius Nepos, o biógrafo de Ático do século I a.C., comentou que as cartas de Cícero continham tal riqueza de detalhes "sobre as inclinações de homens importantes, as falhas dos generais, e as revoluções no governo" que os seus leitores tinham pouca necessidade de uma história do período.[1]
Durante a segunda metade caótica do século I a.C., marcada pelas guerras civis e pela ditadura de Júlio César, Cícero patrocinou um retorno ao governo republicano tradicional. Contudo, a sua carreira como estadista foi marcada por inconsistências e uma tendência para mudar a sua posição em resposta a mudanças no clima político. A sua indecisão pode ser atribuída à sua personalidade sensível e impressionável: era propenso a reagir de modo exagerado sempre que havia mudanças políticas e privadas. "Oxalá que ele pudesse aguentar a prosperidade com mais auto-controlo e a adversidade com mais firmeza!" escreveu C. Asínio Pólio, um estadista e historiador Romano seu contemporâneo.[2][3]
Vida pessoal
Primeiros anos
Cícero nasceu em 106 a.C. em Arpino, uma cidade numa colina, 100 quilómetros a sul de Roma. Por isso, ainda que fosse um grande mestre de retórica e composição Latina, Cícero não era "Romano" no sentido tradicional, e sempre se sentiu envergonhado disto durante toda a sua vida.
Durante este período na história Romana, se alguém quisesse ser considerado uma pessoa com cultura, era necessário falar Grego e Latim. A classe alta Romana até preferia usar a língua Grega em correspondência privada, sabendo que tinha expressões mais refinadas e precisas, era mais subtil, e em parte por causa da grande variedade de nomes abstractos. Cícero, como a maioria dos seus contemporâneos, foi educado com os ensinamentos dos antigos filósofos, poetas e historiadores gregos. Os professores mais proeminentes de oratória na altura também eram Gregos.[4] Cícero usou o seu conhecimento da língua Grega para traduzir muitos dos conceitos teóricos da filosofia grega em Latim, apresentando-os desta forma a uma maior audiência. Foi precisamente a sua educação que o ligou à elite Romana tradicional.[5]
O pai de Cícero era um rico equestre com bons contactos em Roma. Apesar de ter problemas de saúde que o impediam de entrar na vida pública, compensou por isto ao estudar extensivamente. Apesar de pouco ser conhecido sobre a mãe de Cícero, Hélvia, era comum as mulheres de importantes cidadãos Romanos serem responsáveis pela casa. O irmão de Cícero, Quinto, escreveu uma carta a dizer que ela era uma dona de casa frugal.[6]
O cognome de Cícero em Latim significa grão-de-bico. Os Romanos normalmente escolhiam sobrenomes realistas. Plutarco explica que o nome foi originalmente dado a um dos antepassados de Cícero porque ele tinha uma covinha na ponta do nariz que parecia um grão-de-bico. Plutarco diz também que foi dito a Cícero para mudar este nome depreciativo quando ele decidiu entrar na política, mas que este recusou, dizendo que ele ia fazer Cícero mais glorioso do que Escauro ("com tornozelos inchados") e Catulo ("Cachorrinho").
De acordo com Plutarco, Cícero era um estudante extremamente talentoso, cuja aprendizagem atraiu a atenção de toda a Roma,[8] dando-lhe a oportunidade de estudar a lei Romana sob Quinto Múcio Cévola.[9] Outros estudantes eram Caio Mário, o Jovem, Sérvio Sulpício Rufo (que se tornou advogado, um dos poucos que Cícero considerava serem superiores a ele próprio em assuntos legais), e Tito Pompónio. Os dois últimos tornaram-se amigos de Cícero por toda a vida, e Pompónio (que mais tarde recebeu o apelido de "Ático" por causa do seu amor pela cultura helénica) iria ser o maior conselheiro e suporto emocional de Cícero.
Cícero queria seguir uma carreira no serviço público civil nos passos do Cursus honorum. Em 90 a.C.–88 a.C., Cícero serviu Cneu Pompeu Estrabão e Lúcio Cornélio Sula durante a Guerra Social, apesar de não ter interesse nenhum na vida militar. Cícero era, antes de tudo, um intelectual. Cícero começou a sua carreira como advogado a cerca de 83-81 a.C. O seu primeiro caso importante de que se tem registo aconteceu em 80 a.C., e é a defesa de Sexto Róscio, acusado deparricídio.[10]Aceitar este caso foi um acto corajoso: parricídio era considerado um crime horrível, e as pessoas acusadas por Cícero, o mais famoso sendo Crisógono, eram favoritos do ditador Sula. Nesta altura, teria sido fácil para Sula mandar alguém assassinar o desconhecido Cícero. A defesa de Cícero foi um desafio indirecto ao ditador, e o seu caso foi forte o suficiente para absolver Róscio.
