quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Obras de filosofos Modernos 2


Obras de filosofos Modernos
Atenção: Trabalhos

Obras filosóficas


Bacon foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam (ou Verulamo ou ainda Verulâmio), visconde de Saint Alban. É considerado como o fundador da ciência moderna.

Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns.

As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Instauratio magna (Grande restauração) e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico.

Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo:
1) Escritos que faziam parte da Instauratio magna e que foram ou superados ou postos de lado, como: De interpretatione naturae (Da interpretação da natureza), Inquisitio de motu(Pesquisas sobre o movimento), Historia naturalis (História natural), onde tenta aplicar seu método pela primeira vez;
2) Escritos relacionados com a Instauratio magna, mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é New Atlantis (Nova Atlântida), onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por ideias de caráter científico. Além deste, destacam-se Cogitationes de natura rerum (Reflexões sobre a natureza das coisas) e De fluxu et refluxu (Das marés);
3) Instauratio magna, onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico-científico e que consta de seis partes:
a) Partitiones scientiarum (Classificação das ciências), sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem;
b)Novum organum sive Indicia de interpretatione naturae (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum;
c) Phaenomena universi sive Historia naturalis et experimentalis ad condendam philosophiam (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos;
d) Scala intellectus, sive Filum labyrinthi (Escala do entendimento ou O Fio do labirinto), contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método;
e) Prodromi sive Antecipationes philosophiae secundae (Introdução ou Antecipações à filosofia segunda), onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido;
f) Philosophia secunda, sive Scientia activa (Filosofia segunda ou Ciência ativa), seria o resultado final, organizado em um sistema de axiomas.

Galileu Galilei foi personalidade fundamental na revolução científica. Foi o mais velho dos sete filhos do alaudista Vincenzo Galileie de Giulia Ammannati2 . Viveu a maior parte de sua vida em Pisa e em Florença, na época integrantes do Grão-Ducado da Toscana.
Galileu Galilei desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento dopêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras damecânica newtoniana. Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vénus, quatro dos satélites de Júpiter3 , os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contribuição de Galileu foi para ométodo científico, pois a ciência assentava numa metodologia aristotélica.
O físico desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termómetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna".

 filósofo inglês, autor deLeviatã (1651) e Do cidadão (1651).
Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de governos esociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos (Bellum omnia omnes). No entanto, os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra, e por isso formam sociedades entrando num contrato social.
De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de todos, caso em que seria uma democracia), deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria política do Leviatã mantém no essencial as ideias de suas duas obras anteriores, Os elementos da lei e Do cidadão (em que tratou a questão das relações entre Igreja e Estado).
Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto. Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de certa forma, enfraquecer o monarca. Sua filosofia política foi analisada pelo cientista político Richard Tuck como uma resposta para os problemas que o método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes argumenta que só podemos conhecer algo do mundo exterior a partir das impressões sensoriais que temos dele ("Só existe o que meus sentidos percebem"). Esta filosofia é vista como uma tentativa para embasar uma teoria coerente de uma formação social puramente no fato das impressões por si, a partir da tese de que as impressões sensoriais são suficientes para o homem agir em sentido de preservar sua própria vida, e construir toda sua filosofia política a partir desse imperativo.
Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros assuntos, oferecendo uma descrição da natureza humana como cooperação em interesse próprio. Foi contemporâneo de Descartes e escreveu uma das respostas para a obra Meditações sobre filosofia primeira, deste último.

Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil, comumente chamado de Leviatã, é um livro escrito porThomas Hobbes e publicado em 1651. Ele é intitulado em referência ao Leviatã bíblico. O livro diz respeito à estrutura da sociedadee do governo legítimo, e é considerado como um dos exemplos mais antigos e mais influentes da teoria do contrato social.1 O editor foi Andrew Crooke, parceiro da Andrew Crooke e William Cooke. Muitas vezes, é considerada uma das obras mais influentes já escritas do pensamento político.
No livro, que foi escrito durante a Guerra Civil Inglesa, Thomas Hobbes defende um contrato social e o governo de um soberanoabsoluto. Hobbes escreveu que o caos ou a guerra civil - situações identificadas como um estado de natureza e pelo famoso lemaBellum omnium contra omnes (guerra de todos contra todos) - só poderia ser evitado por um governo central forte.


Regras para a direção do espírito (originalmente em latimRegulae ad directionem ingenii
É uma obra de René Descartes. Este trabalho delineou a base para seu trabalho posterior sobre problemas complexos de matemáticaciência e filosofia. 36 regras foram planejados no total, mas apenas 21 foram realmente escritas. Este trabalho não foi publicado durante a vida do autor. A tradução holandesa apareceu em 1684, e a primeira edição em latim em 1701.

