terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Aulas de filosofia Geral 2 ANO


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2º Ano
1.º Bimestre

Filósofos Renascentistas

1.º Trabalhos: Mapa Conceitual (filósofos renascentistas)
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2º Bimestre

2.º Bimestre

Filósofos Modernos

4º Bimestre
  • Montesquieu 1.ºTrabalhos
  • Pascal, Blaise Recuperação
  • Rousseau, Jean-Jacques Trabalhos
  • Spinoza, Baruch de Recuperação
  • Voltaire 3 Trabalhos

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Fevereiro  - Seis aulas 

1- Filósofos Medievais e suas teorias

Avicena: Discípulo árabe de “Aristóteles” e do neoplatonismo cujos trabalhos despertaram interesse por Aristóteles na Europa do séc. XIII. 
Santo Anselmo: Agostiniano e realista italiano famoso por sua prova da existência de “Deus”. 
Abelardo: Teólogo e filósofo francês cujo nominalismo antagonizou a Igreja. 
*Averróis: Grande filósofo da Espanha islâmica e principal comentador de Aristóteles. Considerava a religião como alegoria para o homem e a filosofia, o caminho para a verdade. 
Maimônides: Judeu, estudioso de Aristóteles que tentou combinar o ensinamento “aristotélico com o bíblico”. 
São Tomás de Aquino: Filósofo escolástico italiano que estabeleceu um paralelo entre Aristóteles e a Escritura, com base na concepção de que a fé e a razão são concordantes. Sua doutrina filosófica é conhecida como tomismo. 
Filosofia Medieval 
Podemos chamar de Filosofia Medieval a filosofia que se desenvolveu na Europa durante a Idade Média (entre os séculos V e XV). Como este período foi marcado por grande influência da Igreja Católica nas diversas áreas do conhecimento, os temas religiosos predominaram no campo filosófico.
Características e principais questões debatidas e analisadas pelos filósofos medievais:
- Relação entre razão e fé;
- Existência e natureza de Deus;
- Fronteiras entre o conhecimento e a liberdade humana;
- Individualização das substâncias divisíveis e indivisíveis.
 Principais estágios da Filosofia Medieval -Transição para o Mundo Cristão (século V e VI).
Muitos pensadores deste período defendiam que a fé não deveria ficar subordinada a razão.
Porém, um importante filósofo cristão não seguiu este caminho. Santo Agostinho de Hipona (354-430) buscou a razão para justificar as crenças. Foi ele quem desenvolveu a ideia da interioridade, ou seja, o homem é dotado da consciência moral e do livre arbítrio.
2- Patrística
Patrística é o nome dado à filosofia cristã dos primeiros sete séculos, elaborada pelos Padres ou Pais da Igreja, os primeiros teóricos, daí "Patrística" e consiste na elaboração doutrinal das verdades de fé do Cristianismo e na sua defesa contra os ataques dos "pagãos" e contra as heresias.
Foram os pais da Igreja responsáveis por confirmar e defender a fé, a liturgia, a disciplina, criar os costumes e decidir os rumos da Igreja, ao longo dos sete primeiros séculos do Cristianismo. É a Patrística, basicamente, a filosofia responsável pela elucidação progressiva dos dogmas cristãos e pelo que se chama hoje de Tradição Católica.
Tratando-se de filosofia patrística, não devemos, como outrora, pensar somente nas obras de filósofos que só foram filósofos. A filosofia da patrística está antes contida nos tratados dos pastores de alma, pregadores, exegetas, teólogos, apologetas que buscam antes de tudo a exposição da sua doutrina religiosa. Mas ao mesmo tempo, levados pela natureza das cousas e dada a ocasião, se põem - a resolver problemas propriamente pertencentes à filosofia; e então, pela força do assunto, versam a metodologia filosófica.
A Patrística divide-se geralmente em três períodos:
  • Até o ano 200 dedicou-se à defesa do Cristianismo contra seus adversários (padres apologistas, como São Justino Mártir, etc.);
  • Até o ano 450 é o período em que surgem os primeiros grandes sistemas de filosofia cristã (Santo Agostinho, Clemente Alexandrino, etc.).
  • Até o século VIII reelaboram-se as doutrinas já formuladas e de cunho original (Boécio, etc.).
  • Esta divisão da Literatura Patrística em três períodos é geralmente feita, mais didaticamente, da seguinte forma:
    • Período ante-niceno - corresponde ao período anterior ao Concílio Ecumênico de Niceia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o século I e início do IV século.
    • Período niceno alguns imediatamente posteriores ao Concílio Ecumênico de Niceia (324 d.C). Geralmente compreende os escritos surgidos entre o início do IV século até o final deste.
    • Período pós-niceno - corresponde ao período compreendido entre os V e VIII séculos.
    O legado da Patrística foi passado à Escolástica.
    3- Escolástica (século IX ao XIV)
    Foi um movimento que pretendia usar os conhecimentos greco-romanos para entender e explicar a revelação religiosa do cristianismo.  As ideias dos filósofos gregos Platão e Aristóteles adquirem grande importância nesta fase. 
    Os teólogos e filósofos cristão começam a se preocupar em provar a existência da alma humana e de Deus.
    Para os filósofos escolásticos a Igreja possuía um importante papel de conduzir os seres humanos à salvação.
    No século XII, os conhecimentos passam a ser debatidos, armazenados e transmitidos de forma mais eficiente com o surgimento de várias universidades na Europa.
    Principais representantes: Anselmo de Cantuária, Alberto Magno, São Tomás de Aquino, John Duns Scotus e Guilherme de Ockham.
    Principais obras filosóficas da Idade Média
    - Cidade de Deus (Santo Agostinho)
    - Confissões (Santo Agostinho)
    • Suma Teológica (São Tomás de Aquino)
    4- Agostinho de Hipona (354-430)
    Aurélio Agostinho dito de Hipona, conhecido como Santo Agostinho nasceu em Tagaste e morreu em Hipona. Foi um bispo, escritor, teólogo, filósofo e é um Padre latino e Doutor da Igreja Católica.
    Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Em seus primeiros anos, Agostinho foi fortemente influenciado pelo maniqueísmo e pelo neoplatonismo de Plotino, mas depois de tornar-se cristão. Desenvolveu a sua própria abordagem sobre filosofia e teologia e uma variedade de métodos e perspectivas diferentes. Ele aprofundou o conceito de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a cidade espiritual de Deus (em um livro de mesmo nome), distinta da cidade material do homem. Seu pensamento influenciou profundamente a visão do homem medieval. A Igreja se identificou com o conceito de "Cidade de Deus" de Agostinho, e também a comunidade que era devota de Deus.
    Na Igreja Católica, e na Igreja Anglicana, é considerado um santo, e um importante Doutor da Igreja, e o patrono da ordem religiosa agostinha. Muitos protestantes, especialmente calvinistas, o consideram como um dos pais teólogos da Reforma Protestante ensinando a salvação e a graça divina.
    Na Igreja Ortodoxa Oriental ele é louvado, e seu dia festivo é celebrado em .5 de junho, apesar de uma minoria ser da opinião que ele é um herege, principalmente por causa de suas mensagens sobre o que se tornou conhecido como a cláusula. Entre os ortodoxos é chamado de "Agostinho Abençoado", ou "Santo Agostinho o Abençoado".
    5-Biografia
    Agostinho nasceu na cidade de Tagaste, província de Souk Ahras, na época uma província romana no norte de África, na atual Argélia, filho de pai pagão, chamado Patrício e mãe católica, Mônica. Foi educado no norte de África e resistiu aos ensinamentos de sua mãe para se tornar cristão.
    Agostinho, com onze anos de idade, foi enviado para a escola em Madaura, uma pequena cidade da Numídia. Lá ele tornou-se familiarizado com a literatura latina, bem como práticas e crenças do paganismo.
    Durante esse período ele leu o diálogo Hortensius de Cícero (hoje perdido), que deixou uma impressão duradoura sobre ele e despertou-lhe o interesse pela filosofia e passou a ser um seguidor do maniqueísmo.
    Com dezessete anos, graças à generosidade de um concidadão, chamado Romaniano, o pai de Agostinho pode enviá-lo para Cartago para continuar sua educação na retórica. Vivendo como um pagão intelectual, ele tomou uma concubina; numa tenra idade, ele desenvolveu uma relação estável com uma mulher jovem em Cartago, com a qual teve um filho, Adeodato.
    Durante anos, Agostinho ensinou gramática em Tagaste. No ano seguinte, mudou-se para Cartago a fim de ocupar o cargo de professor da cadeira municipal de retórica, e permanecerá lá durante os próximos nove anos.
    Desiludido pelo comportamento indisciplinado dos alunos em Cartago, em .8., mudou-se para estabelecer uma escola em Roma, onde ele acreditava que os melhores e mais brilhantes retóricos ensinaram. No entanto, Agostinho ficou desapontado com as escolas romanas, que ele encontrou apática. Quando chegou o momento para os seus alunos para pagar os seus honorários eles simplesmente fugiram.
    Amigos maniqueistas apresentaram-lhe o prefeito da cidade de Roma, que tinha sido solicitado a fornecer um professor de retórica imperial para o tribunal provincial em Milão. Agostinho ganhou o emprego e ocupou o cargo no final de 384.
    6. Cristão
    Enquanto Agostinho estava em Milão, mudou de vida. Em Cartago, começou a abandonar o maniqueísmo, em parte devido a um decepcionante encontro com um chefe expoente da teologia maniqueista, Fausto.
    Em Roma, ele relata ter completamente se afastado do maniqueísmo, e abraçou o movimento cético da Academia Neoplatônica. Sua mãe insistia para que ele se tornasse cristão e também seus próprios estudos sobre o neoplatonismo também foram levando-o neste sentido, e seu amigo Simplicius instou-o dessa forma também. Mas foi a oratória do bispo de Milão, Ambrósio, que teve mais influência sobre a conversão de Agostinho.
    A mãe de Agostinho, Mônica, havia seguido-o para Milão e insistiu para que abandonasse a relação com a mulher com quem vivia ilegalmente e procurasse outra para casar, conforme as leis do mundo e a doutrina cristã. A amada foi mandada de volta para a África e Agostinho deveria esperar dois anos para contrair casamento legal; mas logo ligou-se a uma concubina.
    No verão de 386, após ter lido um relato da vida de Antônio do Deserto, de Atanásio de Alexandria, que muito inspirou-lhe, Agostinho sofreu uma profunda crise pessoal. Decidiu se converter ao cristianismo católico, abandonar a sua carreira na retórica, encerrar sua posição no ensino em Milão, desistir de qualquer ideia de casamento, e dedicar-se inteiramente a servir a Deus e às práticas do sacerdócio.
    A chave para esta transformação foi à voz de uma criança invisível, que ouviu enquanto estava em seu jardim em Milão, que cantava repetidamente, "Tolle, lege"; "tolle, lege" ("toma e lê"; "toma e ler"). Ele tomou o texto da epístola de Paulo aos romanos, e abriu ao acaso em 13:13-14, onde lê se: "Não caminheis em glutonerias e embriaguez, nem em desonestidades e dissoluções, nem em contendas e rixas, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus apetites".
    Ele narra em detalhes sua jornada espiritual em sua famosa Confissões, que se tornou um clássico tanto da teologia cristã quanto da literatura mundial. Ambrósio batizou Agostinho, juntamente com seu filho, Adeodato, na vigília da Páscoa, em 387, em Milão, e logo depois, em .88 ele retornou à África. Em seu caminho de volta à África sua mãe morreu, e logo após também seu filho, deixando-o sozinho, sem família.
    Prova
    1- Como é em latim a expressão " Toma e lê " que Agostinho ouviu incitando-o a ler um trecho da Bíblia?
    Resposta:
    Tolle lege
    2- Onde nasceu Agostinho?
    a) Hipona b) Cartago;  
    c) Tagaste; d) Roma; e) Milão
    3- Qual destes filósofos é o Bispo de Hipona?
    a) Santo Anselmo;
    b) Santo Agostinho; c) São Tomás de Aquino; d) Pedro Abelardo; e) Santo Ambrósio
    4 . Santo Agostinho é autor da obra O Ente e a Essência
    (  ) Verdadeiro ( X ) Falso
    5- A partir do século II, surge a Patrística cujos objetivos eram o de converter os pagãos, combater os hereges, opositores da fé cristã e justificar a fé. O principal nome da patrística foi Santo Agostinho (.54-4.0). Para Agostinho, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas. Tal concepção relaciona-se, no autor, a: 
    A) Apologética. 
    B) Metafísica. 
       
    C) Teoria da iluminação. 
    D) Teoria da inspiração. 
    6- Escreva, sem preposições, o nome do pai e da mãe de Agostinho
    Resposta: Patricio/Mônica
    7
    -A teoria política de Santo Agostinho foi fundamentada na teoria platônica pelo desprezo do mundo material. Em Cidade de Deus, Agostinho defende a ideia de que: 
    A) O Estado era o instrumento de Deus para a consecução da justiça. 
    B) O poder do Estado era superior ao poder da Igreja. 
    C) Poder espiritual e poder temporal são indistintos. 
       
    D) A Cidade de Deus era formada pela comunidade dos cristãos. 
    8- “Santo Agostinho”. Faça um desafio.__________________
    9- . Acerca da filosofia patrística, é CORRETO afirmar que 
    A) dialogava constantemente com os pressupostos filosóficos de Aristóteles. 
    B) negou a influência do pensamento de Platão. 
         
    C) surge no contexto histórico de transição da Idade Antiga para a Idade Média. 
    D) renegou temas, como a natureza de Deus e da alma e a vida moral. 
    E) encontrou em Santo Agostinho o seu maior contestador e crítico. 
    10- O conteúdo da filosofia agostiniana se expressa em sua obra intitulada Solilóquios. 
    Qual o tema central da filosofia de Santo Agostinho? 
    a. ( X ) Deus e a alma  b. ( ) Deus e a razão  c. ( ) A alma e a razão  d. ( ) A razão e a salvação  e. ( ) O homem e o mundo 
    11. Qual destes filósofos é o Bispo de Hipona?
    a) Santo Anselmo b)
    Santo Agostinho c) São Tomás de Aquino d) Pedro Abelardo e) Santo Ambrósio

     Março - Oito aulas
    7. Bispo
    Após o regresso ao Norte da África, vendeu seu patrimônio e deu o dinheiro aos pobres. A única coisa com que ele ficou foi a casa da família, que se converteu em uma fundação monástica para si e um grupo de amigos.
    Em 391, Agostinho foi ordenado sacerdote em Hipona (atual Annaba, na Argélia). Em 396, foi eleito bispo coadjutor de Hipona (auxiliar, com o direito de sucessão depois da morte do bispo corrente) e pouco depois bispo principal. Ele permaneceu nessa posição em Hipona até sua morte em 430.
    Ele deixou o seu mosteiro, mas continuou a levar uma vida monástica na residência episcopal. Ele deixou uma regra (latim, regulamentos) para seu mosteiro que o levou ser designado o "santo padroeiro do clero regular", isto é, sacerdotes que vivem por uma regra monástica.
    Sua vida foi registrada pela primeira vez por seu amigo São Possídio, bispo de Calama, no seu Sancti Augustini vita. Descreveu-o como homem de poderoso intelecto e um enérgico orador, que em muitas oportunidades defendeu a fé católica contra todos seus inimigos.
    Possídio também descreveu traços pessoais de Agostinho com detalhe, desenhando um retrato de um homem que comia com parcimônia, trabalhou incansavelmente, desprezando fofocas, rejeitando as tentações da carne, e que exerceu a prudência na gestão financeira conforme sua posição e autoridade de bispo.
    Sua vida não é tranquila: missa diária, prega até duas vezes ao dia, dá catequese, administra bens temporais, resolve questões de justiça (cerca, muro, dívidas, brigas de família…), atende aos pobres e órfãos, etc.
    Pouco antes da morte de Agostinho, a África romana foi invadida pelos vândalos, uma tribo guerreira que estava aderindo ao arianismo. Pouco depois de Hipona ser cercada pelos bárbaros Agostinho adoeceu; Possídio relata que ele gastou seus últimos dias em oração e penitência, pedindo para que os salmos penitenciais de Davi fossem pendurados em sua parede para que ele pudesse ler. Pouco tempo após sua morte, os vândalos levantaram o cerco de Hipona, mas não muito tempo depois eles voltaram e queimaram a cidade. Eles destruíram tudo, mas a catedral de Agostinho e a biblioteca ficaram inalteradas.
    Agostinho foi canonizado por reconhecimento popular e reconhecido como um Doutor da Igreja. Na Igreja Católica, o seu dia é 28 de agosto, o dia no qual ele supostamente morreu. Ele é considerado o santo padroeiro dos cervejeiros, impressores, teólogos e de um grande número de cidades e dioceses. Para os protestantes ou evangélicos, Agostinho é referencial na história eclesiástica, pois foi um valoroso líder da Igreja primitiva e deixou suas marcas como verdadeiro discípulo de Cristo.
    8. Escritos
    Agostinho foi um autor prolífico em muitos gêneros — tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, além de sermões e cartas.
    Dele restaram algumas centenas de cartas e de sermões considerados autênticos. Além disso, deixou obras escritas.
    Agostinho é chamado de o Doutor da Graça, por sua compreensão sobre o tema.
    § Textos autobiográficos:
    As suas Confissões, escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a primeira autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à sua então relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do Gênesis, no qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência psicológica e auto revelação da obra ainda impressionam leitores.
    Mesmo sendo uma autobiografia, as Confissões não deixam de ter a marca filosófica de Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve sobre a memória e suas atribuições. Já no Livro XI, Agostinho fala sobre a Criação, sobre o Tempo e da noção psicológica que se tem deste.
    No fim da sua vida, Agostinho revisitou os seus trabalhos anteriores por ordem cronológica e sugeriu que teria falado de forma diferente numa obra intitulada Retratações, que nos daria uma imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os seus pensamentos finais.
    § Filosóficos:
    Diálogos: Solilóquios, Sobre o Mestre (De Magistro, trata da educação neste diálogo), Sobre o livre arbítrio ( trata sobre o mal e sobre as escolhas)
    O Livro das disciplinas (é uma vasta enciclopédia com o fim de mostrar como se pode e se deve ascender a Deus a partir das coisas materiais. Não está acabada). (Contra os acadêmicos ( em que combate o ceticismo).
    § Apologéticos: Da verdadeira religião, etc.
    A Cidade de Deus (iniciada em 413, terminada em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma síntese de seu pensamento filosófico, teológico e político).
    9. Dogmáticos:
    Entre 399-422, escreveu A Trindade, uma das principais obras que apoia a crença na Santíssima Trindade de Deus. O De Trinitate libri XV.
    Sobre a imortalidade da alma (De inmortalitate animae)
    Sobre a potencialidade da alma.
    Enquirídio (é um manual de teologia segundo o esquema das três virtudes teológicas. Contém uma explicação do Credo, da oração do Padre Nosso e dos preceitos morais da Igreja Católica).
    Da fé e do credo livro I, etc.
    § Monásticos:
    Regra dos servos — a mais antiga das regras monásticas do Ocidente.
    § Exegéticos:
    A Bíblia teve um papel decisivo para Agostinho. Pode-se destacar:
    Da doutrina cristã livro IV (é uma síntese dogmática que servirá de modelo para os pensadores da Idade Média).
    § Tratados:
    Tratados sobre o evangelho de João. As narrações, ou exposições, dos Salmos, etc.
    Muitas de suas obras tem caráter polêmico por causa dos conflitos que ele enfrentou. Isso levou São Posídio a classificá-las conforme os adversários combatidos: pagãos, astrólogos, judeus, maniqueus, priscilianistas, donatistas, pelagianos, arianos e apolinaristas.
    De natura, a primeira teologia bíblica da redenção, do pecado original e da necessidade do batismo),A graça e o livre arbítrio (de 426, em que demonstra a necessidade da graça, da existência do livre arbítrio), etc.
    10. Pensamento
    O problema do mal
    Em seu livro “sobre o livre arbítrio” Agostinho tenta provar de forma filosófica que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser tão bom, pudesse ter criado o mal.
    A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal.
    No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho tenta explicar-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mau (a prevalência da vontade das paixões humanas).
    Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua vida). Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem.
    11.. Tempo e Criação
    No Livro XI das Confissões Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação do mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra criadora". Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens .) do nada e 2) a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus imutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
    A fim de responder a asserção: “Do que faria Deus antes de criar o mundo?” o filósofo tece sua crítica aos maniqueus e expõe seu pensamento a respeito do tempo e da criação. A evidente resposta do Santo Doutor à tal pergunta é a de que Deus não estaria fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjuto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.
    Para o filósofo do medievo, o tempo não tem existência per se e só pode ser apreendido por nossa alma por meio de uma atividade chamada de "distensão da alma" . A distensão da alma, grosso modo, nada mais é do que a compreensão dos três tempos; pretérito, presente e futuro na alma, de modo que seja possível lembrar do passado, viver o presente e prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem pode medir o tempo e essa "medição" atesta a existência do tempo apenas em caráter psicológico.
    12. Influência como pensador e teólogo
    Na história do pensamento ocidental, sendo muito influenciado pelo platonismo e neoplatonismo, particularmente por Plotino, Agostinho foi importante para o "batismo" do pensamento grego e a sua entrada na tradição cristã e, posteriormente, na tradição intelectual europeia. Também importantes foram os seus adiantados e influentes escritos sobre a vontade humana, um tópico central na ética, que se tornaram um foco para filósofos posteriores, como Arthur Schopenhauer e Nietzsche, mas ainda encontrando eco na obra de Albert Camus e Hannah Arendt(ambos os filósofos escreveram teses sobre Agostinho).
    É largamente devido à influência de Agostinho que o cristianismo ocidental concorda com a doutrina do pecado original. Os teólogos católicos geralmente concordam com a crença de Agostinho de que Deus existe fora do tempo e no "presente eterno"; o tempo só existe dentro do universo criado.
    O pensamento de Agostinho foi também basilar na orientação da visão do homem medieval sobre a relação entre a fé cristã e o estudo da natureza. Ele reconhecia a importância do conhecimento, mas entendia que a fé em Cristo vinha restaurar a condição decaída da razão humana, sendo portanto mais importante. Agostinho afirmava que a interpretação da Bíblia deveria ser feita de acordo com os conhecimentos disponíveis, em cada época, sobre o mundo natural. Escritos como sua interpretação do livro bíblico do Gênesis, como o que chamaríamos hoje de um "texto alegórico", iriam influenciar fortemente a Igreja medieval, que teria uma visão mais interpretativa e menos literal dos textos sagrados.

    13. Obras de Agostino de Hipona

    Agostinho foi um autor prolífico em muitos gêneros — tratados filosóficos, teológicos, comentários de escritos da Bíblia, além de sermões e cartas.
    Dele restaram algumas centenas de cartas (Epistulae) e de sermões (Sermones) considerados autênticos. Além disso, deixou obras escritas.
    Agostinho é chamado de o Doutor da Graça, por sua compreensão sobre o tema.

    Confissões

     É o título de um livro autobiográfico escrito por Agostinho de Hipona, no qual relata a sua vida antes de se tornar cristão e sua conversão. Comentando sua própria obra, Agostinho diz que a palavra confissões, mais que confessar pecados, significa adorar a Deus. É, portanto, um hino de louvor.
    As suas Confissões, escritas entre os anos 397-398, são geralmente consideradas como a primeira autobiografia. Agostinho descreve sua vida desde sua concepção até à sua então relação com Deus, e termina com um longo discurso sobre o livro do Gênesis, no qual ele demonstra como interpretar a Bíblia. A consciência psicológica e auto revelação da obra ainda impressionam leitores.
    Mesmo sendo uma autobiografia, as Confissões não deixam de ter a marca filosófica de Agostinho. No Livro X, Agostinho escreve sobre a memória e suas atribuições. Já no Livro XI, Agostinho fala sobre a Criação, sobre o Tempo e da noção psicológica que se tem deste.
    No fim da sua vida, Agostinho revisou os seus trabalhos anteriores por ordem cronológica e sugeriu que teria falado de forma diferente numa obra intitulada Retratações, que nos daria uma imagem considerável do desenvolvimento de um escritor e os seus pensamentos finais.
    14. A Cidade de Deus
    A Cidade de Deus (iniciada em 413, terminada em 426, uma de suas obras capitais, nela nos oferece uma síntese de seu pensamento filosófico, teológico e político).
     É obra de Santo Agostinho, onde descreve o mundo, dividido entre o dos homens (o mundo terreno) e o dos céus (o mundo espiritual). Teria sido a obra preferida pelo imperador Carlos Magno.
    Uma das criações mais representativas do gênero humano. A propósito da filosofia ou teologia da História, trata dos mais variados e complexos assuntos que sempre apaixonaram e torturaram o espírito humano: da origem e substancialidade do bem e do mal, do pecado, das culpa e da morte, do direito, da lei e das penas, do tempo e do espaço, da contingência e da necessidade, da Providência, da ação humana e do destino no desenvolvimento da História: do ser, do conhecer e do agir do homem, de Deus, da natureza e do espírito, da temporalidade, do eterno, da perenidade e dos ciclos cósmicos, da profecia e do mistério como argumento apologético, da pessoa, da cidade e da comunidade humana.
    15. O problema do mal
    Em seu livro Sobre o livre arbítrio  Agostinho responde sobre o problema filosófico do mal de forma filosófica, demonstrando também filosoficamente que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser benevolente, pudesse ter criado o mal.
    A concepção que Agostinho tem do mal, tem como base teoria platônica e a desenvolve. Assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto o mal não seria oriundo da criação divina, mas seu antagonista por excelência, na condição de fruto do seu afastamento. No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho explica-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária, um ser consciente. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente de Deus em uma criação perfeita) e algo mau (a prevalência da vontades humanas imperfeitas e que afetam negativamente a criação da perfeição idealizada por Deus).
    Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua vida). Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem. Esse argumento também implica que o ser humano tem direito de escolha sobre sua própria vida, não é apenas um ser programado. E se, segundo Agostinho, o bem é apreciado por Deus e a prática perfeita, todas as ações por ele inspiradas se tornam virtuosas e louváveis. Sendo que em um universo de seres não conscientes e que não têm livre-arbítrio, as práticas do bem e do mal seriam programadas e não poderiam ser classificadas como boas ou ruins.
    Prova
    1. Sobre Santo Agostinho, é correto afirmar: 
    a) Sempre teve um comportamento moral exemplar, desde jovem. 
    b) Foi o principal representante da Escolástica. 
       c) Após sua mocidade, profundamente desviada moralmente, se converteu ao cristianismo em Milão. 
    d) Teve, até o fim de sua vida, sérios atritos com Ambrósio, bispo de Milão, por descordar de suas ideias. 
    e) Converteu-se primeiramente ao protestantismo, de onde absorveu algumas ideias, e só depois converteu-se ao catolicismo. 
    2- A partir do século II, surge a Patrística cujos objetivos eram o de converter os pagãos, combater os hereges, opositores da fé cristã e justificar a fé. O principal nome da patrística foi Santo Agostinho (.54-4.0). Para Agostinho, o homem recebe de Deus o conhecimento das verdades eternas. Tal concepção relaciona-se, no autor, a:
    A) Apologética.  B) Metafísica. 
    C) Teoria da iluminação.  D) Teoria da inspiração. 

    3
    . Como é em latim a expressão " Toma e lê " que Agostinho ouviu incitando-o a ler um trecho da Bíblia?
    Resposta: Tolle lege

     4-
    Tratando da estrutura da temporalidade Santo Agostinho preceitua que o tempo manifesto em presente do passado (memória), presente do presente (intuição) e passado do futuro (espera) tem ligação com o movimento. Entre as alternativas abaixo escolha a opção correta:
    a) Está no movimento propriamente dito;
    b) Está nas coisas em movimento;
      c) Está na alma, por ser-lhe uma extensão;
    d) Está no movimento e nas coisas em movimento. 
    1. Qual destes filósofos é o Bispo de Hipona?
      a) Santo Anselmo b)
      Santo Agostinho c) São Tomás de Aquino d)Pedro Abelardo e)Santo Ambrósio

      6-
      A teoria política de Santo Agostinho foi fundamentada na teoria platônica pelo desprezo do mundo material. Em Cidade de Deus, Agostinho defende a ideia de que: 
      A) O Estado era o instrumento de Deus para a consecução da justiça.
      B) O poder do Estado era superior ao poder da Igreja.
      C) Poder espiritual e poder temporal são indistintos.
         D) A Cidade de Deus era formada pela comunidade dos cristãos. 
    7- Onde nasceu Agostinho?
    a) Hipona b) Cartago
     c) Tagaste d) Roma e) Milão

    8- Santo Agostinho é autor da obra O Ente e a Essência
    (  ) Verdadeiro ( X ) Falso
    Abril - Dez aulas
    16. Tempo e Criação
    No Livro XI das Confissões Agostinho põe-se a cargo de versar acerca da criação do mundo por meio do Verbo, que podemos entender como "palavra criadora". Com efeito, o filósofo compreende que o mundo só poderia ter duas origens: do nada e a partir de parte da sua substância. No entanto, a última suposição é falsa pois teria de se admitir um Deus mutável, algo não condizente com o pensamento do Doutor Africano.
    A fim de responder a asserção: "Do que faria Deus antes de criar o mundo?" O filósofo tece sua crítica aos maniqueus e expõe seu pensamento a respeito do tempo e da criação. A evidente resposta de Agostinho à tal pergunta é a de que Deus não estaria a fazer nada, pois não havia tempo antes deste ter sido criado por Deus, ficando expresso que o tempo nada mais é do que uma criatura assim como o mundo e todas as coisas. Para o pensador, o tempo e o universo foram criado em conjunto, e Deus estaria fora deste contexto pois ele é eterno e a eternidade não entra no tempo.
    Para o filósofo medieval, o tempo não tem existência per se e só pode ser apreendido por nossa alma por meio de uma atividade chamada de "distensão da alma" (em latim:distentio animi). A distensão da alma, grosso modo, nada mais é do que a compreensão dos três tempos; pretérito, presente e futuro na alma, de modo que seja possível lembrar do passado, viver o presente e prever o futuro. Agostinho afirma que a alma é quem pode medir o tempo e essa "medição" atesta a existência do tempo apenas em caráter psicológico.
    17. William de Ockham (1285-1350)
    Guilherme de Ockham,(existem várias grafias para o nome deste franciscano: Ockham, Ockam, Occam,etc.). Foi um frade franciscano, filósofo, lógico e teólogo escolástico inglês, considerado como o representante mais eminente da escola nominalista, principal corrente oriunda do pensamento de Roscelino.
    Guilherme de Ockham, conhecido como o “doutor invencível” e o “iniciador venerável”, nasceu na vila de Ockham, nos arredores de Londres, na Inglaterra, em 1285, e dedicou seus últimos anos ao estudo e à meditação num convento de Munique, onde morreu em 9 de abril de 1350, vítima da peste negra.