Em 79 a.C., Cícero partiu para a Grécia, Ásia Menor e Rodes, talvez devido à ira potencial de Sula.[11] Cícero viajou para Atenas, onde se encontrou de novo com Ático, que se tinha tornado num cidadão honorário de Atenas e apresentou Cícero a alguns Atenienses importantes. Em Atenas, Cícero visitou os lugares sagrados dos filósofos. Mas antes de tudo, ele consultou retóricos diferentes para aprender um estilo de falar menos exaustivo. O seu maior instrutor foi Apolónio Mólon de Rodes. Ele ensinou a Cícero uma forma de oratória mais expansiva e menos intensa que iria caracterizar o estilo individual de Cícero no futuro.
No fim dos anos 90 e inícios dos 80 a.C., Cícero apaixonou-se pela filosofia, o que iria ter grande importância na sua vida. Eventualmente, ele iria introduzir a filosofia grega ao romanos e criaria um vocabulário filosófico latino. Em 87 a.C., Filão de Larissa, o chefe da Academia fundada por Platão em Atenas 300 anos antes, chegou a Roma. Cícero, "inspirado por um extraordinário zelo pela filosofia",[12] sentou-se entusiasticamente aos seus pés e absorveu a filosofia de Platão, chegando a dizer que Platão era o seu deus. Admirava especialmente a seriedade moral e política de Platão, mas também respeitava a sua imaginação. Mesmo assim, Cícero rejeitou a teoria das Ideias dele.
Família
Cícero provavelmente casou-se com Terência quando tinha 27 anos, em 79 a.C. De acordo com os costumes da classe alta da época, era um casamento de conveniência, mas existiu harmoniosamente durante uns 30 anos. A família de Terência era rica, mas embora tivesse origem nobre, tinha ligações familiares com a plebe, eram os Terenti Varrones, e preenchendo os requerimentos das ambições políticas de Cícero em termos ambos económicos e sociais. Ela tinha uma meia-irmã (ou talvez prima) chamada Fábia, que em criança se tinha tornado numa virgem vestal, o que era uma grande honra. Terência era uma mulher independente e (citando Plutarco) "tinha mais interesse na carreira política do marido do que o deixava a ele ter nos assuntos da casa".[13] Era uma mulher pia e provavelmente com os pés bem realista.
Nos anos 40 a.C., as cartas de Cícero a Terência tornaram-se mais curtas e frias. Ele queixou-se aos amigos que Terência o tinha traído, mas não explicou em que sentido. Talvez o casamento simplesmente não pudesse aguentar a pressão do tumulto político em Roma, o envolvimento de Cícero nele, e várias outras disputas entre os dois. Parece que o divórcio aconteceu em 45 a.C. No fim de 46 a.C., Cícero casou-se com um jovem moça patrícia, Publília, de quem ele tinha sido o guardião. Pensa-se que Cícero precisava do dinheiro dela, especialmente depois de ter de pagar de volta o dote de Terência.[14] Este casamento não durou muito tempo.
Apesar do seu casamento com Terência ter sido um de conveniência, sabe-se que Cícero tinha grande afeição pela sua filha Túlia.[15] Quando ela ficou doente subitamente em fevereiro de 45 a.C. e morreu depois de aparentemente ter recuperado de dar à luz em Janeiro, Cícero ficou arrasado. "Perdi a única coisa que me ligava à vida" escreveu ele a Ático.[16] Ático disse-lhe para o visitar durante as primeiras semanas depois deste evento, para que ele o pudesse consolar. Na grande biblioteca de Ático, Cícero leu tudo o que os filósofos gregos tinham escrito sobre como vencer a tristeza, "mas a minha dor derrota toda a consolação."[17] Júlio César, Bruto e Sérvio Sulpício Rufo mandaram-lhe cartas de condolência.[18][19]
Cícero esperava que o seu filho Marco se tornasse num filósofo como ele, mas Marco queria uma carreira militar. Ele juntou-se ao exército de Pompeu em 49 a.C. e depois da derrota de Pompeu na Farsália em 48 a.C., foi perdoado por Júlio César. Cícero enviou-o para Atenas para estudar como um discípulo do filósofo peripatético Cratipo em 48 a.C., mas o jovem usou a ausência "do olho vigilante do seu pai" para "comer, beber e ser feliz."[20] Depois do assassinato de Cícero, ele juntou-se ao exército dos Liberatores, mas foi mais tarde perdoado por Augusto dos Júlios. Os remorsos de Augusto por ter posto Cícero na lista de proscrição durante o segundo triunvirato fê-lo dar considerável ajuda à carreira de Marco, o filho de Cícero. Este tornou-se num áugure, e foi nomeado cônsul em 30 a.C. juntamente com Augusto, e mais tarde feito procônsul da Síria e da província da Ásia.[21]
Obras
Cícero foi declarado um pagão justo pela Igreja católica, e por essa razão muitos dos seus trabalhos foram preservados. Santo Agostinho e outros citavam os seus trabalhos "De re publica" (Da República) e "De Legibus" (Das Leis), devido a essas citações é que se podem recriar diversos de seus trabalhos usando os fragmentos que restam. Cícero também articulou um conceito abstrato de direitos, baseado em lei antiga e costume. Dos livros de Cícero, seis sobre retórica sobreviveram, assim como partes de oito livros sobre filosofia. Dos seus discursos, oitenta e oito foram registados, mas apenas cinquenta e oito sobreviveram.