Discurso sobre o Método


Discurso sobre o método, por vezes traduzido como Discurso do método, ou ainda Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência (em francêsDiscours de la méthode pour bien conduire sa raison, et chercher la verité dans les sciences) é um tratado matemático e filosófico de René Descartes, publicado na França em Leiden em 1637. Ele inicialmente apareceu junto a outros trabalhos de Descartes, DioptriqueMétéores e Géométrie. Uma tradução para o latim foi produzida em 1656, e publicada em Amsterdam.

Constitui, ao lado de Meditações sobre filosofia primeira (Meditationes de prima philosophia), Princípios de filosofia e Regras para a direção do espírito (Regulae ad directionem ingenii), a base da epistemologia do filósofo, sistema que passou a ser conhecido como cartesianismo. O Discurso propõe um modelo quase matemático para conduzir o pensamento humano, uma vez que a matemática tem por característica a certeza, a ausência de dúvidas.

Segundo o próprio Descartes, parte da inspiração de seu método (descrito nesse livro/tratado) deveu-se a três sonhos ocorridos na noite de 10 para 11 de novembro de 1619: nestes sonhos lhe havia ocorrido "a idéia de um método universal para encontrar a verdade".

Discurso sobre o método foi escrito em vernáculo (os textos filosóficos costumavam ser escritos em latim), de maneira não-doutrinária, pois Descartes tentou popularizar ao máximo os conceitos ali expressos e de maneira não impositiva, mas compartilhada. Em toda a obra permeia a autoridade da razão, conceito banal para o homem moderno, mas um tanto novo para o homem medieval (muito mais acostumado à autoridade eclesiástica). A autoridade dos sentidos (ou seja, as percepções do mundo) também é particularmente rejeitada; o conhecimento significativo, segundo o tratado, só pode ser atingido pela razão, abstraindo-se a distração dos sentidos. Uma das mais conhecidas frases do Discurso é Je pense, donc je suis (citada frequentemente em latim, cogito ergo sumpenso, logo sou): o ato de duvidar como indubitável, e as evidências de "pensar" e "ser" ligadas. (A forma "penso, logo existo", popularizada por algumas traduções da obra, não é a mais correcta, uma vez que identifica o ser com o existir, conceitos diferentes no cartesianismo).[carece de fontes]

Além dessa conclusão, Descartes também apresenta argumentos em favor da existência de Deus, especifica critérios para a boa condução da razão e faz algumas demonstrações.

Meditações Metafísicas


Meditações metafísicas, ou, em outras traduções, Meditações sobre a filosofia primeira, que tem como subtítulo nas quais são demonstradas a existência de Deus e a distinção real entre a mente e o corpo, é o nome da obra de René Descartes escrita e publicada pelo autor pela primeira vez em 1641. Nesta obra encontra-se o mesmo sistema filosófico cartesiano introduzido no Discurso do Método.

O livro é composto por seis meditações, nas quais Descartes põe em dúvida toda crença que não seja absolutamente certa, real, factível, e a partir daí procura estabelecer o que é possível saber com segurança.

Na primeira meditação encontram-se quatro situações que podem confundir suficientemente a percepção, a ponto de invalidarem, seguramente, uma série de enunciados sobre o conhecimento. O principal destes quatro argumentos é o do gênio maligno que tem a capacidade de confundir a percepção e plantar dúvidas sobre tudo o que podemos conhecer acerca do mundo e suas propriedades. Porém, mesmo podendo falsear a percepção, não pode falsear a crença nas percepções - ou seja, ele pode contra-argumentar contra a percepção mas não contra a crença que incide sobre as percepções. Descartes também conclui que o poder de pensar e existir não podem ser corrompidos pelo gênio maligno.

Na Segunda Meditação encontra-se o argumento de Descartes acerca da certeza da própria existência, certeza que prevalece sobre qualquer dúvida:

Convenci-me de que não existe nada no mundo, nem céu, nem terra, nem mente, nem corpo. Isto implica que também eu não exista? Não: se existe algo de que eu esteja realmente convencido é de minha própria existência. Mas existe um enganador de poder e astúcia supremos, que está deliberada e constantemente me confundindo. Neste caso, e mesmo que o enganador me confunda, sem dúvida eu também devo existir… a proposição "eu sou", "eu existo", deve ser necessariamente verdadeira para que eu possa expressá-la, ou para que algo confunda minha mente.