    Biografia

    Quando ainda em idade precoce, ingressou na Ordem Franciscana, onde estudou Filosofia.
    Jovem ainda, foi para a Universidade de Oxford ensinar ciências filosóficas e matemática, teve contato com outro franciscano, o filósofo e teólogo, Duns Scot, do qual se tornou discípulo. Escreveu vários ensaios sobre as Sentenças do teólogo Pedro Lombardo.
    Um ponto drástico de sua vida ocorreu quando Occam chegou à conclusão de que o papa João XXII estava defendendo uma heresia acerca da pobreza evangélica. Em função da controvérsia que surgiu, Occam fugiu para Pisa, e, em seguida, acompanhou o imperador Luís da Baviera para Munique. Em Munique, continuou a atacar a figura do Papa, redigiu vários ensaios abordando a infalibilidade papal, defendendo a tese de que a autoridade do líder é limitada pelo direito natural e pela liberdade dos liderados, esta afirmada nos Evangelhos, deixando sua situação com a Igreja cada vez mais difícil. Um de seus argumentos mais fortes foi a afirmação categórica que um cristão não contraria os ensinamentos evangélicos ao se colocar ao lado do poder temporal em disputa com o poder papal.

    18. Guilherme de Ockham e o conceito de Liberdade


    É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade e ao longo de anos desenvolveu uma teoria de liberdade baseada no sujeito. O indivíduo seria capaz de escolher e saber o que é certo e errado sem nenhuma intervenção exterior. O homem teria o direito de decidir o seu fim e a sociedade não deveria impor nada a ele. Para a ética, a liberdade é o assunto por excelência. A liberdade é muito importante para a ética, porque se ocupa do livre arbítrio, da finalidade de nossa vida e existência.
    Para Ockham, a liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim ou o não, de poder escolher entre o que me convém ou não e decidir e dar conta da decisão tomada ou de simplesmente deixar acontecer.
    A preocupação de Guilherme de Ockham é com o fato de que o poder organizado e moralizado é contrário à natureza e à liberdade a nós concedida por Deus. Isto não é admitido como verdade por todos os filósofos, e no pensamento medieval do qual Ockham é um representante, isso era uma total desestruturação de uma cultura e sociedade vigentes.
    Ockham denuncia aqueles que em nome da religião, passaram a usurpar o livre arbítrio. E que tais usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus e da natureza.
    Ockham situa a ação humana no indivíduo e suas escolhas reais e concretas, presentes não em verdade ou entes universais, mas nas coisas e situações particulares, individuais. Distingue faculdades humanas de faculdades animais, ou seja, o homem possui a capacidade de viver pela arte e pela razão, que no entendimento do filósofo seriam as faculdades humanas e é por elas que deve agir e não pelas faculdades animais (seus instintos). Pressupõe-se assim que é de nossa própria natureza a capacidade de escolha exercida por meio do livre arbítrio, entendida como presente de Deus e da natureza.
    19 -  Guilherme de Ockham, considerado o iniciador do nominalismo, concebia os universais como: 
    (A) conceitos existentes em si e por si mesmos conhecidos.
        (B) palavras instituídas por convenção, dotadas de significação das coisas.
    (C) posições para a explicação do que é singular, com o propósito de duplicar os entes.
    (D) conceitos situados nas próprias coisas, de modo a propiciar a apreensão das essências por um processo de abstração. 

    O princípio de Occam

    Occam escreveu sua obra com o nome de  Ordenação, esta discorria que todo conhecimento racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos sentidos.
    Uma vez que nós só conhecemos entidades palpáveis, concretas, os nossos conceitos não passam de meios linguísticos para expressar uma ideia, portanto, precisam da realidade física, para as comprovações.
    Criou a máxima pluralidades não devem ser postas sem necessidade, chamado de a Navalha de Occam.
    A Navalha de Occam
    Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha de Occam defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo.
    Occam com destreza conseguiu demonstrar que o "Duns Scotus", princípio da economia, conhecido como a "navalha de Occam", estabelece que "as entidades não devem ser multiplicadas além do necessário, a natureza é por si econômica e não se multiplica em vão".
    20. O confronto de duas teorias
    Este é um princípio filosófico que reza o seguinte: existindo diversas teorias e não havendo evidências que comprovem se é mais verdadeira alguma em relação a outras, vale a mais simples, ou se existirem dois caminhos que levem ao mesmo resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser provado sensorialmente. Em outras palavras, não se deve aplicar a um fenômeno nenhuma causa que não seja logicamente dedutível da experiência sensorial. A regra, inspirada na economia medieval, foi usada pelo filósofo para eliminar muitas das entidades com que os pensadores escolásticos explicavam a realidade.
    O erro do simplismo
    O simplismo aparente da Navalha de Occam, se mal aplicado, pode muitas vezes nos induzir a erros de avaliação em determinados momentos da lógica. Por exemplo, ao efetuarmos determinados experimentos, nem sempre a simplificação é correta, mesmo que o resultado seja muito próximo, ou até idêntico, porém é bastante útil quando o utilizamos em experimentos práticos para comprovar se teorias matemáticas num determinado campo são concordantes.
    21- Simplicidade e perfeição
    Nem sempre a simplicidade é a perfeição, mas a perfeição quase sempre é simples. Muitos autores usam a expressão de que, a simplicidade é a perfeição, quando se lida com experimentos que exigem um certo grau de complexidade. Ao utilizar soluções simplistas de análise, poder-se-á incorrer em erros que podem destruir muitas vezes um trabalho de anos. Simplicidade não é sinônimo de facilidade ou simplismo. Em geral obter uma visão ou uma explicação simples para temas complexos exige um esforço maior do que criar visões complexas, mesmo que corretas, sobre o mesmo tema.
    O Cálculo Diferencial e Integral, assim como grande parte das descobertas científicas da humanidade certamente passou, ao longo de sua história, por inúmeras reformulações decorrentes do aprendizado e realimentação pelas comunidades científicas (Em geral na física e na matemática) até chegar ao currículo básico de qualquer curso de matemática de nível superior. A simplicidade é consequência da experiência, da criatividade e da capacidade de sintetização, além de outros talentos.
    22. Princípios de análise lógica
    Um dos mais importantes é a falta de dados para comprovar se a teoria A é mais correta que a teoria B, ambas tendo o mesmo resultado, porém os cálculos e argumentos da teoria sendo muito mais complexos que para a teoria B. A comunidade científica escolherá sempre a segunda opção, a mais simples.
    Einstein e as simplificações
    Provavelmente, quando escreveu que as teorias devem ser tão simples quanto possível, mas nem sempre devemos escolher as mais simples, Albert Einstein estava se referindo ao princípio de Occam em sua Teoria da Relatividade, pois sabia que as hipóteses testadas muitas vezes caíam em contradições, apesar do resultado ser aparentemente perfeito. Daí pode ter sido a utilização do princípio de Occam em alguns pontos considerados contraditórios em seu postulado, pois em matemática, às vezes verdades claras à luz das deduções tornam-se contraditórias ao passar para a linguagem coloquial.

    23. Duns Scot (1265-1308)

    O Beato Duns Scot da OFM, nasceu em Maxton, condado na Escócia. Viveu muitos anos em Paris, em cuja universidade lecionou, e morreu em Colônia no ano de 1308. Membro da Ordem Franciscana, filósofo e teólogo da tradição escolástica, foi chamado o Doutor Sutil, foi mentor de outro grande nome da filosofia medieval: William de Ockham. Foi beatificado em 20 de Março de 1993, durante o pontificado de João Paulo II.
    Formado no ambiente acadêmico da Universidade de Oxford, onde ainda pairava a aura de Robert Grosseteste e Roger Bacon, posicionou-se contrário a São Tomás de Aquino no enfoque da relação entre a razão e a fé.
    Seu pensamento é agostiniano, mas de forma menos extremada que São Boaventura ou, mesmo, Matheus de Aquasparta; as diferenças entre ele e São Tomás de Aquino, como as dos outros, provem de uma mistura maior de platonismo (derivado de Santo Agostinho) em sua filosofia.
    Para Scot, as verdades da fé não poderiam ser compreendidas pela razão. A filosofia, assim, deveria deixar de ser uma serva da teologia, como vinha ocorrendo ao longo de toda a Idade Média e adquirir autonomia.
    22. Tomas de Aquino (1225-1274)
    Tomás de Aquino foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, proclamado santo e c Doutor Angélico pela Igreja Católica.
    Biografia
    Tomás nasceu em Aquino por volta de 1225 , de acordo com alguns autores no castelo do pai Conde Landulf de Aquino, localizado em Roccasecca, no mesmo Condado de Aquino (Reino da Sicília, no atual Lácio). Por meio de sua mãe, a condessa Teodora, Tomás era ligado à dinastia do Sacro Império Romano-Germânico. O irmão de Landulf, Sinibald, era abade da original abadia beneditina em Monte Cassino. Enquanto os demais filhos da família seguiram uma carreira militar,  a família pretendida que Tomás seguisse seu tio na abadia; isto teria sido um caminho normal para a carreira do filho mais novo de uma família da nobreza sulista italiana.
    Aos cinco anos, Tomás começou sua instrução inicial em Monte Cassino, mas depois que o conflito militar que ocorreu entre o imperador Frederico II e o papa Gregório IX na abadia no início de 1239, Landulf e Teodora matricularam Tomás na universidade criada recentemente por Frederico II em Nápoles. Foi lá que Tomás provavelmente foi introduzido nas obras de Aristóteles, Averróis e Maimônides, todos que influenciariam sua filosofia teológica. Foi igualmente durante seus estudos em Nápoles que Tomás sofreu a influência de João de São Juliano, um pregador dominicano em Nápoles que fazia parte do esforço ativo intentado pela ordem dominicana para recrutar seguidores devotos.. Nesta época seu professor de aritmética, geometria, astronomia e música era Pedro de Ibérnia. Aos 19 anos, contra a vontade da família, entrou na ordem fundada por Domingos de Gusmão. Estudou filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou teologia em Colônia e em Paris se tornou discípulo de Santo Alberto Magno que o "descobriu" e se impressionou com a sua inteligência. Por este tempo foi apelidado de "boi mudo". Dele disse Santo Alberto Magno: "Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido."
    Foi mestre na Universidade de Paris no reinado de Luís IX de França. Morreu, com 49 anos, na Abadia de Fossanova, quando se dirigia para Lião a fim de participar do Concílio de Lião, a pedido do Papa.
    25 - Prova

    1- Genericamente, pode-se dividir a filosofia medieval em dois grandes momentos. Assinale a alternativa que contenha estes momentos:
       a) Patrística e a escolástica. b) Ceticismo e Estoicismo. c) Epicurismo e escolástica. d) Helenística e pitagórica.

    02- Como é denominada a corrente de pensamento que marcou o início da Filosofia Cristã?
    (A) Parrésia; (B) Escolástica; (C) Idade das Trevas; (D) Ecumenismo;  (E) Patrística

    3--Essa nova filosofia presa ao Cristianismo se diferenciava da Filosofia Clássica, porque procurava promover a crença em um Deus todo poderoso proclamado por Jesus Cristo. A esta fase da História da Filosofia chamamos:
    a) Filosofia Católica; b) Filosofia Clássica; c) Filosofia Medieval; d) Filosofia Protestante; e) Filosofia Oriental

    04- a primeira fase da Filosofia no período medieval, também conhecida como:
       a) Patrística; b) Reforma; c) Contra-Reforma; d) Escolástica; e) Estoicismo

    05-a segunda fase da Filosofia Medieval, também conhecida como:
    a) Reforma;    b) Escolástica; c) Contra-Reforma; d) Patrística; e) Neoplatonismo

    06- É comum fazer referência a idade média como a idade das trevas, devido à monopolização do conhecimento formal pela igreja católica, no entanto nesse período houve o surgimento das:
      a) Escolas e universidades; b) Catedrais e igrejas; c) Escolas Filosóficas; d) Escolas técnicas; e) ciencias

    07- Teve grande influência na idade média como o filosofo que platonizou ocristianismo, o seu nome era:
    a)São Cristovam; b)São Tomás de Aquino; c) Santo Aurélio Agostinho; d)Santo Antônio; e) Abelardo

    8- -  Considerado durante muito tempo uma heresia cristã, possivelmente por sua influência sobre algumas delas, o _____________ foi uma religião que, pela coerência da doutrina e a rigidez das instituições, manteve firme unidade e identidade ao longo de sua história. Sua principal característica é a concepção dualista do mundo como fusão de espírito e matéria, que representam respectivamente o bem e o mal.

    A) Utilitarismo; B) Maniqueísmo; C) Hedonismo; D) Atomismo; E) Epicurismo

    9- Assinale a alternativa que responde CORRETAMENTE à pergunta abaixo. Segundo Santo Agostinho, através de qual procedimento podemos descobrir a verdade?
    A( ) Pela experiência empírica. B( ) Pelo diálogo ecumênico. C(x) Pela iluminação interior. D( ) Pela ação do Demiurgo. E( ) Pela dedução transcendental das categorias.

    10- Segundo Chauí em Convite à Filosofia (2000), o teólogo inglês Guilherme de Ockham (.285-..47) fez uma grande contribuição à teoria política medieval ao introduzir como um dos critérios para determinar a legitimidade e a justiça de um poder a ideia 
    (A) do homem como animal político. (B) do direito natural subjetivo.  (C) da dupla investidura. (D) do corpo político do rei. (E) do princípio petríneo. 
    11- O pensamento tomista buscou fazer uma grande síntese da fé e da razão a partir do século IX. Seu grande expoente foi São Tomás de Aquino, o qual fundamentou sua filosofia nas concepções,
    A) Platônicas. B) Agostinianas. 
    C) Aristotélicas.  D) Pré-socráticas. 
    12- Relacione: a) Doutor Sutil; b)Guilherme de Ockham
    ( ) Doutor invencível; ( ) Doutor Sutil

    Maio - Nove aulas
    26. Filosofia
    Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas duas sumas, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a Suma teológica e a Suma contra os gentios.
    A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem. Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão.
    Explica que toda a criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência do bem.
    Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética, ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel.
    Com o uso da razão é possível demonstrar a existência de Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:
    27. Iª Via - Prova do movimento
    É a prova mais clara.
    É inegável que há coisas que mudam. Nossos sentidos nos mostram que a planta cresce, que o céu fica nublado, que a folha passa a ser escrita, que nós envelhecemos, que mudamos de lugar, etc.
    Há mudanças substanciais. Ex.: madeira que vira carvão. Há mudanças acidentais. Ex: parede branca que é pintada de verde. Há mudanças quantitativas. Ex: a água de um pires diminuindo por evaporação. Há mudanças locais. Ex: Pedro vai ao Rio.
    Nas coisas que mudam, podemos distinguir:
    a) As qualidades ou perfeições já existentes nelas.
    b) as qualidades ou perfeições que podem vir a existir, que podem ser recebidas por um sujeito.
    As perfeições existentes são ditas existentes em Ato.
    As perfeições que podem vir a existir num sujeito são existentes em Potência passiva. Assim, uma parede branca tem brancura em Ato, mas tem cor vermelha em Potência.
    Mudança ou movimento é pois a passagem de potência de uma perfeição qualquer (x) para a posse daquela perfeição em Ato.
    27. IIª Via - Prova da causalidade eficiente
    Toda causa é anterior a seu efeito. Para uma coisa ser causa de si mesma teria de ser anterior a si mesma. Por isso neste mundo sensível, não há coisa alguma que seja causa de si mesma. Além disso, vemos que há no mundo uma ordem determinada de causas eficientes.
    Assim, numa série definida de causas e efeitos, o resfriado é causado pela chuva, que é causada pela evaporação, que é causada pelo calor, que é causado pelo Sol. No mundo sensível, as causas eficientes se concatenam às outras, formando uma série em que umas se subordinam às outras: A primeira, causa as intermediárias e estas causam a última. Desse modo, se for surpresa uma causa, fica suspenso o seu efeito. Suspensa a primeira, não haverá as intermediárias e tampouco haverá então a última.
    Se a série de causas concatenadas fosse indefinida, não existiria causa eficiente primeira, nem causas intermediárias, efeitos dela, e nada existiria. ora, isto é evidentemente falso, pois as coisas existem. Por conseguinte, a série de causas eficientes tem que ser definida. Existe então uma causa primeira que tudo causou e que não foi causada.
    Deus é a causa das causas não causada. Esta prova foi descoberta por Sócrates que morreu dizendo: "Causa das causas, tem pena de mim". A negação da Causa primeira leva à ciência materialista a contradizer a si mesma, pois ela concede que tudo tem causa, mas nega que haja uma causa do universo.
    O famoso físico inglês Stephen Hawkins em sua obra "Breve História do Tempo" reconheceu que a teoria do Big-Bang (grande explosão que deu origem ao universo, ordenando-o e não causando desordem, como toda explosão faz devido a Lei da entropia) exige um ser criador. Hawkins admitiu ainda que o universo é feito como uma mensagem enviada para o homem. Ora, isto supõe um remetente da mensagem. Ele, porém, confessa que a ciência não pode admitir um criador e parte então para uma teoria gnóstica para explicar o mundo.
    O mesmo faz o materialismo marxista. Negando que haja Deus criador do universo, o marxismo se vê obrigado a transferir para a matéria as qualidades da Causa primeira e afirmar, contra toda a razão e experiência, que a matéria é eterna, infinita e onipotente. Para Marx, a matéria é a Causa das causas não causada.
    (UFU - 200.) - O filósofo grego que maior influência exerceu sobre Santo Tomás de Aquino foi
    A) Platão. 
     B) Aristóteles. C) Sócrates. D) Heráclito. E) Parmênides.
    28. IIIª Via - Prova da contingência
    Na natureza, há coisas que podem existir ou não existir. Há seres que se produzem e seres que se destroem. Estes seres, portanto, começam a existir ou deixam de existir. Os entes que têm possibilidade de existir ou de não existir são chamados de entes contingentes. Neles, a existência é distinta da sua essência, assim o ato é distinto da potência. Ora, entes que têm a possibilidade de não existir, de não ser, houve tempo em que não existiam, pois é impossível que tenham sempre existido.
    Se todos os entes que vemos na natureza têm a possibilidade de não ser, houve tempo em que nenhum desses entes existia. Porém, se nada existia, nada existiria hoje, porque aquilo que não existe não pode passar a existir por si mesmo. O que existe só pode começar a existir em virtude de um outro ente já existente. Se nada existia, nada existiria também agora. O que é evidentemente falso, visto que as coisas contingentes agora existem.
    Por conseguinte, é falso que nada existia. Alguma coisa devia necessariamente existir para dar, depois, existência aos entes contingentes. Este ser necessário ou tem em si mesmo a razão de sua existência ou a tem de outro.
    Se sua necessidade dependesse de outro, formar-se-ia uma série indefinida de necessidades, o que, como já vimos é impossível. Logo, este ser tem a razão de sua necessidade em si mesmo. Ele é o causador da existência dos demais entes. Esse único ser absolutamente necessário - que tem a existência necessariamente - tem que ter existido sempre. Nele, a existência se identifica com a essência. Ele é o ser necessário em virtude do qual os seres contingentes tem existência. Este ser necessário é Deus.
    29. IVª Via - Dos graus de perfeição dos entes
    Vemos que nos entes, uns são melhores, mais nobres, mais verdadeiros ou mais belos que outros. Constatamos que os entes possuem qualidades em graus diversos. Assim, dizemos que o Rio de Janeiro é mais belo que Carapicuíba. Nessa proposição, há três termos: Rio de Janeiro, Carapicuíba e Beleza da qual o Rio de Janeiro participa mais ou está mais próximo. Porque só se pode dizer que alguma coisa é mais que outra, com relação a certa perfeição, conforme sua maior proximidade, participação ou semelhança com o máximo dessa perfeição.
    Portanto, tem que existir a Verdade absoluta, a Beleza absoluta, o Bem absoluto, a Nobreza absoluta, etc. Todas essas perfeições em grau máximo e absoluto coincidem em um único ser, porque, conforme diz Aristóteles, a Verdade máxima é a máxima entidade. O Bem máximo é também o ente máximo.
    Ora, aquilo que é máximo em qualquer gênero é causa de tudo o que existe nesse gênero. Por exemplo, o fogo que tem o máximo calor, é causa de toda quentura, conforme diz Aristóteles. Há, portanto, algo que é para todas as coisas a causa de seu ser, de sua bondade, de sua verdade e de todas as suas perfeições. E a isto chamamos Deus.
    Por esta prova se vê bem que a ordem hierárquica do universo é reveladora de Deus, permitindo conhecer sua existência, assim como conhecer suas perfeições. É o que diz São Paulo na Epístola aos Romanos (I, .9). E também é por isso que Deus, ao criar cada coisa dizia que ela era boa, como se lê no Gêneses ( I ). Mas quando a Escritura termina o relato da criação, diz que Deus, ao contemplar tudo quanto havia feito, viu que o conjunto da criação era ótimo.
    Pois bem, se cada parcela foi dita apenas boa por Deus como se pode dizer que o total é ótimo? O total deve ter a mesma natureza das parcelas, e portanto o total de parcelas boas devia ser dito simplesmente bom e não ótimo. São Tomás explica essa questão na Suma contra Gentios. Diz ele que o total foi declarado ótimo porque, além da bondade das partes havia a sua ordenação hierárquica. É essa ordem do universo que o torna ótimo, pois a ordem revela a Sabedoria do Ordenador. Por aí se vê que o comunismo, ao defender a igualdade como um bem em si, odeia a ordem, imagem da Sabedoria de Deus. Odiando a imagem de Deus, o comunismo odeia o próprio Deus, porque quem odeia a imagem odeia o ser por ela representado. Nesse ódio está a raiz do ateísmo marxista e de sua tendência gnóstica.
    30. Vª Via - Prova da existência de Deus pelo governo do mundo
    Verificamos que os entes irracionais obram sempre com um fim. Comprova-se isto observando que sempre, ou quase sempre, agem da mesma maneira para conseguir o que mais lhes convém.
    Daí se compreende que eles não buscam o seu fim agindo por acaso, mas sim intencionalmente. Aquilo que não possui conhecimento só tende a um fim se é dirigido por alguém que entende e conhece. Por exemplo, uma flecha não pode por si buscar o alvo. Ela tem que ser dirigida para o alvo pelo arqueiro. De si, a flecha é cega. Se vemos flechas se dirigirem para um alvo, compreendemos que há um ser inteligente dirigindo-as para lá. Assim se dá com o mundo. Logo, existe um ser inteligente que dirige todas as coisas naturais a seu fim próprio. A este ser chamamos Deus.
    Uma variante dessa prova tomista aparece na obra "A Gnose de Princeton". Apesar de gnóstica esta obra apresenta um argumento válido da existência de Deus.
    Filmando-se em câmara lenta um jogador de bilhar dando uma tacada numa bola, para que ela bata noutra a fim de que esta corra e bata na borda, em certo ângulo, para ser encaçapada, e se depois o filme for projetado de trás para diante, ver-se-á a bola sair da caçapa e fazer o caminho inverso até bater no taco e lançar para trás o braço do jogador. Qualquer um compreende, mesmo que não conheça bilhar, que a segunda sequência não é a verdadeira, que é absurda. Isto porque à segunda sequência faltou a intenção, que transparece e explica a primeira sequência de movimentos. Daí concluir com razão, a obra citada, que o mundo cego caminha - como a flecha ou como a bola de bilhar - em direção a um alvo, a um fim. Isto supõe então que há uma inteligência que o dirige para o seu fim. Há pois uma inteligência que governa o mundo.
    31. Este ser sapientíssimo é Deus.
    Depois de tudo tem um cara que me pergunta o seguinte: Se DEUS é a perfeição, qual a sua origem? Porque a de convir comigo, nada se cria por si só, não é mesmo?
    Ai prefiro responder pra mim mesmo que, cientificamente é provado que "fé" existe, e se você acreditar nela ou não, isso é puramente uma "causa" que pode transformar a vida de quem nela acredita."
    A verdade
    "A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência". Tomás de Aquino concluiu que a descoberta da verdade ia além do que é visível. Antigos filósofos acreditavam que era verdade somente o que poderia ser visto. Aquino já questiona que a verdade era todas as coisas porque todas são reais, visíveis ou invisíveis, exemplificando: uma pedra que está no fundo do oceano não deixa de ser uma pedra real e verdadeira só porque não pode ser vista. Aquino concorda e aprimora Agostinho de Hipona quando diz que "A verdade é o meio pelo qual se manifesta aquilo que é". A verdade está nas coisas e no intelecto e ambas convergem junto com o ser. O "não-ser" não pode ser verdade até o intelecto o tornar conhecida, ou seja, isso é apreendido através da razão. Aquino chega a conclusão que só se pode conhecer a verdade se você conhece o que é o ser.
    A verdade é uma virtude como diz Aristóteles, porém o bem é posterior a verdade. Isso porque a verdade está mais próximo do ser, mais intimamente e o que o sujeito ser do bem depende do intelecto, "racionalmente a verdade é anterior".
    Exemplificando: o intelecto apreende o ser em si; depois, a definição do ser, por último a apetência do ser. Ou seja, primeiramente a noção do ser; depois, a construção da verdade, por fim, o bem.
    Sobre a eternidade da verdade ele, Tomás, discorda em partes com Agostinho. Para Agostinho a verdade é definitiva. Imutável. Já para Aquino, a verdade é a consequência de fatos causados no passado. Então na supressão desses fatos à verdade deixa de existir. O exemplo que Tomás de Aquino traz é o seguinte: A frase "Sócrates está sentado" é a verdade. Seja por uma matéria, uma observação ou analise, mas ele está sentado. Ao se levantar, ficando de pé, ele deixa de estar sentado. Alterando a verdade para a segunda opção, mudando a primeira. Contudo, ambos concordam que na verdade divina a verdade por não ter sido criada, já que Deus sempre existiu, não pode ser desfeita no passado e então é imutável.
    32. Ética de Tomás de Aquino
    Segundo Tomás de Aquino, a ética consiste em agir de acordo com a natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal.
    Há uma Lei Divina, revelada por Deus aos homens, que consiste nos Dez Mandamentos.
    Há uma Lei Eterna, que é o plano racional de Deus que ordena todo o universo e uma Lei Natural, que é conceituada como a participação da Lei Eterna na criatura racional, ou seja, aquilo que o homem é levado a fazer pela sua natureza racional.
    A Lei Positiva é a lei feita pelo homem, de modo a possibilitar uma vida em sociedade. Esta subordina-se à Lei Natural, não podendo contrariá-la sob pena de se tornar uma lei injusta; não há a obrigação de obedecer à lei injusta (este é o fundamento objectivo e racional da verdadeira objecção de consciência).
    A Justiça consiste na disposição constante da vontade em dar a cada um o que é seu e classifica-se como comutativa, distributiva e legal, conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com aquele, respectivamente.
    33. Pensamento
    Partindo de um conceito aristotélico, Aquino desenvolveu uma concepção hilemórfica do ser humano, definindo o ser humano como uma unidade formada por dois elementos distintos: a matéria primeira (potencialidade) e a forma substancial (o princípio realizador). Esses dois princípios se unem na realidade do corpo e da alma no ser humano. Ninguém pode existir na ausência desses dois elementos.
    A concepção hilemórfica (humano) é coerente com a crença segundo a qual Jesus Cristo, como salvador de toda a humanidade, é ao mesmo tempo plenamente humano e plenamente divino. Seu poder salvador está diretamente relacionado com a unidade, no homem ou na mulher, do corpo e da alma. Para Aquino, o conceito hilemórfico do homem implica a hominização posterior, que ele professava firmemente. Uma vez que corpo e alma se unem para formar um ser humano, não pode existir alma humana em corpo que ainda não é plenamente humano.
    O feto em desenvolvimento não tem a forma substancial da pessoa humana. Tomás de Aquino aceitou a ideia aristotélica de que primeiro o feto é dotado de uma alma vegetativa, depois, de uma alma animal, em seguida, quando o corpo já se desenvolveu, de uma alma racional. Cada uma dessas "almas" é integrada à alma que a sucede até que ocorra, enfim, a união definitiva alma-corpo.
    Conforme as próprias palavras de Aquino:
    "A alma vegetativa, que vem primeiro, quando o embrião vive como uma planta, corrompe-se e é sucedida por uma alma mais perfeita, que é ao mesmo tempo nutritiva e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal; quando ela se corrompe, é sucedida pela alma racional induzida do exterior (…) Já que a alma se une ao corpo como sua forma, ela não se une a um corpo que não seja aquele do qual ela é propriamente o ato. A alma é agora o ato de um corpo orgânico".
    Assinale a alternativa que caracteriza corretamente a concepção de conhecimento em Tomás de Aquino
    (A) Conhecemos todas as coisas exclusivamente em Deus e por Deus. 
    (B) O conhecimento é exercido pela alma e, portanto, é exclusivamente intelectual ou conceitual. 
    (C) Devido à nossa condição sensível, estamos restritos unicamente ao conhecimento empírico. 
       (D) O processo de conhecimento inclui primeiramente a percepção sensível e depois a abstração intelectual. 
    (E) Qualquer conhecimento verdadeiro só pode ser fornecido pela fé. 
    34. Tomás de Aquino na cultura
    Obras de São Tomas de Aquino (Ética )
    Ética é a capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal( facere bonum opus et vitare malum). Consiste em agir de acordo com a natureza racional.
    São Tomás de Aquino descreve a sua ética baseada na razão proveniente de Deus. O santo Afirma que o Homem tem uma finalidade e consciência de seu fim. Isso mostra que é dotado do dom da razão e que unida à espiritualidade inata, o coloca no âmbito moral. Ele diz que, existe no Ser Humano uma tendência racional, elevando-o e que a vontade Humana tende ao bem Universal, ou seja, a Deus. Ao afirmar a sua ética, Santo Tomás diz que a vontade Humana é livre e, que pode escolher conforme afirmara o Santo Bispo Agostinho. Porém, bom para Santo Tomás, é aquilo que não contraria a razão, sendo esta por sua vez, proveniente e Dom de Deus. Também é dito por Santo Tomás que a virtude, ou seja, aquilo que é de acordo com a lei, é a inclinação para o bem.
    "A alma vegetativa, que vem primeiro, quando o embrião vive como uma planta, corrompe-se e é sucedida por uma alma mais perfeita, que é ao mesmo tempo nutritiva e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal; quando ela se corrompe, é sucedida pela alma racional induzida do exterior (…) Já que a alma se une ao corpo como sua forma, ela não se une a um corpo que não seja aquele do qual ela é propriamente o ato. A alma é agora o ato de um corpo orgânico".