Seu livro De Natura Deorum, que discute teologia, foi considerado, por Voltaire, possivelmente o melhor livro de toda a Antiguidade [22].
Carreira pública
Questor
O seu primeiro cargo foi como um dos vinte questores anuais, um trabalho de treino para a administração pública em áreas diferentes, mas com ênfase tradicional na administração e a contabilidade rigorosa de dinheiro público sob a orientação de um magistrado veterano ou comandante provincial.
Cícero serviu como questor na Sicília Ocidental em 75 a.C. e demonstrou grande honestidade e integridade na forma como lidava com os habitantes. Como resultado, os gratos Sicilianos pediram a Cícero que processasse Caio Verres, um governador da Sicília, que tinha pilhado a ilha. A sua acusação de Caio Verres foi um grande sucesso forense para Cícero. Depois do fim deste caso, Cícero tomou o lugar de Hortênsio, advogado de Verres, como o maior orador de Roma. A oratória era considerada uma grande arte na Roma antiga, e uma ferramenta importante para espalhar conhecimento e promover-se a si próprio em eleições, em parte porque não havia meios de comunicação regulares na altura. Apesar dos seus grandes sucessos como advogado, Cícero não tinha uma genealogia com reputação: não era nem nobre nem patrício.[carece de fontes]
Cícero serviu como questor na Sicília Ocidental em 75 a.C. e demonstrou grande honestidade e integridade na forma como lidava com os habitantes. Como resultado, os gratos Sicilianos pediram a Cícero que processasse Caio Verres, um governador da Sicília, que tinha pilhado a ilha. A sua acusação de Caio Verres foi um grande sucesso forense para Cícero. Depois do fim deste caso, Cícero tomou o lugar de Hortênsio, advogado de Verres, como o maior orador de Roma. A oratória era considerada uma grande arte na Roma antiga, e uma ferramenta importante para espalhar conhecimento e promover-se a si próprio em eleições, em parte porque não havia meios de comunicação regulares na altura. Apesar dos seus grandes sucessos como advogado, Cícero não tinha uma genealogia com reputação: não era nem nobre nem patrício.[carece de fontes]
Cícero cresceu num tempo de confusão civil e guerra. A vitória de Sula na primeira de muitas guerras civis deu lugar a uma infra-estructura constitucional que sabotava a liberdade, o valor fundamental da República Romana. De qualquer modo, as reformas de Sula fortaleceram a posição dos equestres, contribuindo para o aumento do poder político dessa classe. Cícero era umeques Italiano e um novus homo, mas acima de tudo, era um constitucionalista romano. A sua classe social e lealdade à República certificaram-se que ele iria "comandar o suporto e confiança do povo assim como as classes médias Italianas." O facto dos optimates nunca o terem aceitado realmente, prejudicou os seus esforços para reformar a República ao mesmo tempo que preservava a constituição. Mesmo assim, ele foi capaz de subir o cursus honorum, ocupando cada posto exactamente na idade mais jovem possível, ou perto dela: Questor em 75 a.C. (31 anos), Edil em 69 a.C. (37 anos), ePretor em 66 a.C. (40 anos), onde serviu como presidente do Tribunal de "Reclamação" (ou extorsão). Foi depois eleito Cônsul quando tinha 43 anos.