Em outras palavras, a consciência implica a existência. Em uma das réplicas às objeções que faz no livro, Descartes resumiu a passagem acima em sua hoje famosa sentença:penso, logo, existo (em latimcogito, ergo sum)
O restante do livro, que não difere muito do precedente Discurso do Método, sendo porém mais acessível, contém vários argumentos tais como os argumentos ontológicos para a existência de Deus e a suposta prova do dualismo entre mente e corpo.

As Paixões da Alma


As Paixões da Alma é um tratado elaborado por René Descartes. Foi a última obra publicada pelo autor, em 1649 e foi dedicada a Elisabete da Boémia. O autor contribui para uma longa tradição sobre a teorização das "paixões". As paixões eram experimentadas e muitas vezes equacionadas com ou rolutadas como precursoras do que eram usualmente chamadas as "emoções" na idade moderna. No entanto, significantes diferenças entre o que uma paixão putativamente era e o que uma emoção alegadamente é. Por exemplo, as paixões, como sugerido pela etimologia da palavra, eram passivas por natureza; isto quer dizer que o experienciar de uma paixão era sempre causado por um objecto exterior ao sujeito. Uma emoção, como é transmitida pelo discurso psicológico contemporâneo assim como na cultura popular, é normalmente explicada como uma evento interno ao indivíduo ou tendo lugar dentro do sujeito. Por tal, uma emoção é produzida pelo sujeito enquanto que uma paixão é sofrida pelo sujeito

Em As paixões da Alma, Descartes define estes fenómenos como se segue: "As percepções ou sensações ou excitações da alma...que são causadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos espíritos."1 Os espíritos mencionados aqui são os "espíritos animais" centrais à noção de fisiologia de Descartes. Descartes explica que os espíritos animais são produzidos pelo sangue e são responsáveis por estimular os movimentos do corpo. Ao afectarem os músculos, por exemplo, os espíritos animais "movem o corpo em todas as diferentes maneiras pelas quais este pode ser movido".2

Notáveis precursores de Descartes que articularam as suas próprias teorias sobre as paixões incluem Santo Agostinho e São Tomás de Aquino.


  • Locke, John (1632-1704)

Obra


Locke escreveu o Ensaio acerca do Entendimento Humano, onde desenvolve sua teoria sobre a origem e a natureza doconhecimento. Suas ideias ajudaram a derrubar o absolutismo na Inglaterra. Locke dizia que todos os homens, ao nascer, tinham direitos naturais - direito à vida, à liberdade e à propriedade. Para garantir esses direitos naturais, os homens haviam criado governos. Se esses governos, contudo, não respeitassem a vida, a liberdade e a propriedade, o povo tinha o direito de se revoltar contra eles. As pessoas podiam contestar um governo injusto e não eram obrigadas a aceitar suas decisões.

Dedicou-se também à filosofia política. No Primeiro Tratado sobre o Governo Civil, critica a tradição que afirmava o direito divino dos reis, declarando que a vida política é uma invenção humana, completamente independente das questões divinas. No Segundo Tratado sobre o Governo Civil, expõe sua teoria do Estado liberal e a propriedade privada.

Ensaio acerca do Entendimento Humano




É um dos principais trabalhos deJohn Locke, junto com o segundo tratato de Dois Tratados sobre o Governo. Foi publicado originalmente em 1690 e tem como tema o pensamento e conhecimento humano.

No livro, Locke afirma que todas as pessoas nascem sem saber absolutamente nada, como se fosse uma "folha em branco" (tabula rasa, embora o autor não tenha usado exatamente essas palavras) preenchida a posteriori através de experiências. Esse ensaio foi uma das principais fontes do empirismo britânico, influenciando muitos filósofos do iluminismo, como David Hume.


Cartas Persas


 é uma compilação de textos do filósofo francês Barão de Montesquieu escritos de 1711 a 1720 e publicados anonimamente em 1721. Obra de sua juventude, é um relato imaginário, sob a forma epistolar, sobre a visita de dois fictícios amigos persas, Rica e Usbeck, a Paris, durante o reinado de Luís XIV. Eles escrevem para seus amigos na Pérsia tudo o que veem lá. Por meio desta narrativa, critica a sociedade, os costumes, as instituições políticas e os abusos da Igreja e do Estadona França e Europa da época. Espirituoso e irreverente, esse primeiro livro de Montesquieu tem um fundo sério, pois relativiza os valores de uma civilização pela comparação com os de outra muito diferentes. Verdadeiro manual do Iluminismo, foi uma das obras mais lidas no século XVIII.

Diderot (1713-1784), em seu Carta sobre o comércio do livro, comenta que Que livro é mais contrário aos bons costumes, à religião, aos lugares-comuns da filosofia e da administração, em uma palavra, a todos os estereótipos banais, e consequentemente mais perigoso do que as Cartas Persas? O que se pode fazer de pior? Existem contudo cem edições das Cartas Persas e não há um estudante em toda a Universidade que não ache um exemplar nos sebos por doze vinténs (tradução de Bruno Feitler).