    Prova
    1- Filósofo que é santo da Igreja Católica, morreu a mando de Henrique VIII: 

    a) São Tomás de Aquino; b) Santo Agostinho; c )Santo Anselmo; d) São Tomás More ; e) São Francis Bacon 

    02- (UFU - 200.) - Para Santo Tomás de Aquino, um dos princípios do conhecimento humano era o princípio da causa eficiente. Esse princípio da causa eficiente exigia que o ser contingente

    A) não exigisse causa alguma. B) fosse causado pelo intelecto humano. C) fosse causado pelo ser necessário. D) fosse causado por acidentes casuais. E) fosse causado pelo nada.

    3- Genericamente, pode-se dividir a filosofia medieval em dois grandes momentos. Assinale a alternativa que contenha estes momentos:

       a) Patrística e a escolástica. b) Ceticismo e Estoicismo. c) Epicurismo e escolástica. d) Helenística e pitagórica.

    04--Essa nova filosofia presa ao Cristianismo se diferenciava da Filosofia Clássica, porque procurava promover a crença em um Deus todo poderoso proclamado por Jesus Cristo. A esta fase da História da Filosofia chamamos:

    a) Filosofia Católica; b) Filosofia Clássica; c) Filosofia Medieval; d) Filosofia Protestante; e) Filosofia Moderna

    05-a segunda fase da Filosofia Medieval, também conhecida como:
    a) Reforma; b) Escolástica; c) Contra-Reforma; d) Patrística; e) Neoplatonismo

    06- É comum fazer referência a idade média como a idade das trevas, devido à monopolização do conhecimento formal pela igreja católica, no entanto nesse período houve o surgimento das:

      a) Escolas e universidades; b) Catedrais e igrejas; c) Escolas Filosóficas; d) Escolas técnicas; e) ciências

    07- Teve grande influência na idade média como o filosofo que platonizou o cristianismo, o seu nome era:

    a)São Cristovam; b)São Tomás de Aquino; c) Santo Aurélio Agostinho; d)Santo Antônio; e) Abelardo

    09- Leia as afirmações a seguir.
    I. Tudo tem uma causa. Tudo que foi causado pode causar outras coisas. Deve haver algo que causa as coisas, mas não foi causado por ninguém. Deus é a causa não causada.
    II. Cada ser precisa de algum outro pra existir; este ser é chamado de possível. Mas há um ser que não precisa de ninguém para existir; a ele damos o nome de ser necessário. Esse ser necessário é Deus.
    III. Deus é o ser que nós não conseguimos pensar nada maior; por isso ele não pode ser apenas uma ideia; ele é uma realidade.
    As afirmações, na tentativa de provar racionalmente a existência de Deus, pertencem, respectivamente, aos filósofos
    (A) Platão, Aristóteles e Plotino.
    (B) Aristóteles, Sócrates e São Tomás de Aquino.
    (C) Plotino, Aristóteles e Sócrates.
       (D) Aristóteles, São Tomás de Aquino e Santo Anselmo.
    (E) Santo Anselmo, Aristóteles e São Tomás de Aquino.

    10- Assinale a alternativa que responde CORRETAMENTE à pergunta abaixo. A quem os historiadores da filosofia, Gilson e Boehner, atribuem a seguinte afirmação sobre a justificação racional da existência de Deus: "A partir da experiência obtém-se a ideia de ser supremo que, sendo eterno, também deve ser necessário; e, como tal, não pode ser pensado como não existente."?

    A( ) Santo Agostinho.
    B(X ) Santo Anselmo de Cantuária. C( ) Santo Tomás de Aquino. D( ) Santo Alberto Magno. E( ) Averróis.

    11- A respeito daquilo que Santo Tomás de Aquino pensa sobre a relação entre fé e razão, através da correlação entre teologia e filosofia, assinale a alternativa CORRETA.
    A( ) A filosofia pode contestar a teologia.
    B( ) A teologia, de acordo com a filosofia, determina Deus como uma ideia reguladora da razão.
    C( ) A teologia tem de se subordinar à filosofia.
    D( ) Não há nenhuma relação entre fé e razão.
    E(X ) A fé orienta a razão.

    12- Segundo Santo Tomás de Aquino, há cinco vias que mostram a existência de Deus.
    Assinale qual das alternativas descreve CORRETAMENTE estas cinco vias.
    A( X) Os argumentos: do primeiro motor; sobre a primeira causa eficiente; sobre o existente necessário; sobre os graus do ser; sobre o fim supremo de todas as coisas.
    B( ) Os argumentos: da iluminação interior; sobre a primeira causa eficiente; sobre o primeiro motor; sobre o fim supremo de todas as coisas; sobre os graus do ser.
    C( ) Os argumentos: sobre a iluminação interior; sobre a dialética da Ideia do Bem; sobre a causalidade necessária; sobre a hierarquia dos seres; sobre a eternidade.
    D( ) Os argumentos: sobre a hierarquia dos seres; sobre a iluminação interior; sobre a dialética da Ideia de Bem; sobre o primeiro motor; sobre a ideia inata de Deus.
    E( ) Os argumentos: sobre a Ideia transcendental de Deus; sobre a causalidade necessária; sobre a eternidade; sobre a iluminação interior; sobre o fim supremo de todas as coisas.

    13- Assinale a alternativa que responde CORRETAMENTE à pergunta abaixo.
    No contexto da polêmica dos universais, de quem é a conhecida tese ontológica: "O ser é unívoco em relação a tudo."?
    A( ) Santo Agostinho. B( ) Santo Tomás de Aquino. C( ) William de Ockham.
    D( X) Duns Scotus. E( ) Avicena.

    14- Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que representa a formulação CORRETA do preceito metodológico chamado "navalha de Ockham", diretamente ligado à discussão do problema dos universais.
    A( ) Deve-se multiplicar as entidades quando necessário.
    B( ) As entidades não se multiplicam desnecessariamente.
    C(X ) Não se deve multiplicar as entidades sem necessidade.
    D( ) A multiplicação das entidades é necessária.
    E( ) As entidades multiplicadas são necessárias.
    15- Como são Tomas ficou conhecido? R: Doutor Angélico.
    Junho - Nove aulas
    35. Suma Teológica: É o título da obra básica de São Tomás de Aquino, frade, teólogo e santo da Igreja Católica, um corpo de doutrina que se constitui numa das bases da dogmática do catolicismo e considerada uma das principais obras filosóficas da escolástica. Nesta obra Aquino trata da natureza de Deus, das questões morais e da natureza de Jesus.

    A Obra encontra-se dividida em 3 partes, onde se encontram 512 questões. Cada questão tem perguntas individuais. Estas representam os 2669 capítulos onde estão contidas 1,5 milhões de palavras, 1,5 vezes mais que todas as palavras de Aristóteles (1 milhão), o dobro de todas as palavras conhecidas de Platão.


    Alberto Magno (1200-1280)

    Alberto Magno – OP (Homem do povo), também conhecido como Alberto de Colônia, Bispo de Regensburgo e Doutor da Igreja, foi um frade dominicano que tornou-se famoso por seu vasto conhecimento e por sua defesa da coexistência pacífica da ciência e da religião. Ele é considerado o maior filósofo e teólogo alemão da Idade Média, e foi o primeiro intelectual medieval a aplicar a filosofia de Aristóteles no pensamento cristão.
    Nasceu na Baviera, possivelmente em uma família militar que desejava para Alberto uma carreira militar ou administrativa. Mas, após de concluir os seus estudos em Pádua e em Paris, optou por seguir um caminho sacerdotal, entrando na Ordem de São Domingos. Devido à sua crescente fé em Deus e em Jesus Cristo e à sua dedicação à Ordem, foi promovido a superior provincial e mais tarde, nomeado Bispo pelo Papa.
    Alberto dominava bem a Filosofia e a Teologia (matérias em que teve Tomás de Aquino como discípulo) e mostrou também grande interesse em ciências naturais ao ponto de dispensar, com a autorização do Papa, o episcopado, para continuar a prosseguir os seus estudos e a sua investigação com tranquilidade. Ocupou-se em várias áreas de conhecimento, como a mecânica, zoologia, botânica, meteorologia,agricultura, física, química, tecelagem, navegação e mineralogia. Ele inseriu estes conhecimentos no seu caminho único de santidade, afirmando que a intenção última dele era conhecer a ciência de Deus. A suas obras escritas encheram 22 grossos volumes e exemplificou como viver com equilíbrio e graça a fé que não contradiz a razão.
    Morreu em Colônia, no ano de 1280, proclamado Doutor da Igreja e Patrono dos cultores das ciências naturais.
    36. Doutor da Igreja
    Com Alberto Magno a ordem dos dominicanos, que tanto contribuiu para a alta vida espiritual da Idade Média, ocupa o primeiro lugar e, com ela, rompe o aristotelismo, a grande novidade medieval. Já Boécio sonhara com o plano de dotar o seu tempo com todo Platão e todo Aristóteles, sem conseguir realizá-lo. Mas o plano veio de novo a ser tentado.
    Gregório IX, incumbiu vários sábios, entre os quais Guilherme Altíssimo, de estudar a possibilidade de empregar Aristóteles e a sua filosofia para a ciência da fé.. Alberto vinha de nutrir a intenção de "tornar compreensível aos latinos todas as partes da filosofia aristotélica", e esta vez a empresa vingou. Não somente a lógica, mas também a física, a metafísica, a psicologia, a ética, a política do estagirita fazem parte, daí por diante, do patrimônio filosófico da escolástica, juntamente com as ideias da ciência e da filosofia judaica e árabe e ainda a de muitas outras fontes, particularmente neoplatônicas.
    Alberto tem o título de doutor universal e é, de fato, um enciclopedista universal de grande estilo e, com os seus trabalhos, prestou inestimável serviço à escolástica. Sessenta anos depois da sua morte, escreve dele um ,cronista anônimo: "Nesse tempo floresceu o bispo Alberto, da ordem dominicana, o mais ilustre e sábio de todos os mestres, comparado com o qual, depois de Salomão, não apareceu nenhum maior nem mesmo igual, em toda a filosofia. Mas, como de nação era germânico, é odiado por muitos, .sendo o seu nome denegrido, embora se sirvam das suas obras."
    37. Vida
    Presume-se ter Alberto nascido na Suábia, talvez da família dos condes de Bolstadt. Estudou em Pádua, fez-se dominicano. Entre 1245-148, encontramo-lo na Universidade de Paris. Talvez foi então Tomás seu aluno. Mas seguramente o foi desde 1248 até 1252 em Colônia, para onde Alberto tinha voltado, de Paris.
    Em 1254 foi provincial dos dominicanos alemães. Dois anos mais tarde encontramo-lo na corte papal, depois em Florença, em 1259 elabora, no capítulo geral em Valencienses, com Tomás, Pedro de Tarantásia e outros, um novo plano de estudos.
    Foi eleito bispo de Ratisbona;  mas  depois  de  ter  aí  ordenado  as  cousas principais, desonerou-se das suas funções, passando doravante a pregar a cruzada. De novo vemo-lo aparecer em Colônia, em Estrasburgo, em 1274 no Concilio de Lião, em 1277 ainda uma vez em Paris. Morreu em Colônia em 15 de novembro de 1280. Quando se pensa que Alberto fez, para obedecer às prescrições da sua ordem, todas as suas viagens a pé, é deveras espantoso que, além das suas múltiplas ocupações, conseguisse tempo e concentração de espírito para escrever muitas obras.
    Obras
    Paráfrases às obras de Aristóteles com o mesmo título; também às obras de lógica, à física, à metafísica, à psicologia, à ética, à política, às obras de ciências naturais. Está inédito um comentário à ética em forma de questões .(ca. 1250, redigida por Tomás); 233 Comentário às Sentenças (1245); 11 Suma das criaturas (1245); 4 Suma teológica(1270), etc.

    Caráter geral da filosofia Alberto
    A obra de Alberto, tanto no seu conjunto como nas suas partes, não foi completamente elaborada. A riqueza do material que carreia teve como consequência o prejudicar às vezes a unidade. Mas muitas discrepâncias se resolveriam se se pudesse distinguir entre o que simplesmente refere    e o seu pensamento própria Na sua Suma filosófica contudo, onde expõe o seu próprio modo de ver, o pensamento está bem elaborado.
    Mas não podemos considerá-lo, pura e simplesmente, nem como aristotélico nem como neoplatônico. Tende antes para uma conciliação entre o pensamento platônico e o aristotélico. Seria de grande importância um exame meticuloso do aristotelismo de Alberto para caracterizar o sentido da terminologia aristotélica, também em Tomás e, assim; na escolástica em geral.
    Pois devemos sempre, quando os textos escolásticos citam Aristóteles e as suas ideias, indagar que espécie de Aristóteles é esse e o sentido em que as suas palavras são tomadas. Dentre as ideias filosóficas de Alberto queremos salientar sobretudo três: as concernentes aos fundamentos do ser, à questão dos universais e à substancialidade da alma.
    38- Fundamentação    do    ser
    Alberto dá um fundamento ao ser de modo semelhante ao de Roberto Grosseteste na metafísica da luz. Deus é a luz incriada e produz, como o intelecto universal inteligência. Dele procede  o ser, mediante, a alma do mundo, por gradação até o ente corpóreo, no estilo de Avicena. Mas Alberto rejeita o monismo neoplatônico dos árabes. O ser da primeira Inteligência já não é Deus, mas algo de próprio, talvez "a luz escurecida.
    Os   universais
    Alberto resolve a questão dos universais, isto porque, conhece a distinção dos universais. Em conformidade com isso afirma: a essência específica dos seres é independente da sua realização no mundo espácio-temporal e a precede.    As nossas ideias universais são, como tais, apenas objeto do pensamento. O indivíduo é uma concretização da essência específica e, assim, há um cerne da síntese escolástica entre platonismo e aristotelismo, a Ideia e o mundo concretizados. E também vemos aqui quanto a metafísica dos escolásticos é platonizante; pois, a doutrina das Ideias, nesta composição, também Tomás de Aquino já não a abandona.
    Substância   da    alma
    Igual síntese encontramos ainda uma vez na doutrina da substância da alma. Todas as substâncias criadas são compostas de essência e existência; isto nos leva, às vezes, a crer que Alberto admite uma diferença real entre essência e existência, como Avicena; e outras vezes que a admite apenas lógica, como Averróis. As substâncias corpóreas nascem por obra da energia solar combinada com a agência da primeira Inteligência.
    Os conceitos de matéria e forma ele os emprega, mas não num sentido puramente aristotélico; pois, a forma da corporeidade é a luz. Mas, para as substâncias espirituais Alberto não aceita nem a composição de essência e existência nem a de matéria e forma. Mas elas devem ser compostas e. assim, chega ele à distinção já feita por Boécio sobre o poder da alma.
    O poder atribuir-se à alma quando  mostra ser ela uma substância concreta e portanto individual, quando indica a qualidade específica, podendo então falar-se de uma forma geral, da alma. Alberto não se decide a considerar a alma como a mera enteléquia do corpo. Ele teme, como Nemésio, com quem concorda, comprometer-lhe assim a substancialidade.
    Assim, segundo Alberto, só na medida em que ela confere ao corpo a vida, é a forma dele; mas "em si mesma ela é, como diz Platão, um espírito incorpóreo e vida perene". Por isso se inclina também a conceber, com Platão, a alma como o piloto do corpo, para lhe salvar a substancialidade; e neste passo podemos lembrar que também Aristóteles, no oitavo livro da Física usa dessa imagem. Por causa da substancialidade da alma Alberto se volta contra Averróis. Cada alma, ensina ele contra o filósofo árabe, tem o seu intelecto ativo e passivo próprios (De unitate intellectus contra Averroes).
    39. O   naturalista
    O que dissemos até aqui não deve dar a impressão que tivesse Alberto cultivado de preferência a filosofia especulativa. Conhecia ele, quanto a esta, toda a tradição e podia proferir a sua opinião. Mas além disso tinha particular inclinação para a observação imediata e a descrição da Natureza. Não é exagerado considerá-lo como zoólogo e botânico. A observação imediata da natureza, promoveu sob todas as formas, efeito sobre suas obras. "Se a evolução das ciências naturais tivesse continuado no caminho trilhado por Alberto, ter-se-ia poupado um rodeio de trezentos anos" (Albertus Magnus als Biologe,1947).
    Alberto   e   a   mística
    A importância de Alberto para a mística alemã foi considerado o patrimônio espiritual: parte da patrística, parte das obras areopagíticas e parte, da filosofia árabe, em que ele se inspirou, que se tornou fecundo, a este respeito. Inspirando, Nicolau de Cusa se utilizou dos trabalhos de Alberto.
    Escola   de   Alberto
    À escola de Alberto pertencem Hugo Ripelin de Estrasburgo. Caracteriza essa escola a tendência para o neoplatonismo, a preferência pelas questões das ciências naturais, a independência do pensamento, e aquela universalidade espiritual já característica do mestre. Robert Grosseteste
    40 Averróis 
    Foi um filósofo, médico e polímata muçulmano andaluz conhecido pelo nome de Averróis, distorção latina do antropônimo árabe.
    Membro de uma família de juristas, estudou Medicina e Filosofia. É um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles. Aliás, o próprio Aristóteles foi redescoberto na Europa graças aos árabes e os comentários de Averróis muito contribuíram para a recepção do pensamento aristotélico. Averróis também se ocupou com astronomia e direito canônico muçulmano.
    Sua filosofia é um misto de aristotelismo com algumas nuanças platônicas. A influência aristotélica se revela em sua ideia da existência do mundo de modo independente de Deus e de que também não existe providência divina. Já seu platonismo aparece em sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal.
    No âmbito religioso, sua interpretação do corão propõe que há verdades óbvias para o povo, místicas para o teólogo e científicas para o filósofo e estas podem estar em desacordo umas com as outras. Havendo o conflito, os textos devem ser interpretados alegoricamente. É daí que decorre a ideia que lhe é atribuída de que existem duas verdades, onde uma proposição pode ser teologicamente falsa e filosoficamente verdadeira e vice-versa.
    Dentre suas várias obras, uma das mais célebres é a intitulada “Destruição da destruição”, também conhecida como Incoerência da incoerência, onde defende o neoplatonismo e o aristotelismo dos ataques de outro filósofo árabe, também conhecido como Algazali.
    Seu pensamento provocou sérias discussões entre os cristãos latinos da Universidade de Paris. Como resultado, muitos aderiram à concepção de uma filosofia pura e independente da teologia cristã e formaram um grupo chamado de averroístas latinos.
    41- Prova
        1. (UFU - 200.) - Pedro Abelardo foi um filósofo medieval que participou de uma acirrada disputa filosófica no século XII. Essa disputa centrava-se sobre
          A) a existência de Deus.
          B) o predomínio da fé sobre a razão.
               C) a questão da existência dos universais.
          D) a presença do mal no mundo.
          E) a morte da alma.
        2. Segundo Chauí em Convite à Filosofia (2000), o teólogo inglês Guilherme de Ockham (.285-..47) fez uma grande contribuição à teoria política medieval ao introduzir como um dos critérios para determinar a legitimidade e a justiça de um poder a ideia 
          (A) do homem como animal político. 
             (B) do direito natural subjetivo. 
          (C) da dupla investidura. 
          (D) do corpo político do rei. 
          (E) do princípio petríneo. 
        3. O pensamento tomista buscou fazer uma grande síntese da fé e da razão a partir do século IX. Seu grande expoente foi São Tomás de Aquino, o qual fundamentou sua filosofia nas concepções,
          A) Platônicas.  B) Agostinianas. 
             C) Aristotélicas.  D) Pré-socráticas. 
        4. O nome das duas Sumas de São Tomás de Aquino? (siga o modelo para responder)
          Resposta: ______________________________________________________________________________.
        5. Destaque “seis” palavras chaves do ultimo texto: __________________________________
        6. Relacione:
    a) Santo Agostinho, b) São tomas de Aquino
    ( ) Patristica; ( ) Escolastica
    7- É um dos maiores conhecedores e comentaristas de Aristóteles:
    ( ) Plotino ( X ) Averróis Abelardo ( ) Maquiavel

    8- Faça um desafio com a palavra “Cristãos”.______________________________.

    Julho - Quatro aulas
    42- A filosofia de Averróis
    Sua filosofia é um misto de aristotelismo com algumas nuanças platônicas. A influência aristotélica se revela em sua ideia da existência do mundo de modo independente de Deus (ambos são co-eternos) e de que também não existe providência divina. Já seu platonismo aparece em sua concepção de que a inteligência, fora dos seres, existe como unidade impessoal.
    No âmbito religioso, sua interpretação do corão propõe que há verdades óbvias para o povo, místicas para o teólogo e científicas para o filósofo e estas podem estar em desacordo umas com as outras. Havendo o conflito, os textos devem ser interpretados alegoricamente. É daí que decorre a idéia que lhe é atribuída de que existem duas verdades, onde uma proposição pode ser teologicamente falsa e filosoficamente verdadeira e vice-versa.
    Dentre suas várias obras, uma das mais célebres é a intitulada Destruição da destruição (em árabe Tahafut al-tahafut), também conhecida como Incoerência da incoerência, onde defende o neoplatonismo e o aristotelismo dos ataques de outro filósofo árabe: al-Ghazali, também conhecido como Algazali.
    Seu pensamento provocou sérias discussões entre os cristãos latinos da Universidade de Paris. Como resultado, muitos aderiram à concepção de uma filosofia pura e independente da teologia cristã e formaram um grupo chamado de averroístas latinos.
    43. Os averroístas
    Os averroístas aceitam, com Aristóteles, a concepção de Deus como motor imóvel que move eternamente um mundo eternamente existente não feito nem conhecido por ele. Esta tese da eternidade do mundo choca com as concepções cristãs. Postulam que a alma individual do homem é perecedora e corruptível; isto é, não é imortal. Finalmente, os averroístas defendem a teoria da dupla verdade: a teológica ou da fé e a filosófica ou da razão.
    Portanto, é verdade, de acordo com a fé, que a alma é imortal e o mundo é criado; mas também é verdade, de acordo com a razão, que a alma é corruptível e o mundo é eterno. Daqui se retirou, nos séculos XVIII e XIX, a defesa de uma total autonomia da razão perante a fé, que se opõe à tese agostiniana de que a verdade é única.
    As teses averroístas mais radicais foram condenadas pela Igreja Católica. Tomás de Aquino, tendo sido um seguidor de Averróis, opôs-se no entanto ao seu naturalismo exclusivamente racional. Renan, o célebre autor francês da Vida de Jesus, onde se nega toda e qualquer intervenção do sobrenatural, iniciou a sua carreira acadêmica escrevendo sobre Averróis e o Averroísmo.
    Pela qualidade e pela amplitude da sua atividade como comentarista de Aristóteles é conhecido como «o Comentador». Escreveu diversas obras polêmicas e médicas, mas são os seus comentários os que exercem uma influência decisiva no Ocidente para a adoção do aristotelismo. Escreveu também um importante tratado médico (Generalidades).
    Averróis teve o favor e a proteção dos califas da Espanha até que foi desterrado por Mansur, que considerou as opiniões do filósofo desrespeitosas e em desacordo com o Corão.
    44- Pedro Abelardo (1079-1142)
    Pedro Abelardo foi um filósofo escolástico francês, um teólogo e grande lógico. É considerado um dos maiores e mais ousados pensadores do século XII.. Ficou conhecido do público por sua vida pessoal e o relacionamento com Heloísa, de que fala em sua História das Minhas Calamidades.

    Vida, pensamento e obras

    Na filosofia ocupa uma posição importante por ter formulado o conceitualismo, posição que não pertence propriamente nem ao idealismo, nem ao materialismo.
    A obra principal de Abelardo, chamada Dialética, inspirada no pensamento de Boécio foi a obra de lógica mais influente até o final do século XIII em Roma, onde foi usada como manual escolar, já que a lógica era ministrada como parte do trivium, fornecendo aos estudantes os argumentos e armas para às disputas metafísicas e teológicas.
    Abelardo identificava o real ao particular e considerava o universal como o sentido das palavras, rejeitando o nominalismo. Dessa forma, o significado dos nomes permitiria esclarecer os conceitos, de forma a emancipar a lógica da metafísica, tornando-a uma disciplina autônoma.
    Foi o mais ilustre teólogo e filósofo do século XII, nasceu em Pallet, perto de Nantes, França. Destinado à carreira das armas, escolheu, no entanto, a das letras. Foi discípulo de Roscelino de Compegngue e Guilherme de Champeaux, chamou a atenção para a divergência que os separava quanto aos universais.
    45. A controvérsia
    A controvérsia centrava-se na qualidade empírica ou abstrata dos conceitos: os universais têm uma entidade genérica real ou são coisas puramente pensadas ? O problema despertava interesse em todo o campo teológico. Enquanto Guilherme os considerava reais e necessários, Roscelino só lhes atribuía o valor de palavras. Abelardo adotou uma posição intermédia: Definia como não sendo meras palavras, mas também não estabelecendo um saber real, visto que, sendo a sua significação subjectiva, o que exprimem são tão só opiniões pessoais sobre o ser (sermones), que, contudo, possibilitam o entendimento entre os homens. As palavras importantes tornam-se universais ao serem aceites como tal, e como tal «usam-se» para exprimirem as verdades necessárias.
    Enfrentando não poucas dificuldades e lutas, ensinou desde 1108, com grande êxito, na escola de Santa Genoveva. De 1113 a 1118 ocupou, finalmente, um lugar na escola catedral de Paris. A agitação doutrinal provocada por Abelardo, repercutiu-se, também, no modo de ensino que sofreu completa revolução. Romperam-se as formas de ensino da velha escola platônica, criando-se o embrião do que viria a ser o ensino universitário, inteiramente diferente do das escolas locais existentes.
    46- Doutrina
    Mas o conteúdo doutrinário do seu ensino era, também ele, revolucionário. Para aprofundar o estudo dos temas, utilizou o método, embora já usado, mas que ele desenvolveu e que consistia em analisar os diferentes pontos de vista contraditórios em relação a uma mesma questão, lançando, assim, as bases da escolástica, em especial, a técnica das disputas que culminou na Suma. Este método foi tratado por ele na obra conhecida como (Sim e não). Original foi também a sua concepção ética: afirmava que a intenção é tão importante como o ato que dela dimana.
    Abelardo, desde as primeiras dificuldades em Paris, mostrou-se sempre rebelde tendo até sido vítima de uma castração por causa do seu envolvimento amoroso com Heloísa, sobrinha do cônego Fulberto. Depois disso, Heloísa entrou para um convento e Abelardo, para um mosteiro. A partir desse período, trocaram cartas regularmente. Do relacionamento entre os dois nasceu um filho, Astrolábio. Abelardo foi condenado duas vezes, uma no Concílio de Soissons no ano de 1121, a que respondeu, como forma de desafio, fundando um oratório dedicado ao Espírito Santo (Paracleto), e depois no Concilio de Sens em 1141 devido a pressões de São Bernardo de Claraval, com quem se envolvera em polêmica. Poucos meses mais tarde morria em Saint-Marcel.
    47. Santo Anselmo (1033-1109)
    Anselmo de Cantuária  nascido Anselmo de Aosta e também conhecido como Santo Anselmo, foi um influente teólogo e filósofo medieval italiano de origem normanda.
    Foi Arcebispo de Cantuária 1093 e 1109 (sucedendo a Lanfranco de Cantuária, também um italiano), por nomeação de Henrique I de Inglaterra, de quem foi amigo e confessor, mas depois divergiu com ele na questão das investiduras. É considerado o fundador do escolasticismo e é famoso como o criador do argumento ontológico a favor da existência de Deus.
    Viria mais tarde a ser canonizado pela Igreja Católica, e declarado Doutor da Igreja em 1720, pelo Papa Clemente XI.
    Vida e obras
    Santo Anselmo nasceu em Aosta. Seguiu a carreira religiosa, estudou os clássicos e escreveu sempre em latim. Foi eleito prior em .06., porque era considerado inteligente e piedoso. Sua biografia nos é contada pelo seu discípulo, Edmundo.
    Foi comum na Idade Média que os religiosos buscassem o apoio da fé na razão. Anselmo escreveu uma obra sobre esse assunto. É considerado um dos iniciadores da tradição escolástica. "Não só a habilidade dialética fez de Anselmo o precursor da Escolástica, como também o princípio teológico fundamental que adotou: fides quarens intelectum "a fé em busca da inteligência". Foi ele também quem forjou uma nova orientação à teoria dos universais e que reverteu em grande proveito para os intuitos da Teologia racional".


    • Agosto - Oito aulas 
      48. Argumento
      Anselmo buscava um argumento para provar a existência de Deus, e sua bondade suprema. Fala que a crença e a fé correspondem à verdade, e que existe verdadeiramente um ser do qual não é possível pensar nada maior. Ele não existe apenas na inteligência, mas também na realidade.
      Anselmo desenvolveu uma linha de pensamento sobre essas bases, chamados de argumento ontológico, que foi retomada por Renê Descartes e criticada por Immanuel Kant, e ela estava numa obra chamada Proslógio. Ele parte do fato de que o homem encontra no mundo muitas coisas, algumas boas, que procedem de um bem absoluto, que é necessariamente existente. Todas as coisas tem uma causa, menos o ser incriado, que é a causa de si mesmo e fundamenta todos os outros seres. Esse ser é Deus. Seus argumentos não foram totalmente aceitos.
      Anselmo chegou a arcebispo da Cantuária em .09.. Escreveu outras obras importantes, Do gramático e Da verdade, ambos em latim. Recebeu doações de terras para a Igreja, mas brigou com Guilherme, o ruivo, rei da Inglaterra pois não queria fazer comércio com os bens da Igreja. Isso foi considerado um desrespeito ao poder real, e Guilherme impediu Anselmo de viajar para Roma, desafiando o poder da Igreja.
      Num dos seus primeiros livros, Monológio, em que apresenta sua visão de Deus, Anselmo fala que a essência suprema existe em todas as coisas e tudo depende dela. Reconhece nela onipotência, onipresença, máxima sabedoria e bondade suprema. Ela criou tudo a partir do nada.
      Anselmo procurava desenvolver um raciocínio evolutivo sobre o que considerava ser a verdade, que estava contida na Bíblia. Para Anselmo, o pensamento tem algo de divino, e Deus tem uma razão. Sua palavra é sua essência, e Ele é pura essência (essa noção não é nova) infinita, sem começo nem fim, pois nada existiu antes da essência divina e nada existirá depois. Para ela o presente, o passado e o futuro são juntos ao tempo, são uma coisa só. E Ela é imutável, uma substância, embora seja diferente da substância das outras criaturas.
      Existe de uma maneira simples e não pode ser comparado com a consciência das criaturas, pois é perfeito e maravilhoso e tem todas as qualidades já citadas. O verbo e o espírito supremo são uma coisa só, pois este usa o verbo consubstancial para expressar-se. Mas a maneira intrínseca que o espírito supremo se expressa e conhece as coisas é incognoscível para nós. O verbo procede de Deus por nascimento, e o pai passa a sua essência para o filho. O espírito ama a si mesmo, e transmite esse amor.
      Para Anselmo, a alma humana é imortal, e as criaturas seriam felizes e infelizes eternamente. Mas nenhuma alma é privada do bem do Ser supremo, e deve buscá-lo, através da fé. E Deus é uno. Para contemplá-lo devemos nos afastar dos problemas e preocupações cotidianos e buscá-lo. Ele é onipotente embora não possa fazer coisas como morrer ou mentir. É piedoso, em parte por ser impassível, o que não o impede de exercer sua justiça, pois ele pensa e é vivo. Anselmo fala muito da crença divina do Pai, do filho e do espírito humano. Grandes coisas esperam por aquele que aceitar Deus e buscá-lo. Santo Anselmo influenciou muito o pensamento teológico posterior.