Cícero e Pompeu
Cônsul
Cícero foi eleito Cônsul em 63 a.C. O seu co-cônsul nesse ano, Caio António Híbrida, teve um papel menor. Nesse cargo, ele destruiu uma conspiração para derrubar a República, liderada por Lúcio Sérgio Catilina. O Senado deu a Cícero o direito de usar o Senatus Consultum de Re Publica Defendenda (uma declaração de lei marcial), e ele fez Catilina deixar a cidade com quatro discursos (as famosas Catilinárias), que até hoje são exemplos estupendos do seu estilo retórico. As Catilinárias enumeraram os excessos de Catilina e os seus seguidores, e denunciaram os simpatizantes senatoriais dele como sendo patifes e devedores dissolutos, que viam Catilina como uma esperança final e desesperada. Cícero exigiu que Catilina e os seus seguidores deixassem a cidade. Quando acabou o seu primeiro discurso, Catilina saiu do Templo de Júpiter Stator. Nos seus próximos discursos, Cícero não se dirigiu directamente a Catilina, mas ao Senado. Com estes discursos, Cícero queria preparar o Senado para o pior caso possível, e também entregou mais provas contra Catilina.[carece de fontes]
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Referências
MERINO, José A. "História de la Filosofia Medieval", p. 288
2. ↑ Spade, Paul Vincent, "William of Ockham", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2008 Edition), Edward N. Zalta (ed.), URL = .
1. ↑ Cícero, Marco Túlio (106 a.C. - 43 a.C.). "flumen orationis aureum fundens Aristoteles".Academica. Página visitada em 25-1-2007.
2. ↑ Jonathan Barnes, "Life and Work" in The Cambridge Companion to Aristotle (1995), p. 9.
3. ↑ Terence Irwin and Gail Fine, Cornell University, Aristotle: Introductory Readings. Indianapolis, Indiana: Hackett Publishing Company, Inc. (1996), introdução, pp. xi–xii.
4. ↑ Lins, Ivan Monteiro de Barros. Descartes: Época, Vida e Obra. 2ª edição, Livraria São José, 1964.
5. ↑ Descrição da Grécia, 6.4.8, por Pausânias (geógrafo)
6. ↑ a b Stirn, F. Compreender Aristóteles. 2 ed. Petrópolis: Vozespica, 2006. 15 p. ISBN 978-85-326-3380-4
7. ↑ Suda, nu,399
8. ↑ João Silva. História da Aquariofilia. Vida Aquática. Página visitada em 18 de abril de 2009.
9. ↑ Zylberstajn, Arden. A Evolução das Concepções sobre Força e Movimento (DOC). Página visitada em 21 de agosto de 2009.
10. ↑ Jonathan Barnes, "Life and Work" em The Cambridge Companion to Aristotle (1995), p. 12; o próprio Aristóteles: Ética a Nicômaco 1102a26-27. O próprio Aristóteles nunca usa o termo "esotérico" ou "verbal". Para outras passagens em que Aristóteles fala de exōterikoi logoi, ver W. D. Ross, Aristotle's Metaphysics (1953), vol. 2, pp. 408–410. Ross defende uma interpretação segundo a qual a frase, pelo menos nas próprias obras de Aristóteles, geralmente se refere a "discussões não peculiares à escola peripatética", ao invés de trabalhos específicos do próprio Aristóteles.
11. ↑ Cicero, Marcus Tullius (106BC-43BC). "flumen orationis aureum fundens Aristoteles".Academica. Página visitada em 25 January 2007.
12. ↑ Barnes, "Life and Work", p. 12.
13. ↑ Barnes, "Roman Aristotle", in Gregory Nagy, Greek Literature, Routledge 2001, vol. 8, p. 174 n. 240.
1. ↑ H.Diels- W.Kranz, Die Fragmente der Vorsokratiker, Berlin 1903.
1. ↑ H.Diels- W.Kranz, Die Fragmente der Vorsokratiker, Berlin 1903.
Bernhard, Michael, Wortkonkordanz zu Anicius Manlius Severinus Boethius, De institutione musica, Bayerische Akademie der Wissenschaften, Veröffentlichungen der Musikhistorischen Kommission, vol. 4, Munique, 1979.
2 Bernhard, Michael; Bower, Calvin M. (editores), Glossa maior in institutionem musicam Boethii, Editionsband 1. Bayerische Akademie der Wissenschaften, Veröffentlichungen der Muskihistorischen Kommission, vol. 9, Munique, 1993.
3 Boethius, Anicius Manlius Severinus, Fundamentals of Music, tradução de Calvin M. Bower, ed. Claude V. Palisca. New Haven: Yale University Press, 1989.
4 Bower, Calvin M. Boethius and Nichomachus: An Essay Concerning the Sources of De Institutione Musica, Vivarium, 16 (1978), 1-45.
5 Chadwick, Henry, Boethius: The Consolations of Music, Logic, Theology, and Philosophy, Oxford, 1981.
6 Colish, Marcia L., Medieval Foundations of the Western Intellectual Tradition. New Haven, CT: Yale University Press, 1997 (ISBN 0-300-07852-8).
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