O Espírito das Leis


é o livro no qual Montesquieu elabora conceitos sobre formas de governo e exercícios da autoridade política que se tornaram pontos doutrinários básicos da ciência política. Suas teorias exerceram profunda influência no pensamento político moderno. Elas inspiram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, durante a Revolução Francesa.
As leis, no seu significado mais amplo, são as relações necessárias que derivam da natureza das coisas; e, nesse sentido, todos os seres têm suas leis; a divindade tem suas leis, o mundo material tem suas leis, o homem tem suas leis.
As leis escritas ou não, que governam os povos, não são fruto do capricho ou do arbítrio de quem legisla. Ao contrário, decorrem darealidade social e da História concreta própria ao povo considerado. Não existem leis justas ou injustas. O que existe são leis mais ou menos adequadas a um determinado povo e a uma determinada circunstância de época ou lugar. O autor procura estabelecer a relação das leis com as sociedades, ou ainda, com o espírito dessas.


Cândido, ou O Otimismo


 Foi realizado, ao que parece, em três dias, em 1758, ainda sob a impressão do terremoto de Lisboa, com assinatura de um pseudônimo, "Monsieur le docteur Ralph", literalmente, "Senhor Doutor Ralph". Narra a história de um jovem, Cândido, vivendo num paraíso edênico e recebendo ensinamentos do otimismo de Leibniz através de seu mentor, Pangloss. A obra retrata a abrupta interrupção deste estilo de vida quando Cândido se desilude ao testemunhar e experimentar eminentes dificuldades no mundo. Voltaire conclui a obra-prima com Cândido — se não rejeitando o otimismo — ao menos substituindo o mantra leibniziano de Pangloss, "tudo vai pelo melhor no melhor dos mundos possíveis", por um preceito enigmático: "devemos cultivar nosso jardim."

Cândido é caracterizada pelo tom sarcástico, bem como pelo enredo errático, fantástico e veloz. Este romance picaresco com uma história semelhante à de um bildungsroman mais sério, parodia diversos clichés do romance e da aventura, as lutas das quais são caricaturadas em um tom que é, mordazmente, matéria de fato. Ainda assim, os eventos discutidos no livro são muitas vezes baseados em acontecimentos históricos, como a Guerra dos Sete Anos e o já citado terremoto de Lisboa de 1755.6 O problema do mal, tema comum aos filósofos da época, é exposto também neste conto, de forma mais direta e ironicamente: o autor ridiculariza a religião, os teólogos, os governos, o exército, as filosofias e os filósofos por meio de alegorias; de maneira mais conspícua, chega a roubar Leibniz e seu otimismo.7 8

Conforme esperado por Voltaire, Cândido desfrutou de grande sucesso e causou grande escândalo. Imediatamente após a sua publicação secreta, o livro foi amplamente proibido por conter blasfêmia religiosa, sedição política e hostilidade intelectual escondidos sob um fino véu de ingenuidade.7 Graças a sua inteligência afiada e a seu retrato profundo da condição humana, influenciou diversos autores, notavelmente o 1984 (1948) de Orwell, o Admirável Mundo Novo (1932) de Huxley e a reflexão sobre pessimismo e otimismo em Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e Quincas Borba (1891) de Machado de Assis. Também inspirou artistas como Leonard Bernstein, que compôs música para a opereta homônima de 1956, com libretto original de Lillian Hellman e, mais recentemente, deHugh Wheeler.9

Além de para ópera, o romance de Voltaire foi adaptado para as telas pelo cineasta brasileiro Amácio Mazzaropi, no filme Candinho— apresentando, no entanto, uma mensagem oposta à de Voltaire, com o sambista Adoniran Barbosa no papel do Prof. Pancrácio (uma versão brasileira de Pangloss, no filme). Nos dias de hoje, Cândido é reconhecido como a magnum opus de Voltaire,7 e considerado parte do Cânone Ocidental; é possível, segundo alguns, que tenha transmitido mais ensinamentos substanciais do que qualquer outra obra da literatura francesa.

  • Hume, David (1711-1776)

Tratado da Natureza Humana

O título já nos diz seus traços gerais: Baseado nas observações e do método de raciocínio experimental, Isaac Newton construiu uma sólida visão da natureza física, o que resta fazer agora é aplicar tal método também à natureza humana, ou seja, também ao sujeito, não apenas ao objeto. Trata-se de percorrer esse caminho para fundar a ciência do homem em bases experimentais.
É considerada pelos especialistas a principal obra do filósofo empirista escocês David Hume, sendo publicada em 1739-1740 e tendo a escrita inicialmente na Inglaterra e posteriormente na França.1 Alcançou notória importância na história da filosofia, especialmente na filosofia moderna, embora na época de Hume não tenha tido grande ressonância. Comentando a recepção da obra, David Hume diz que ela fell dead-born from the press (já nasceu morta do prelo).