      Filósofos Renascentistas
          1. Erasmo (1469-1536)
      Erasmo de Roterdão foi um teólogo e um humanista neerlandês.
      Erasmo cursou o seminário com os monges agostinianos e realizou os votos monásticos aos 25 anos, vivendo como tal, sendo um grande crítico da vida monástica e das características que julgava negativas na Igreja Católica.
      Frequentou bons colégios em Paris, e continuou seus estudos na Universidade de Paris, então o principal centro da escolástica, apesar da influência crescente do Renascimento da cultura clássica, que chegava de Itália. Erasmo optou por uma vida de acadêmico independente, independente de país, independente de laços acadêmicos, de lealdade religiosa e de tudo que pudesse interferir com a sua liberdade intelectual e a sua expressão literária.
      Os principais centros da sua atividade foram Paris, Inglaterra e Basileia. No entanto, nunca pertenceu firmemente a nenhum destes sítios. O seu tempo em Inglaterra foi frutuoso, tendo feito amizades para a vida com os líderes ingleses, mesmo nos dias tumultuosos do rei Henrique VIII: Thomas More, etc. Na Universidade de Cambridge foi o professor da divindade de Lady Margaret e teve a opção de passar o resto de sua vida como professor de inglês. Ele esteve em Cambridge e é possível que tenha sido acadêmico.
      Foram-lhe oferecidas várias posições de honra e proveito através do mundo acadêmico, mas ele declinou-as todas, preferindo a incerteza, tendo no entanto receitas suficientes da sua atividade literária independente.
      Entre 1506 e 1509 esteve em Itália. Passou ali uma parte do seu tempo na casa editorial de Aldus Manatius, em Veneza. Apesar disto, teve uma associação com acadêmicos italianos menos ativa do que se esperava[quem?].
      A sua residência em Paris expôs Erasmo a muitas críticas mesquinhas por parte daqueles[quem?]que eram hostis aos princípios do progresso literário e religioso aos quais ele devotava a vida. Ele interpretava esta falta de simpatia como uma perseguição e procurou refúgio em Basileia, onde, sob abrigo de hospitalidade suíça, pôde expressar-se livremente e estava rodeado de amigos. Foi lá que esteve associado por muitos anos com o grande editor Froben, e onde uma multidão de admiradores de (quase) todos os cantos da Europa o vieram visitar.

      50. Escritos

      A produtividade literária de Erasmo começou relativamente tarde na sua vida. Apenas quando ele dominou o Latim é que começou a escrever sobre grandes temas contemporâneos em Literatura e em Religião.
      A sua revolta contra as formas de vida da igreja não resultou tanto de dúvidas quanto à verdade da doutrina tradicional, nem de alguma hostilidade para com a organização da Igreja. Sentiu antes a necessidade de aplicar os seus conhecimentos na purificação da doutrina e na liberalização das instituições do cristianismo.
      Como acadêmico, tentou libertar os métodos da Escolástica da rigidez e do formalismo das tradições medievais, mas não ficou satisfeito. Ele viu-se como o pregador da retidão. A sua convicção em toda a vida foi que o que era necessário para regenerar a Europa era uma aprendizagem sã, aplicada liberalmente e sem receios pela administração de assuntos públicos da Igreja e do Estado. Esta convicção confere unidade e consistência a uma vida que, de outra forma, pode parecer plena de contradições.
      Erasmo viu-se livre e distante de quaisquer obrigações comprometedoras; no entanto, Erasmo foi, num sentido singularmente verdadeiro, o centro do movimento literário do seu tempo. Ele se correspondeu com mais de quinhentos homens da maior importância no mundo da política e do pensamento, e o seu conselho em vários assuntos era procurado avidamente, se bem que nem sempre seguido.
      Aquando da sua estadia em Paris, Erasmo iniciou a examinação sistemática dos manuscritos do Novo Testamento, por forma a preparar uma nova edição e uma tradução para Latim. Esta edição foi publicada por Froben de Basileia em 1516 e foi a base da maioria dos estudos científicos da Bíblia durante o período da Reforma. Erasmo , embora com muito mais críticas do que elogios foi chamado de "bruto estúpido que preferia a força à sabedoria".
      Ele publicou uma edição crítica do Novo Testamento Grego em 1516. A edição incluiu uma tradução em Latim e anotações. Baseou-se também em manuscritos adicionais recentemente descobertos.
      Na segunda edição, o termo mais familiar "Testamentum" foi usado em vez de "Instrumentum". Esta edição foi usada pelos tradutores da versão da Bíblia do Rei Jaime I de Inglaterra. O texto ficou conhecido mais tarde como o textus receptus. Erasmo publicou mais três edições - 1522, 1527 e 1535. Foi a primeira tentativa por parte de um acadêmico competente e liberal de averiguar aquilo que os escritores do Novo Testamento tinham efetivamente dito.
      Erasmo dedicou o seu trabalho ao Papa Leão X, como patrono da aprendizagem, e considerou o seu trabalho como o seu principal serviço à causa do Cristianismo. Imediatamente depois, começou a publicação das suas paráfrases do Novo Testamento, uma apresentação popular do conteúdo de vários livros. Este, como todos os seus livros, foi publicado em Latim, mas as suas obras eram imediatamente traduzidas noutras línguas, com o seu encorajamento.

      51. Protestantismo


      O movimento de Martinho Lutero começou no ano seguinte à publicação do Novo Testamento, e foi um teste ao carácter de Erasmo. A discussão entre a sociedade europeia e a Igreja Católica Romana tinha-se tornado tão aberta que poucos se podiam furtar a um pedido de uma opinião. Erasmo, no auge da sua fama literária, foi inevitavelmente chamado a tomar partido por um dos lados, mas partidarismo era algo de estranho à sua natureza e hábitos.
      Em toda a sua crítica às tolices clericais e aos abusos, ele tinha sempre afirmado que não estava a atacar as instituições da Igreja em si e não era um inimigo do clero. O mundo inteiro tinha rido com as suas sátiras, mas poucos interferiram com as suas atividades. Ele acreditava que o seu trabalho até então o recomendava às melhores mentes e aos poderes dominantes no mundo religioso.
      Erasmo tinha uma simpatia pelos pontos principais da crítica luterana à Igreja. Tinha um grande respeito pessoal por Martinho Lutero e Lutero sempre falava de Erasmo com reverência pelo seu conhecimento. Lutero esperava obter a sua cooperação num trabalho que parecia o resultado natural do seu próprio. Na sua troca de correspondência inicial, Lutero expressou uma intensa admiração por tudo o que Erasmo tinha feito pela causa de um cristianismo saudável e razoável e encorajou-o a unir-se ao movimento.
      Erasmo declinou qualquer compromisso, argumentando que ao o fazer estaria a colocar em risco a sua posição como líder de um movimento por uma sabedoria pura, o que ele via como o objectivo de sua vida. Apenas como um acadêmico independente poderia ele aspirar a influenciar a reforma da religião. A obra de Lutero foi a de providenciar uma nova base doutrinal para as tentativas até então dispersas de iniciar uma reforma. Ao reavivar os princípios quase esquecidos da teologia de Agostinho, Lutero tinha fornecido o necessário impulso para o interesse pessoal na religião, o que é a essência da Reforma Protestante. Erasmo, no entanto, temia qualquer mudança na doutrina e acreditava que não havia espaço dentro das fórmulas existentes para o tipo de reforma que ele apreciava tanto.
      Por duas vezes durante o debate, ele entrou no campo da controvérsia doutrinal, uma área que era estranha à sua natureza e práticas prévias. Um dos tópicos com que lidou foi a liberdade da vontade, um ponto crucial. No seu "De libero arbítrio" (1524), ele analisa com inteligência e bom humor os exageros Luteranos sobre as óbvias limitações da liberdade humana. Ele apresenta ambos os lados da discussão de forma imparcial. A sua posição foi de que o Homem estava obrigado a pecar, mas que tinha o direito à misericórdia de Deus apenas se ele a procurasse pelos meios que lhe eram oferecidos pela própria Igreja. A "diatribe" não encorajava qualquer ação definida; este era o seu mérito aos olhos dos Erasmianos e o seu defeito aos olhos dos Luteranos.
      Quando Erasmo hesitou em apoiá-lo, isto pareceu aos olhos de Lutero, um homem direto, um evitar de responsabilidade que era devido ou a cobardice ou a falta de visão. No entanto, o lado Católico Romano, que pretendia igualmente manter o apoio de um homem que se tinha declarado tantas vezes como leal aos princípios da Igreja, viu na relutância de Erasmo em tomar partido um sinal de suspeita da deslealdade perante o Catolicismo. A atitude de Erasmo para com a Reforma Protestante pode no entanto ser vista como consistente.
      Os males que ele combateu foram os de forma ou foram males de um tipo curável apenas por uma longa e lenta regeneração na moral e vida espiritual na Europa. O programa da "Reforma de Erasmo" era de usar a aprendizagem para remover os piores excessos. No entanto, falhou em oferecer qualquer método tangível para aplicar os seus princípios ao sistema da Igreja existente. Quando Erasmo foi acusado de ter "posto o ovo que Lutero chocou" ele admitiu parcialmente a verdade da acusação mas disse que tinha esperado uma outra espécie de pássaro completamente diferente.
      À medida que a opinião pública começa a reagir às opiniões de Lutero, as desordens sociais que Erasmo temia começaram a aparecer. A Guerra dos Camponeses, os distúrbios do Anabaptistas na Alemanha e nos Países Baixos, iconoclastia e radicalismo por toda a parte, parecem confirmar as suas previsões mais obscuras. Se este era o resultado da reforma, ele preferia estar de fora. No entanto, ele começava a ser acusado cada vez mais pela "tragédia". Na Suíça, ele estava ainda mais exposto pela sua associação com homens que eram suspeitos de doutrinas extremamente racionalistas.
      A questão teste era a doutrina dos Sacramentos, e o cerne da questão a observância da Eucaristia. Em parte para livrar-se de suspeitas, Erasmo publicou em .5.0 uma nova edição do tratado ortodoxo de Algerus contra o herético Berengar de Tours no século XI. Ele acrescentou uma dedicatória, afirmando acreditar na realidade do corpo de Jesus Cristo após a bênção na Eucaristia, mas admitia que a forma em que este mistério deveria ser expressa fosse matéria de debate. Era-lhe aceitável que a Igreja pregasse a doutrina à maioria dos cristãos e a especulação ficasse mais segura nas mãos dos filósofos. Aqui e acolá Erasmo aponta o princípio de que um homem pode ter duas opiniões sobre assuntos religiosos, uma para si mesmo e seus amigos mais íntimos e outra para o público. Aqueles que se opunham aos Sacramentos, liderados por Lampadius de Basileia, estavam, como Erasmo diz, mencionando-o como alguém com ideias semelhantes. Ele nega isto, mas na sua negação traiu aquilo que em conversas particulares é tido como uma visão racional da doutrina da Eucaristia. Tal como no caso da vontade livre, não tinha aqui a aprovação da Igreja.

      52. Últimos anos

      A sua obra mais conhecida, "Elogio da Loucura", foi dedicada ao seu amigo Thomas More. Em 1536 ele escreveu "A pureza da igreja cristã", na qual ele tentou reconciliar os diferentes partidos. Muito dos seus escritos apelam a uma grande audiência e lidam com assuntos do interesse humano geral; ele parece ter considerado estes como uma diversão, uma atividade de lazer.
      Os seus escritos mais sérios começaram cedo com a "Enciclopédia dos militantes cristãos" , o "Manual (ou adaga) do cavalheiro cristão" (1503). Nesta breve obra, Erasmo esquematiza as perspectivas da vida cristã normal, uma tarefa que se lhe tornaria constante na sua vida. O principal mal dos seus dias, diz ele, é o formalismo, um respeito por tradições sem consideração pelo verdadeiro ensinamento de Cristo.
      O remédio é que cada homem se pergunte a cada ponto "Qual a coisa essencial?", fazendo-o sem receio. Formas podem esconder ou sufocar o espírito. Na sua examinação dos perigos do formalismo, Erasmo discute a vida monástica, a veneração dos santos, a guerra, o espírito de classe e as fraquezas da "sociedade", mas o "Enchiridion" é mais um sermão do que uma sátira.
      O seu texto acompanhante, o "Princípios cristãos" (Basiléia, 1536), foi escrito como conselho ao jovem Rei Carlos de Espanha, mais tarde Carlos V, Sacro-Imperador Romano. Erasmo aplica os princípios gerais de honra e de sinceridade às especiais funções do Príncipe, quem ele apresenta como um servidor do povo.
          1. O Reformador

      Como resultado das suas atividades reformadoras, Erasmo viu-se em conflito com ambas as grandes posições. Os seus últimos anos de vida foram ofuscados por controvérsias amargas com pessoas para quem ele seria normalmente simpático. Notavelmente entre estes encontrava-se um gênio brilhante mas errático, que se entregara à causa de Lutero e tinha declarado que Erasmo, se tivesse uma faísca que fosse de honestidade, faria o mesmo. Na sua resposta "Adversário" (.52.), Erasmo demonstra o seu pleno domínio da semântica. Ele acusa Hutten de ter interpretado mal o seu discurso sobre a reforma e reitera a sua determinação em não tomar partido nunca.
      Quando a cidade de Basileia se tornou oficialmente "reformada" em 1529, Erasmo deixou de residir ali, tendo-se mudado para a cidade imperial de "Friburgo na Germania". Parece indicar que ele viu como mais fácil manter a sua neutralidade sob o domínio Católico Romano do que em condições protestantes. A sua atividade literária permaneceu inabalada, maioritariamente na composição religiosa e didática. A obra mais importante deste último período é a "Ecclesiastes", ou "Pregador do Evangelho" (Basileia, 1535), na qual ele aponta a função de pregador como o serviço mais importante do padre cristão, uma ênfase protestante. O seu pequeno tratado de 1535, "Preparação para a Morte", no qual ele coloca ênfase na importância de uma boa vida como condição essencial para uma morte feliz, mostra outra tendência.

      54. Legado


      A popularidade extraordinária dos seus livros fica patente pelo número de edições e traduções que surgiram desde o século XVI, e no interesse permanente que é suscitado pela sua personalidade esquiva mas fascinante. Dez colunas do catálogo da "British Library" estão ocupados com a mera enumeração de suas obras e subsequentes reedições. Grandes nomes da era clássica e dos pais da igreja foram traduzidos, editados ou comentados por Erasmo, incluindo Santo Ambrósio de Milão, Aristóteles, Santo Agostinho, São Basílio, São João Crisóstomo, Cícero, e Santo Jeronimo.
      Erasmo retornou a Basileia, a sua casa mais feliz, em 1535, após ausência de seis anos. Lá, de novo entre o grupo de acadêmicos protestante que eram seus amigos de longa data, e sem ter qualquer contato que seja conhecido com a Igreja Católica Romana, Erasmo faleceu. Durante a sua vida, as autoridades da Igreja Católica nunca o tinham chamado a justificar as suas opiniões. Os ataques à sua pessoa foram de pessoas privadas, e os seus protetores tinham sido pessoas em altas posições. Em 1535 o Papa Paulo III intentou elevá-lo à condição de Cardeal, mas Erasmo alegou a sua avançada idade e estado de saúde para recusar. Após a sua morte, como reação da Igreja Católica Romana, os seus escritos viriam a ser colocados no Índex dos livros proibidos.
      Erasmo faleceu em Basileia, Suíça. Seu principal livro foi "Elogio da Loucura".
      Prova
      1- Qual o nome da principal obra de Esmo? R: "Elogio da Loucura"
      2- Qual filosofo foi bispo de Cantuária? R: Santo Anselmo.
      3- Erasmo foi um: R: Filósofos Renascentistas
      4- Erasmo viveu entre: ( X ) 1469 -1536; ( ) 460-1536; ( ) 469 -1535
      5- Movimento que começou com de Martinho Lutero: Protestantismo
      6- Qual dos filósofos abaixo é considerado o Príncipe do nominalismo:
      ( )Occan ( Abelardo ( ) Aquino ( ) Maquiavel
      7- Filosofo que ficou conhecido como Doutor angélico: ___________________
      8- Pedro Abelardo é um filosofo: ( ) Pré- socrático; ( x ) Medieval; ( ) Moderno
      9- (Filosofia, um resumo) Filósofos árabes e judeus participaram da Filosofia Escolástica?
      a) Sim e foram importantes na construção e na compreensão dos elementos filosóficos. b) Não, uma vez que não eram cristãos. c) Participaram, mas não eram considerados. Suas teses eram estranhas ao cristianismo.
      10 – Relacione: a) Duns Scot; b) Guilherme de Ockham; c) São Tomás de Aquino; d) Alberto Magno.
      ( b ) Doutor invencível; ( c ) Doutor Angélico; ( d ) doutor universal; ( a ) Doutor Sutil
      Setembro - Oito aulas

      55. Francis Bacon (1561-1626)

      Francis Bacon, foi um político, filósofo e ensaísta inglês, barão de Verulam É considerado como o fundador da ciência moderna.
      Desde cedo, sua educação orientou-o para a vida política, na qual exerceu posições elevadas. Em 1584 foi eleito para a câmara dos comuns.
      Sucessivamente, durante o reinado de Jaime I, desempenhou as funções de procurador-geral, fiscal geral, guarda do selo e grande chanceler. Neste mesmo ano, foi nomeado barão de Verulam e em 1621, barão de Saint Alban. Também em 1623, Bacon foi acusado de corrupção. Condenado ao pagamento de pesada multa, foi também proibido de exercer cargos públicos.
      Como filósofo, destacou-se com uma obra onde a ciência era exaltada como benéfica para o homem. Em suas investigações, ocupou-se especialmente da metodologia científica e do empirismo, sendo muitas vezes chamado de "fundador da ciência moderna". Sua principal obra filosófica é o Novum Organum.
      Francis Bacon foi um dos mais conhecidos e influentes rosa-cruzes e também um alquimista, tendo ocupado o posto mais elevado da Ordem Rosa-cruz, o de Imperador. Estudiosos apontam como sendo o real autor do famoso manifestos rosa-cruzes,  Núpcias Alquímicas de  (1616).
      Para Francis Bacon, a mente humana estava povoada por ídolos, sendo que somente o conhecimento poderia libertá-la dos mesmos. Dentre estes ídolos encontram-se os ídolos do foro. Estes ídolos se relacionavam a: 

          A) Linguagem humana.  B) Adesão a sistemas filosóficos.  C) Convicções íntimas dos indivíduos.  D) Própria natureza humana. 

      56. Filosofia

      O pensamento filosófico de Bacon representa a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de Grande restauração. A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, acabaria por apresentar um novo método que deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados deveriam apresentar um modo específico de investigação dos fatos, passando, a seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma completa do conhecimento. A tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da Instauração foi concluída.
      A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica à filosofia anterior (especialmente a Escolástica), considerada estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de origem aristotélica, também é criticada. Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava mais importante que Platão e Aristóteles.
      A ciência deve restabelecer o império do homem sobre as coisas. A filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático. Saber é poder. A mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos. O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar poder sobre a natureza.
      57. Classificação das ciências

      Preliminarmente, Bacon propõe a classificação das ciências em três grupos:
      § Poesia ou ciência da imaginação;
      § História ou ciência da memória;
      § Filosofia ou ciência da razão.
      A história é subdividida em natural e civil e a filosofia é subdividida em filosofia da natureza e em antropologia.

      Ídolos
      No que se refere ao Novum Organum, Bacon preocupou-se inicialmente com a análise de falsas noções (ídolos) que se revelam responsáveis pelos erros cometidos pela ciência ou pelos homens que dizem fazer ciência. É um dos aspectos mais fascinantes e de interesse permanente na filosofia de Bacon. Esses ídolos foram classificados em quatro grupos:
      1.) Idolos da tribo. Ocorrem por conta das deficiências do próprio espírito humano e se revelam pela facilidade com que generalizamos com base nos casos favoráveis, omitindo os desfavoráveis. O homem é o padrão das coisas, faz com que todas as percepções dos sentidos e da mente sejam tomadas como verdade, sendo que pertencem apenas ao homem e não ao universo. Dizia que a mente se desfigura da realidade. São assim chamados porque são inerentes à natureza humana, à própria tribo ou raça humana.
      2) Idola Specus (ídolos da caverna). Resultam da própria educação e da pressão dos costumes. Há, obviamente, uma alusão à alegoria da caverna platônica;
      3.) Idola Fori (ídolos da vida pública). Estes estão vinculados à linguagem e decorrem do mau uso que dela fazemos;
      4) Idola Theatri (ídolos da autoridade). Decorrem da irrestrita subordinação à autoridade (por exemplo, a de Aristóteles). Os sistemas filosóficos careciam de demonstração, eram pura invenção como as peças de teatro.
      58. O método
      O objetivo do método baconiano é constituir uma nova maneira de estudar os fenômenos naturais. Para Bacon, a descoberta de fatos verdadeiros não depende do raciocínio silogístico aristotélico mas sim da observação e da experimentação regulada pelo raciocínio indutivo. O conhecimento verdadeiro é resultado da concordância e da variação dos fenômenos que, se devidamente observados, apresentam a causa real dos fenômenos.
      Para isso, no entanto, deve-se descrever de modo pormenorizado os fatos observados para, em seguida, confrontá-los com três tábuas que disciplinarão o método indutivo: a tábua da presença(responsável pelo registro de presenças das formas que se investigam), a tábua de ausência(responsável pelo controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes) e a tábua da comparação (responsável pelo registro das variações que as referidas formas manifestam).
      Com isso, seria possível eliminar causas que não se relacionam com o efeito ou com o fenômeno analisado e, pelo registro da presença e variações seria possível chegar à verdadeira causa de um fenômeno. Estas tábuas não apenas dão suporte ao método indutivo mas fazem uma distinção entre a experiência vaga (noções recolhidas ao acaso) e a experiência escriturada (observação metódica e passível de verificações empíricas). Mesmo que a indução fosse conhecida dos antigos, é com Bacon que ela ganha amplitude e eficácia.
      O método, no entanto, possui pelo menos duas falhas importantes. Em primeiro lugar, Bacon não dá muito valor à hipótese. De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre. Em segundo lugar, Bacon não imaginou a importância da dedução matemática para o avanço das ciências. A origem para isso, talvez, foi o fato de ter estudado em Cambridge, reduto platônico que costumava ligar a matemática ao uso que dela fizera Platão.

      59. Obras

      Francis Bacon esteve envolvido com investigações naturais até o fim de sua vida, tentando realizar na prática seu método. No inverno de 1626, estava envolvido com experiências sobre o frio e a conservação. Desejava saber por quanto tempo o frio poderia preservar a carne.

      A produção intelectual de Bacon foi vasta e variada. De modo geral, pode ser dividida em três partes: jurídica, literária e filosófica.
      Obras jurídicas
      Figuram entre seus principais trabalhos jurídicos os seguintes títulos: Elementos das leis comuns da Inglaterra,  Casos de traição, Douta leitura do código de costumes por Sir Francis Bacon.
      Obras literárias
      Sua obra literária fundamental são os Ensaios, publicados em 1597 e 1625 e cujo tema é familiar e prático. Alguns de seus ditos tornaram-se proverbiais e os Ensaios tornaram-se tão famosos quanto os de Montaigne. Outros opúsculos, no âmbito literário: Estandartes do bem e do mal, Da sabedoria dos antigos. No âmbito histórico destaca-se  a História de Henrique VII.
      De acordo com seu método, a simples disposição ordenada dos dados nas três tábuas acabaria por levar à hipótese correta. Isso, contudo, raramente ocorre
      60. Obras filosóficas
      As obras filosóficas mais importantes de Bacon são Grande restauração e Novum organum. Nesta última, Bacon apresenta e descreve seu método para as ciências. Este novo método deverá substituir o Organon aristotélico.
      Seus escritos no âmbito filosófico podem ser agrupados do seguinte modo:
      1) Escritos que faziam parte da  Grande restauração  e que foram ou superados ou postos de lado, como: De Da interpretação da natureza, Pesquisas sobre o movimento, História natural, onde tenta aplicar seu método pela primeira vez;
      2) Escritos relacionados com a  Grande restauração mas não incluídos em seu plano original. O escrito mais importante é Nova Atlântida, onde Bacon apresenta uma concepção do Estado ideal regulado por ideias de caráter científico. Além deste, destacam-se Reflexões sobre a natureza das coisas e Das marés;
      3) Grande restauração , onde Bacon procura desenvolver o seu pensamento filosófico científico e que consta de seis partes:
      (a) Classificação das ciências, sistematização do conjunto do saber humano, de acordo com as faculdades que o produzem;
      (b) Novum organum Indicia de interpretação natural (Novo método ou Manifestações sobre a interpretação da natureza), exposição do método indutivo, trabalho esse que reformula e repete o Novum organum;
      (c)  Historia natural (Fenômenos do universo ou História natural e experimental para a fundamentação da filosofia), versa sobre a coleta de dados empíricos;
      (d) Escala do entendimento ou O Fio do labirinto, contém exemplos de investigação conduzida de acordo com o novo método;
      (e) Introdução ou Antecipações à filosofia segunda, onde faz considerações à margem do novo método, visando mostrar o avanço por ele permitido;
      (f) Filosofia segunda ou Ciência ativa, seria o resultado final, oragnizado em um sistema de axiomas.

      61. Morte e legado de Bacon


      Francis Bacon esteve envolvido com investigações naturais até o fim de sua vida, tentando realizar na prática seu método. No inverno de 1626 estava envolvido com experiências sobre o frio e a conservação. Desejava saber por quanto tempo o frio poderia preservar a carne. A idade havia debilitado a saúde do filósofo e ele acabou não resistindo ao rigoroso inverno daquele ano. Morreu em 9 de abril, vítima de uma bronquite. Encontra-se sepultado em St Michael na Inglaterra.
      Efetivamente, Bacon não realizou nenhum grande progresso nas ciências naturais. Mas foi ele quem primeiro esboçou uma metodologia racional para a atividade científica. Sua teoria dos ídolos  antecipa, pelo menos potencialmente, a moderna Sociologia do Conhecimento. Foi um pioneiro no campo científico e um marco entre o homem da Idade Média e o homem moderno. Ademais, Bacon foi um escritor notável. Seus Essaios  são os primeiros modelos da prosa inglesa moderna. Há muitos que acreditam que tenha sido ele o verdadeiro autor das peças de Shakespeare, teoria surgida há séculos, na chamada Questão da autoria de Shakespeare.
          1. Galileu Galilei (1564-1642)

      Galileu Galilei (em italiano: Galileu Galilei) foi um físico,matemático, astrônomo e filósofo italiano que teve um papel preponderante na chamada revolução científica.
      Galileu desenvolveu os primeiros estudos sistemáticos do movimento uniformemente acelerado e do movimento do pêndulo. Descobriu a lei dos corpos e enunciou o princípio da inércia e o conceito de referencial inercial, ideias precursoras da mecânica newtoniana.
      Galileu melhorou significativamente o telescópio refrator e com ele descobriu as manchas solares, as montanhas da Lua, as fases de Vénus, quatro dos satélites de Júpiter, os anéis de Saturno, as estrelas da Via Láctea. Estas descobertas contribuíram decisivamente na defesa do heliocentrismo. Contudo a principal contribuição de Galileu foi para o método científico, pois a ciência assentava numa metodologia aristotélica.
      O físico desenvolveu ainda vários instrumentos como a balança hidrostática, um tipo de compasso geométrico que permitia medir ângulos e áreas, o termômetro de Galileu e o precursor do relógio de pêndulo. O método empírico, defendido por Galileu, constitui um corte com o método aristotélico mais abstrato utilizado nessa época, devido a este Galileu é considerado como o "pai da ciência moderna".

      63. Estudos em Pisa


      O termômetro de Galileu. O seu funcionamento baseia-se na descoberta de que a densidade de um líquido, e logo também a força de impulsão por este exercida, depende da temperatura.
      Galileu foi excelente aluno na escola dominical de Vallembrosa e teve intenção de ingressar no monastério. Seu pai não permitiu e inscreveu-o na Universidade de Pisa para estudar medicina. No entanto desistiu de estudar medicina dois anos depois e decidiu estudar matemática com Otílio Ricci, discípulo do famoso Nicolau Tartaglia. Seu pai tampouco desejava que o filho estudasse matemática clássica e assim Galileu abandonou a universidade em .585, sem obter o título e foi para Florença, onde deu aulas particulares para sobreviver e continuou os seus estudos de matemática, mecânica e hidrostática. Foi nessa época que inventou a balança hidrostática, cujo mecanismo descreveu no breve tratado "La bela citá", publicado postumamente em 1624.
      Durante o curso de medicina descobriu o isocronismo do pêndulo, determinando que o seu período não depende da massa, mas apenas do comprimento do fio. Foi o primeiro a pensar que este fenômeno permitiria fazer relógios muito mais precisos, e já no final da sua vida viria a trabalhar no mecanismo de escapo que mais tarde originaria o relógio de pêndulo.
      Em .588, com o apoio de Guidobaldo del Monte, matemático e admirador da sua obra, Galileu foi nomeado para a cátedra de matemática na Universidade de Pisa [.]. Também em Pisa realizou as suas famosas experiências de queda de corpos em planos inclinados. Nestas demonstra que a velocidade de queda não depende do peso. Em 1590, publicou o pequeno tratado "De motu", sobre o movimento dos corpos.
      Com suas experiências de movimento de bolas em planos inclinados aproximou-se do que seria mais tarde conhecido como a primeira lei de Newton. Suas descobertas sobre o movimento tiveram significado especial pela abordagem matemática usada para analisá-las. A abordagem matemática se tornaria a marca registrada da física dos séculos XVII e XVIII e por esta razão Galileu seria chamado o "pai da física matemática".
      Certos pensadores foram capazes de sintetizar grande parte do pensamento de um período em uma única frase. A época de Galileu Galilei foi marcada por inúmeras diatribes com a Igreja Católica e pelo surgimento de uma nova maneira de pensar. A frase "o livro da natureza está escrito em linguagem matemática" sintetiza 
      A - o desprezo de Galileu por Deus e por qualquer explicação de caráter metafísico embasada em entidades supranaturais. 
      B - a defesa do heliocentrismo, tese introduzida por Nicolau Copérnico. 
      C - a superação da filosofia platônica com seu apreço excessivo pela construção lógica. 
         