Investigação sobre o Entendimento Humano

Esta obra é uma simplificação de um livro anterior de Hume, chamado Tratado da Natureza Humana (A Treatise of Human Nature em inglês), publicado em 1739/1740. Hume ficou desapontado com a recepção do primeiro livro, por isso tentou de novo expor as suas idéias em um texto mais curto e mais, como diríamos hoje, pedagógico. Investigação sobre o Entendimento Humano é bastante mais económico do que A Treatise of Human Nature, procurando expor apenas os temas mais importantes e de forma clara. Além disso, o livro trata somente de uma parte da obra original: o conhecimento. As emoções, ou paixões e a moral foram temas para outros dois livros. Esta obra influenciou muitos pensadores, tanto nos anos seguintes ao seu lançamento como nos dias de hoje. Kant indica-o como o livro que o despertou do seu "sonho dogmático" e todo o empirismo moderno (termo que David Hume não utiliza, ao contrário do que é comum pensar-se) se apoia nele contra o racionalismo cartesiano.

A obra tem doze secções, assim tituladas: I- "Das diferentes espécies de filosofia"; II- "Da origem das ideias"; III- "Da associação de ideias"; IV- "Dúvidas cépticas sobre as operações do entendimento..."; V- "Solução céptica dessas dúvidas"; VI- "Da probabilidade"; VII- "Da ideia de conexão necessária"; VIII- "Da liberdade e da necessidade"; IX- "Da razão dos animais"; X- "Dos milagres"; XI- "De uma providência particular e de um estado futuro"; XII- "Da filosofia académica ou céptica".

Devemos começar por realçar que além da reformulação dos pontos principais do Tratado da Natureza Humana, David Hume acrescentou novas ideias sobre a livre vontade, os milagres e a problemática teológica. Por outro lado, na "Advertência" mostra o incómodo suscitado por algumas críticas ao seu Tratado da Natureza Humana, por má compreensão ou má-fé. Por isso, "Daqui em diante, deseja o autor que os textos que se seguem sejam os únicos que se considere encerrarem os seus princípios e opiniões filosóficas."




O Contrato Social

A obra Do Contrato Social, publicada em 1762, propõe que todos os homens façam um novo contrato social onde se defenda a liberdade do homem baseado na experiência política das antigas civilizações onde predomina o consenso, garantindo os direitos de todos os cidadãos, e se desdobra em quatro livros.
No primeiro livro “Onde se indaga como passa o homem do estado natural ao civil e quais são as condições essenciais desse pacto”, composto de nove capítulos. Primeiramente se aborda a liberdade natural, nata, do ser humano, como ele a havia perdido, e como ele haveria de a recuperar. Dessa forma, já no quarto capítulo, Rousseau condena a escravidão, como algo paradoxal ao direito. A conclusão é que, se recuperando a liberdade, o povo é quem escolhe seus representantes e a melhor forma de governo se faz por meio de uma convenção.
Essa convenção é formada pelos homens como uma forma de defesa contra aqueles que fazem o mal. É a ocorrência do pacto social. Feito o pacto, pode-se discutir o papel do “soberano”, e como este deveria agir para que a soberania verdadeira, que pertence ao povo, não seja prejudicada. Além de uma forma de defesa, na verdade o principal motivo que leva à passagem do estado natural para o civil é a necessidade de uma liberdade moral, que garante o sentimento de autonomia do homem.
No segundo livro Onde se trata da legislação, o autor aborda os aspectos jurídicos do Estado Civil, em doze capítulos. As principais ideias são desenvolvidas a partir de um princípio central, a soberania do povo, que é indivisível. O povo, então, tem interesses, que são nomeados como “vontade geral”, que é o que mais beneficia a sociedade. Evidentemente, o “soberano” tem que agir de acordo com essa vontade, o que representa o limite do poder de tal governante: ele não pode ultrapassar a soberania do povo ou a vontade geral. Mais a frente no livro, a corrupção dos governantes quanto à vontade geral é criticada, garantindo-se o direito de tirar do poder tal governante corrupto. Assim, se esse é o limite, o povo é submisso à lei, porque em última análise, foi ele quem a criou; sendo a lei a condição essencial para a associação civil.
A terceira análise rousseauniana, corresponde ao livro terceiro, se refere às possíveis formas de governo, que são a democracia, a aristocracia e a monarquia, e suas características e princípios. A principal conclusão desse livro é a partir do oitavo capítulo, em que tipo de Estado, que forma de governo funciona melhor – para Rousseau, a democracia é boa em cidades pequenas, a aristocracia em Estados médios e a monarquia em Estados grandes. Em contrapartida a essas adequações, no capítulo décimo, o autor mostra como o abuso dos governos pode degenerar o Estado. Ainda, é destacado no capítulo nono que o principal objetivo de uma sociedade política é a preservação e prosperidade dos seus membros.
Observando as ideias contidas no livro O Contrato Social, não é difícil entender porque certas pessoas chamam a obra de “a Bíblia da Revolução Francesa”. Foi grande a influência política de suas ideias na França. A inspiração causadora das revoluções se baseiam principalmente no conceito da soberania do povo, mudando o direito da vontade singular do príncipe para a vontade geral do povo.