      D - a inversão entre religião e ciência com relação à prioridade sobre a enunciação da verdade. 

      64. Os anos em Pádua


      Em 1592, ainda devido à influência de Guidobaldo del Monte, conseguiu a cátedra de matemática na Universidade de Pádua, onde passou os .8 anos seguintes, "os mais felizes da sua vida". Nesta universidade ensinou geometria, mecânica e astronomia. Em Pádua, descobriu as leis do movimento parabólico. Em Pádua conquistou reputação internacional e suas aulas eram frequentadas por até mil alunos.
      O telescópio
      Em 1609, em uma de suas frequentes viagens a Veneza com seu amigo Paulo Sarpi ouviu rumores sobre a "trompa holandesa"., um telescópio que foi oferecido por alto preço ao doge de Veneza. Ao saber que o instrumento era composto de duas lentes em um tubo, Galileu logo construiu um capaz de aumentar três vezes o tamanho aparente de um objeto, depois outro de dez vezes e, por fim, um capaz de aumentar 10 vezes.
      Galileu não inventou o telescópio, cujo pedido de patente foi feito em 1608, por Hans Lippers, fabricante de óculos de Middburg, nos Países Baixos, embora o termo "telescópio" tenha sido inventado na Itália.
      Porém Galileu foi o primeiro a fazer uso científico do telescópio, ao fazer observações astronômicas com ele. Descobriu assim que a Via Láctea é composta de miríades de estrelas (e não era uma "emanação" como se pensava até essa época), descobriu ainda os satélites de Júpiter, as montanhas e crateras da Lua. Todas essas descobertas foram feitas em março de .6.0 e comunicadas ao mundo no livro "O Mensageiro das Estrelas" em março do mesmo ano em Veneza. A observação dos satélites de Júpiter, levaram-no a defender o sistema heliocêntrico de Copérnico.
      Prova

      1- Filósofo que foi secretário de Francis Bacon
      a) Descartes; b) Hume;
      c) Hobbes; d) Pufendorf; e) Locke.

      2- Para Francis Bacon, a mente humana estava povoada por ídolos, sendo que somente o conhecimento poderia libertá-la dos mesmos. Dentre estes ídolos encontram-se os ídolos do foro. Estes ídolos se relacionavam a: 
          A) Linguagem humana.  B) Adesão a sistemas filosóficos.  C) Convicções íntimas dos indivíduos.  D) Própria natureza humana. 
      3- Obra cuja publicação foi suspendida por Descartes devido à condenação de Galileu pela Inquisição:
      a) As regras para a direção do espírito Humano b) O discurso do método c) Meditações d) O mundo e) A natureza
      4- “O universo é um livro escrito em caracteres matemático”. Esta frase é de: R: Galileu
      5- “Telescópio”. Faça um desafio com esta palavra.________________
      6- Destaque seis palavras chaves do ultimo texto: ______________________________________________
      7- (Filosofia, um resumo) O primeiro expoente no empirismo foi Bacon?
      a) Bacon não foi empirista.
      b) Bacon foi erroneamente colocado como empirista. Não era um filósofo, era apenas escritor
      c) Bacon, filósofo inglês, foi essencial ao empirismo.

      8-  (Filosofia, um resumo)Bacon mostrou um caminho para a investigação científica?
      a) Não. Ele nunca soube se existiria um caminho.
      b) Não. Ele recuou após ter ousado um caminho.
      c) Sim. Suas bases ainda hoje são importantes e envolvem a observação.

      09- (Filosofia, um resumo)O Iluminismo trouxe novas ideias filosóficas e refutou tudo o que havia até então?
      a) Sim, houve o completo afastamento de toda a Filosofia anterior.
      b) O que aconteceu disse respeito a uma organização, uma estruturação do material filosófico construído até então, além do surgimento de novas ideias.
      c) outra resposta
      Outubro - Dez aulas

      65. Reconhecimento público e primeiros problemas com a Inquisição

      O eco das descobertas astronômicas de Galileu foi imediato, devido à publicação do “Sidereus Nuncius” foi nomeado matemático e filósofo grã-ducal, sem obrigação de ensinar. Entretanto observa as manchas solares e os anéis de Saturno, que confunde com dois satélites devido à baixa resolução do seu telescópio. Observa ainda as fases de Vénus, que utiliza como uma prova mais do sistema heliocêntrico. Abandonou então Pádua e foi viver em Florença.

      Em Florença

      A publicação do “Sidereus Nuncius” suscitou reconhecimento mas também diversas polêmicas. Com a acusação de haver se apossado, com o telescópio, de uma descoberta que não lhe pertencia, foram postas em dúvida também a realidade de suas descobertas. O aristotélico Cremonini recusou-se a olhar pelo telescópio, enquanto o matemático bolonhês Antonio Magini sem negar a utilidade do instrumento, sustentou a inexistência das descobertas e Galileu em pessoa, de início, buscou inutilmente dissuadi-lo.
      Mais tarde, Magini mudou de ideia, ele que inicialmente havia afirmado que as descobertas eram somente ilusões de ótica das lentes. Era, esta última, uma objeção na época não facilmente refutável, dado que as lentes podiam aumentar a visão mas também deformá-la. Um apoio muito importante foi dado a Galileu por Kepler, que verificou a existência efetiva dos satélites de Júpiter.
      Galileu foi convocado a Roma para apresentar as suas descobertas ao Colégio Romano dos jesuítas, onde se encontrava o futuro Papa Urbano VIII, de quem ficou amigo, e o cardeal Roberto Bellarmino, que reconhece as suas descobertas. No mesmo ano acede à Academia dei Lincei.
      Os matemáticos do Colégio Romano eram considerados as maiores autoridades daquele tempo e em 29 de março de .6.. Galileu apresentou suas descobertas em Roma: foi recebido com todas as honras pelo próprio papa Paulo V, pelos cardeais Francesco Maria Del Monte e Maffeo Barberini e pelo príncipe Federico Cesi, que o inscreveu na Academia dei Lincei, por ele mesmo fundada havia oito anos.
      Em 1° de abril, Galileu escreveu ao secretário ducal Belisario Vinta que os jesuítas "tendo finalmente conhecido a verdade dos novos planetas, estão há dois meses em contínuas observações, as quais prosseguem; e as temos comparado com as minhas, e seus resultados correspondem".
      Galileu não sabia porém que em .9 de abril o cardeal Roberto Bellarmino havia encarregado os matemáticos vaticanos de aprontar-lhe uma relação sobre novas descobertas feitas por "um valente matemático por meio de um instrumento chamado canhão ou melhor óculos" e que a Congregação do Santo Ofício, no dia .6 de maio, havia decidido questionar sobre as relações existentes entre Galileu e o filósofo Cesare Cremonini, há tempos suspeito de heresia pela inquisição de Pádua. Evidentemente, na Igreja estavam bem presentes as consequências que "poderiam ter estes singulares desenvolvimentos da ciência sobre a concepção geral do mundo e assim, indiretamente, sobre os sacros princípios da teologia tradicional".
      Em 1611 foi convocado a Roma para apresentar as suas descobertas ao Colégio Romano dos jesuítas, onde se encontrava o futuro Papa Urbano VIII, de quem ficou amigo, e o cardeal Roberto Bellarmino, que reconhece as suas descobertas. No mesmo ano os matemáticos do Colégio Romano eram considerados as maiores autoridades daquele tempo e em 29 de março de 1611 Galileu apresentou suas descobertas em Roma: foi recebido com todas as honras pelo próprio papa Paulo V, pelos cardeais Francesco Maria Del Monte e Maffeo Barberini e pelo príncipe Federico Cesi, que o inscreveu na Academia dei Linceu, por ele mesmo fundada havia oito anos.
      Em 1.° de abril, Galileu escreveu ao secretário ducal Belisario Vinta que os jesuítas "tendo finalmente conhecido a verdade dos novos planetas, estão há dois meses em contínuas observações, as quais prosseguem; e as temos comparado com as minhas, e seus resultados correspondem".
      Galileu não sabia porém que em .9 de abril o cardeal Roberto Bellarmino havia encarregado os matemáticos vaticanos de aprontar-lhe uma relação sobre novas descobertas feitas por "um valente matemático por meio de um instrumento chamado canhão ou melhor óculos" e que a Congregação do Santo Ofício, no dia .6 de maio, havia decidido questionar sobre as relações existentes entre Galileu e o filósofo Cesare Cremonini, há tempos suspeito de heresia pela inquisição de Pádua.
      Evidentemente, na Igreja estavam bem presentes as consequências que "poderiam ter estes singulares desenvolvimentos da ciência sobre a concepção geral do mundo e assim, indiretamente, sobre os sacros princípios da teologia tradicional".
      Galileu escreveu o "Discurso sobre as coisas que estão sobre a água, ou que nela se movem" - no qual apoiando-se na teoria de Arquimedes demonstrava, contra a teoria de Aristóteles, que os corpos flutuavam ou afundavam na água segundo seu peso específico e não segundo sua forma - provocando a polêmica resposta do "Discurso apologético sobre o Discurso de Galileu Galilei" do literato e aristotélico florentino Ludovico delle Colombe. Em 2 de outubro, no Palácio Pitti, presente o grão-duque e a grã-duquesa Cristina, e o cardeal Maffeo Barberini, então seu grande admirador, deu uma pública demonstração experimental do assunto, negando definitivamente as ideias de Colombe.
      No seu "Discurso" Galileu comentava também as manchas solares, que ele sustentava já haver observado em Pádua em 1610, sem porém relatá-las: escreveu então, no ano seguinte, a "'História e demonstração sobre as manchas solares e seus acidentes'", publicada em Roma pela Accademia dei Lincei, em resposta a três cartas do jesuíta Christoph Scheiner que, endereçadas a Mark Welser, anunciavam a sua descoberta das manchas solares.A parte a questão da prioridade da descoberta, Scheiner sustentava erroneamente que as manchas consistiam de chamas de astros rodando em torno ao Sol, enquanto Galileu as considerava matéria fluida pertencente à superfície do próprio Sol e rodante em torno ao mesmo por causa da rotação da estrela.
      Em março de 1614, completou os estudos sobre o método para determinar o peso do ar, calculando seu peso como mínimo, diferente porém de zero. O ar é de fato cerca de 760 vezes mais leve que a água, mas os estudiosos da época pensavam, sem nenhum apoio experimental, que o ar não tinha peso algum.
      Escreveu as famosas cartas copérnicas dirigidas a Benedetto Castelli, Pietro Dini e Cristina di Lorena. Nestas cartas, Galileu descreveu as suas ideias inovadoras, que geraram muito escândalo nos meios conservadores, e que circularam apesar de nunca terem sido publicadas, ficando assim uma divisão de apoiantes e de opositores nas duas principais universidades da Itália. As passagens mais polêmicas são aquelas em que transcreve alguns passos da Bíblia que deviam ser interpretados à luz do sistema heliocêntrico, para o qual Galileu não tinha ainda provas científicas conclusivas. E este começou a ser o princípio de um problema futuro.
      Em 1616, a Inquisição (Tribunal do Santo Ofício) pronunciou-se sobre a Teoria Heliocêntrica declarando que a afirmação de que o Sol é o centro imóvel do Universo era herética e que a de que a terra se move estava "teologicamente" errada, contudo nada fora pronunciado a nível científico.
      O livro de Copérnico De revolutionibus orbium coelestium, entre outros sobre o mesmo tema, foi incluído "Índice dos livros proibidos". Foi proibido falar do heliocentrismo como realidade física, mas era permitido referir-se a este como hipótese matemática (de acordo com esta ideia o livro de Copérnico foi retirado do Index passados quatro anos, com poucas alterações).
      Apesar de que nenhum dos livros de Galileu foi nesta altura incluído no Index, ele foi no entanto convocado a Roma para expor os seus novos argumentos. Teve assim a oportunidade de defender as suas ideias perante o Tribunal do Santo Ofício dirigido por Roberto Bellarmino, que decidiu não haver provas suficientes para concluir que a Terra se movia e que por isso admoestou Galileu a abandonar a defesa da teoria heliocêntrica excepto como ferramenta matemática conveniente para descrever o movimento dos corpos celestes. Tendo Galileu persistido em ir mais longe nas suas ideias, foi então proibido de divulgá-las ou ensiná-las.
      Apesar das admoestações, encorajado pela entrada em funções em .62. do novo Papa Urbano VIII, seu amigo e um espírito mais progressivo e mais interessado nas ciências do que o seu predecessor (que afinal nada teve diretamente a ver com a sentença do tribunal), publicou nesse mesmo ano O Analisador, dedicado ao novo papa, para combater a física aristotélica e estabelecer a matemática como fundamento das ciências exatas. Nele coloca em causa muitas ideias de Aristóteles sobre movimento, entre elas a de que os corpos pesados caem mais rápido que os leves. Galileu defendeu que objetos leves e pesados caem com a mesma velocidade na ausência de atrito, diz-se que subiu à torre de Pisa e daí lançou objetos com vários pesos, mas essa história nunca foi confirmada. Este livro era também a reposta a uma polêmica que mantinha com o jesuíta Orazio Grassi que defendia o modelo cosmológico de Tycho Brahe segundo o qual a Terra estava fixa no centro do Universo, mas os planetas e outros astros giravam em torno do Sol, que por sua vez girava em torno da Terra. Orazio Grassi defendia também que os cometas eram corpos celestes, o que é correto, enquanto Galileu defendia erroneamente que eram produto da luz solar sobre o vapor atmosférico.

      66. A condenação de Galileu pelo Santo Ofício


      O papa Urbano VIII, que chegou a afirmar que "a Igreja não tinha condenado e não condenaria a doutrina de Copérnico como herética, mas apenas como temerária" e tinha sido testemunha de defesa no processo de 1636, recebeu Galileu no Vaticano em seis audiências em que lhe ofereceu honrarias, dinheiro (pensões de promoção acadêmica e apoio científico) e recomendações.
      No entanto, o Papa não aceitou o pedido de Galileu de revogar o decreto de .6.6 contra o heliocentrismo. Ao contrário, encorajou Galileu a continuar os seus estudos sobre o mesmo, mas sempre como uma hipótese matemática útil porque simplificava os cálculos das órbitas dos astros e significavam um avanço cientifico que ainda não estaria suficientemente maturo para a época.
      Foi neste contexto que Galileu escreveu Dialogo di Galileo Galilei sopra i due Massimi Sistemi del Mondo Ptolemaico e Copernicano, por vezes abreviado para "Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo" completado onde voltou a defender o sistema heliocêntrico e a utilizar como prova a sua teoria incorreta das marés. É um diálogo entre três personagens: Salviati (que defende o heliocentrismo), Simplício (que defende o geocentrismo e é um pouco tonto) e Segredo (um personagem neutro, mas que termina por concordar com Salviati). Esta obra foi decisiva no processo da Inquisição contra Galileu. A isto se deve a história complexa que levou à sua publicação.
      O Papa tinha sugerido a Galileu escrever um livro em que os dois pontos de vista, o heliocentrismo e o geocentrismo, fossem defendidos em igualdade de condições e em que as suas opiniões pessoais também fossem defendidas, e aceitou dar-lhe o Imprimatur caso este fosse o caso. Estariam assim abertas as possibilidades de levar o heliocentrismo adiante eliminando as rivalidades acadêmicas e disputas universitárias, ao mesmo tempo que seriam possivelmente preparadas abordagens teológicas mais claras. Em .6.0, com a obra terminada, Galileu viajou a Roma para apresentá-la pessoalmente ao Papa.
      Este fez apenas uma leitura brevíssima e entrega-a aos censores do Vaticano para avaliar se estava de acordo com o decreto de 1616. Mas várias vicissitudes e em particular a ignorância dos censores em astronomia levaram a um grande atraso nesta avaliação, pois realmente o livro voltava a encalhar em aspectos dos defensores do geocentrismo e de uma fação da disputa acadêmica. No fim foram realizadas apenas algumas experiências.
      Galileu era cristão fervoroso, mas tinha um temperamento conflituoso e viveu numa época atribulada na qual a Igreja Católica endurecia a sua vigilância sobre a doutrina para fazer frente às derrotas que sofria pela Reforma Protestante. O Papa sentiu que a aceitação do modelo heliocêntrico como ferramenta matemática tinha sido ultrapassada e convocou Galileu a Roma para ser julgado, apesar de este se encontrar bastante doente. Após um julgamento longo e atribulado foi condenado a abjurar publicamente as suas ideias e à prisão por tempo indefinido.
      Os livros de Galileu foram incluídos no Index, censurados e proibidos, mas foram publicados nos Países Baixos, onde o protestantismo tinha já substituído o catolicismo, o que havia tornado a região livre da censura do Santo Ofício. Galileu havia escolhido precisamente a Holanda para executar uma experiência com o telescópio que anteriormente construíra. Reza a lenda que, ao sair do tribunal após sua condenação, disse uma frase célebre: "contudo, ela se move", referindo-se à Terra.
      Galileu consegue comutar a pena de prisão a confinamento, primeiro no palácio do embaixador do Grão-duque da Toscana em Roma, depois na casa do arcebispo Piccolomini em Siena e mais tarde na sua própria casa de campo em Asca.
      Inicialmente, Galileu e a sua obra foram recebidos e aclamados por clérigos proeminentes. No final, o padre Cristóvão Clavius escrevia a Galileu, informando-o que os seus colegas astrônomos jesuítas confirmaram as descobertas que ele tinha feito através do telescópio. Quando, no ano seguinte, foi a Roma, Galileu foi recebido com enorme entusiasmo, quer por figuras religiosas, quer por figuras seculares, tendo escrito a uma amigo: "Fui recebido com favor por muitos cardeais, prelados e ilustres príncipes desta cidade".
      A Igreja não tinha qualquer objecção ao uso do sistema coperniciano (heliocêntrico), Galileu, apesar de estar convencido de que o sistema não era uma simples hipótese não tinha provas que permitissem sustentar minimamente que fosse, esta convicção.
      Ainda assim, em .6.6, depois de Galileu ter pública e persistentemente ensinado o sistema coperniciano, as autoridades da Igreja ordenaram-lhe que deixasse de apresentar a teoria coperniciana como se fosse uma teoria verdadeira, embora continuasse a ter a liberdade de a apresentar como uma hipótese. Galileu aceitou esta indicação, e prosseguiu com a investigação. Em 1632, Galileu publica o Diálogo dos grandes sistemas, mas ignorando a indicação que lhe fora dada. Foi declarado suspeito de heresia.
      Há muitos equívocos quanto à morte de Galileu, pois não foi ele o cientista queimado vivo por sua concepção astronômica, mas Giordano Bruno (1548-1600) que havia sido condenado à morte por heresia nos tribunais da Inquisição ao defender ideias semelhantes. Galileu Galilei, na verdade, morre em Florença i rodeado pela sua filha Maria Celeste e os seus discípulos. Foi enterrado na Basílica de Santa Cruz em Florença, onde também estão Maquiavel e Michelangelo.
      No decorrer dos séculos, a Igreja Católica reviu as suas posições no confronto com Galileu. Em 1846, são removidas todas as obras que apoiam o sistema coperniciano da versão revista do Index dos livros proibidos. Em mais de três séculos passados da sua condenação, é iniciada a revisão do seu processo que decide pela sua absolvição em .98.. Contudo a revisão da condenação não tem nada a ver com o sistema heliocêntrico porque esse nunca foi objecto dos processos.

      67. A defesa do heliocentrismo e o processo do Santo Ofício


      Os autores medievais aceitavam que a Terra era redonda, mas acreditavam no geocentrismo como fora estruturado por Aristóteles e Ptolomeu.
      O sistema cosmológico, na ciência, ensinava que a Terra estava parada no centro do universo e os outros corpos orbitavam em círculos concêntricos ao seu redor. A Igreja Católica aceitava esse modelo. Contudo essa não era uma certeza tradicional na ciência da época e não era um problema discutido.
      O heliocentrismo já era uma ideia antiga e que nunca despertou grande interesse nem complicação. Essa visão geocêntrica tradicional para alguns hoje foi abalada por Nicolau Copérnico que se limitou a dizer o que já tinha sido divulgado pelos monges copistas em seus manuscritos, que em 1514 começou a divulgar no meio acadêmico um modelo matemático em que a Terra e os outros corpos celestes giravam ao redor do Sol, tese que ficou conhecida como heliocentrismo.
      Nesse primeiro momento, não se encontram muitas críticas por parte da Igreja. Note-se no entanto, que a obra de Copérnico foi publicada com uma nota introdutória que explicava que o modelo apresentado devia ser interpretado apenas como uma ferramenta matemática que simplificava o cálculo das órbitas dos corpos celestes e nunca como uma descrição da realidade.
      Galileu viveu uma época atribulada. Durante a Idade Média, muitos teólogos já haviam reinterpretado as escrituras, mas depois do Concílio de Trento a Igreja passava a condenar esse comportamento. Galileu acabou condenado por desobediência e por proferir conteúdos contra a doutrina católica, por ignorância nestes temas, ao mesmo tempo que muitos clérigos apoiaram o geocentrismo e outros o heliocentrismo em disputas acadêmicas.

      Vida familiar

      Galileu nunca se casou. Porém, ele teve um relacionamento com Marina Gamba, uma mulher que ele conheceu em uma de suas muitas viagens a Veneza. Marina morou na casa de Galileu em Pádua, onde deu à luz três crianças. Suas duas filhas, Virgínia e Lívia, foram colocadas em conventos onde se tornaram, respectivamente, irmã Maria Celeste e irmã Arcângela. Em .6.0, Galileu mudou-se de Pádua para Florença onde ele assumiu uma posição na corte dos Médici. Ele deixou seu filho, Vincenzo, com Marina Gamba em Pádua.

      68. Giambattista Vico (1668-1744), foi um filósofo italiano.

      A infância

      Vico nasceu como o sexto dos oito filhos de Antônio Vico e Candida Masulio. Foi-lhe dado este nome por causa de São João Batista, e foi batizado na Igreja Católica, à qual permaneceu leal toda a vida. Desde a primeira infância ele combinou um agudo e amplo intelecto com um insaciável amor ao conhecimento, e muito da sua educação se deu na livraria de seu pai.
      Com a idade de sete anos ele caiu do alto de uma escada - talvez uma daquelas usadas para alcançar os livros na loja - e fraturou severamente seu crânio. Durante as cinco horas em que permaneceu completamente inconsciente e imóvel, o médico local declarou que ele ou morreria ou ficaria idiotizado.
      Apesar de sua convalescença levar três anos e sua constituição permanecer delicada durante toda a vida, ele recuperou-se integralmente e entrou na escola com dez anos. Vico ultrapassou seus colegas tão rapidamente que logo foi transferido para uma escola jesuíta. Dentro de um ano, contudo, ele viu seus professores devolvendo-o à anterior, e ele deixou a escola para estudar por conta própria.
      Uma visita casual á universidade atraiu sua atenção para o direito romano, em uma época em que a jurisprudência envolvia conhecimento de ética, teologia, política, história, filologia, línguas e literatura. Embora ouvisse as detalhadas palestras de Don Francesco Verde, um distinguido professor de direito, ele percebeu que os princípios básicos eram facilmente perdidos nas minúcias, e ele voltou ao estudo autônomo mais uma vez.
      Com dezesseis anos ele testou suas habilidades no tribunal assumindo um caso em defesa de seu pai. Ele deu-se bem mas decidiu-se a não seguir a custosa prática do direito. Achou sua saúde fraca, as cortes ruidosas, os casos tediosos e sua mente poética restrita demais naquela profissão, embora descobrisse na jurisprudência as chaves para um novo entendimento da humanidade e da sociedade.

      69. Os estudos e a carreira

      Abriu-se uma porta para Vico quando o bispo de Pádua, impressionado com suas concepções sobre o ensino da jurisprudência, recomendou-o ao seu irmão, o Marquês de Vatolia. Durante nove anos Vico desfrutou das luxuriantes paisagens do Cilento e da grande biblioteca do castelo de Vatolia.
      Ele lia autores antigos e escritores italianos desde Cícero até Boccaccio, de Virgílio a Dante Alighieri, de Horácio até Petrarca. Ele apreciava Platão e aborreciam-lhe os epicuristas, porque eles ensinavam "uma moral de solitários", uma ética individualista que ignorava as leis imutáveis que governavam a humanidade coletiva.
      Ele olhou para a filosofia cartesiana e imediatamente reconheceu nela as bases das ciências emergentes, mas descobriu em Descartes erro e perigo. Em 1694 encontrou Dante ignorado, Ficino e Pico postos de lado e o Cartesianismo na vanguarda do debate intelectual.
      Vico empobreceu em uma cidade que pouco ligava para suas concepções. Ele ficou reduzido à composição de inscrições e à escrita de encômios sob encomenda, algo às vezes degradante, que ele continuou a fazer depois de ser indicado professor de retórica na Universidade de Nápoles, em .697. Dois anos depois, casou-se com Teresa Destito e enfim foi pai de diversos filhos. Embora não tivesse gosto algum pela política acadêmica e seu cargo fosse dos menos remunerados na universidade, seu brilhantismo e eloquência levaram-no frequentemente a pronunciar o discurso de abertura do ano acadêmico.
      Em .7.0, Vico publicou o De Antiquíssima Italorum Sapientia (A Antiga Sabedoria dos Italianos), na qual tentava apresentar a sabedoria dos sábios jônios e etruscos através de uma análise filológica das palavras latinas. A metafísica deve encontrar os fatos que podem ser convertidos em verdades e descobrir assim um princípio de causação enraizado no senso comum.
      Para Vico, este princípio só é encontrado em Deus, o verdadeiro e derradeiro Ens que contém toda a fé e inteligência. A partir deste trabalho fundamental, Vico passou os doze anos seguintes elaborando a ideia de que a abordagem histórica da lei como desenvolvida nas diferentes sociedades, aliada à visão metafísica da lei divina imutável, poderia delinear uma ciência que compreendesse as verdades conhecíveis pelo homem.

      70. Os problemas de saúde e as relações familiares

      À medida que a reputação de Vico se espalhava, sua saúde debilitava-se e sua vida era complicada por problemas domésticos. Uma filha sofria de séria doença degenerativa, e um filho foi preso por vida dissoluta e dívidas. Uma segunda filha ganhou renome como poetisa, e seu filho favorito foi indicado para a sua cátedra de retórica.
      Quando os Bourbon assumiram o trono de Nápoles, Carlos III indicou Vico como historiógrafo real. Logo depois sua saúde colapsou, e o câncer quase destruiu seu poder de falar. Durante quatorze meses ele ficou entre a prostração e a dor, ir responsivo àqueles em torno de si. Subitamente um dia ele ergueu-se, reconheceu sua esposa e filhos e tranquilamente cantou uma passagem dos Salmos. E então morreu rapidamente, passando à história em 20 de janeiro de 1744.
      Gianbattista Vico discerniu a explosiva mistura da razão com a mecânica e ofereceu uma nova ciência que poderia trazer as mais altas percepções da Renascença para dentro da metodologia dos primeiros investigadores.
      71- Michel de Montaigne (1531-.1592) 

      Michel de Montaigne foi um escritor e ensaísta francês, considerado por muitos como o inventor do ensaio pessoal. Nas suas obras e, mais especificamente nos seus "Ensaios", analisou as instituições, as opiniões e os costumes, debruçando-se sobre os dogmas da sua época e tomando a generalidade da humanidade como objecto de estudo. É considerado um céptico e humanista.

      Montaigne começou a sua educação com o seu pai. Este tinha um espírito por um lado vigilante e metódico e por outro aberto às novidades. Após estes estudos enveredou pelo Direito.