Emílio, ou Da Educação


Emílio,  é uma obra filosófica sobre a natureza do homem, escrita por Jean-Jacques Rousseau em 1762, que disse “Emílio foi o melhor e mais importante de todas minhas obras,”1 aborda temas políticos e filosóficos referentes à relação do indivíduo com a sociedade, particularmente explica como o indivíduo pode conservar sua bondade natural (Rousseau sustenta que o homem é bom por natureza), enquanto participa de uma sociedade inevitavelmente corrupta. No Emílio, Rousseau propõe, mediante a descrição do homem, um sistema educativo que permita ao “homem natural” convier com essa sociedade corrupta.2 Rousseau acompanha o tratado de uma história romanceada do jovem Emílio e seu tutor, para ilustrar como se deve educar ao cidadão ideal. No entanto, Emílio não é um guia detalhado, ainda sim inclui alguns conselhos sobre como educar as crianças.3 Hoje se considera o primeiro tratado sobre filosofía da educação no mundo ocidental.

O texto se divide em cinco “livros”, os três primeiros dedicados à infância de Emílio, o quarto à sua adolescência, e o quinto à educação de Sofia a “mulher ideal” e futura esposa de Emílio, e à vida doméstica e civil deste, incluindo a formação política.4

Emílio foi proibido e queimado em Paris e em Genebra, por causa do controvertido fragmento sobre a “Profissão de fé do vigário Savoiano”; porém, apesar, ou por causa de sua reputação, rapidamente se converteu em um dos livros mais lídos na Europa. Durante aRevolução francesa o Emílio serviu como inspiração do novo sistema educativo nacional.5


  • Kant, Immanuel (1724-1804)

A paz perpétua[editar]

A paz perpétua trata que o direito cosmopolítico deve circunscrever-se às condições de uma hospitalidade universal. Dessa forma, Kant traz no terceiro artigo definitivo de um tratado de paz perpetua, o fato de que existe um direito cosmopolitano relacionado com os diferentes modos do conflito dos indivíduos intervirem nas relações com outros indivíduos. A pessoa que está em seu território, no seu domínio, pode repelir o visitante se este interfere em seu domínio.
No entanto, caso o visitante mantenha-se pacifico, não seria possível hostiliza-lo. Também, não se trata de um direito que obrigatoriamente o visitante poderia exigir daquele que o tem assim, mas sim, de um direito que persiste em todos os homens, o do direito de apresentar-se na sociedade.
O direito de cada um na superfície terrestre pode ser limitada no sentido da superfície. Já o indivíduo deve tolerar a presença do outro, sem interferir nele, visto que tal direito persiste a toda espécie humana. Então, o direito da posse comunitária da superfície terrestre pertence a todos aqueles que gozam da condição humana, existindo uma tolerância de todos a fim de que se alcance uma convivência plena.
Veja que o ato de hostilidade está presente no ato do direito de hospitalidade. Mesmo que o espaço seja limitado, os indivíduos devem se comportar pacificamente com o intuito de se alcançar a paz de convívio mútuo. O relacionamento entre as pessoas está na construção dos direitos de cada um, sendo indispensável para a compreensão do direito cosmopolítico de modo a garantir as condições necessárias para termos uma hospitalidade universal.
Por fim, a não violação do direito cosmopolitano e o direito público da humanidade criará condições para o favorecimento da paz perpetua, proporcionando a esperança de uma possível aproximação do estado pacífico.

Crítica da Razão Pura


Neste livro Kant tenta responder a primeira das três questões fundamentais da filosofia: "Que podemos saber? Que devemos fazer? Que nos é lícito esperar?"

Ele distingue duas formas de saber: O conhecimento empírico, que tem a ver com as percepções dos sentidos, isto é, posteriores à experiência. E o conhecimento puro, aquele que não depende dos sentidos, independente da experiência, ou seja, a priori, universal, e necessário. O conhecimento verdadeiro só é possível pela conjunção entre matéria, proveniente dos sentidos, e forma, que são as categorias do entendimento.
No começo do livro Kant esclarece a diferença, fundamental para seu sistema, entre os "juízos sintéticos" e "juízos analíticos", sendo o primeiro aquele que, através da junção de informações distintas chega a uma nova informação. O segundo refere-se à dividir um mesmo objeto em seus constituintes, de modo que suas partes se tornem mais claras, mas que nada mais surja, a não ser aquilo que previamente já estava contido no próprio objeto. Com relação aos "juízos sintéticos" e "analíticos" a posteriori Kant não coloca qualquer problema. Mas afirma que os pensamentos filosóficos correntes se utilizavam de "juízos analíticos" a priori, isto é, apenas andavam em círculos sobre algum conhecimento, reproduzindo-o com palavras diferentes, chegando a conclusões que em nada diferiam daquilo que já estava contido no primeiro pensamento, sem produzir, assim, qualquer novo conhecimento a respeito das questões sobre as quais eram formuladas. Porém o que chamou a atenção de Kant foi a possibilidade de juízos a priori na matemática e na física proporcionarem conhecimento novo, diferente dos sofismas redundantes filosóficos. Assim, Kant percebeu que estas duas ciências eram capazes de elaborar "juízos sintéticos" a priori, por tratarem justamente das leis que regem o conhecimento, dispensando, assim, qualquer experiência para validar seus achados. A partir daí Kant se pergunta se é possível realizar também juízos sintéticos a priori na metafísica, que estava enfraquecida pela obscuridão dos idealistas e praticamente destruída pela perspicácia dos empiristas.
Kant principia sua reflexão crítica já na dissertação de 1770, mas, após 11 anos de silêncio bibliográfico, ele lança a Crítica da Razão Pura, contendo uma reflexão sobre a possibilidade de todo conhecimento, dando uma resposta aos empiristas, especialmente David Hume, que foi uma de suas inspirações (Kant disse "Hume me acordou dos meus sonhos dogmáticos"), e aos racionalistas alemães,Leibniz e Wolff.
Kant aceita a premissa de que todo conhecimento humano começa a partir da experiência, mas destaca que os empiristas, particularmente Locke, negligenciaram o papel da atividade do entendimento para a origem do conhecimento.
Assim, Kant mostra ao longo de sua crítica quais são as condições para qualquer experiência possível, na "Estética Transcendental", analisando quais são as condições a priori para que um dado fenômeno possa ser dado na intuição, chegando às condições de "espaço", para as intuições externas, e "espaço" e "tempo" para as intuições internas.
Após a Estética, Kant prossegue para a análise da forma pela qual aquilo que é dado na experiência é organizado em relações que constituem conhecimento. Estas são as categorias do entendimento, determinadas pela razão pura e que, sendo preenchidas pela matéria proveniente da experiência podem formar um conhecimento. Ambas as análises são feitas na chamada "Analítica Transcendental".
Em seguida ele parte para a "Dialética Transcendental", parte do livro na qual ele usa esse pensamento elaborado na analítica para mostrar erros de raciocínio impregnados no modo de pensar filosófico de então.

Crítica do Julgamento

O título da obra que tem melhor tradução do alemão por Crítica da Faculdade do Juízo, é a terceira e última crítica elaborada pelo filósofo alemão Immanuel Kant. A primeira, Crítica da Razão Pura, examina os limites da razão quanto as possibilidade a priori do conhecimento. A segunda, Crítica da Razão Prática, discorre sobre os limites dos princípios morais já fundamentados a priori na razão. Nesta terceira obra, Kant busca além da razão, ele investiga os limites daquilo que podemos conhecer pela nossa faculdade de julgar, que leva em consideração não apenas a razão, mas também a memória e os sentimentos. Em sua primeira parte – Crítica da Faculdade de Juízo Estético – Kant realiza a analítica do belo através das categorias (qualidade, quantidade, finalismo e modo), do sublime e introduz a noção de gênio. Apesar de Kant discorrer sobre o sublime, ao gênio e consequentemente às Belas Artes não se pode dizer que formulou uma teoria estética já que o juízo estético é reflexionante, portanto subjetivo. Kant não chega numa teoria estética, mas funda as bases da teoria de Hegel, poucos anos depois.