      Retirou-se para o seu castelo quando tinha 14 anos para se dedicar ao estudo e à reflexão. Levou nove anos para redigir os dois primeiros livros dos Ensaios. Depois viajou por toda a Europa durante dois anos (1580-158.). Faz o relato desta viagem no livro Jornal de Viagem, que só foi publicado pela primeira vez em 1774.
      Foi presidente da Câmara em Bordéus durante quatro anos. Depois, regressou ao seu castelo e continuou a corrigir e a escrever os Ensaios, tendo em vista o estilo parisiense de exposição doutrinária. Os seus Ensaios compreendem três volumes (três livros). Os seus Ensaios vieram a público em três versões: Os dois primeiros em 1580 e .588. Na edição de 1588, aparece o terceiro volume. Em 1595, publica-se uma edição póstuma destes três livros com novos acrescentos.
      Os Ensaios são um auto-retrato de um homem, de um filósofo. Montaigne apresenta nos em toda a sua complexidade e variedade humanas. Procura também encontrar em si o que é singular. Mas ao fazer esse estudo de auto-observação acabou por observar também o Homem no seu todo. Por isso, não nos é de espantar que neles ocorram reflexões tanto sobre os temas mais clássicos e elevados ao lado de pensamentos sobre a flatulência. Montaigne é assim um livre pensador, é um pensador sobre o Humano, sobre as suas diversidades e características. E é um pensador que se dedica aos temas que mais lhe apetecem, vai pensando ao sabor dos seus interesses e caprichos.
      Se por um lado se interessa sobremaneira pela Antiguidade Clássica, esta não é totalmente passadista ou saudosista. O que lhe interessa nos autores antigos, especialmente os latinos mas também gregos, é encontrar máximas e reflexões que o ajudem na sua vida diária e na sua auto-descoberta. Montaigne tenta assim compreender-se, através da introspecção, e tenta assim compreender os Homens.
      Montaigne não tem um sistema. Não é um moralista nem um doutrinador. Mas não sendo moralista, não tendo um sistema de conduta, uma moral com princípios rígidos, é um pensador ético. Procura indagar o que está certo ou errado na conduta humana. Propõe-se mais estudar pelos seus ensaios certos assuntos do que dar respostas.
      No fundo, Montaigne está naquele grupo de pensadores que estão a perguntar em vez de responder e é na sua incerteza em dar respostas que surge um certo cepticismo em Montaigne. Como não está interessado em dar respostas apriorísticas tem uma certa reserva em relação a misticismos e crenças.
      É de notar um certo alheamento em relação ao Cristianismo e às lutas de religião que se viviam em França. Embora não deixe de refletir em assuntos como a destruição das novas índias pelos Espanhóis. Ou seja, as suas reflexões visam os clássicos e a sua própria contemporaneidade. Tanto fala de um episódio de Cipião como fala de algum acontecimento do seu século como fala de um qualquer seu episódio doméstico.
      O fato de ter introduzido uma outra forma de pensar através de ensaios, fez com que o próprio pensamento humano encontrasse uma forma mais legítima de abordar o real. A verdade absoluta deixa de estar ao alcance do homem, sendo, doravante, possível tão-somente uma verdade (?) por aproximações.
      Registre-se que Michel foi tio pelo lado materno de Santa Joana de Lestonnac.
      72- Nicolau de Cusa (1401-1464)
      Nicolau de Cusa foi um cardeal da Igreja Católica Romana e filósofo do Renascimento. Também autor de inúmeras obras sendo a principal delas Da Douta Ignorância publicada em 1440.
      Biografia
      Filho de um barqueiro João Cryfts e de Catarina Roemer. Teólogo e filósofo humanista, é considerado o pai da filosofia alemã e, como personagem chave na transição do pensamento medieval ao do Renascimento, um dos primeiro filósofos da Idade Moderna
      Entre seus pensamentos está a divisão do saber humano em dois graus, o intelectual e o racional. O primeiro nos conferiria a noção mística de Deus, e o segundo tinha origem na sensibilidade. Este dualismo é muito peculiar ao pensamento místico.
      Em 1425 matricula-se em Teologia em Colônia, ali recebe as doutrinas de Santo Alberto Magno, do platonismo etc. A partir de 1426 o legado papal (Orsini) pede-lhe que seja seu secretário, isto lhe permite ascender ao mundo dos Humanistas, o introduz no mundo da política eclesiástica e do estudo. Dedica-se ao estudo dos códices e descobre até 800 textos de Cícero, 16 comédias de Plauto, etc.
      É ordenado presbítero em 1430, e entre 1432 e 1436 defendeu de maneira ativa o conciliarismo, mas a partir do Concílio de Basileia se desconcerta e se reconcilia com as teses do Papa, convertendo-se no personagem mais relevante.
      Doutor em Direito canônico, participou no Concílio de Basileia em 1433. Identificado como anti-aristotélico ou antiescolástico, introduziu a noção de “coincidência de opostos”, que é Deus, para superar todas as contradições da realidade. Foi um dos primeiros filósofos a questionar o modelo geocêntrico do mundo. Conseguiu um breve período de conciliação entre as igrejas Católica e Ortodoxa, se empenhou em aproximar a Igreja dos hussistas, predicou a cruzada contra os turcos e mediou na pacificação das relações entre França e Inglaterra.
      Entre os manuscritos ali preservados encontra-se o Códice Cusano 220 que inclui um sermão proferido por Nicolau de Cusa em 1430, intitulado “No princípio era o Verbo”. Nesse sermão em defesa da Trindade, Nicolau de Cusa utiliza a grafia latina para se referir ao nome de Deus, hoje conhecido pelas grafias Jeová ou Javé, em português. Na folha 56, em referência ao nome divino, há a seguinte declaração:
      4ª Prova
      1- Filósofo que é santo da Igreja Católica, morreu a mando de Henrique VIII:
      a) São Tomás de Aquino; b) Santo Agostinho; c) Santo Anselmo;
      d) São Tomás More; e) São Francis Bacon
      2- "Penso, logo existo" significa que
      (A) minha alma pensa. (B) meu corpo pensa. (C) minha alma sente. (D) meu corpo sente. (E) meu corpo existe.
      3- Sobre o racionalismo cartesiano, é incorreto afirmar:
      a. ( ) A verdade deve ser afirmada pela razão.
         b. ( X ) A razão não pode provar a existência de Deus.
      c. ( ) É possível duvidar da existência de tudo, menos do sujeito que pensa.
      d. ( ) A razão é capaz de fornecer a natureza e as origens do conhecimento.
      e. ( ) O costume não é uma fonte adequada para fundamentar o conhecimento.
      04- O Filósofo Descartes pertence à corrente filosófica denominada
      (A) Empirismo. (B) Liberalismo.  (C) Racionalismo. (D) Existencialismo. (E) Estruturalismo.

      05-  _____________ rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar seu próprio sistema, e por isso é considerado um dos fundadores da filosofia moderna.
         A) Renê Descartes; B) Platão; C) Aristóteles; D) Demóstenes; E) Kant
      6- Com base nos conhecimentos da obra Meditações Metafísicas de Renê Descartes, é incorreto afirmar:
      a) No exercício metódico da dúvida deve-se duvidar até dos princípios científicos.
      b) É possível duvidar de estar sonhando.
        c) O fato de pensarmos permite afirmarmos somente como seres pensantes e indivíduos dotados de corpo.
      d) A existência do corpo é colocada em dúvida assim como a percepção.
      e)  N.d.a.
      7 -  Qual é a função da prova acerca da existência de Deus na terceira meditação de Descartes?
      (A) Fundamentar a fé cristã na razão.
      (B) Fundamentar a moral humana na perfeição divina.
      (C) Garantir a possibilidade da dúvida hiperbólica.
          (D) Garantir a correspondência entre as ideias claras e distintas e a coisa extensa.
      (E) Garantir a possibilidade extrema da dúvida.
      Novembro - Oito aulas (20 de Novembro: Consciencia negra)

      73. Paracelso (1493-1541)


      Paracelso foi um famoso médico, alquimista, físico e astrólogo suíço.
      Seu pseudônimo significa "superior a Celso (médico romano)". Entre todas as figuras erráticas do renascimento, a de Paracelso está pontada pela agitação da sua vida e pela a incoerência das suas opiniões e doutrinas. No estudo da sua biografia, fato tem sido gradualmente separado da fantasia, mas nenhum acordo foi alcançado no que respeita bem quanto à natureza e sentido de seu ensino.
      Paracelso é considerado por muitos como um reformador do medicamento. Outros elogiam suas realizações em Química e como fundador da Bioquímica. Ele aparece entre cientistas e reformadores como Andreas Vesalius, Nicolau Copérnico etc., portanto, é visto como um moderno. Por outro lado, sempre possuiu uma aura de místico e até mesmo obscura reputação de mágico.
      Durante séculos o seu trabalho tem sido criticado como não científico, fantástico e na fronteira com a demência sendo que muitas de suas obras são puramente religiosas, sociais e éticas de caráter.

      74. Biografia

      Infância
      Paracelso nasceu na Suíça. Seu pai era um médico e alquimista suabiano e sua mãe era suíça. Na infância, foi educado pelo seu pai, que também era alquimista e médico. Acompanhava-o nas caminhadas pelas montanhas e povoados, observando a manipulação de medicamentos. Aprendeu a gostar das plantas e ervas silvestres. Foi educado na Áustria e quando jovem trabalhou em minas como analista. Ele se formou em Medicina na Universidade de Viena , quando tinha 7 anos. Especula-se que ele tenha feito seu doutorado na Universidade de Ferrara.
      Formações acadêmicas
      Foi educado na Áustria e quando jovem trabalhou no laboratório e nas minas do judeu Sigismundo Fugger e também foi um grande alquimista. La Paracelso trabalhou como analista. Formou-se em Medicina na Universidade de Viena em .5.0, quando tinha dezessete anos. Especula-se que ele tenha feito o seu doutorado na Universidade de Ferrara.
      Viagens
      Viajou para vários lugares do mundo, em busca de novos conhecimentos médicos e insatisfeito com o ensino tradicional que recebeu na academia. Foi para o Egito,Brasil, Terra Santa, Hungria, Arábia, Polônia e Constantinopla procurando alquimistas de quem pudesse aprender algo. Ao passar pelo Reino do Grande Khan, Paracelso conseguiu curar o seu filho.
      Regresso à Europa
      No retorno de Paracelso à Europa, seus conhecimentos em tratamentos médicos tornaram-no famoso. Ele não seguia os tratamentos convencionais para feridas, que consistiam em derramar óleo fervente sobre elas; se as feridas estivessem em um membro (braço ou perna), esperava-se que elas ficassem em gangrena para então amputar o membro afetado. Paracelso acreditava que as feridas se curariam sozinhas se o pus fosse evacuado e a infecção fosse evitada.
      Ele rejeitava as tradições gnósticas, mas manteve muitas das filosofias do Hermetismo, do neoplatonismo e de Pitágoras; de qualquer modo, a ciência Hermética tinha tantas teoria aristotélicas que a sua rejeição do Gnosticismo era praticamente sem sentido. Em particular, Paracelso rejeitava as teorias mágicas de Agrippa e Flamel. Ele não se achava um mago e desprezava aqueles que achavam que fosse.
      Paracelso foi um astrólogo, assim como muitos (se não todos) dos físicos europeus da época. A Astrologia foi uma parte muito importante da Medicina de Paracelso. Em um de seus livros, ele reservou várias seções para explicar o uso de talismãs astrológicos na cura de doenças. Criou e produziu talismãs para várias enfermidades, assim como talismãs para cada signo do Zodíaco. Ele também inventou um alfabeto chamado "Alfabeto dos Reis Magos" e esculpiu nos talismãs nomes angelicais.

      75. Visão e doutrina
      A distinta natureza da filosofia de Paracelso é consequência da visão cosmológica, teológica, filosofia natural e medicina à luz de analogias e correspondências entre macrocosmos e microcosmos. As especulações acerca dessas analogias tinham seriamente empenhado a mente humana desde o tempo pré-Socrático e Platônico e durante toda a Idade Média. Paracelso foi o primeiro a aplicar essas especulações para o conhecimento da natureza sistemática.
      Isso associado com a singular posição que ele assume no que diz respeito à teoria e à prática de aquisição de conhecimentos em geral, quebrou longe do ordinário lógico, antigo e medieval e moderno, seguindo as suas próprias linhas, e é nisto que muito do seu trabalho naturalista encontra explicação e motivação.
      Segundo Paracelso, se o homem, o clímax da criação, une em si mesmo todos os componentes do mundo em torno dele como minerais, plantas, animais e corpos celestes, ele pode adquirir conhecimento da natureza de modo muito mais direto e "interna" do que a forma externa de consideração dos objetos pela mente racional. O que é necessário é um ato de atração simpática entre o interior representativo de um determinado objeto, na própria constituição do homem e o seu homólogo externo.
      A união com o objeto é então o soberano meio de adquirir conhecimento íntimo e total. Esta não é alcançada pelo cérebro, a sede da mente racional. E é num nível mais profundo, à pessoa como um todo, que é dado o conhecimento. É o seu corpo astral que ensina o homem. Por meio do seu corpo astral o homem comunica com a supra elementariedade do mundo astral. Astrum é o contexto que denota não só o corpo celestial, mas a virtude ou atividade essencial de qualquer objeto. Isto no entanto não é atingido num estado racional de pensamento, mas sim em sonhos e transes fortificados por força de vontade e imaginação.
      O que parece ser original em Paracelso, então, não é a teoria microcósmica em si mesma, nem a busca da união com o objeto, mas o emprego consistente desses conceitos como a ampla base de um elaborado sistema de correspondências na filosofia e medicina natural.
      A morte
      Voltou para Salzburgo em 1540, convidado pelo bispo da cidade. Faleceu em 24 de setembro de 1541 com apenas 47 anos, em um hospital, sonhando ter fabricado o Elixir da Vida. A causa de sua morte não foi esclarecida. Uma hipótese é que teria sido assassinato como foi evidenciado na exumação de seus ossos, que mostrou uma fratura no crânio. O corpo foi velado na igreja de São Sebastião e, de acordo com o seu último desejo, foram entoados os salmos bíblicos.
      A fama de Paracelso aumentou com as suas curas milagrosas e, após sua morte, a sua fama cresceu ainda mais. Um século depois, centenas de textos paracelsianos foram publicados, referindo-se quase todos a medicamentos químicos. No final do século XVI, existia já uma imensa literatura sobre a nova matéria médica. Devido ao fato de a abordagem médica de Paracelso diferir tanto daquilo que era aceitável até então, estabeleceu-se uma enorme confrontação entre os paracelsianos e o sistema médico oficial em vigor até então, confrontação aguçada pelo impacto provocado pelos humanistas, que desdenhavam das obras de Diocleciano e de Plínio, ambos muito populares no final da Idade Média, e enalteciam trabalhos menos conhecidos, especialmente os tratados de fisiologia e anatomia de Galeno. Muitos médicos seguidores de Paracelso eram alemães; na França, a confrontação foi mais agravada pelo fato de muitos médicos paracelsianos serem huguenotes (protestantes, partidários de Calvino); na Inglaterra, tal confrontação foi menos tempestuosa, tendo sido adotados os medicamentos químicos, que eram utilizados simultaneamente com medicamentos tradicionais galênicos.

      76- Giordano Bruno (1548-1600)

      Giordano Bruno foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana (Congregação da Sacra, Romana e Universal Inquisição do Santo Ofício) por heresia. É também referido como Bruno de Nola ou Nolano. Filho do militar João Bruno e de Flaulissa Savolino, seu nome de batismo era Filippo. Adotado o nome de Giordano quando ingressou na Ordem Dominicana (no convento de Nápoles em 1566), aos .8 anos de idade. La, estudou profundamente a filosofia de Aristóteles e de São Tomás de Aquino, doutorando-se em Teologia.
      Sempre contestador, logo atraiu opiniões contrárias e perseguições. Em 1576 abandonou o hábito ao ser acusado de heresia por duvidar da Santíssima Trindade. Iniciou, então, uma peregrinação que marcou sua vida, visitando Gênova, Paris e Londres, onde passou dois anos (1583. a 1585) sob proteção do embaixador francês, frequentando o círculo de amigos do poeta inglês Sir Philip Sidney.
      Defensor do humanismo, corrente filosófica do Renascimento (cujo principal representante é Erasmo), Bruno defendia o infinito cósmico e uma nova visão do homem. Embora a filosofia da sua época estivesse baseada nos clássicos antigos, dentre os quais principalmente Aristóteles, Bruno teorizou veementemente contra eles. Sua forma e conteúdo são muito semelhantes às de Platão, escrevendo na forma de diálogos e com a mesma visão.
      Um viajante durante muitos anos, recebeu influências de culturas diversas. Culto e dotado de grande sagacidade, Bruno desenvolveu ideias inovadoras e muito avançadas para sua época que misturavam neoplatonismo místico e panteísmo. Acreditava que o Universo é infinito, que deus é a alma universal do mundo e que todas as coisas materiais são manifestações deste princípio infinito. Por tudo isso, Bruno é considerado um pioneiro da filosofia moderna, tendo influenciado decisivamente o filósofo holandês Baruch de Espinoza e o pensador alemão Leibniz.
      77- família de Bruno
      Giovanni Mocenigo, membro de um das mais ilustres famílias venezianas, encontrou Bruno em Frankfurt em 1590 e convidou-o para vir a Veneza, a pretexto de ensinar a mnemotécnica, a arte de desenvolver a memória, em que Bruno era perito. Segundo Will Durant (História da Civilização, volume VII), Bruno fora há muitos anos posto fora da lei pela Inquisição, ansiosa por prendê-lo por suas doutrinas subversivas, mas Veneza gozava da fama de proteger tais foragidos e o filósofo sentiu-se encorajado a cruzar os Alpes e regressar.
      Como Mocenigo quisesse usar as artes da memória com fins comerciais, segundo alguns, ou para prejudicar seus concorrentes e inimigos conforme outros, Bruno negou-se a lhe ensinar. Segundo Durant, Mocenigo, católico piedoso, assustava-se com "as heresias que o loquaz e incauto filósofo lhe expunha", e perguntou a seu confessor se devia denunciar Bruno à Inquisição. O sacerdote recomendou-lhe esperar e reunir provas, no que Mocenigo assentiu; mas quando Bruno anunciou seu desejo de regressar a Frankfurt, o nobre denunciou-o ao Santo Ofício. Mocenigo trancou-o num quarto e chamou os agentes da Inquisição para levarem-no preso, acusando de heresia. Bruno foi preso no San Castello no dia 21 de maio de 1592.
      Por estas opiniões quentes e perigosas para a época que Giordano Bruno foi condenado pela Inquisição. No último interrogatório não se submeteu, mostrando força e coragem. Por não abjurar, é condenado à morte na fogueira, mas antes de morrer queimado no Campo de' Fiori, ele afronta ainda mais uma vez seus inquisidores. É dito que cuspiu no crucifixo, porém alguns consideram que este relato seja falso, e tenha apenas o objetivo de denegrir sua imagem.Morreu na fogueira com uma tábua e pregos na língua, para parar de "blasfemar".
      Em 8 de fevereiro de 1600, obrigado a escutar ajoelhado a sentença de condenação à morte, lança aos seus juízes a histórica frase:  "Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la".
      A execução de sua sentença ocorreu no dia 17 de fevereiro de 1600.
      78- Ideais de Giodano Bruno

      Ao contrário do que se pensa comumente, Giordano Bruno não foi queimado na fogueira por defender o heliocentrismo de Copérnico.
      Um dos pontos chaves de sua cosmologia é a tese do universo infinito e povoado por uma infinidade de estrelas, como o Sol, e por outros planetas, nos quais, assim como na Terra, existiria vida inteligente. Sua perspectiva se define a partir das ideias de Nicolau da Cusa, Copérnico e Giovanni Battista della Porta.
      Segundo John Gribbin, em seu livro Ciencia : A Historia Bruno filiou-se ao hermetismo, baseado em escrituras egípcias, da época de Moisés. Entre outras referências, esse movimento utilizava os ensinamentos do deus egípcio Thoth, cujo equivalente grego era Hermes (daí hermetismo), conhecido pelos seguidores como Hermes Trimegistus. Bruno teria abraçado a teoria de Copérnico porque ela se encaixava bem na ideia egípcia de um universo centrado no sol.
      Deus seria a força criadora perfeita que forma o mundo e que seria imanente a ele. Bruno defendia a crença nos poderes humanos extraordinários, e enfrentou abertamente a Igreja Católica e seus preceitos.


      79. Nicolau Maquiavel (1469-1527)

      Foi um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna. , pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado historicamente.
      Desde as primeiras críticas, feitas postumamente pelo cardeal inglês Reginald Pole, as opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que o adjetivo maquiavélico, criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia, aleivosia, maldade.
      Maquiavel viveu a juventude sob o esplendor político da República Florentina durante o governo de Lourenço de Médici e entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência retirou alguns postulados para sua obra. Depois de servir em Florença durante catorze anos foi afastado e escreveu suas principais obras. Conseguiu também algumas missões de pequena importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava.
      Como renascentista, Maquiavel se utilizou de autores e conceitos da Antiguidade clássica de maneira nova. Um dos principais autores foi Tito Lívio, além de outros lidos através de traduções latinas, e entre os conceitos apropriados por ele, encontram-se o de virtù e o de fortuna.
      80 - Renascimento
      Durante o Renascimento, as cinco principais potências na península Itálica eram: o Ducado de Milão, a República de Veneza, a República de Florença, o Reino de Nápoles e os Estados Pontifícios.. A maior parte dos Estados da península era ilegítima, tomados por mercenários chamados "condottieri".
      Foram incapazes de se aliar durante muito tempo estando entregues à intriga diplomática e às disputas, e, por suas riquezas, eram atrativos para as demais potências europeias do período, principalmente Espanha e França. A política italiana era, portanto, muito complexa e os interesses políticos estavam sempre divididos. Batalhando entre si, ficavam à mercê das ambições estrangeiras, mas a influência de alguém como Lourenço de Médici havia impedido uma invasão. Com a morte deste em 1492, e a inaptidão política de seu filho, a Itália foi invadida por Carlos VIII, causando a expulsão dos Médici de Florença.
      Esta era palco do conflito entre duas tendências: a da exaltação pagã do indivíduo, da vida e da glória histórica, representada por Lourenço de Médici e seu irmão Giuliano de Médici; e a da contemplação cristã do mundo, voltada para o além, que se formava como resposta ao ressurgimento da primeira nos mais variados aspectos da vida como a arte e até na Igreja, representada por religiosos como Girolamo Savonarola.
      Anunciando a chegada de Carlos VIII como a de um salvador, contrário aos Médici e com grande apoio popular, o pregador Girolamo Savonarola tornou-se a figura mais importante da cidade dando ao governo um viés teocrático-democrático. Com sua crescente autoridade e influência, Savonarola passou a criticar os padres de Roma como corruptos e o Papa Alexandre VI por seu nepotismo e imoralidade. Em 12 de maio de 1497, o papa excomungou o frade,4 mas a excomunhão foi declarada inválida por ele. No entanto, Savonarola acabou preso e executado pelo governo provisório em 21 de maio de 1498. Com a demissão de seus simpatizantes, cinco dias depois da morte do frade, Maquiavel, com 29 anos, foi nomeado para o cargo de secretário da Segunda Chancelaria de Florença.

      81. Principais obras

      O Príncipe

      Um dos tratados políticos mais fundamentais elaborados pelo pensamento humano, e que tem papel crucial na construção do conceito de Estado como modernamente conhecemos. No mesmo estilo do “Institutio Principis Christiani” de Erasmo de Roterdã: descreve as maneiras de conduzir-se nos negócios públicos internos e externos, e fundamentalmente, como conquistar e manter um principado.
      Maquiavel deixa de lado o tema da República que será mais bem discutido nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio. Em vista da situação política italiana no período renascentista, existem teorias [carece de fontes] de que o escritor, tido como republicano, tenha apontado o principado como solução intermediária para unificar a Itália, após o que seria possível a forma republicana.
      O tratado político possui 26 capítulos, além de uma dedicatória a Lourenço II de Médici, Duque de Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera política das principais localidades de então, o livro pretendia ser uma forma de ganhar confiança do duque, que lhe concederia algum cargo [carece de fontes]. No entanto, Maquiavel não alcançou suas ambições.
      É este livro que sugere a famosa expressão os fins justificam os meios, significando que não importa o que o governante faça em seus domínios, desde que seja para manter-se como autoridade, entretanto a expressão não se encontra no texto, mas tornou-se uma interpretação tradicional do pensamento maquiavélico. Alguns cursos de administração de empresas fazem leituras aparentemente deturpadas de tal obra, afirmando que, se uma empresa for gerida considerando as metódicas análises do autor, essa conseguiria prosperar no mercado.
      Nesta obra, Maquiavel defende a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo (como muitos pensam [carece de fontes]). Suas considerações e recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria do Estado moderno.
      Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel pode levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria é necessário colocá-lo no contexto da Itália renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida em diversos pequenos Estados, entre repúblicas, reinos, ducados, além dos Estados da Igreja. As disputas de poder entre esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços do condottieri (mercenários) com o intuito de obter conquistas territoriais. A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da península em vários estados, que estariam expostos, à mercê das grandes potências europeias.
      O "Príncipe" é provavelmente o livro mais conhecido de Maquiavel e foi completamente escrito em .5..,. apesar de publicado postumamente,. em 1532. Teve origem com a união de Giuliano de Médici e do Papa Leão X,.8 com a qual Maquiavel viu a possibilidade de um príncipe finalmente unificar a Itália e defendê-la contra os estrangeiros, apesar de dedicar a obra a Lourenço II de Médici. nota 4 , mais jovem, de forma a estimulá-lo a realizar esta empreitada. Outra versão sobre a origem do livro, diz que ele o teria escrito em uma tentativa de obter favores dos Médici, contudo ambas as versões não são excludentes.
      Está dividido em 26 capítulos 14 No início ele apresenta os tipos de principado existentes e expõe as características de cada um deles. A partir daí, defende a necessidade do príncipe de basear suas forças em exércitos próprios, não em mercenários e, após tratar do governo propriamente dito e dos motivos por trás da fraqueza dos Estados italianos, conclui a obra fazendo uma exortação a que um novo príncipe conquiste e liberte a Itália.4 Em uma carta ao amigo Francesco Vettori, datada de .0 de dezembro de .5..4 , Maquiavel comenta sobre o escrito:
      E como Dante diz que não se faz ciência sem registrar o que se aprende, eu tenho anotado tudo nas conversas que me parece essencial, e compus um pequeno livro chamado "De Principatus", onde investigo profundamente o quanto posso cogitar desse assunto, debatendo o que é um principado, que tipos de principado existem, como são conquistados, mantidos, e como se perdem

      82. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio

      Os "Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio" opõem-se a "O Príncipe" pelo tema, apesar de ambos compartilharem alguns conceitos. Foram pensados como análise e comentário a toda a obra de Tito Lívio, 20 mas permaneceram incompletos, não passando da primeira década.
      Esta obra surgiu da vontade do autor de comparar as instituições da antiguidade, em especial as da Roma clássica, com as de Florença no período.2. Assim, seguindo a obra de Tito Lívio, analisa como surgem, se mantém e se extinguem os Estados. Ficou assim dividido em três partes, estudando na primeira a fundação e a organização, em seguida o enriquecimento e a expansão e por fim sua decadência.

      A Arte da Guerra

      Entre 1519 e 1520, escreveu A arte da guerra (A Arte da Guerra), o único de seus trabalhos sobre política publicado em seu tempo de vida.. Em síntese, ele dá conselhos sobre como obter e manter força militar e defende que o preparo militar dos cidadãos é necessário para eles e seu Estado mantenham a liberdade.
      Prova
      1- Qual a principal obra de Maquiavel
      a) O Príncipe; b) Leviatã; c) Emílio; A República
      2- A política, a partir de Nicolau Maquiavel, vai se emancipando da ética religiosa, tornando autônoma e laica. Marca, ainda, o pensamento político do autor, o fato dele ser: 
      A) Utópico. 
       
      B) Realista e Utilitarista.  C) Libertário.  D) Conservador. 

      3- A famosa frase "os fins justificam os meios" - geralmente creditada ao pensador italiano Nicolau Maquiavel - significa que: 
      a.( ) O chefe político deve ser indiferente ao bem e ao mal causados pelo seu governo. 
      b.( X ) Quem governa o Estado não deve seguir incondicionalmente as normas morais de conduta. 
      c.( ) É necessário negar sem reservas as chamadas razões de Estado. 
      d.( ) O realismo político deve ser combatido e evitado. 
      e.( ) A relação entre moral e política nunca deve ser posta em causa pelo pensador político. 

      4- A política, a partir de Nicolau Maquiavel, vai se emancipando da ética religiosa, tornando autônoma e laica. Marca, ainda, o pensamento político do autor, o fato dele ser: 
      A) Utópico.    B) Realista e Utilitarista.  C) Libertário.  D) Conservador. 


      5- . É por isso necessário a um príncipe que deseje manter seus domínios saber como praticar o mal, e fazer uso disso ou não de acordo com a necessidade. (Maquiavel) 
      A partir do trecho acima, pode-se afirmar corretamente que, para Maquiavel, a virtude cívica é a 
           (A) qualidade de flexibilidade moral que se exige de um príncipe ou governante.
      (B) capacidade de adquirir riqueza para o Estado.
      (C) observação das quatro virtudes cardeais: temperança, justiça, coragem e sabedoria.
      (D) capacidade de ser cruel e desse modo causar medo aos adversários.
      (E) a possibilidade de ser irracional, se necessário. 
      6- Destaque “seis” palavras chaves do texto:___________________________________.
      7- (Filosofia, um resumo) O Renascimento possibilitou à Filosofia sair da academia
      a) Não, ele a aprisionou na academia.
      b) Sim, pessoas ligadas à aristocracia, longe das escolas, tiveram a chance de contribuir com o pensamento filosófico.
      c) outra resposta

      8- Os filósofos renascentistas decidiram não se ocupar mais nem do homem nem da natureza
      a) Correto, abandonaram o tema.
      b) Incorreto. Eles voltaram suas atenções ao tema.
      c) Esta questão nada tem a ver com o Renascimento.
      Dezembro - Quatro aulas

      83.Interpretações comuns

      A obra de Maquiavel relaciona-se diretamente com o tempo no qual foi produzida. O método utilizado por ele rompe com a tradição medieval ao fundamentar-se no empirismo e na análise dos fatos recorrendo a experiência histórica da Roma Antiga ganha por ele em seus estudos. Além disso, ele foi o primeiro a propor uma ética para a política diferente da ética religiosa, ou seja, a finalidade da política seria a manutenção do Estado.
      O primeiro a se pronunciar sobre sua obra foi o cardeal inglês Reginald Pole, se dizendo horrorizado com a influência que ela teria sobre Thomas Cromwell. Os jesuítas o acusaram de ser contra a Igreja e convenceram o Papa Paulo IV a colocá-lo no Index dos livros proibidos em .559.2. Na França, um escritor chamado Innocent Gentillet escreveu uma obra na qual o acusou de ateísmo e, seus métodos, de causadores do Massacre da noite de São Bartolomeu. Esta obra foi muito difundida na Inglaterra, contribuindo para a visão apresentada no teatro do século XVI. Em geral seus críticos se basearam em O Príncipe, analisando a obra isoladamente das demais obras de Maquiavel e sem levar em conta o contexto no qual foi produzida.
      Houve também aqueles que quiseram conciliar seu pensamento com a Igreja ou torná-lo um nacionalista; sem muito sucesso, pois manipulavam seu pensamento da mesma forma.2 No presente, as análises feitas procuram levar em conta principalmente os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio e sua A Arte da Guerra, contextualizando seus escritos e declarando que Maquiavel não inventou uma teoria política, apenas descreveu as práticas que viu refletindo sobre elas.

      84. Conselheiro de tiranos

      Essa análise começou a difundir-se com a Reforma e a Contra-Reforma. Se até então suas obras eram ignoradas, a partir daí, o autor e suas obras passaram a ser vistos como perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios", não encontrada em sua obra.
      Essa interpretação está ligada também a visão de seus escritos como base teórica do absolutismo, ao lado de Thomas Hobbes e Jacques Bossuet, sem, no entanto, contemplar-se os Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio em que faz elogios à forma republicana de governo.
      Em sua obra O Príncipe, defendeu a centralização do poder político e não propriamente o absolutismo. Suas considerações e recomendações aos governantes sobre a melhor maneira de administrar o governo caracterizam a obra como uma teoria do Estado moderno. Ele é, de fato, considerado o "pai da moderna teoria política"..
      Uma leitura apressada ou enviesada de Maquiavel poderia levar-nos a entendê-lo como um defensor da falta de ética na política, em que "os fins justificam os meios". Para entender sua teoria é necessário colocá-lo no contexto da Itália renascentista, em que se lutava contra os particularismos locais. Durante o século XVI, a península Itálica estava dividida em diversos pequenos Estados, entre repúblicas, monarquias, ducados, além dos Estados da Igreja. As disputas de poder entre esses territórios era constante, a ponto de os governantes contratarem os serviços dos mercenários com o intuito de obter conquistas territoriais.
      Foi muito difundida no século XVI e encontram-se aproximadamente 400 peças 25 que citam Maquiavel, todas vinculando seu nome à maldade, a ardilosidade e a falta de escrúpulos. William Shakespeare, por exemplo, o coloca em uma fala de Ricardo, Duque de Gloucester na sua peça sobre Henrique VI.

      85. Conselheiro do povo

      Uma segunda interpretação diz que ao escrever O Príncipe, Maquiavel tentava alertar o povo sobre os perigos da tirania, tendo entre seus adeptos, Baruch de Espinoza e Jean-Jacques Rousseau. Este último escreveu "(…) é o que Maquiavel fez ver com evidência. Fingindo dar lições aos reis, deu-as, e grandes, aos povos."27 Foi defendida recentemente por estudiosos da obra dele como Garret Mattingly.
      Há os que afirmam ser O Príncipe uma sátira dos costumes dos governantes ou que o autor não acreditaria no que escreveu, baseando esta afirmação na preferência que teria Maquiavel pela República como forma de governo. Contudo o autor também faz críticas a República.
      Maquiavel era um verdadeiro republicano, mas ele acreditava que somente a força de um líder especial poderia criar o um Estado italiano forte como ele imaginava.. Isso, muito tempo depois, na Europa do século XIX, durante as Guerras Napoleônicas, com a Alemanha e a Itália fragmentadas e com os nacionalismos internos surgindo, gerou uma visão de Maquiavel como um nacionalista exaltado, disposto a tudo pela união e defesa da Itália, como demonstrado no último capítulo de "O Príncipe":

      86. Nacionalista

      "Não se deve, portanto, deixar passar esta ocasião: a Itália, tanto tempo passado, há de ver enfim, a chegada de seu redentor. E faltam-me palavras para exprimir com que amor seria ele recebido em todas aquelas províncias que padeceram com o alúvio invasor dos estrangeiros; com que sede de vingança, com que inabalável fé, com que devoção, com que lágrimas. Que portas fechar-lhe-iam? Que povos negar-lhe-iam a obediência? Que inveja ser-lhe-ia oposta? Que italiano negar-lhe-ia o respeito?"
      A obra de Maquiavel revela a consciência diante do perigo da divisão política da península em vários estados, que estariam expostos à mercê das grandes potências europeias. Hegel, Herder, Macaulay e Burd foram alguns de seus defensores,.0 certamente fundamentando sua interpretação no capítulo final de O Príncipe em que Maquiavel faz uma apaixonada defesa de uma Itália unificada, afirmando que um povo só pode ser feliz e próspero se estiver unido.

      87. Pensamento

      Maquiavel não foi um pensador sistemático... .2 Ele utiliza o empirismo para escrever através de um método indutivo e pensa em seus escritos como conselhos práticos, sendo além disso antiutópico e realista... A teoria não se separa da prática em Maquiavel. Os conceitos desenvolvidos por ele rompem com a tradição medieval teológica e também com a prática, comum durante o Renascimento, de propor Estados imaginários perfeitos, os quais os príncipes deveriam ter sempre em mente. A partir da observação da política de seu tempo e da comparação desta com a da Antiguidade vai formular o seu pensamento por acreditar na imutabilidade da natureza humana.

      Virtù e fortuna

      Os conceitos de virtù e fortuna são empregados várias vezes por Maquiavel em suas obras. Para ele, a virtù seria a capacidade de adaptação aos acontecimentos políticos que levaria à permanência no poder. A virtù seria como uma barragem que deteria os desígnios do destino. Mas segundo o autor, em geral, os seres humanos tendem a manter a mesma conduta quando esta frutifica e assim acabam perdendo o poder quando a situação muda...
      A ideia de fortuna em Maquiavel vem da deusa romana da sorte e representa as coisas inevitáveis que acontecem aos seres humanos. Não se pode saber a quem ela vai fazer bens ou males e ela pode tanto levar alguém ao poder como tirá-lo de lá, embora não se manifeste apenas na política. Como sua vontade é desconhecida, não se pode afirmar que ela nunca lhe favorecerá.

      88- História

      Maquiavel escreve história mais como pensador político do que como historiador. Assim ele não se preocupa tanto com a referência precisa de afirmações contidas nas suas obras, ainda que tenha ido aos arquivos de Florença - prática incomum na época - e deixa transparecer nas suas obras históricas a defesa de algumas das suas ideias através da narração dos fatos históricos..6 Ele também acredita que a história se repete, tornando a sua escrita útil como exemplo para que os homens, tentados a agir sempre da mesma maneira, evitassem cometer os mesmos erros..7 .8
      Assim, enquanto alguns dos seus biógrafos atribuem-lhe os fundamentos da escrita moderna da história,.5 outros admitem que ele não possuía uma visão crítica o suficiente para poder separar os fatos históricos dos mitos e aceitou como verdade, por exemplo, a fundação mitológica de Roma,.8 Outros, ainda, atribuem-lhe uma "concepção dogmática e ingênua da história".

      89. Ética

      A ética em Maquiavel se contrapõe à ética cristã herdada por ele da Idade Média. Para a ética cristã, as atitudes dos governantes e os Estados em si estavam subordinados a uma lei superior e a vida humana destinava-se à salvação da alma. Com Maquiavel a finalidade das ações dos governantes passa a ser a manutenção da pátria e o bem geral da comunidade, não o próprio, de forma que uma atitude não pode ser chamada de boa ou má a não ser sob uma perspectiva histórica.
      Reside aí um ponto de crítica ao pensamento maquiavélico, pois com essa justificativa, o Estado pode praticar todo tipo de violência, seja aos seus cidadãos, seja a outros Estados. Ao mesmo tempo, o julgamento posterior de uma atitude que parecia boa, pode mostrá-la má.

      90. Natureza humana

      Para ele, a natureza humana seria essencialmente má e os seres humanos querem obter os máximos ganhos a partir do menor esforço, apenas fazendo o bem quando forçados a isso.4. A natureza humana também não se alteraria ao longo da história4. fazendo com que seus contemporâneos agissem da mesma maneira que os antigos romanos e que a história dessa e de outras civilizações servissem de exemplo. Falta-lhe um senso das mudanças históricas.
      Como consequência acha inútil imaginar Estados utópicos, visto que nunca antes postos em prática e prefere pensar no real.29 Sem querer com isso dizer que os seres humanos ajam sempre de forma má, pois isso causaria o fim da sociedade, baseada em um acordo entre os cidadãos. Ele quer dizer que o governante não pode esperar o melhor dos homens ou que estes ajam segundo o que se espera deles.4.

      "Mesmo as leis mais bem ordenadas são impotentes diante dos costumes" (…) ”
      • Nicolau Maquiavel
      5ª Prova


      10 De acordo com a Proposta Curricular, a preocupação com o homem racional e livre, com as mudanças na política e com a esperança nas ciências empíricas constitui a principal característica da
      (A) Filosofia Moderna. (B) Filosofia Antiga. (C) Filosofia Contemporânea. (D) Filosofia Medieval.
      (E) Filosofia Pós-moderna.
      11- "O preço da dominação não é meramente a alienação dos homens com relação aos objetos dominados; com a coisificação do espírito, as próprias relações dos homens foram enfeitiçadas, inclusive as relações de cada indivíduo consigo mesmo." O tema em questão no texto corresponde a uma preocupação da Filosofia
      (A) contemporânea. (B) moderna. (C) renascentista. (D) antiga. (E) medieval.
      12- "Ele não era imoral (embora seu livro tenha sido proibido pela Igreja), mas colocava a ação política (construída pela soma da virtú e da fortuna) em primeiro plano, como uma área de ação autônoma levando a um rompimento com a moral social. A conduta moral e a ideia de virtude como valor para bem viver na sociedade não poderiam ser limitadores da prática política. O que se deve pensar é que o objetivo maior da política seria manter a estabilidade social e do governo a todo custo, uma vez que o contexto europeu era de guerras e disputas."
      O texto acima refere-se a qual filósofo:
      A) Jean Bodin; B) Renê Descartes; C) Thomas Hobbes;    D) Nicolau Maquiavel; E) James Diderot.

      13- Maquiavel não era filósofo, era historiador e consultor político, mas suas ideias geralmente são consideradas não só como marcantes para o nascimento da ciência política, mas também das próprias questões que deram origem à filosofia política moderna e contemporânea, e particularmente no que se refere à natureza do poder, sobre o qual ele afirmou que:
      A) o soberanos deve cumprir apenas a vontade do povo, mesmo que isso prejudique a manutenção do poder em suas mãos.
      B) A Ética política é uma decorrência direta da moral individual.
      C) A razão de Estado, ou os interesses da República, é que devem determinar a atuação do governante.
      D) A política está sempre sujeita aos interesses religiosos.
      E) O ideal da República e do bem estar dos cidadãos deve estar acima da realidade das circunstâncias, sendo esse ideal o norteador da ação do príncipe.

      14- Maquiavel em O Príncipe fornece elementos para uma nova ciência política a partir do contexto do renascimento nas cidades europeias. Segundo ele não existe um fundamento anterior ou exterior à política, tais como Deus ou Natureza, mas toda cidade está dividida em dois desejos opostos: os poderosos com o desejo de oprimir e comandar e o povo com o desejo de não ser oprimido. Nessa perspectiva, do realismo político, Maquiavel defende que:
      A) O verdadeiro Príncipe é aquele que sabe tomar e conservar o poder;
      B) A finalidade da política é a divisão do povo;
      C) Os poderosos são quem devem eleger o Príncipe;
      D) O poder deve ser negociado democraticamente com todas as partes;
      E) O líder político precisa unir a cidade superando os desejos opostos.

      15- Galileu Galilei realizou estudos em diferentes campos da pesquisa, conforme os definimos atualmente e, assim, consagrou-se como uma espécie de instituidor das bases que norteariam a chamada Ciência Moderna. Nas passagens abaixo estão postos alguns dos pensamentos de Galileu e um nome generalizado a cada uma dessas ações.
      Relacione as colunas de forma a "ligar" o posicionamento à respectiva denominação.
      1. Infinito.
      2. A relatividade do movimento.
      3. A busca das causas.
      4. O livro da natureza está escrito com signos matemáticos.
      5. O conhecimento do homem e o conhecimento de Deus.
      ( ) "...a faculdade de entender pode considerar-se de duas maneiras, isto é, intensivas ou extensivas; e que extensivas, isto é, em relação com a multidão das coisas inteligíveis que são infinitas, o intelecto humano é como nulo, mesmo quando entende bem mil proposições, pois mil aspectos do infinito é como zero; mas, considerando o entender "intensivo", enquanto este termo representa intensivamente, isto é, perfeitamente, alguma proposição, digo que o intelecto humano entende algumas tão perfeitamente e tem a respeito delas certeza tão absoluta como a tem a própria Natureza".
      ( ) "...assim como os produtos se chamam quadrados, os que os produzem, ou seja os que se multiplicam, se chamam lados ou raízes. Consequentemente, os outros que não nascem de números multiplicados por si mesmos, não são quadrados. De onde, se eu dissesse que todos os números, incluindo os quadrados e os não quadrados, são mais que os quadrados, terei enunciado uma proposição realmente verdadeira".
      ( ) "...uma bola de chumbo vai ao fundo; laminada e com forma de bacia, já não vai mais ao fundo... É evidente que o resultado não é o fruto da forma ou da figura, pois essa mesma bacia, cheia d?água, mantém sua figura e no entanto vai ao fundo; nem é o ar que ela contém, já que, removido, também vai ao fundo. ...não é a figura que fará descer ou não, já que a mesma figura ora desce ora não...".
      ( ) "O que acontece em concreto da mesma forma ocorre em abstrato; e seria uma coisa insólita se os cômputos e os raciocínios feitos em números abstratos não correspondessem, depois, às moedas de ouro e de prata e às mercadorias em concreto".
      ( ) "O movimento enquanto é movimento e como movimento atua, está em relação com as coisas de que carece; mas, entre as coisas que todos participam igualmente, nada ocorre e é como se não existisse".
      A legenda que contempla horizontalmente de cima para baixo classificando corretamente a relação proposta acima é:
      A) 3, 5, 4, 1 e 2;
      B) 5, 1, 3, 4 e 2 ; C) 4, 1, 5, 3 e 2 ; D) 1, 4, 3, 5 e 2; E) 1, 3, 5, 4 e 2

      16- Francis Bacon é um dos filósofos modernos que mais contribuiu para a teoria do conhecimento assumir o lugar central do pensamento moderno. Em sua obra Novum Organum, aprofunda a investigação sobre a capacidade humana para o erro e a verdade. Uma das grandes contribuições de Bacon é sua formulação sobre a teoria da indução, a qual a partir de sua obra ganha uma eficácia e amplitude maior no debate sobre o método nas ciências modernas. O principio da INDUÇÂO requer que:
      A) Se articule razão com sentimentos e emoções;
      B) O estudo priorize o referencial teórico;
      C) Todo conhecimento parte da experiência da realidade, a partir da observação direta dos objetos de estudo;
      D) O método científico parta do conceito universal;
      E) O conhecimento deve partir do universal para chegar ao particular.

      17- Que livro de 1625 inaugura o direito internacional?
      a) O Leviathan, de Thomas Hobbes
      b) Elementorum jurisprudentiae universalis libri duo, de Puferdorf
      c) O contrato Social de Rousseau
      d) O direito de guerra e paz, de Grotius
      e) Tratado sobre os dois governos, de Locke

      18- Filósofo que é santo da Igreja Católica, morreu a mando de Henrique VIII:
      a) São Tomás de Aquino; b) Santo Agostinho; c) Santo Anselmo;
      d) São Tomás More; e) São Francis Bacon

      91. Thomas More (1478-1535)

      São Sir Thomas More, por vezes latinizado em Thomas Morus ou aportuguesado em Tomás Moro nasceu em Londres. Foi homem de estado, diplomata, escritor, advogado e homem de leis, ocupou vários cargos públicos, e em especial, de 1529 a 1532, o cargo de "Lord Chancellor" (Chanceler do Reino - o primeiro leigo em vários séculos) de Henrique VIII da Inglaterra. É geralmente considerado como um dos grandes humanistas do Renascimento. Foi canonizado como santo da Igreja Católica em 9 de Maio de 1935 e sua festa litúrgica se dá em 22 de Junho.
      "De família não célebre, mas honesta"
      Thomas More chegou a se auto descrever como "de família honrada, sem ser célebre, e um tanto entendido em letras". Era filho do juiz Sir John More, investido cavaleiro por Eduardo IV, e de Agnes Graunger. Casou-se com Jane Colt em 1505, em primeiras núpcias, tendo tido como filhos: Margaret, Elizabeth, Cecily e John. Jane morreu em 1533 e Thomas More casou-se em segundas núpcias com Lady Alice Middleton. More era homem de muito bom humor, caseiro e dedicado à família, muito próximo e amigo dos filhos. Dele se disse que era amigo de seus amigos, entre os quais se encontravam os mais destacados humanistas de seu tempo, como Erasmo de Rotterdam e Luis Vives.
      Deu aos filhos uma educação excepcional e avançada para a época, não discriminando a educação dos filhos e das filhas. A todos indistintamente fez estudar latim, grego, lógica, astronomia, medicina, matemática e teologia. Sobre esta família escreveu Erasmo: "Verdadeiramente, é uma felicidade conviver com eles."
      Fez carreira como advogado respeitado, honrado e competente e exerceu por algum tempo a cátedra universitária. Em .504, fazia parte da Câmara dos Comuns da qual foi eleito Speaker (ou presidente), tendo ganho fama de parlamentar combativo. Em 1510, foi nomeado Under-Sheriff de Londres, no ano seguinte juiz membro da Commission of Peace. Entrou para a corte de Henrique em 1520 foi várias vezes embaixador do rei e tornou-se cavaleiro (Knight) em 1521. Foi nomeado vice-tesoureiro e depois Chanceler do Ducado de Lancaster e, a seguir, Chanceler da Inglaterra.
      A sua obra mais famosa é "Utopia" (1516) (em grego, utopos = "em lugar nenhum") . Neste livro criou uma ilha-reino imaginária que alguns autores modernos viram como uma proposta idealizada de Estado e outros como sátira da Europa do século XVI. Um dos aspectos desta obra de More é que ela recorreu à alegoria (como no Diálogo do conforto, ostensivamente uma conversa entre tio e sobrinho) ou está altamente estilizada, ou ambos, o que lhe abre um largo campo interpretativo .
      Como intelectual, ele foi inicialmente um humanista no sentido consensual do termo. Latinista, escreveu uma "História de Ricardo III" em texto bilíngüe latim-inglês, em que Shakespeare, mais tarde se basearia para escrever a peça de igual nome. Foi um grande amigo de Erasmo de Roterdão que lhe dedicou o seu "In Praise(a palavra "folly" equivale à "moria" em grego).
      Era um leitor das obras de Santo Agostinho e traduziu para o vernáculo "A Vida de Pico della Mirandolla", obras que exerceram sobre ele grande influência. Escolheu John Colet, sacerdote, como diretor espiritual, que lhe estabeleceu um plano intenso de práticas pietistas.
      De Morus teria dito Erasmo: "É um homem que vive com esmero a verdadeira piedade, sem a menor ponta de superstição. Tem horas fixas em que dirige a Deus suas orações, não com frases feitas, mas nascidas do mais profundo do coração. Quando conversa com os amigos sobre a vida futura, vê-se que fala com sinceridade e com as melhores esperanças. E assim é More também na Corte. Isto, para os que pensam que só há cristãos nos mosteiros."
      O divórcio de Henrique VIII
      Thomas Wolsey, Arcebispo de York, não foi bem sucedido na sua tentativa de conseguir o divórcio e anulação do casamento do rei com Catarina de Aragão como Henrique VIII de Inglaterra pretendia e foi forçado a demitir-se em .529. More foi nomeado chanceler em sua substituição, sendo evidente que Henrique ainda não se tinha apercebido da rectidão de caráter de More nesta matéria.
      A sua chancelaria (1529-1532) distinguiu-se pela sua exemplaridade, tratando pessoalmente, de todos os litígios existentes, até mesmo os herdados, sendo extremamente eficiente, imparcial e justo em suas decisões.
      Sendo profundo conhecedor de teologia e do direito canônico e homem religioso - ao ponto de se mortificar por Deus - usava por baixo das roupas uma camisa cilício [carece de fontes] - More via no anulamento do sacramento do casamento uma matéria da jurisdição do papado, e a posição do Papa Clemente VII era claramente contra o divórcio em razão da doutrina sobre a indissolubilidade do matrimônio. Contrário às Reformas Protestantes então já efetuadas e percebendo que na Inglaterra poderia acontecer o mesmo (devido às questões pessoais do soberano que conduziram à crise político-diplomática com Roma), More - apoiador das decisões da Santa Sé e arraigadamente católico - deixa seu cargo de Lord Chancellor do rei em .6 de maio de .5.2, provocando desconfiança na Corte e em Henrique VIII particularmente.
      A reação de Henrique VIII foi atribuir-se a si mesmo a liderança da Igreja em Inglaterra sendo o sacerdócio obrigado a um juramento ao abrigo do Ato de Supremacia que consagrava o soberano como chefe supremo da Igreja.
      More escapara, entretanto, a uma tentativa de o implicar numa conspiração. Em .5.4, o Parlamento promulgou o "Decreto da Sucessão", que incluía um juramento (.) reconhecendo a legitimidade de qualquer criança nascida do casamento de Henrique VIII com Ana Bolena, e repudiando "qualquer autoridade estrangeira, príncipe ou potentado". Tal como no juramento de supremacia, este apenas foi exigido àqueles especificamente chamados a fazê-lo, por outras palavras, a todos os funcionários públicos e àqueles suspeitos de não apoiarem Henrique.
      Martírio
      More foi convocado, excepcionalmente, para fazer o juramento e perante sua recusa, foi preso na Torre de Londres, juntamente com o Cardeal e Bispo de Rochester John Fisher, tendo ali escrito o "Dialogue of Comfort against Tribulation". A sua decisão foi manter o silêncio sobre o assunto. Pressionado pelo rei e por amigos da corte, More decidiu não enumerar as razões pelas quais não prestaria o juramento.
      Inconformado com o silêncio de More, o rei determinou o seu julgamento, sendo condenado à morte, e posteriormente executado em Tower Hill a 6 de Julho. Nem no cárcere nem na hora da execução perdeu a serenidade e o bom humor e, diante das próprias dificuldades reagia com ironia.
      Pela sentença o réu era condenado "a ser suspenso pelo pescoço" e cair em terra ainda vivo. Depois seria esquartejado e decapitado. Em atenção à importância do condenado o rei, "por clemência", reduziu a pena a "simples decapitação". Ao tomar conhecimento disto, Tomás comentou: "Não permita Deus que o rei tenha semelhantes clemências com os meus amigos." No momento da execução suplicou aos presentes que orassem pelo monarca e disse que "morria como bom servidor do rei, mas de Deus primeiro."
      A sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julho de 1535 "antes das nove horas", ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. Ele está sepultando na Capela Real de São Pedro ad Vincula.
      Canonização
      Sua trágica morte - condenado a pena capital por se negar a reconhecer Henrique VIII como cabeça da Igreja da Inglaterra, é considerada pela Igreja Católica como modelo de fidelidade à Igreja é à própria consciência, e representa a luta da liberdade individual contra o poder arbitrário.
      Devido à sua retidão e exemplo de vida cristã, foi reconhecido como mártir, declarado beato em 29 de dezembro de 1886 por decreto do Papa Leão XIII e, à instância do Cardeal Bourne, dos arcebispos e bispos da Inglaterra, Escócia e Irlanda e de diversas universidades, canonizado como santo da Igreja Católica em 9 de maio de 1935 pelo Papa Pio XI. O seu dia festivo é 22 de Junho.
      Deixou vários escritos de profunda espiritualidade e de defesa do magistério da Igreja. Em 1557, seu genro, William Roper, escreveu sua primeira biografia. Desde a sua beatificação e posterior canonização publicaram-se muitas outras.
      Patrono dos políticos e dos governantes
      Em 2000, São Thomas More foi declarado "Patrono dos Estadistas e Políticos" pelo Papa João Paulo II:
      "Esta harmonia do natural com o sobrenatural é talvez o elemento que melhor define a personalidade do grande estadista inglês: viveu a sua intensa vida pública com humildade simples, caracterizada pelo proverbial «bom humor» que sempre manteve, mesmo na iminência da morte.
      Esta foi a meta a que o levou a sua paixão pela verdade. O homem não pode separar-se de Deus, nem a política da moral: eis a luz que iluminou a sua consciência. Como disse uma vez, "o homem é criatura de Deus, e por isso os direitos humanos têm a sua origem n'Ele, baseiam-se no desígnio da criação e entram no plano da Redenção. Poder-se-ia dizer, com uma expressão audaz, que os direitos do homem são também direitos de Deus" (Discurso, 7 de abril de 1998).
      É precisamente na defesa dos direitos da consciência que brilha com luz mais intensa o exemplo de Tomás Moro. Pode-se dizer que viveu de modo singular o valor de uma consciência moral que é "testemunho do próprio Deus, cuja voz e juízo penetram no íntimo do homem até às raízes da sua alma" (Carta enc. Veritatis splendor, 58), embora, no âmbito da ação contra os hereges, tenha sofrido dos limites da cultura de então."

      20. Filósofo que é santo da Igreja Católica, morreu a mando de Henrique VIII:
      a) São Tomás de Aquino; b) Santo Agostinho; c) Santo Anselmo;
      d) São Tomás More; e) São Francis Bacon

      92. Tommaso Campanella (1568-1639)


      Giovanni Domenico Campanella foi um filósofo renascentista italiano, poeta e teólogo dominicano.
      Ainda jovem ingressou na Ordem dos Pregadores, dedicando-se aos estudos de filosofia. Em .599m foi preso por ordem do governo espanhol sob acusação de heresia e conspiração. Embora jamais tivesse confessado nenhuma das acusações, esteve preso na prisão de Nápoles durante 27 anos. Posto em liberdade no ano de .626, foi novamente preso e levado diante do Santo Ofício em Roma, onde enfrentou julgamento por certas proposições em seu trabalho que eram consideradas suspeitas. Recuperando a liberdade, esteve algum tempo no mosteiro dominicano de Minerva, em Roma. Em 1614, temendo perseguições por suspeitas de que poderia estar envolvido em nova conspiração, seguiu o conselho do papa Urbano VIII e fugiu para a França, onde foi recebido por Luís XIII e pelo Cardeal Richelieu.
      Campanella deixou uma obra vasta que abrange vários tópicos: gramática, retórica, filosofia, teologia, política, medicina etc..
      Segundo Campanella, as ciências tratam das coisas como elas são, cabendo à filosofia (e especialmente à metafísica) explicar as coisas em seu sentido mais profundo.
      Entre suas obras, destacam-se:
      § Del senso delle cose e della magia (Bari, .620);
      § Epilogo magno;
      § La città del Sole (A cidade do sol)


      93. Filósofos Modernos

      Berkeley, George (1632-1704)
      George Berkeley, Foi o primogênito de seis filhos. Aos onze anos estudou no colégio da cidade natal, onde há poucos anos fora aluno Jonathan Swift, autor do célebre livro As viagens de Gulliver. Aos quinze anos entrou no Trinity College de Dublin. Ali estudou matemática, filosofia e autores clássicos. Em 1707 passou a lecionar hebraico, grego e teologia. Nessa época escreveu anotações de observações que receberam o título de Comentários Filosóficos, uma obra já importante, pois estava delineado seu estilo. Berkeley é dono de um estilo engenhoso, com grandes argumentações e coerente.
      Em 1709 publicou em Dublin o Ensaio por uma nova teoria da visão, e no ano seguinte Tratado sobre os princípios do conhecimento. Ele começou a teorizar sua visão espiritualista do mundo cedo.
      Em 1730, virou pastor anglicano. Em 1733 chega o livro Três diálogos entre Hylas e Philonous. Trata-se de diálogos entre um imaterialista e um materialista.
      Conheceu Jonathan Swift em Londres. Foi à Paris e depois Itália. Realiza outras viagens pela Europa. Publica uma obra contra Newton.
      Como achava a Europa já um tanto decadente, viajou para a América tentando realizar um projeto seu: o de criar uma escola para evangelizar os povos selvagens. Fica três anos à espera de recursos e volta para a Inglaterra.
      Berkeley se encontrava insatisfeito com o rumo que a filosofia moderna tomara. Tratava-se de uma visão racionalista e materialista demais. Então ele fez a crítica aos modernos e aos livre pensadores, defendendo o imaterial da realidade. Ele partiu da filosofia de Locke, que comenta e critica. É um empirista. Achava que não podemos conceber uma coisa do nada.
      Ser é ser percebido, diz Berkeley. As únicas coisas com existência efetiva são Deus e os espíritos humanos. Ele dizia que não devemos discutir coisas das quais não temos ideias. As ideias são palavras com significado. O conhecimento gira em torno das ideias. “Todas as ideias vem de fora ou de dentro, as de dentro são pensamentos” . A percepção é uma recepção passiva.
      Berkeley no livro Sobre os princípios do conhecimento humano, argumenta contra a existência das ideias abstratas (conceito de Locke). Para ele, todas as ideias são simples, podemos compára-las e pegar o que há de comum. Por exemplo, temos na mente a ideia de um determinado triângulo, que pode se adequar a qualquer triângulo. Todas as ideias derivam da percepção. Berkeley identifica a linguagem e o uso das palavras como fonte desse erro, as ideias abstratas. A comunicação de ideias não é o objetivo principal das ideias, mas as sensações o são, como “exaltar uma paixão, dar ao espírito uma disposição particular.”
      A linguagem é fonte de muitas controvérsias. A comunicação sempre foi um problema, para transpor impressões e pensamentos cuja fonte é a percepção subjetiva do mundo objetivo, precisamos saltar sobre o abismo que separa cada consciência.
      Um espírito é um ser simples e ativo que percebe ideias, criando o entendimento e operando com elas através da vontade. Berkeley fala de uma questão crucial da existência. As coisas estão em repouso, ou como ele diz, excitadas. Podemos animar ideias no espírito e variá-las conforme a vontade.
      Mas, independente da vontade, percebemos coisas. Elas dependem de um espírito com força maior. Os dados dos sentidos tem mais força que os dados da imaginação. “As regras segundo as quais o espírito excita ideias em nós são as leis da natureza.”
      O Autor da natureza produziu nelas objetos. O homem pode fazer representações , ter ideias. O homem nunca pode estar certo de ser seu conhecimento real, pois como saber que é como ele percebe, fora do espírito?
      Só podemos conhecer os outros espíritos pelas ideia que eles excitam em nós.
      Deus é o mundo. Podemos sentir sua presença, a de um espírito que modela, regula e conserva o mundo e os seres. Conhece a todos , vendo o bem e o mal, lendo os pensamentos. O temor que se tem dele leva à virtude e afasta o vício.
      O Livro Tratado sobre o conhecimento humano tem os seguintes pontos principais: crítica da ideia abstrata e de algumas coisas que vão contra o senso comum. Defesa da imaterialidade, contra substância. Análise da filosofia e matemática. existência de Deus. Porque certas ciências caíram no erro. Ele argumenta contra vários pontos que discorda, e ao mesmo tempo responde contra possíveis objeções à sua doutrina.
      A percepção é um conjunto de sensações. Como só há ideias simples, devemos nos concentrar nas sensações. As ideias secundárias só existem na mente, bem como tempo e extensão. Não tem existência objetiva. Para o homem, não há nada fora da mente. as coisas são modos de existência das pessoas. O mundo está ligado ao pensamento. Nós temos ideias dentro das quais vemos as coisas. O homem não percebe a coisa em si, a essência, aquilo que ele percebe são apenas as ideias.
      Berkeley nega o significado filosófico de substância, pois diz que ele não existe. Berkeley associa à substância a solidez e a massa. Portanto a essência não é a substância, como em outros autores modernos.
      A matéria é uma ilusão, como as abstrações. Usamos as ideias, mas elas também não são a essência. Berkeley fala que percebemos de forma intuitiva. O mundo é uma representação, conteúdo da nossa consciência subjetiva. as pessoas existem, mas são imateriais e ativas. Portanto uma forma psíquica pode ser aplicada à substância. Berkeley não nega a existência do mundo objetivo, diz que as percepções não são produzidas por nós. Ele questiona o nosso conceito de realidade. Só podemos ter a percepção, como o mundo parece para nós percebido pelos sentidos. Portanto a percepção é para si, não em si.
      É tudo uma questão de ponto de vista. Berkeley questiona a visão de distância da ótica geométrica e recorda que a distância não parece igual para todos. O que torna as coisas sólidas, fixas, materiais é o hábito, o exercício da percepção no mundo. E a percepção constrói as coisas, pois associa as sugestões dos dados do mundo. Berkeley fala que a noção de substância material (tão cara à física newtoniana) é contraditória, desprovida de sentido. Diz Berkeley que toda as impressões dos sentidos não podem existir sem uma mente que a perceba. Quando fecho o olho, a coisa desaparece, quando reabro ela se constrói de novo.
      A aparente falha desse argumento não leva em conta sua afirmação na dinâmica do mundo, que existe e é factual conforme cada um pode confirmar. Deus recria o mundo a cada instante, diz Berkeley, citando uma noção teológica comum à sua época, que Spinoza desenvolvera. E para ter criado as ideias que existem no mundo, Deus tem de ser benevolente. Pois a coerência do mundo garante a preservação do mundo, e para isso acontecer, a bondade tem que existir. Nós nos movemos e existimos em Deus.
      A ciência natural deverá descrever somente os fenômenos intuitivos. As conclusões e concepções em que chegaram a ciência racionalista não devem levar a uma concepção unilateral do mundo e da cultura.
      Giovanni Reale e Dario Antiseri dizem que Berkeley é nominalista e fenomenalista. No nominalismo, a concepção de ideias abstratas são miragens e as ideias gerais são apenas nomes. No fenomenologismo, os objetos físicos são feixes de qualidade fenomênicas. Ele também dizem que a filosofia de Berkeley é precursora das conclusões do físico Ernst Mach.
      Karl Popper diz que Berkeley e instrumentalista. Isso quer dizer que ele considera as teorias científicas como hipóteses matemáticas que só devem ser vistas para especular sobre as aparências. Diz Popper sobre a filosofia de Berkeley : Não há nada de físico que esteja atrás dos corpos físicos. Tudo é superfície. O modo no qual aparecem é sua realidade.