  • Comte, Augusto (1798-1857)

Espírito positivo


A expressão "espírito positivo" foi cunhada pelo filósofo francês Auguste Comte para designar a maneira geral como o ser humano deve(ria) pensar no estado positivo, de acordo com sua Lei dos Três Estados. De modo mais específico, o espírito positivo é a forma de pensar característica do Positivismo comtiano, conforme definido por Comte na obra "Discurso sobre o espírito positivo", de 1848, e desenvolvido e refinado em suas obras posteriores (Discurso preliminar sobre o conjunto do Positivismo (1851), Sistema de política positiva (1851-1854) e Síntese subjetiva (1856)).
Como indicado no verbete Positivismo, o espírito positivo é maior e mais importante que a mera cientificidade, na medida em que esta abrange apenas questões intelectuais e aquele compreende, além da inteligência, também os sentimentos (ou, em termos contemporâneos, a subjetividade em sentido amplo) e as ações práticas. A partir da consideração do ser humano com um ser histórico e conjugando a existência individual e a coletiva do ser humano, busca-se a convergência por meio da simpatia (aspectoafetivo), da síntese (aspecto intelectual) e da sinergia (aspecto prático).
Mais do que isso: Comte em diversos momentos criticou seriamente o sistema acadêmico de sua época, taxando-o de frio, mesquinho e estéril. Do ponto de vista intelectual, eram várias as críticas: a excessiva especialização dos acadêmicos impedia a visão de conjunto sobre a realidade e permitia que os cientistas isolassem-se uns dos outros e da sociedade como um todo em "torres de marfim"; além disso, insistiam em pesquisas metafísicas, investigando ou objetos literalmente inacessíveis ao ser humano, ou aplicavam categorias metafísicas ou teológicas. Do ponto de vista afetivo, a forma como os cientistas desenvolviam suas pesquisas estimulava a aridez intelectual e afetiva; por fim, o resultado prático desses defeitos era a incapacidade prática dos cientistas e, de modo mais amplo, da ciência que eles praticavam. Comte não se limitava a fazer essas críticas genéricas, mas aprofundava-as, indicando os mentores intelectuais desse modo de proceder (em particular, o físico François Arago). Em virtude dessas críticas, Comte foi rejeitado em vida pelo sistama universitário francês, ao ponto de, a certa altura, depender das contribuições de discípulos e simpatizantes para sobreviver (em particular, JohnStuart Mill e Émile Littré).
A referência biográfica é necessária para indicar que o espírito positivo não é apenas uma categoria analítica, mas consiste também em uma postura frente à prática científica - postura "crítica", dir-se-ia atualmente.

O Conceito de Angústia


É uma obra filosófica escrita por Søren Kierkegaard em 1844.
Para Kierkegaard (escrevendo através de um pseudónimo, Vigilius Haufniensis), a ansiedade/angústia é um medo fora de foco, disperso. Kierkegaard usa o exemplo de um homem na beira de um precipício. Quando o homem olha para baixo, ele experimenta um medo focado de cair, mas ao mesmo tempo, o homem sente um grande impulso de se atirar intencionalmente para o precipício. Essa experiência de dupla sensação é a ansiedade devido à nossa completa liberdade para escolher saltar ou não saltar. O mero facto de alguém ter a possibilidade e liberdade de fazer algo, mesmo as mais aterrorizantes possibilidades, despoleta um imenso sentimento de angústia. Kierkegaard denomina isto de "vertigem de liberdade".
Kierkegaard focaliza sobre a primeira ansiedade experimentada pelo ser humano: a escolha de Adão em comer da árvore do conhecimento, proibido por Deus. Pelo facto de os conceitos de bem e de mal não existirem antes de Adão comer o fruto da árvore, considerado o pecado original, Adão não possuía estes dois conceitos, não sabendo que ao comer do fruto da árvore era considerado um "mal". O que ele sabia era que Deus lhe tinha dito para não comer da árvore. A angústia vem do facto de a própria proibição por parte de Deus implicar que Adão era livre e que poderia escolher obedecer ou desobedecer a Deus. Depois de Adão ter comido da árvore, o pecado nascera. Então, segundo Kierkgaard, a angústia precede o pecado e foi a angústia que levou Adão a pecar.
No entanto, Kierkgaard menciona que a angústia é um modo da humanidade ganhar salvação. A angústia informa-nos das nossas possibilidades de escolha, do nosso autoconhecimento e responsabilidade pessoal, levando-nos de um estado de imediatismo não-autoconsciente a uma reflexão autoconsciente. Um indivíduo torna-se verdadeiramente consciente do seu potencial através da experiência de ansiedade/angústia. Assim, a angústia pode ser uma oportunidade para o pecado mas pode também ser o caminho para o reconhecimento ou realização da identidade e liberdades de cada um.

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