      94. Descartes, Renê (1596-1650) 

      Renê Descartes foi um filósofo, físico e matemático francês. Durante a Idade Moderna também era conhecido por seu nome latino Renatus Cartesius.

      Notabilizou-se sobretudo por seu trabalho revolucionário na filosofia e na ciência, mas também obteve reconhecimento matemático por sugerir a fusão da álgebra com a geometria - fato que gerou a geometria analítica e o sistema de coordenadas que hoje leva o seu nome. Por fim, ele foi uma das figuras-chave na Revolução Científica.

      Descartes, por vezes chamado de "o fundador da filosofia moderna" e o "pai da matemática moderna", é considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental. Inspirou contemporâneos e várias gerações de filósofos posteriores; boa parte da filosofia escrita a partir de então foi uma reação às suas obras ou a autores supostamente influenciados por ele. Muitos especialistas afirmam que a partir de Descartes inaugurou-se o racionalismo da Idade Moderna. Décadas mais tarde, surgiria nas Ilhas Britânicas um movimento filosófico que, de certa forma, seria o seu oposto – o empirismo, com John Locke e David Hume.
       

      Vida

      Renê Descartes nasceu no ano de 1596 em La Haye, a cerca de 100 quilômetros de Paris (hoje Descartes), no departamento francês de Indre-et-Loire. A sua mãe, Jeanne Brochard, morreu quando ele tinha um ano. Com oito anos, ingressou no colégio jesuíta em La Flèche.
      O curso em La Flèche durava três anos, tendo Descartes sido aluno do Padre Estevão de Noel, que lia Pedro da Fonseca nas aulas de Lógica. Descartes reconheceu que lá havia certa liberdade, no entanto no seu Discurso sobre o método declara a sua decepção não com o ensino da escola em si mas com a tradição Escolástica, cujos conteúdos considerava confusos, obscuros e nada práticos. Em carta a Mersenne, diz que "os Conimbres são longos, sendo bom que fossem mais breves. Crítica, aliás, já então corrente, mesmo nas escolas da Companhia de Jesus". Descartes esteve em La Flèche por cerca de nove anos (.606-.6.5). "Descartes não mereceu, como se sabe, a plena admiração dos escolares jesuítas, que o consideravam deficiente filósofo"..Prosseguiu depois seus estudos graduando-se em Direito, em .6.6, pela Universidade de Poitiers.
      No entanto, Descartes nunca exerceu Direito, e em 1638 foi para a Holanda alistou-se no exército do Príncipe Maurício de Nassau., com a intenção de seguir carreira militar.. Mas se achava menos um ator do que um espectador: antes ouvinte numa escola de guerra do que verdadeiro militar. Conheceu então Isaac Beeckman, que o influenciou fortemente e compôs um pequeno tratado sobre música intitulado Compêndio de Música.
      Em 1619, viaja até a Alemanha, onde, segundo a tradição, no dia 10 de Novembro, teve uma visão em sonho de um novo sistema matemático e científico.. No mesmo ano ele viaja para a Dinamarca e à Polônia. Em 1622, ele retorna à França passando os anos seguintes em Paris..
      Em 1628 compõe as Regras para a Direção do Espírito e parte para os Países Baixos, onde viverá até 1649. Em 1629, começa a redigir o Tratado do Mundo, uma obra de Física na qual aborda a sua tese sobre o heliocentrismo. Porém, em .6.., quando Galileu é condenado pela Inquisição, Descartes abandona seus planos de publicá-lo.. Em .6.5 nasce Francine., filha de uma serviçal. A criança é batizada no dia 7 de Agosto de .6.5 mas morre precocemente em .640., o que foi um grande baque para Descartes.
      Em 1637, publica três pequenos tratados científicos: A Dióptrica, Os Meteoros e A Geometria., mas o prefácio dessas obras é que faz seu futuro reconhecimento: o Discurso sobre o método.
      Em 1641, aparece sua obra filosófica e metafísica mais imponente: as Meditações Sobre a Filosofia Primeira, com os primeiros seis conjuntos de Objeções e Respostas. Os autores das objeções são: do primeiro conjunto, o teólogo holandês Johan de Kater; do segundo, Mersenne; do terceiro, Thomas Hobbes; do quarto, Arnauld; do quinto, Gassendi; e do sexto conjunto, Mersenne.
      Em 1642, a segunda edição das Meditações incluía uma sétima objeção, feita pelo jesuíta Pierre Bourdin, seguida de uma Carta a Dinet.
      Em 1643, o cartesianismo é condenado pela Universidade de Utrecht.. Descartes inicia a sua longa correspondência com a Princesa Isabel (1638 – 1680), filha mais velha deFrederico V e de Isabel da Boémia. A correspondência deverá durar sete anos, até a morte do filósofo, em 1650..
      Também no ano de 1643., Descartes publica Os Princípios da Filosofia., onde resume seus princípios filosóficos que formariam "ciência". Em 1644, faz uma visita rápida a Françaonde encontra Chanut, o embaixador francês junto à corte sueca, que o põe em contato com a rainha Cristina da Suécia. Nesta ocasião, Descartes teria declarado que o Universo é totalmente preenchido por um "éter" onipresente. Assim, a rotação do Sol, através do éter, criaria ondas ou redemoinhos, explicando o movimento dos planetas, tal qual uma batedeira. O éter também seria o meio pelo qual a luz se propaga, atravessando-o pelo espaço, desde o Sol até nós.
      Em 1647 Descartes é premiado pelo Rei da França com uma pensão e começa a trabalhar na Descrição do Corpo Humano. Entrevista Frans Burman em Egmond-Binnen (.648), resultando na Conversa com Burman. Em 1649, vai à Suécia, a convite da Rainha Cristina.. Seu Tratado das Paixões, que ele dedicou a sua amiga Isabel da Boêmia, fora publicado.
      Renê Descartes morreu de pneumonia no dia .. de Fevereiro de 1650, em Estocolmo, depois de dez dias doentes., onde estava trabalhando como professor a convite da Rainha. Acostumado a trabalhar na cama até meio-dia, há de ter sofrido com as demandas da Rainha Christina, cujos estudos começavam às 5 da manhã. Como um católico num paísprotestante, ele foi enterrado num cemitério de crianças não batizadas, na Adolf Fredrikskyrkan, em Estocolmo.
      Em 1667, os restos de Descartes foram repatriados para a França e enterrados na Abadia de Sainte-Geneviève de Paris. Um memorial construído no século XVIII permanece na igreja sueca.
      No mesmo ano a Igreja Católica coloca os seus livros na lista proibida..
      Embora a Convenção, em 1792, tenha projetado a transferência do seu túmulo para o Panthéon, ao lado de outras grandes figuras da França, desde 1839, seu túmulo está na Igreja de Saint-Germain-des-Prés, em Paris..
      A vila no vale do Loire onde ele nasceu foi renomeada La Haye-Descartes e, posteriormente, já no final do século XX, Descartes.

      Que filósofo moderno nos convocou ao exercício metódico da dúvida? 
      a.( ) Rousseau.  b.( ) Montesquieu.  c.( ) Espinosa.  d.( ) Hume.  e.( X ) Descartes. 

      95. Pensamento

      O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento". Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de disseminar.
      Foi um dos precursores do movimento, considerado o pai do racionalismo, e defendeu a tese de que a dúvida era o primeiro passo para se chegar ao conhecimento.
      Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas entre Protestantes e Católicos na Europa - a Guerra dos Trinta Anos. Viajou muito e viu que sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo que numa região é tido por verdadeiro, é considerado ridículo, disparatado e falso em outros lugares.
      Descartes viu que os "costumes", a história de um povo, sua tradição "cultural" influenciam a forma como as pessoas pensam naquilo em que acreditam.
      96. O primeiro pensador moderno
      Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. A sua contribuição à epistemologia é essencial, assim como às ciências naturais por ter estabelecido um método que ajudou no seu desenvolvimento. Descartes criou, em suas obras Discurso sobre o método e Meditações - a primeira escrita em francês, a segunda escrita em latim, língua tradicionalmente utilizada nos textos eruditos de sua época - as bases da ciência contemporânea.
      O método cartesiano consiste no Ceticismo Metodológico - que nada tem a ver com a atitude cética: duvida-se de cada ideia que não seja clara e distinta. Ao contrário dos gregos antigos e dos escolásticos, que acreditavam que as coisas existem simplesmente porque precisam existir, ou porque assim deve ser etc., Descartes instituiu a dúvida: só se pode dizer que existe aquilo que puder ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Baseado nisso, Descartes busca provar a existência do próprio eu (que duvida, portanto, é sujeito de algo - ego cogito ergo sum- eu que penso, logo existo) e de Deus.
      Também consiste o método de quatro regras básicas:
      § verificar se existem evidências reais e indubitáveis acerca do fenômeno ou coisa estudada;
      § analisar, ou seja, dividir ao máximo as coisas, em suas unidades mais simples e estudar essas coisas mais simples;
      § sintetizar, ou seja, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro;
      § enumerar todas as conclusões e princípios utilizados, a fim de manter a ordem do pensamento.
      Em relação à Ciência, Descartes desenvolveu uma filosofia que influenciou muitos, até ser superada pela metodologia de Newton. Ele sustentava, por exemplo, que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primarias de extensão e movimento.
      Ele dividia a realidade em res cogitans (consciência, mente) e res extensa (matéria). Acreditava também que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção vertical e que funcionava deterministicamente sem intervenção desde então.
      Matemáticos consideram Descartes muito importante por sua descoberta da geometria analítica. Até Descartes, a geometria e a álgebra apareciam como ramos completamente separados da Matemática. Descartes mostrou como traduzir problemas de geometria para a álgebra, abordando esses problemas através de um sistema de coordenadas.
      A teoria de Descartes forneceu a base para o Cálculo de Newton e Leibniz, e então, para muito da matemática moderna. Isso parece ainda mais incrível tendo em mente que esse trabalho foi intencionado apenas como um exemplo no seu Discurso Sobre o Método.
       

      Geometria

      O interesse de Descartes pela matemática surgiu cedo, no “College de la Flèche”, escola do mais alto padrão, dirigida por jesuítas, na qual ingressara aos oito anos de idade. Mas por uma razão muito especial e que já revelava seus pendores filosóficos: a certeza que as demonstrações ou justificativas matemáticas proporcionam. Aos vinte e um anos de idade, depois de frequentar rodas matemáticas em Paris (além de outras), já graduado em Direito, ingressa voluntariamente na carreira das armas, uma das poucas opções “dignas” que se ofereciam a um jovem como ele, oriundo da nobreza menor da França. Durante os quase nove anos que serviu em vários exércitos, não se sabe de nenhuma proeza militar realizada por Descartes.
      A geometria analítica de Descartes apareceu em .6.7 no pequeno texto chamado Geometria, como um dos três apêndices do Discurso do Método, obra considerada o marco inicial da filosofia moderna. Nela, em resumo, Descartes defende o método matemático como modelo para a aquisição de conhecimentos em todos os campos.
      .. Qual é a melhor tradução para a frase "cogito, ergo sun"
      a) Quem cogita ergue; b) O homem é a medida de todas as coisas; c) O homem é bom a sociedade o corrompe; d) Cogito, logo sou;
      e) Penso, logo existo
       

      97. Obras importantes


      § Regras para a direção do espírito (.628) - obra da juventude inacabada na qual o método aparece em forma de numerosas regras;
      § O Mundo ou Tratado da Luz (.6.2-.6..) - obra contém algumas das conquistas definitivas da física clássica: a lei da inércia, a da refração da luz e, principalmente, as bases epistemológicas contrárias ao que seria denominado de princípio da ciência escolástica, radicada no aristotelismo;
      § Discurso sobre o método (.6.7);
      § Geometria (.6.7);
      § Meditações Metafísicas (.64.).

      98. Hobbes, Thomas (1588-1679)


      • Thomas Hobbes foi um matemático, teórico político, e filósofo inglês, autor de Leviatã (1653) e Do cidadão (1651).
      Na obra Leviatã, explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana e sobre a necessidade de governos e sociedades. No estado natural, enquanto que alguns homens possam ser mais fortes ou mais inteligentes do que outros, nenhum se ergue tão acima dos demais por forma a estar além do medo de que outro homem lhe possa fazer mal. Por isso, cada um de nós tem direito a tudo, e uma vez que todas as coisas são escassas, existe uma constante guerra de todos contra todos. No entanto, os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra, e por isso formam sociedades entrando num contrato social.
      De acordo com Hobbes, tal sociedade necessita de uma autoridade à qual todos os membros devem render o suficiente da sua liberdade natural, por forma a que a autoridade possa assegurar a paz interna e a defesa comum. Este soberano, quer seja um monarca ou uma assembleia (que pode até mesmo ser composta de todos, caso em que seria uma democracia), deveria ser o Leviatã, uma autoridade inquestionável. A teoria política do Leviatã mantém no essencial as ideias de suas duas obras anteriores, Os elementos da lei e Do cidadão (em que tratou a questão das relações entre Igreja e Estado).
       Thomas Hobbes é conhecido por sua descrição do estado de natureza como um estado de guerra de todos os homens contra todos os homens. Para superar essa condição inicial de insegurança Hobbes propõe a instituição de um Estado 
      (A) pautado por um ideal de isonomia e igualdade social. 
           
      (B) civil mediante um pato que transfere todo direito natural dos indivíduos a um soberano. 
      (C) liberal que assegure o direito à propriedade privada e às liberdades do indivíduo. 
      (D) pautado por valores democráticos, no plano político, e pelo mercado, no econômico. 
      (E) fundado no despotismo esclarecido e nos ideais iluministas. 

      Thomas Hobbes defendia a ideia segundo a qual os homens só podem viver em paz se concordarem em submeter-se a um poder absoluto e centralizado. Para ele, a Igreja cristã e o Estado cristão formavam um mesmo corpo, encabeçado pelo monarca, que teria o direito de interpretar as Escrituras, decidir questões religiosas e presidir o culto. Neste sentido, critica a livre-interpretação da Bíblia na Reforma Protestante por, de certa forma, enfraquecer o moada pelo estudioso Richard Tuckcomo uma resposta para os problemas que o método cartesiano introduziu para a filosofia moral. Hobbes argumenta que só podemos conhecer algo do mundo exterior a partir das impressões sensoriais que temos dele("Só existe o que meus sentidos percebem") Esta filosofia é vista como uma tentativa para embasar uma teoria coerente de uma formação social puramente no fato das impressões por si, a partir da tese de que as impressões sensoriais são suficientes para o homem agir em sentido de preservar sua própria vida, e construir toda sua filosofia política a partir desse imperativo.
      Hobbes ainda escreveu muitos outros livros falando sobre filosofia política e outros assuntos, oferecendo uma descrição da natureza humana como cooperação em interesse próprio. Foi contemporâneo de Descartes e escreveu uma das respostas para a obra Meditações sobre filosofia primeira, deste último.
      Thomas Hobbes, em sua obra Leviatã, descreve um hipotético estado de natureza primitivo como sendo um estado de guerra de todos contra todos. Para ele, a razão desse estado de guerra reside na 
           
      (A) ausência de um poder comum capaz de manter a todos em mútuo respeito. 
      (B) natural propensão humana para buscar a guerra. 
      (C) ausência do desejo de autoconservação nos homens. 
      (D) desigualdade radical entre os homens no estado de natureza.
       

      Contexto

      Nascido em .588 na Inglaterra dos Tudors, Thomas Hobbes foi influenciado pela reforma anglicana que ocorrera cinco décadas antes. A cisão com a Igreja Católica fez com que a Espanha interviesse nos assuntos ingleses enviando a Invencível Armada(“Grande y Felicíssima Armada”) fato que mais tarde seria relatado por Hobbes em sua autobiografia e terá grandes influências sobre sua obra. O século XVII foi de grande importância para a Inglaterra pois marca o começo do expansionismo colonialista ultramarino inglês, com a fundação de já mentor, a primeira colônia inglesa nas Américas, em 1607. É também no século XVII que são lançadas as bases do capitalismo industrial na Inglaterra com a Revolução Gloriosa já na década de 80 do século XVII. É durante esse período que a Marinha Inglesa irá se consolidar como a maior e mais bem equipada marinha do mundo, só perdendo a posição para os EUA no pós-2ª Guerra Mundial. A poderosa marinha irá contribuir para o acúmulo de capitais que irá financiar o expansionismo colonial e, mais tarde, industrial inglês.
      O século XVII na Europa continental é o marco do absolutismo monárquico, tendo seu expoente máximo o Luis XIV, o Rei Sol que ficou famoso pela frase “L’État c’est moi", influência da Contra-reforma (representado na Inglaterra pela revolução anglicana). A filosofia do barroco se baseava no dualismo existente entre o hedonismo e o medo do pecado ou fervor religioso – enquanto que a busca pelo essencialmente humano já havia começado no Renascimento; havia o receio do divino sobrenatural que poderia punir o terreno e transitório.
      Quando Hobbes tinha .0 anos e já havia visitado a Europa continental pela primeira vez, uma revolta na Boêmia daria início à Guerra dos Trinta Anos, fato que irá reforçar para Hobbes a sua própria visão pessimista acerca da natureza humana destrutiva. Apenas .2 anos após o início da guerra no continente europeu, disputas políticas entre o Parlamento e o Rei inglês dão início a uma guerra civilna Inglaterra que perdurará por .0 anos.
       

      Biografia

      Como Hobbes alegou em sua autobiografia, "ao nascer sua mãe teria dado a luz a gêmeos: Hobbes e o medo", já que a mãe de Hobbes havia entrado em trabalho de parto prematuro com medo da Armada Espanhola (a Invencível Armada) que estava prestes a atacar a Inglaterra. Embora o tema do medo e do seu poder avassalador fossem aparecer mais tarde em suas obras, os primeiros anos de vida de Hobbes foram em grande parte livres da ansiedade. Seu pai era o vigário de Charlton e Westport, cidades próximas de Malmesbury, mas uma disputa com outro vigário, o levou a se mudar para Londres. Como resultado, aos sete anos de idade, Thomas Hobbes, ficou sob a tutela de seu tio Francisco. Hobbes fez seus primeiros estudos em Malmesbury e mais tarde em Westport, onde exibiu seus dotes intelectuais em estudos clássicos. Aos quatorze anos, em .60., seu tio Francisco financiou os seus estudos, entrando na Magdalen Hall, Oxford, onde predominava o ensino da escolástica de inspiração aristotélica, mas a que Hobbes não demonstrou grande interesse.
      Em 1610 ele empreendeu uma viagem à Europa, acompanhando William Cavendish, indo para França, Itália e Alemanha. Pode observar em primeira mão a pouca apreciação da escolástica na época - que já estava em claro declínio. As muitas tentativas de abrir portas para desenvolvimento de outros conhecimentos fez com que ele decidisse retornar à Inglaterra para aprofundar o estudo dos clássicos. Nesse período, já de volta à Inglaterra, suas relações com Francis Bacon irão reforçar a linha de seu próprio pensamento, bem fora do aristotelismo e da escolástica.
      Em 1613 a família de nobres ingleses Cavendish novamente pede seus serviços como guardião do terceiro Duque de Devonshire, e Hobbes irá ocupar este cargo até 1642. Durante este período, faz outra viagem ao continente, lá permanecendo de 1634 a 1637. Na França, entra em contato com o círculo intelectual do Padre Mersenne, mentor de Descartes - com quem estabeleceu uma forte amizade. Em geral, Hobbes era a favor da explicação mecanicista do universo (que predominava na época), em oposição à teleológica defendida por Aristóteles e a escolástica. Também teve a oportunidade de conhecer Galileu, durante uma viagem à Itália em .6.6 (6 anos antes de Galileu morrer), sob cuja influência Hobbes desenvolveu a sua filosofia social, baseando-se nos princípios da geometria e ciências naturais.
      Em 1640, quando a possibilidade de uma guerra civil na Inglaterra já era clara, Hobbes, temendo por sua vida por ser um conhecido defensor da monarquia, viaja de volta para Paris, onde, mais uma vez, foi recebido pelo círculo de intelectuais francês.
      Em 1646, ainda em Paris, vira professor de matemática do Príncipe de Gales, o futuro Carlos II, que também se encontrava exilado em Paris devido a Guerra Civil Inglesa. Em .65., dois anos após a decapitação do rei Carlos I, Hobbes decide voltar para a Inglaterra com o fim da Guerra Civil e o começo da “Ditadura de Cromwell”. Neste ano também publica“Leviatã”, que provoca o início de sua disputa com John Bramall, bispo de Derry, o principal acusador de Hobbes como sendo um “materialista ateu”.

      A publicação do “De Corpore”, em 1665, irá resultar em uma polêmica com os principais membros da Royal Society, que criticaram suas contribuições para a matemática bem como as posições ateístas defendidas por Hobbes. Na Inglaterra, o "anti-Hobbismo" atingiu um pico em .666 quando seus livros foram queimados na sua alma mater, Oxford.
      Hobbes manteve-se um escritor extremamente produtivo na velhice, mesmo sendo prejudicado pela oposição generalizada de seu trabalho. Viveu até os 9. anos durante uma época em que a expectativa média de vida não era muito mais do que quarenta anos. Aos 80 anos Hobbes produziu novas traduções para o inglês, tanto da Ilíada e da Odisseia e escreveu, em 1672, uma autobiografia em latim. Apesar da polêmica que causou, ele foi uma espécie de símbolo na Inglaterra até o final de sua vida. Seu ponto de vista pode ser considerado abominável ou atraente; suas teorias brilhantemente articuladas são lidas por pessoas de todos os espectros políticos.
      Encontra-se sepultado na Igreja São João Batista, Ault Hucknall, Derbyshire na Inglaterra.

      6ª prova
      1- Sobre o racionalismo cartesiano, é incorreto afirmar:
      a. ( ) A verdade deve ser afirmada pela razão.
         b. ( X ) A razão não pode provar a existência de Deus.
      c. ( ) É possível duvidar da existência de tudo, menos do sujeito que pensa.
      d. ( ) A razão é capaz de fornecer a natureza e as origens do conhecimento.
      e. ( ) O costume não é uma fonte adequada para fundamentar o conhecimento.

      02- O Filósofo Descartes pertence à corrente filosófica denominada
      (A) Empirismo. (B) Liberalismo.    (C) Racionalismo. (D) Existencialismo. (E) Estruturalismo.

      3-  _____________ rompeu com o aparato conceitual da escolástica medieval para edificar seu próprio sistema, e por isso é considerado um dos fundadores da filosofia moderna.

         A) Renê Descartes; B) Platão; C) Aristóteles; D) Demóstenes; E) Kant
      04- Com base nos conhecimentos da obra Meditações Metafísicas de Renê Descartes, é incorreto afirmar:

      a) No exercício metódico da dúvida deve-se duvidar até dos princípios científicos.
      b) É possível duvidar de estar sonhando.
        c) O fato de pensarmos permite afirmarmos somente como seres pensantes e indivíduos dotados de corpo.
      d) A existência do corpo é colocada em dúvida assim como a percepção.
      e)  N.d.a.

      05-  Qual é a função da prova acerca da existência de Deus na terceira meditação de Descartes?
      (A) Fundamentar a fé cristã na razão.
      (B) Fundamentar a moral humana na perfeição divina.
      (C) Garantir a possibilidade da dúvida hiperbólica.
          (D) Garantir a correspondência entre as ideias claras e distintas e a coisa extensa.
      (E) Garantir a possibilidade extrema da dúvida.

      6- Com base  nos conhecimentos da obra Leviatã de Thomas Hobbes, é correto afirmar:

      a) O homem é um animal naturalmente social.
      b) A agressividade humana depende de condições materiais.
          c) Somente a sociedade humana conhece a guerra e distingue interesse público de interesse privado.
      d) O pato em que se baseia a sociedade humana é natural.
      e) O homem é bom.
      7- Filósofo que foi secretário de Francis Bacon
      a) Descartes; b) Hume;
      c) Hobbes; d) Pufendorf; e) Locke

      8- Qual é a melhor tradução para a frase "cogito, ergo sun"
      a)Quem cogita ergue
      b )O homem é a medida de todas as coisas
      c) O homem é bom a sociedade o corrompe
      d)Cogito, logo sou
      e) Penso, logo existo
      f) O sol aperfeiçoa o pensar
      9- Para Thomas Hobbes e John Locke, a comunidade política era
      A) artifício criado pelos homens através de um contrato.
      B) direito natural.
      C) mandamento divino.
      D) imposição de poder de um único homem sobre os outros.
      10- Obra cuja publicação foi suspendida por Descartes devido à condenação de Galileu pela Inquisição:
      a) As regras para a direção do espírito Humano b) O discurso do método c) Meditações
      d) O mundo e) A natureza

      11- Qual destes filósofos era mais detestado por Pascal?
      a) Leibniz;
      b) Descartes; c) Montaigne; d) Platão; e) Espinosa

      12- Thomas Hobbes é conhecido por sua descrição do estado de natureza como um estado de guerra de todos os homens contra todos os homens. Para superar essa condição inicial de insegurança Hobbes propõe a instituição de um Estado
      (A) pautado por um ideal de isonomia e igualdade social.
      (B) civil mediante um pato que transfere todo direito natural dos indivíduos a um soberano.
      (C) liberal que assegure o direito à propriedade privada e às liberdades do indivíduo.
      (D) pautado por valores democráticos, no plano político, e pelo mercado, no econômico.
      (E) fundado no despotismo esclarecido e nos ideais iluministas.
      13- Berkeley está persuadido de juntar-se à certeza dos homens ao declarar que a palavra "ser" tem dois sentidos diferentes e dois sentidos apenas: o de "perceber" e o de "ser percebido". Dizer que um espírito existe é dizer que ele percebe (e também, acrescenta Berkeley, que ele quer e age). Dizer que uma coisa existe é dizer que ela é percebida. A ideia metafísica de um ser material situado por trás do objeto e, por essa razão, inacessível deve, portanto, ser rejeitada inteiramente.
      Ferdinand Alquié
      Segundo o texto de Alquié, é correto afirmar:
      (A) A ontologia de Berkeley o leva ao ceticismo, já que nega a existência da matéria e a validade das ideias gerais e abstratas.
      (B) As duas definições propostas por Berkeley implicam a recusa da noção metafísica de matéria e da filosofia da representação.
      (C) Para Berkeley, todo espírito percebe alguma coisa e, portanto, é forçoso admitir a existência da matéria.
      (D) Berkeley concede um estatuto problemático à existência dos objetos da percepção, pois, para ele, o referente de nossas percepções é sempre indeterminável.
      (E) A ontologia de Berkeley o inscreve na filosofia da representação, pois nossas percepções devem sempre corresponder a algo existente fora da mente.
      14- "...não basta ter o espírito bom: o essencial é aplicá-lo bem".
      "Toda ciência é um conhecimento certo e evidente; e o que duvida de muitas coisas não é mais sábio do que o que nunca pensou nelas...".
      "...entre as disciplinas conhecidas só a aritmética e a geometria estão isentas de todo o engano ou incerteza, vamos examinar com maior cuidado a razão disto, observando que podemos chegar ao conhecimento das coisas por dois caminhos, a saber a experiência e a dedução".
      As três passagens acima foram retiradas da obra de um importante pensador moderno, a constar:
      A) Galileu Galilei; B) Emanuel Kant; C) Nicolau Copérnico;
      D) Renê Descartes; E) George Berkeley;
      15- Descartes empregou um método universal para o conhecimento.
      Qual das seguintes alternativas não está de acordo com o método cartesiano?
      a. ( X ) Nada pode ser aceito como verdade mesmo quando reconhecido como tal.
      b. ( ) Deve-se dividir os problemas em tantas partes quanto possível.
      c. ( ) A reflexão deve seguir uma ordem definida, começando com o que for mais simples.
      d. ( ) Deve-se ter certeza de que tudo foi examinado, sem omissões.
      e. ( ) A ordem da reflexão pode ser inteiramente fictícia.
      16- .A filosofia cartesiana exerceu profundo impato sobre as reflexões posteriores a respeito do conhecimento.
      Assinale a alternativa que define um desses impatos.

      a. ( ) O pensamento de Descartes deu profundidade filosófica ao raciocínio indutivo, influenciando gerações de filósofos posteriores.
      b. ( ) O pensamento de Descartes resolveu definitivamente o antigo problema do dualismo entre mente e corpo.
      c. ( ) O pensamento de Descartes, a partir da prova da existência de Deus, permitiu a filósofos cristãos contemporâneos subordinarem a filosofia à teologia.
      d. ( X ) O pensamento de Descartes pode ser considerado como uma das origens da corrente racionalista de Spinoza e Leibniz, entre outros.
      e. ( ) O pensamento de Descartes pode ser visto como uma afirmação da autoridade dos dogmas religiosos e dos costumes na fundamentação da moral.


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